A comunicação é um tema deveras complexo e, a meu ver, digno de [...] reflexão. Para explicar aquilo que é realmente a comunicação, Shannon e Weaver, nos Estados Unidos da América, conceberam uma teoria: o modelo linear. Acreditavam que a comunicação era algo simples, uma simples “ação” que começava com o Emissor (quem emite a mensagem) que, através da comunicação verbal transmitia uma mensagem ao Recetor (quem recebe a mensagem). [...] Ao emissor caberia a tal responsabilidade de produzir a mensagem, independentemente de esta ser então (pelo Recetor) ma descodificada, devido a fontes externas como o ruído. Ou seja, a única função do Emissor seria enviar uma mensagem ao Recetor (que não pode ser alterada), não tendo de se responsabilizar coma “entrega” da mesma, tal como a “enviou”. Por sua vez, o Recetor descodifica a mensagem e responde ao Emissor com o que é chamado de “feedback”, uma resposta à mensagem que obteve, tal como acontece [...] quando “se escreve [...] e envia uma carta”, como nos diz o excerto apresentado. A meu ver, este modelo não engloba algumas das vertentes mais importantes da comunicação humana como a linguagem paraverbal e não verbal. Tal como diz o excerto apresentado, “a comunicação é um processo complexo (…)” e, por isso, a “noção e que comunicar tem mais a ver com uma sincronia interativa em que os participantes cooperam para criar sentidos e para chegarem a um entendimento mútuo” parece-me muito mais adequada para explicar aquilo que é a comunicação. O modelo que melhor ilustra este excerto do texto apresentado, que é uma alternativa ao modelo linear, é o modelo semiótico. Este modelo, tal como o modelo anterior, é composto pelo Emissor e pelo Recetor. As diferenças começam a notar-se quando, nas mensagens que ambos transmitem em simultâneo um ao outro, estes partilham experiências, emoções e vivências, com a ajuda da cultura e do contexto em que cada um está inserido. Esta troca mútua de mensagens e “feedbacks” faz com que estes criem um sentido em cooperação e que cheguem ao “entendimento mútuo” que é falado no excerto apresentado. Nesta troca de mensagens, o emissor e o recetor utilizam não só a linguagem verbal (palavras), como também a linguagem paraverbal (prosódia e gestos específicos) e não verbal, como os gestos, as emoções expressas nas expressões faciais, o próprio vestuário e os maneirismos. Assim, considera este modelo muito mais complexo e completo pois permite uma melhor compreensão da mensagem do outro e uma melhor expressão das nossas próprias mensagens.
No excerto apresentado, os autores falam-nos também no contexto, que é um conceito muito importante. Dependendo no contexto onde nos encontramos e na cultura onde nos inserimos, isso vai influenciar a nossa comunicação, pois o aperto de mão que usamos na nossa cultura ocidental como cumprimento, por exemplo, nem sempre é aceitável nas culturas com que contactamos e, por isso, temos de nos adaptar (tal como os outros têm de se adaptar a nós) para que haja uma comunicação pacífica e, especialmente, que seja bem interpretada por aqueles que, mais tarde, nos darão o “feedback” daquilo que [...] receberam.
Na comunicação realizada no modelo semiótico (supostamente aquilo que acontece no modelo linear) nem sempre controlamos as mensagens que passam para o emissor, pois não controlamos a linguagem [...] para verbal e não verbal que realizamos com o nosso corpo ou o nosso rosto ou até com o nosso vestuário.
Em suma, concordo com a visão elaborada no excerto apresentado onde é dito que “A comunicação é um processo complexo” e, por isso, o modelo semiótico adequa-se melhor quando tentamos explicar a comunicação humana, pois esta não se resume a uma simples mensagem que não sofre alterações nem é [...] influenciada por meios externos como o contexto e a cultura. Toda a comunicação se baseia na interação entre indivíduos que “trabalham” juntos e cooperam para a criação de um “sentido”.