A comunicação é deveras um processo pouco ou nada simples de descrever. No início foram criadas teorias simplistas para [...] o explicar, mas cedo se identificaram falhas e elementos em falta. Supostamente, comunicar seria o processo através do qual um emissor transmite a um recetor uma mensagem já acabada, podendo haver a interferência de “ruído”. Tinha-se, portanto como objetivo principal reduzir ao máximo o ruído para que o recetor recebesse a mensagem intacta. [...] Este modelo “matemático” ou linear da comunicação foi a base para a definição de comunicação que ainda se discute hoje em dia, porém, [...] foram-lhe apresentadas várias objeções e críticas, começando pelo facto do modelo se restringir ao tipo de comunicação característico de uma carta ou da comunicação telefónica. Em primeiro lugar, apercebemo-nos que a comunicação vai bem para além deste tipo, anteriormente frisado, e como tal, temos que considerar [...] o recetor como um elemento com capacidade interpretativa e cognitiva (caso do ser humano), o que permite, não só que sejam colmatadas as falhas resultantes do ruído, como também que tenha a capacidade de retirar diferentes ideias ou interpretações da mesma mensagem. Esta [...] não é, portanto, um produto acabado assim que é enviada [...] pelo emissor! Para além disto, a significação ou descodificação de uma certa informação depende muitas vezes no contexto em que estamos inseridos, ou seja, aquilo que nos rodeia, pode perfeitamente afetar a nossa compreensão da mensagem. Por exemplo, [...] quando uma pessoa de etnia diferente faz uma piada, na qual generaliza a raça do recetor da mensagem, o feedback que o emissor receberá, não será certamente positivo ou tão positivo quanto se espera ao fazer uma piada. No entanto, se o contexto fosse diferente e, a piada fosse feita por um indivíduo da mesma raça e ou etnia do recetor, [...] a mesma mensagem já não seria vista como sendo de caráter racista e a probabilidade de provocar o riso na pessoa que ouviu, seria muito maior.
Comunicar, não é, portanto, [...] um ato tão simples de definir, pois para além da forma de expressão, que remete para um determinado significado, existe a componente contextual que permite que uma só mensagem faça sentidos diferentes ou tenha intenções diferentes, na transmissão do transmissor para o recetor.
