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1617LCRRHIS402a

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Género de textoResposta de desenvolvimento
ContextoClausura
DisciplinaLinguagem e Comunicação
ÁreaCiências Sociais e Humanas

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A comunicação não é algo intrínseco ao ser humano. O fenómeno de comunicação está patente noutras espécies de animais de forma mais ou menos organizada. De facto, até os animais solitários comunicam através do odor (Hakansson e Westander 2013). [...] A capacidade de comunicar é essencial à manutenção de estruturas organizadas em qualquer comunidade animal: para comunicar, encontrar parceiros, defender territórios, distinguir os seus próximos, alertar contra perigos entre outros (Hakansson e Westander 2013).

No livro Uma breve história da humanidade Harari, sugere que a comunicação foi essencial à diferenciação humana, nomeadamente, a capacidade de comunicar fenómenos fora do contexto presente e de fazer abstrações. Estes processos cognitivos, segundo o autor, determinam a cooperação em grande escala que caracteriza a espécie humana. Uma cooperação sob noções abstratas de nação, povo, país.

Para estudar o fenómeno comunicativo em si foram sugeridos modelos explicativos, dos quais vou salientar o modelo processual de transmissão e o modelo semiótico de significação.

Em 1949 Shannon e Weaver propuseram um modelo matemático para estudar a comunicação telefónica e propuseram a abrangência deste modelo para toda a comunicação humana. O modelo de Shannon e Weaver [...] sugere a existência de um emissor que envia, intencionalmente uma mensagem, através de um canal, a um receptor. Neste sistema a mensagem é codificada e descodificada, ou seja a informação contida na mensagem é dissecada em unidades binárias (Binary Units, Bits). A mensagem, ao chegar ao receptor deve produzir um efeito ou o efeito desejado pelo emissor. Este conceito levou a algumas críticas de propagandismo por parte do modelo pois o receptor é visto como passivo.

Para Shannon e Weaver o problema central era então reduzir o ruído, que podia diminuir a eficiência da mensagem. Ruído este considerado técnico, isto é problemas na codificação/descodificação ou na transmissão através do canal ou semântico se a mensagem não produzisse o efeito desejado (Fiske 1990). Ora, esta evidente passividade do receptor levantou dúvidas [...] sobre a aplicabilidade deste modelo à comunicação humana. Ainda que Hakansson e Westander o considerem útil na comparação com outros animais. De facto, [...] na comunicação humana observa-se o fenómeno de feedback ou retorno, isto é, o receptor não é passivo mas reage, com gestos, expressões, interjeições [...] ao emissor. Neste contexto, a mensagem deixa de constituir uma mera intenção do emissor mas é construída pela interação dos dois, dado que o emissor ajusta o seu discurso às reações do receptor. Além da [...] actividade do receptor, o significado da mensagem pode ser alvo de interpretação devido à bagagem cultural dos interlocutores, ao contexto. A questão da interpretação era considerada, por Shannon e Weaver, como um problema comunicativo. [...] Contrariamente à transmissão, a integração da noção de feedback e de [...] interpretação leva-nos à segunda escola de modelos de comunicação: [...] A escola Semiótica (Fiske, 1990).

O modelo semiótico baseia-se no estudo da ciência dos signos introduzida por Peirce e Saussure. O estudo dos signos pressupõe a existência de [...] várias formas para representar um mesmo conteúdo. Isto é, um conteúdo pode assumir formas diferentes de acordo com as várias línguas naturais humanas (Hakansson e Westander 2013, Santos 2011). [...] Curiosamente, podemos traçar a evolução das línguas humanas, a partir do ancestral comum ou dos ancestrais, [...] analisando as substituições das unidades que se combinam para formar os signos ou palavras (Darwin).

O modelo semiótico pretende então analisar a comunicação humana na perpectiva do contexto cultural, social das partes que comunicam, pressupondo uma construção conjunta e interactiva da mensagem. Assim, passamos de emissor/receptor a interlocutores.

De acordo com este modelo, a interpretação não gera problemas comunicativos mas sim novos significados.

Outro aspecto que opõe as duas escolas é a noção de redundância. A redundância ou repetição, leva a uma compreensão máxima pois permite ultrapassar problemas como o ruído na comunicação. [...] Para o modelo de transmissão, a redundância, numa situação ideal, deve ser inexistente pois a mensagem transmitida deve ter o efeito desejado no receptor com o mínimo ruído possível. No entanto, a redundância apresenta várias vantagens comunicativas. Primeiro, como foi referido, permite ultrapassar problemas de ruído. Isto é possível dado a limitação nas possibilidades que temos para a construção de frases. A redundância também é útil [...] na coesão social, para a afirmação de pertença num grupo. [...] Por exemplo, gestos espelhados, cumprimentos (olá). Por fim a redundância serve para transmitir mensagens a um público não especialista. Por oposição, a entropia leva a uma compreensão mínima. [...] Este fenómeno é bem explicado pela arte disruptiva, que quebra regras, estéticas e fere sentimentos. No entanto, dado que os nossos contextos estão em mudança permanente, a entropia pode evoluir para redundância, sendo socialmente aceite como algo comum (Fiske 1990).

Julgo que o modelo semiótico, pela sua versatilidade, descreve de forma mais coerente o fenómeno comunicativo nos humanos, pois integra as noções de interactividade e interpretação, esta última dependente do contexto cultural e social. [...] No entanto, como questionou Mcluhan o que é de facto uma mensagem e qual o papel do meio de transmissão no papel comunicativo? Mcluhan sugeriu que o meio é a mensagem e a audiência é o contexto colocando em relevo a [...] importância do modo de transmissão da mensagem: o efeito não é o mesmo se comunicarmos, por escrito, oralmente ou através dos diferentes mas media. Assim, julgo relevante adicionar a noção de meio, à interactividade e interpretação.


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