Carta ao editor
CARTA AO EDITOR
A Editoria da Química Nova recebeu, em setembro, do Prof. Sérgio de Paula
Machado, IQ-UFRJ, carta solicitando a divulgação da avaliação do IX Brazilian
Meeting on Inorganic Chemistry, evento realizado pela Divisão de Química
Inorgânica, que reproduzimos a seguir.
IX BMIC - UMA CONQUISTA DA QUIÍMICA INORGÂNICA NACIONAL
Durante o período de 10 a 13 de setembro, em Angra dos Reis, no litoral do Rio
de Janeiro, ocorreu o IX Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry que reuniu
153 participantes, dentre os quais pesquisadores brasileiros, alunos de pós-
graduação e pesquisadores estrangeiros. Durante este congresso foram
apresentados 123 painéis e as conferências "Modelos biomiméticos para o
sítio ativo das fosfatases púrpuras ácidas" (Ademir Neves, Universidade
Federal de Santa Catarina), "Preparative, spectral, structural and
biological studies of N(4)-substituted mono and bis(thiosemicarbazones) and
their metal complexes" (Douglas West, Illinois State University, USA),
"Molecular entities, chains, slabs and threedimensional networks: the rich
structural chemistry of the polycationic main group element clusters"
(Johannes Beck, Giessen University, Alemanha), "Indenyl slippage in
organometallic complexes" (Maria José Calhorda, Universidade de Lisboa,
Portugal), "Recent developments on the chemistry of nitrogen
fixation" (George Jeffery Leigh, University of Sussex, UK), "One
electron oxidation of phenols in aqueous solution by manganese 1,4,7-
triazacyclononane complexes in the presence and absence of H2O" (John R.
Lindsay Smith, University of York, UK) e "Confined systems: organic and
inorganic semiconductors in ordered and disordered inorganic hosts"
(Oswaldo Luiz Alves, Universidade de Campinas), devendo-se ainda registrar a
presença do Dr. Aloisio Manso, Superintendente da FAPERJ, especialmente
convidado pela Comissão Organizadora. Pelo fato de que esse congresso foi o
primeiro realizado em separado, após 10 anos de realizações em conjunto com a
Reunião Anual da SBQ, é de importância para a comunidade química brasileira, em
especial dos químicos inorgânicos, que seja feito aqui um registro um tanto
detalhado dessa experiência.
Na avaliação dos participantes e, também, da Comissão Organizadora tivemos uma
participação maciça dos congressistas a todas as atividades científicas
programadas, sendo continuamente elogiados o nível das palestras e dos
trabalhos apresentados sob a forma de painéis. Para tal, foram decisivas
algumas estratégias adotadas pela Comissão Organizadora composta,
exclusivamente, de professores do Departamento de Química Inorgânica da UFRJ
(João Massena Melo Filho, Marta Eloisa Medeiros, Milton Roedel Sales, Roberto
de Barros Faria, Rosa Dias Peres, Sérgio de Paula Machado). A primeira delas
foi a escolha de uma secretária executiva experiente (Sandra Mello) a qual por
meio da sua atuação e da sua equipe teve papel decisivo no sucesso deste
congresso. Uma outra decisão importante foi a de que todos os conferencistas
estrangeiros fossem trazidos por pesquisadores nacionais que se
responsabilizaram por todos os aspectos, desde o financiamento até as questões
de apoio logístico para a estada destes pesquisadores em nosso país. Os nomes
sugeridos passaram antes, porém, pelo crivo da Comissão Científica (quanto ao
nível dos conferencistas) e da Comissão Organizadora (quanto a distribuição dos
conferencistas pelas diferentes sub-áreas da química inorgânica). Dessa forma,
a Comissão Organizadora pôde se dedicar a outras questões relativas à
organização do evento, deixando por conta de pesquisadores brasileiros todo o
trabalho de trazer e ciceronear os conferencistas estrangeiros. Com relação à
seleção dos trabalhos apresentados sob a forma de painéis, esta foi feita pela
Comissão Científica, composta por pesquisadores nacionais de diferentes
instituições (Alzir Azevedo Batista (UFSCar), Carlos Alberto L. Filgueiras
(UFRJ), José Walkimar M. Carneiro (UFF), Judith Felcman (PUC-RJ), Manfredo
Horner (UFSM), Maria Domingues Vargas (UNICAMP), Roberto de Barros Faria
(UFRJ)). Esta comissão teve que analisar os trabalhos submetidos em duas
ocasiões, devido ao fato de que a data limite para a submissão de trabalhos foi
prorrogada por deliberação da Divisão de Química Inorgânica tomada durante a
Reunião Anual da SBQ.
Inicialmente proposto para ser realizado no campus da UFRJ, a mudança do local
do congresso para o Hotel do Frade, em Angra dos Reis, trouxe inúmeros
benefícios para o evento. Por se tratar de um hotel em local afastado de
grandes centros urbanos, os congressistas tiveram a oportunidade de um contato
maior, aproveitando mesmo os horários reservados para atividades de lazer para
um intercâmbio bastante proveitoso. Os horários para atividades de lazer, por
sua vez, foram programados como parte do evento, permitindo aos congressistas
relaxarem sem culpa, entre as atividades científicas programadas.
O perfil dos participantes, (UFRJ 26, UNICAMP 25, UNESP 16, USP-SP 12, UFSC 11,
FFCL-USP-RP 11, UFSCar 8, UFPR 7, UFMG 7, UFF 4, PUC-RJ 4, UERJ 2, UFC 2, UFSM
2, UFRS 2, UNIGRANRIO 2, FAEQUIL 2 e UnB, UFMS, UFV, UFBA, UFPE, UEM,
MACKENZIE, FIOCRUZ, UFRR, USP-SC com um participante) mostra um maior número de
participantes da UFRJ (como era de se esperar) mas também de um número
significativo de pesquisadores de diversas outras universidades. Dentre essas
outras universidades, cabe destacar a participação da UFSC cujos integrantes
propuseram, durante a Assembléia de Encerramento, sediar o X BMIC, no ano 2000,
em Florianópolis, proposição que foi aprovada por unanimidade.
Os esforços necessários para se organizar esse congresso não foram poucos. O
número inicialmente muito tímido de participantes levou a Comissão Organizadora
a tomar emprestado um pequeno saldo disponível da II Escola de Verão em Química
Inorgânica do Rio de Janeiro e, adicionalmente, se cotizar para arcar com as
despesas iniciais de confecção de circulares e cartazes, pagamento de uma
secretária executiva e da reserva inicial de quartos do hotel escolhido. Essas
dificuldades levaram a Comissão Organizadora a presentear, ao final do evento,
à Dra. Maria Helena de Araújo, com uma camisa do congresso e o livro "The
Organometallic Chemistry of the Transition Metals", 2a.ed., Robert H.
Crabtree, John Wiley, 1994, como reconhecimento à sua iniciativa de ter sido a
primeira a se inscrever no evento. O aporte de recursos através de órgãos de
fomento também não foi feito sem que fosse despendido um grande esforço, em
especial do chairman(Carlos Alberto L. Filgueiras), mas que resultaram, ao
final, num apoio decisivo do CNPq, Fundação José Bonifácio, FAPERJ e Conselho
Regional de Química-3ª Região. Nesse esforço cabe salientar o apoio logístico
imprescindível da Decania do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza da
UFRJ e da Associação dos Ex-Alunos do IQ-UFRJ. Por outro lado, uma vez que esse
congresso foi realizado com recursos provenientes na sua maior parte dos
próprios participantes, a química inorgânica nacional deu uma demonstração
cabal da sua pujança e determinação ao apoiar e participar maciçamente deste
evento criando uma excelente oportunidade para que uma nova geração de químicos
inorgânicos se apresentasse e se fortalecesse através do contato com
pesquisadores mais experientes tanto brasileiros como estrangeiros.
Um aspecto marcante nesse congresso foi a determinação de que todo o material
escrito (resumos, painéis e transparências) fosse apresentado em inglês, tendo
sido este aspecto do agrado de todos os participantes. Houve sugestões para que
o inglês fosse a única língua em todas as atividades do evento mas resolveu-se
deixar para as comissões organizadoras futuras a decisão de tornar o inglês a
língua oficial do mesmo. Com relação ainda a este aspecto, o Dr. George Jeffery
Leigh, durante a Assembléia de Encerramento, vestido com a camisa do congresso,
se posicionou fortemente a favor de que se adotasse o inglês como língua
oficial de forma a permitir uma efetiva inserção desse congresso no calendário
internacional fazendo com que os pesquisadores brasileiros venham a se expor de
maneira mais efetiva à comunidade científica internacional. Este conferencista
estrangeiro também elogiou bastante o nível científico dos trabalhos
apresentados considerando o congresso de nível internacional e, juntamente com
os outros conferencistas estrangeiros, participou da escolha do melhor poster
do congresso, "Effect of the PO4/Ce Ratio on The Formation of Fibrous
Cerium(IV) Phosphate Self Supported Sheets" de autoria de Carla Veríssimo
e Oswaldo Luiz Alves (UNICAMP) o qual foi premiado com uma camisa do congresso
e com um exemplar do programa de computador ORIGIN 5.0, gentilmente doado pela
Pic Informática.
Enfim, o Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry se afirmou definitivamente
como um encontro importante no calendário dos químicos inorgânicos brasileiros
e isso de deve a toda a comunidade que apoiou fortemente esse evento, não
deixando dúvidas quanto ao sucesso dos próximos BMICs.
Comissão Organizadora do IX BMIC
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