Metais pesados em águas superficiais como estratégia de caracterização de
bacias hidrográficas
INTRODUÇÃO
Os reservatórios naturais vêm sendo depositários de uma variedade de
subprodutos, provenientes da atividade antrópica. A presença de elementos
potencialmente tóxicos é responsável por efeitos adversos sobre o ambiente, com
repercussão na economia e na saúde pública. A introdução de metais nos sistemas
aquáticos ocorre naturalmente através de processos geoquímicos, no intemperismo
e, a contribuição atribuída à atividade humana é um reflexo de sua ampla
utilização pela indústria.
O crescimento desenfreado de pólos urbanos está alheio às demandas que vão
surgindo em função das indústrias instaladas. Estas, por sua vez, desempenham
um papel importante na sociedade como geradoras de benefícios, quanto à
produção de bens de consumo, impostos e empregos.
Sua implantação em épocas mais remotas, não contava ainda com a aplicação dos
relatórios de impacto ambiental (EIA, RIMA). Atualmente, entretanto, exige-se
fiscalização dos índices estabelecidos pela legislação1 que devem ser
cumpridos.
Diversos pesquisadores2-8 têm voltado seu interesse para a quantificação de
poluição por metais pesados em bacias hidrográficas, reunindo dados sobre o
impacto ambiental e suas complexas relações com as atividades econômicas. Os
objetivos são de determinação dos níveis e identificação das possíveis fontes
de poluição, bem como atribuição de tendências nas mudanças de comportamento na
estruturação industrial e na implementação de tecnologias de controle da
poluição.
Alguns estudos vêm demonstrando a importância da análise histórica das
concentrações de metais pesados em águas superficiais. Esta, possibilita o
modelamento de emissões e deposição nas décadas passadas, indo ao encontro de
estratégias de controle9-12.
Um processo de reversão do estado de deterioração, encontrado em locais
específicos de centros urbanos, pode ser instituído por programas de
monitoramento e prevenção da degradação da qualidade da água, junto à
regulamentação limitante sobre fontes puntuais de descarga.
Com o objetivo de caracterizar a bacia do ribeirão Cambé, Londrina- norte do
Pr, quanto contribuição de metais pesados na fração dissolvida, foram
realizadas amostragens mensais em oito locais, representativos da bacia com os
estudos voltados para pontos de possível interferência antrópica. Foram
efetuadas determinações de Al, Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, Mg, Mn, Ni, Pb e Zn por
espectrometria de emissão atômica acoplada com plasma de argônio induzido (ICP-
AES), com a vantagem da determinação multielementar dos elementos em
quantidades maiores, menores, traços e ultraços, sem mudanças nos parâmetros
experimentais13-17.
2. EXPERIMENTAL
2.1. Amostragem
As amostragens foram feitas em diferentes pontos da bacia do ribeirão Cambé,
figura_1, que atravessa a cidade de Londrina, na região norte do estado do
Paraná, usando garrafas plásticas de água mineral, segundo recomendação do
Instituto Adolfo Lutz18.
Após descartar seu conteúdo, a garrafa foi enxaguada várias vezes com a água
amostrada e imersa a ±30 cm, em uma distância aproximada de 2 m da margem e
filtradas com membrana de 0,45 µm18. Foi realizado um teste para verificar a
possibilidade de contaminação das amostras através da membrana de filtração,
usando um padrão multilelementar. Os resultados antes e após a passagem do
padrão pela membrana não foram significativamente diferentes, demonstrando a
viabilidade de sua utilização na filtragem das amostras coletadas. As amostras
foram filtradas o mais rápido possível, para minimizar a liberação de elementos
em baixa concentração do material particulado para a solução, aciduladas (1 mL
HNO31%/100 mL de amostra) e armazenadas a 4oC em refrigerador. Como a análise
deve ser imediata, não devendo ultrapassar as 24 horas após a amostragem19, o
tratamento das amostras teve início dentro deste prazo. Inicialmente, as
amostras foram pré-concentradas 8 vezes por aquecimento convectivo em chapa
elétrica, à temperatura aproximada de 60oC, para assegurar uma concentração
metálica suficiente para as determinações, em função do limite de detecção
imposto pela técnica de espectrometria de emissão atômica com fonte de
excitação de plasma de argônio induzido.
Foi realizado um teste de recuperação para verificar a viabilidade do uso do
aquecimento como método de pré-concentração para amostras de água. A adição de
padrão, em triplicata, apresentou um índice médio de recuperação de 97±4% para
os metais estudados, evidenciando a viabilidade do uso do sistema de pré-
concentração proposto.
2.2. INSTRUMENTAÇÃO
Para a determinação das concentrações metálicas, foi utilizado um ICP-AES
seqüencial Spectroflame da Spectro. As condições de operação constam na tabela
1. As condições ótimas para determinação multielementar foram estabelecidas
conforme recomendação do fabricante, para o elemento Mn, canal de alinhamento
do espectrômetro.
As soluções estoque foram preparadas com metais de pureza elevada (Johnson
Matthey), água deionizada (deionizador Permution) e HNO3 grau analítico, em
concentração de 1000 µg.mL-1. Soluções de trabalho multielementares foram
preparadas em concentrações de 0,01; 0,1; 0,5; 1; 5; 10 e 50 µg.mL-1em HNO31%
de cada elemento constituinte, por diluição das soluções estoque, e
acondicionadas em frascos de polietileno pré-lavados com HNO310%. Um branco foi
preparado com HNO31% em água deionizada e estocado da mesma forma.
Interferências espectrais têm sido motivo de preocupação em termos de erro
analítico na espectrometria de emissão atômica. A escolha sensata de linhas
livres de interferências permite análises mais exatas, precisas e rápidas na
determinação de ele mentos. Os comprimentos de onda dos 11 elementos (tabela
2), foram escolhidos com a ajuda de estudos realizados por Garbarino &
Taylor2, além da avaliação das linhas livres de interferentes para os elementos
em estudo. Como as concentrações metálicas nas amostras estão na faixa de
traços (<10µg.mL-1), a maior concentração escolhida para cada elemento da
solução de trabalho foi de 10 µg.mL-1, com exceção de Ca e Mg, de 200 µg.mL-1.
As concentrações de Ca e Mg presentes na amostra possibilitaram a leitura
direta, sem pré-concentração.
Assim, para cada elemento foram traçados os espectros: de uma solução de
trabalho contendo apenas o analito, da solução multielementar e de uma amostra
coletada. De forma geral, não foram verificados problemas de aumento de
radiação de fundo ou interferência espectral entre os elementos estudados, para
os comprimentos de onda escolhidos. Não foram verificadas interferências de Na
e K, mesmo em concentrações 25 vezes mais elevadas que os demais elementos.
Estes não emitem intensamente dentro do intervalo de l utilizado nas
determinações. As curvas analíticas definidas para cada elemento, mostraram-se
essencialmente lineares a partir do limite de detecção até a concentração mais
elevada (tabela_2). As curvas analíticas de Cr e Cu foram traçadas usando
polinômio de 2° grau, e somente para o Pb foi corrigida a radiação de fundo. Os
dados obtidos ofereceram os subsídios necessários ao diagnóstico pretendido nos
objetivos iniciais do trabalho.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Organizar, interpretar e analisar o grande número de dados obtidos devido ao
caráter do trabalho, bem como extrair informações sobre as principais
tendências da variabilidade dos parâmetros: concentração dos diversos metais,
pH e sazonalidade, trouxe a necessidade do uso de uma ferramenta matemática, a
estatística multivariada. Esta pode ser aplicada quando é adquirida mais de uma
medida de cada amostra, na aquisição de dados múltiplos. Portanto, para
identificar as relações entre os dados obtidos, foi utilizada a técnica da
análise multivariada20-22. O método das componentes principais pode resumir em
poucas e importantes dimensões a maior parte da variabilidade de uma matriz de
dados de um grande número de variáveis, sendo que a variância explicada por
estes poucos eixos principais independentes pode ser conhecida.
A estação 1 de amostragem, que constitui o manancial da bacia do ribeirão
Cambé, apresenta água límpida e transparante. O propósito da escolha deste
local foi o estabelecimento de uma área de referência para relações com as
demais estações de amostragem. A figura_2(a) mostra as correlações mais
elevadas entre alguns pares de variáveis do manacial. As altas correlações
entre os elementos Pb, Ni, Cr e Cu; Ca e Mn; e Ca e Mg, mostram interferência
do intemperismo, devido às águas rasas, com inúmeras nascentes, que concorrem
para o leito do ribeirão. De comportamento ácido, com pH variando entre 3,7 e
5,0, a água do manancial tende a manter os metais em solução. Mesmo com estas
correlações, as concentrações metálicas normalmente estiveram abaixo dos
valores delineados por órgãos reguladores de concentrações metálicas em águas
superficais de classe 2. Segundo a resolução CONAMA 20 de 1986, do Ministério
do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente1, as águas de classe 2 são passíveis
de tratamento convencional para potabilização e distribuição à comunidade. Com
correlação significativa apenas entre o pares de variáveis Ca-Mg, a figura_2(b)
também mostra correlações interessantes entre Fe-Al e Pb-Cu. Aspectos
interessantes de correlação entre as variáveis são observados na figura_2(c):
ocorrem correlações significativas entre quase todos os pares de variáveis,
sugerindo a atuação do efluente industrial na introdução de todos os elementos
no sistema aquático. O Pb, correlaciona-se negativamente, em maior ou menor
proporção, com todos os outros elementos, definindo um antagonismo deste
elemento com os demais. Após a análise individual das estações de amostragem,
todos os dados disponíveis foram reunidos em uma só matriz e o estudo de
componentes principais respondeu com a nítida separação do local 6. Na figura_2
(d) aparecem correlações significativas entre os elementos Mn, Al, Fe, Cu, Zn,
Ca e Mg.
As duas primeiras componentes principais, que explicam sozinhas 67,5% da
variância total dos dados, têm contribuições significativas dos elementos que
apresentaram as mais altas correlações (figura_2). A configuração em duas
dimensões, das duas primeiras componentes principais, dos pontos referentes às
amostras, está representada na figura_3. A proximidade das amostras relativas
às triplicadas, nas componentes 1 e 2, demonstra a viabilidade do uso de
aquecimento como método de pré-concentração para amostras de água. Os pequenos
quadros esclarecem quanto à influência de determinados elementos sobre as
amostras. Os elementos Pb, Cd, Ni, Cr e Cu têm influência sobre as amostras que
representam as triplicatas dos meses de janeiro e fevereiro, deslocando-as das
demais e demonstrando a ação das chuvas no carreamento de partículas para o
sistema aquático. São observadas separações dos meses mais quentes e chuvosos
pelos elementos Mn, Fe, Ca e Mg. O pH interfere principalmente nas amostras de
junho e julho. Estes foram os de maior estiagem, com valores de pH mais
elevados. As amostras distribuídas mais à direita, na figura_3(a) sofrem maior
influência de Fe. Elementos característicos de solo: Mn, Ca e Mg discriminam as
amostras referentes aos meses de maior pluviosidade. Normalmente, as amostras
que sofreram maior ação das chuvas, com carreamento de grande quantidade de
partículas para o sistema aquático, agrupam-se separadamente das que pertencem
à época de seca. Considerando a maior proporção da informação estatística dos
dados para as duas primeiras componentes, na figura_2(b), são discriminadas as
amostras do local 2, a montante do curtume, daquelas que sofrem a intervenção
do efluente no local 3 e no 4, posterior ao despejo. Os três pontos separados
no gráfico, mais abaixo, por interferência de Pb, Ni e Cu referem-se às
amostras de janeiro, em cada estação de amostragem. As amostras restantes são
discriminadas por Zn, Ca, Mg e pH. As amostras dos locais 3 e 4, guardam maior
semelhança entre si.
Nos meses mais frios e secos, na figura_3(c), os elementos que influenciaram na
separação foram Cu e Al. O aumento de pH nas amostras de agosto separaram-nas
das demais. Setembro e novembro receberam a influência de todos os elementos.
As amostras mais à direita na figura sofrem a influência do Pb. Mesmo com o
peso pouco abaixo do valor de corte escolhido para os pesos das variáveis, este
elemento tem influência marcante sobre a distinção da maioria das amostras. Ao
longo do ano, as concentrações de Pb extrapolam em grande proporção os níveis
máximos permitidos pela legislação. Metal tóxico mais abundante, pode ser
encontrado em praticamente todas as fases do ambiente e em todos os sistemas
biológicos.
Numerando as estações de amostragem de 1 a 8, a figura_3(d) define bem a
discriminação do local 6, região da fábrica de baterias, cujas amostras sofrem
maior influência dos elementos incluídos na composição da primeira componente.
A maioria das variáveis estudadas estão incluídas nas duas primeiras
componentes, colocando como fator determinante a interferência das mesmas, na
discriminação deste local com relação ao restante da bacia. O Pb, o Cr e o pH,
são os principais agentes discriminadores destas amostras, separando-as das
demais.
A similaridade das amostras, estudada pela análise de grupos, auxilia na
interpretação dos dados. Quando a matriz de dados é transposta, a análise de
grupos pode oferecer subsídios para a compreensão de possíveis fontes dos
elementos metálicos no sistema aquático. Na figura_4, os elementos Pb, Ni, Cr,
Cd e Cu, de elevado grau de correlação, agrupam-se com similaridade máxima,
indicando a mesma proveniência ao longo da bacia. Elementos de origem mais
provável no solo como Zn, Al, Mn, Fe e Mg distinguem-se em outro grupo. O Ca e
o pH associam-se às demais variáveis, num grau de similaridade menor.Uma grande
semelhança nas fontes de metais no início da bacia do ribeirão Cambé, coloca em
destaque a região da fábrica de baterias. Em função da resposta de correlação
elevada entre a maioria dos elementos estudados, o estudo de similaridade
auxilia na identificação da fábrica como mais provável fonte de metais como Cd,
Ni, Cr, Cu, Mn e Al, associados com alto grau de similaridade ainda a Mg, Pb e
pH, sendo este determinante quanto à solubilidade de metais. Já em um local de
menor aglomeração urbana a bacia apresenta de forma escalonada a presença dos
elementos estudados, sem discriminação mais evidente sobre suas fontes, a não
ser por aqueles elementos provenientes do solo.
Foram verificados pulsos de concentração (tabela_3) para os elementos que regem
as cinco primeiras componentes no manancial e aparecem com as maiores
correlações obtidas (figura_2). Em valores de pH baixos (<4,5), os íons
metálicos tendem a permanecer em solução19. Aqueles meses nos quais o pH foi
mais alto e a pluviosidade baixa: abril, junho e julho, foram acompanhados pela
redução nas concentrações da maioria dos elementos. Com chuvas muito intensas
em janeiro, o material depositado por uma eletrosolda, mesmo que distante, pode
ter influenciado na contribuição de metais como Pb, Cd, Ni, Cu e Zn em
proporções diferentes com relação às demais amostras, provocando uma anomalia
naquela àrea.
Por um lado existe a incorporação de metais estranhos ao corpo d'água,
provenientes da atividade antrópica, e por outro a contribuição de elementos
participantes dos ciclos hidrogeoquímicos. A precipitação de colóides formados
devido a variações pequenas de pH pode provocar processos de arraste por
oclusão ou adsorção dos mais diferentes íons. A precipitação de oxihidróxido de
Fe ocorre a partir de pH 2,2. À medida que o pH aumenta nas amostras
analisadas, são verificadas quedas nas concentrações de Fe, bem como da maioria
dos metais estudados. Mesmo com as concentrações abaixo do permitido, a
variação no mês de agosto deve ter ocorrido devido a uma queda pequena no pH,
aumentando a solubilidade dos íons metálicos. Este local está inserido em uma
área pastoril, próxima a um pontilhão de autoestrada. As contribuições
metálicas associadas a esta estação de amostragem, podem estar relacionadas ao
acúmulo de partículas no solo ao longo do tempo, decorrente do uso da
autoestrada que conta com tráfego intenso. Com as chuvas fortes, é consequente
a introdução de partículas estranhas ao sistema aquático. Mas, considerando que
normalmente os níveis obtidos estão dentro dos padrões da legislação, e ainda,
acompanhando a sazonalidade, podemos tomar esta área como referência para
efeito de comparação com as demais estudadas.
Áreas de referência apresentam um comportamento próprio, nas quais as
características estão relacionadas à menor perturbação sobre sua homeostase. Em
função das observações, é pertinente inferir quanto à perturbação do sistema.
Esta é pressuposta por ações naturais, permitindo considerá-la área de
referência, para efeito de comparação com os demais locais estudados. A
jusante, houve um aumento na maioria das concentrações, associado às
características da próxima estação de amostragem. Trata-se de um curtume, cujo
sistema de tratamento de efluente conta com duas lagoas de estabilização. Em
despejos ricos em crômio, segundo Eckenfelder24, o tratamento envolve um
processo de redução de Cr6+a Cr3+com posterior precipitação com cal. Os agentes
comumente usados para a redução são sulfato ferroso, metabissulfito de sódio ou
dióxido de enxofre. Maior efetividade na redução é atingida em pH ácido, abaixo
de 3,0. Como o pH das amostras estudadas apresentou uma faixa de variação de
7,0-7,8, as concentrações de Fe mantiveram-se como nos locais a montante e as
de Ca foram praticamente dobradas, evidenciando-se o tratamento do efluente.
Ocorre um aumento significativo na concentração de Cr em fevereiro, março e
junho, e menor variação, mas significativa, em agosto e setembro, no local 3,
excedendo em grande proporção os níveis determinados tanto no local 1,
referência, como no 2. As maiores correlações entre Ca, Mg, Zn, Cu, Pb e Al, e
menores, mas de importância na avaliação deste local, envolvendo Cr e outros
elementos, estabelecem as diferenças desta estação com relação às duas a
montante, caracterizando-a quanto à sua vulnerabilidade. Na região próxima à
fábrica de baterias, ocorreram variações bruscas de pH, com aumento
significativo nas concentrações metálicas. Estas estiveram em sua grande
maioria, acima dos limites máximos permitidos pela lei. Em junho e novembro,
cujas amostras apresentaram os menores índices de pH, ocorreram picos na
maioria das concentrações. Aquelas amostras cujos valores de pH foram mais
elevados, apresentaram as menores concentrações. Já setembro, com pH também
elevado, para esta localidade, aparece com concentrações mais altas,
provavelmente em função das chuvas. Confirma-se, então, a hipótese inicial de
contaminação na área delimitada pela instalação da fábrica de baterias.
CONCLUSÕES
Devido às concentrações terem sofrido um aumento generalizado ao longo da
bacia, quando comparadas à primeira estação de amostragem, usada como
referência, é interessante analisar sua evolução durante o ano. Durante todo o
percurso amostrado do ribeirão, houve a presença sistemática dos elementos Pb,
Ni, Cd, Cr e Cu, introduzidos por fontes, discriminadas através da análise de
grupos, cuja origem está na urbanização e industrialização, e Fe, Al, Mn, Ca e
Mg, como produto, principalmente, do carreamento de partículas, através das
águas de escoamento. Meses de maior pluviosidade apresentaram aumento nas
concentrações metálicas, provavelmente, em função das características do solo e
carreamento intenso de partículas para o sistema aquático. Relações entre
sazonalidade, pH e concentração metálica, de forma geral, demonstraram a
influência de elementos como Fe e Al em valores de pH menores, provenientes de
processos hidrogeo-químicos25-29, acompanhados de aumento nos níveis de Pb, Cd,
Ni, Cr, Cu e Mn, que participaram com correlações significativas ao longo da
bacia.
A comparação entre a área de referência e as demais estações de amostragem
estabeleceu diferenças positivas, dentro de uma faixa, nas concentrações
metálicas, para todas as estações estudadas. Deve ser dada maior atenção ao
local 6, como área crítica de contaminação, devido às proporções
extraordinárias nas diferenças com relação não só à referência, como à
microbacia de forma geral. Como ponto crítico, exige cuidados no que se
relaciona ao planejamento, quanto às necessidades de controle na emissão de
metais pesados e monitoramento.