No domínio da pragmática, que, como referi supra, é o estudo da linguagem, sabemos que o uso da linguagem depende do contexto em que é pronunciada, mas que tem sempre um significado. Isso foi estudado por Ludwig Wittegenstein, que afirma que o significado depende do contexto e que deve ser interpretado desse modo, para não haver interpretações erradas.
Sabemos também que a dizer, nesta área da pragmática, significa fazer e nesse sentido podemos falar dos atos da fala de J. Austin e de J. Searle que pressupõem sempre um ato locutório (enunciar), um ato ilocutório com força ilocutória (verbalizar a ação) e um ato perlocutório (surtir efeito no alocutário). Com isto, percebemos que, ao pronunciar [...] determinada frase, estamos a agir, embora essa ação, ou melhor, o sucesso da mesma não dependa apenas de quem a profere.
Para além do que referi, devemos também falar dos estilos da argumentação que influenciam um estado de coisas, o pensamento das pessoas ou até mesmo as pessoas. Mas antes, convém dizer que existe argumentação e manipulação (e é aqui que a frase “o discurso político é uma manifestação de poder da linguagem” se insere). A argumentação baseia-se na persuasão lícita/legitima, que exclue falácias e enganos e a manipulação baseia-se na persuasão ilícita, de modo a obter aprovação geralmente pela via do sentimento.
Aqui podemos falar de Aristóteles, que na sua obra Retórica enunciou os três estilos de argumentação: um pelo caráter do orador e com recurso à autoridade (bibliografia, por exemplo) - ethos; um que recorre aos sentimentos- pathos; e outro que se baseia num discurso argumentativo comprovado- logos.
Ora, é com este poder de falar, argumentar ou manipular, que a linguagem ganha especial relevo e consegue influenciar as pessoas. O discurso político é uma manifestação desse poder, pelo simples facto de, com o uso certo dos estilos argumentativos, uma pessoa conseguir mudar o raciocínio de uma pessoa.