Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

1112CTAVEIO2a

1112CTAVEIO2a

Text genreArtigo de divulgação
Student
PLM/PLNMPLM
GenderM
Task
Task descriptionRedija um artigo de divulgação de 1500 palavras no máximo, destinado a um público leigo, para publicação num jornal de grande tiragem (ex: suplemento de domingo, de férias…).
Task IDCTARTDIV01
Task settingLivre
Course
UniversityUniversidade de Coimbra
AreaCiências
CourseEngenharia Informática
SubjectComunicação Técnica
School year2011-2012
Collection
CountryPortugal

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Ultimate Frisbee: um desporto em ascensão

Em 1995, Patrick van der Valk trouxe para Portugal um conceito novo daquilo que poderia ser um desporto: o Ultimate Frisbee. Atualmente, o Ultimate Frisbee tem uma liga em Portugal, algumas equipas inscritas a nível nacional, e possui uma competição a nível mundial em que se confrontam as melhores equipas do mundo desta modalidade.

Um disco e vontade de fazer desporto de forma honesta e saudável são os requisitos suficientes para começar a praticar Ultimate Frisbee, é o que nos diz Olivier Guiot, um dos responsáveis pela divulgação e crescimento da modalidade em Coimbra. Perante tanta simplicidade, torna-se impossível não querer experimentar tal jogo, quanto mais não seja, em momentos de lazer, durante uma tarde de verão na praia, na companhia dos amigos.

Simples, é também o conceito que está por trás deste desporto: chegar ao limite da zona final do lado adversário (semelhante ao rugby), passando o disco entre os elementos da equipa, sem que se possa correr com este em sua posse (semelhante ao basquetebol). Isto significa que um jogador que tenha o disco nas mãos não pode simplesmente correr, tem de o passar a um colega (tem 10 segundos para o fazer) e está limitado em termos de movimentação. No entanto, este jogador beneficia do facto de ser proibido o contacto físico em duelos de atacante vs defesa.

Todos os passes devem ser feitos sem que o disco caia no chão, sob pena de perder a oportunidade de marcar pontos e trocar o contexto dos intervenientes do jogo (a equipa que estava a atacar passa a defender e vice-versa).

Quanto ao número de elementos que compõem uma equipa, podem ser cinco, se o desporto for praticado na praia ou indoor, ou sete, se for praticado no relvado.

Um desporto sem árbitros

A grande particularidade deste desporto, que faz dele algo tão especial, é o facto de não ter árbitros para moderar o jogo. Isto não impede que haja por vezes alguma divergência quanto a um lance em particular, mas até na forma de resolver a discussão este desporto é cordial.

Nestas situações, o jogo é parado, e apenas os jogadores envolvidos no lance podem dar o seu parecer. Quando consenso quanto à existência da falta, o disco passa para o jogador que sofreu a falta, caso contrário, o disco volta para trás para que a jogada possa ser repetida. Este sistema funciona na perfeição a partir do momento em que se impõem valores como a honestidade, respeito e o fair-play na prática deste desporto, de modo a fomentar o espírito de grupo, a comunicação, e as boas relações, dentro e fora do campo.

De facto, esta é uma das mais-valias deste desporto, que mete para segundo plano a visão competitiva e prioridade ao convívio entre uma comunidade com vontade de se divertir. Para comprovar estes factos basta observar que em competições mundiais lugar a descontração, animação, a festas após os jogos e até danças que pretendem acolher os adversários e ao mesmo tempo unir a equipa, como se fosse um grito de guerra.

A influência dos hippies

A herança deste espírito de convivência e fair-play a muito se deve à comunidade hippie, que durante o século XX começou a pegar num disco para começar fazer passes de forma mais acrobática e criativa. Com o passar do tempo, a principal filosofia dos hippies, Paz e Amor foi-se difundido pelo próprio desporto, na medida em que os objetivos principais eram a diversão e o espírito, e não a competição.

Os hippies estavam também muito ligados a causas sociais, e defendiam, entre outras coisas, a igualdade em termos de género, repudiando qualquer atitude sexista.

Esta influência veio também refletir-se no Frisbee, que é um desporto misto (embora existam algumas categorias para mulheres ou para homens) e tem algumas regras quanto ao número de elementos do sexo feminino: a equipa que está a atacar estipula um número de raparigas que coloca em jogo, número esse que terá de ser (pelo menos) igualado por parte da equipa que está a defender. Olivier salienta que esta filosofia em Portugal funciona muito bem. Existe um espírito de jogo relativamente alto e jogadores que jogam juntos anos.

Dos brinquedos ao desporto

A história da criação do objecto que deu origem a este desporto também é caricata. Tudo começou numa simples brincadeira, quando os estudantes ao comerem as tartes produzidas pela Frisbie Baking Company repararam que ao lançar os pratos vazios destas, conseguiam fazer com que estes voassem a uma distância considerável, começando assim os estudantes a atirar e apanhar o disco primitivo e a tirar partido da diversão da atividade.

Tempos depois, surge a ideia de criar um objeto mais específico, fruto de um estudo mais intensificado e que melhorasse a qualidade de voo do anterior prato.

Inspirado pelo nome da empresa que servia as tartes, Walter Morrison foi o principal responsável pela criação do objeto que agora serve para a prática do Frisbee. Numa altura em que se falava muito em OVNI’s (Objeto voador não identificado), Morrison criou um objeto com uma forma peculiar e sugestiva, tendo em conta estes acontecimentos, e esperou pelo timing certo para lançar o produto no mercado e poder obter o maior lucro possível.

Anos mais tarde, a ideia de criar um desporto à volta deste objeto surge em New Jersey, por alguns alunos de uma escola em Maplewood, contribuindo para o nascimento de uma ideia que começou a ser posta em prática nos EUA, pela comunidade académica.

Os gestos técnicos

Apesar de ser um desporto simples e fácil de aprender, requer alguma prática quando é preciso manipular o disco até porque o vento acaba por ser um fator indispensável na decisão que o jogador toma na altura do passe, para que este seja feito com sucesso para o colega de equipa.

Olivier distingue três tipos de passe que se podem fazer durante um jogo de Frisbee: o backhand que é o tipo de passe mais usado, o mais básico e o que se aprende mais facilmente (o disco parte do lado oposto à mão que o lança), o sidearm que é uma versão um pouco mais complicada do backhand onde o disco parte do mesmo lado da mão que lança (bastante útil quando o defensor fecha a linha de passe do lado oposto), e o hammer, que requer mais prática que os anteriores dada a sua complexidade. É um passe que é feito por cima da cabeça, com o disco na vertical, onde o seu voo se caracteriza tendo uma queda mais rápida e a pique, o que pode vir a ser útil quando o jogador quer fazer um passe em profundidade, por exemplo.

O crescimento do Frisbee

Como é um desporto pouco praticado, as competições existem, embora não com muita frequência. O campeonato nacional costuma ser realizado em Palmela perante uma comunidade pequena de participantes, não devido à fase embrionária deste desporto, quanto à divulgação, mas também por causa das dificuldades em formar equipas ou custear as longas viagens que são necessárias para disputar este tipo de competições. A nível mundial, existe uma competição que tem vindo a juntar vários países, mas mais uma vez, o plano competitivo é deixado para segundo plano e dá-se relevo ao convívio, ao fortalecimento de relações entre diferentes culturas. Quem sabe se esta mudança de paradigma não se propague para outros desportos, e seja dado um grande passo rumo a um mundo mais pacífico e tolerante.


Download text