Estudo comparativo da seletividade de um método cinético-catalítico: a
determinação de Cr(VI) pela oxidação da o-dianisidina pelo peróxido de
hidrogênio
INTRODUÇÃO
De acordo com a IUPAC1, a seletividade é uma característica qualitativa que
indica o grau ou extensão em que outras substâncias interferem na determinação
de uma espécie por um dado procedimento. Um interferente é usualmente definido
como um agente químico que causa um erro sistemático na determinação da espécie
desejada e a magnitude da interferência poderia ser estabelecida em termos do
desvio padrão.
Alguns métodos, tais como os catalíticos, são caracterizados por seus limites
de detecção extremamente baixos, mas apresentam como desvantagem sua baixa
seletividade, pois, a maioria das reações indicadoras são catalisadas por
muitas espécies químicas2.
O método catalítico para a determinação de Cr(VI), primeiramente desenvolvido
por Buscarons e Artigas3, utiliza a reação de oxidação da o-dianisidina com
peróxido de hidrogênio tendo como catalisador aquela espécie. De acordo com
Kneebone e Freiser4, esta reação, além de ser catalisada por Cr(VI) é, também
catalisada por Cr(III), Cu(II), Fe(III), Co(II), Mo(VI), V(V) e Ni(II), e
algumas espécies como H2PO4-, Mg(II), EDTA e Zn(II) diminuem a velocidade da
reação catalisada.
No estudo da seletividade, a maioria dos pesquisadores utilizam a metodologia
na qual um interferente é estudado de cada vez. Entretanto, esta metodologia
não permite a verificação de efeitos de interação entre os interferentes que
ocorreriam em amostras reais, visto que tais interferentes não estão atuando
simultaneamente5. Desta maneira, um estudo multifatorial no qual todos os
interferentes são estudados simultaneamente fornece informações mais seguras a
respeito do comportamento das espécies em relação à seletividade do método.
O referido método catalítico para determinação de Cr(VI) é utilizado neste
trabalho para: (i) demonstrar a importância da aplicação de planejamentos
fatoriais no estudo da seletividade das metodologias de determinação e (ii)
determinar o teor de cromo total em amostras de material vegetal e de água
residual.
PARTE EXPERIMENTAL
Soluções e reagentes
Os experimentos foram efetuados empregando-se água desionizada e reagentes de
pureza analítica. Os ensaios usados para os planejamentos uni e multifatorial
foram conduzidos em frascos de vidro com tampas de plástico, com capacidade
para 30 mL.
A solução padrão de Cr(VI) 1000 mg mL-1, foi preparada pela dissolução de
2,8289 g de K2Cr2O7 >99,5% (MERCK) em um volume final de 1000 mL, aferido em
balão volumétrico. Esta solução foi estocada em frasco de polietileno.
A solução de o-dianisidina (3, 3'-dimetoxibenzidina), 0,05 mol L-1, foi
preparada dissolvendo-se 1,2215 g do reagente (ALDRICH), sem prévia
purificação, em acetona e o volume completado para 100 mL em balão volumétrico,
sendo logo em seguida armazenada em frasco escuro.
As soluções de Cr(NO3)3, Cu(NO3)2, Fe(NO3)3, Mg(NO3)2, Co(NO3)2, Zn(NO3)2 e
(NH4)2MoO4 utilizadas como interferentes, foram obtidas a partir de padrões
certificados (SPEX), por diluições convenientes.
A solução de EDTA 0,1 mol L-1 foi obtida da dissolução de 3,722 g de EDTANa2,
(MERCK), em água e o volume completado para 100mL em balão volumétrico. No
teste de interferência, esta solução foi diluída para 0,002 mol L-1.
A solução de (NH4)2S2O8 1 mol L-1, destinada à oxidação de todo o cromo a Cr
(VI), foi preparada pela dissolução de 22,820 g do sal (NH4)2S2O8
(Mallinckrodt), em água, e o volume completado para 100 mL em balão
volumétrico.
A solução tampão de hidrogenoftalato de potássio (HC8H4O4- /C8H4O42- ), 0,15
mol L-1, em pH = 5, foi preparada dissolvendo-se 3,060 g de KHC8H4O4 (QEEL) em
50 mL de solução de NaOH 0,15 mol L-1, ajustando-se o pH e completando-se o
volume para 100 mL, em balão volumétrico.
SELETIVIDADE
Neste estudo foram utilizadas duas estratégias: (i) estudo unifatorial, onde a
análise de cada íon interferente foi efetuada separadamente e (ii) o efeito de
cada íon e as interações entre eles utilizando-se planejamento fatorial.
No estudo unifatorial, os íons Cr(III), Cu(II), Fe(III), Zn(II), Mo(VI) e EDTA
foram estudados um de cada vez. Concentrações crescentes dos interferentes
foram adicionadas para uma concentração de Cr(VI) de 10 ng mL-1 e os valores da
absorvância, a 450 nm, medidos após 20 minutos, foram registrados.
Um planejamento fatorial completo 26 foi feito para as variáveis representadas
também por Cr(III), Cu(II), Fe(III), Zn(II), Mo(VI) e EDTA, que tiveram seus
níveis estabelecidos nos resultados do estudo anterior. O Cr(VI), assim como no
estudo anterior, foi mantido a uma concentração de 10 ng mL-1. Os níveis dos
interferentes são mostrados na Tabela_1.
[1111t1.gif (4028 bytes)]
Preparação das amostras para a determinação de cromo
Duas amostras vegetais, uma fornecida pelo programa "International Plant-
Analytical Exchange" (IPE)da Universidade de Wageningen (Holanda),
(amostra A1) e a outra, amostra de pimenteira (amostra A2) com valor de
referência para cromo, fornecida pelo "National Institute for
Environmental Studies" (Japão), e duas amostras de água residual de
indústria de celulose (amostras A3 e A4), analisadas por Espectrometria de
Absorção Atômica em forno de grafite, foram utilizadas para demonstrar a
aplicabilidade do método.
Foram pesadas 0,2000 gramas da amostra A1 e 0,5000 gramas da amostra A2, com
triplicatas, em cápsulas de porcelana e procedeu-se a uma pré-calcinação em
placas de aquecimento. As cápsulas com as amostras foram transferidas para a
mufla a 600oC onde permaneceram por 5 horas. Após a calcinação adicionaram-se
10 mL de solução de HCl 1:1 e aqueceu-se até a secura. Ao resíduo, previamente
umidecido com água desionizada, foi adicionado 1 mL de solução HNO3
concentrado, 10 mL de água desionizada e a mistura resultante foi filtrada para
béqueres de 150 mL, lavando-se as cápsulas cuidadosamente com 20 mL de água
desionizada, finalizando-se assim, a etapa de mineralização das amostras
vegetais. A cada béquer contendo amostra, já mineralizada, foram adicionados
aproximadamente 5 mL de solução de amônia a 3 mol L-1 para elevar o pH para um
valor entre 3 e 5. Todo cromo contido nas amostras foi então oxidado a Cr(VI)
adicionando-se 2 mL de solução de persulfato de amônio a 1 mol L-1 e 2 mL de
solução de AgNO3 30 mg mL-1 para catalisar a reação. Os béqueres foram cobertos
com vidro de relógio e a solução foi aquecida por 30 minutos, sem ebulição.
Logo em seguida, para cada amostra, procedeu-se à ebulição para decompor o
excesso de perssulfato.
As amostras de água, A3 e A4, foram filtradas em papel Whatmam 40 e alíquotas
de 40 mL, em triplicatas, foram medidas, iniciando-se o tratamento na etapa de
oxidação do Cr(III) a Cr(VI). Os brancos de cada amostra passaram pelo mesmo
processo da amostra correspondente.
Extração do Cr(VI) com Metil Isobutil Cetona (MIC)
O volume da solução da amostra foi acrescido para aproximadamente 50 mL,
adicionando HCl, de maneira que a concentração deste ácido na solução ficasse
em torno de 1 mol L-1. Os béqueres foram colocados em banho de gelo juntamente
com a metil isobutil cetona saturada com HCl 1 mol L-1, até atingir equilíbrio
térmico. As amostras foram transferidas para funis de separação, previamente
resfriados em refrigerador, e a extração foi feita sob agitação por
aproximadamente 1 minuto com 10 mL de MIC. Esperou-se a separação das fases e
descartou-se a fase aquosa. O Cr(VI) foi extraído da fase orgânica com 10 mL de
água desionizada a 70oC.
Determinação de Cr(VI) no Extrato
Pipetaram-se 4 mL do extrato para balão de 10 mL, 2 mL de solução tampão de
biftalato de potássio 0,15 mol L-1 a pH 5, 3,5 mL de solução de o-dianisidina
0,05 mol L-1 em acetona, 0,7 mL de H2O2 30% m/m e o volume completado com água.
Esperou-se 20 minutos e fez-se a leitura espectrofotométrica, em 450 nm. A
curva de calibração foi obtida adicionando volumes de 50, 100, 250, 500, 750 e
1000 mL, em três replicatas, de solução de Cr(VI) a 1 mg mL-1, em béqueres de
150 mL e todo o procedimento citado anteriormente envolvendo oxidação do Cr
(III), extração e determinação, foi executado para os padrões. O mesmo
procedimento, sem a adição de Cr(VI), foi feito para o branco. Dez replicatas
para o branco e para o ponto da curva contendo 10 ng mL-1 de Cr(VI) foram
feitas, para estimar os limites de detecção e de quantificação e para avaliar a
repetibilidade do método.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo da seletividade
O estudo unifatorial de interferentes teve importante papel na determinação dos
níveis de concentração das espécies interferentes para o estudo multifatorial.
Para uma caracterização quantitativa da seletividade do método, os graus de
interferência foram expressos pela absorvância devido à reação catalisada por
Cr(VI) medidas em 450 nm na presença e na ausência do interferente
respectivamente. Todos os resultados são apresentados na Tabela_2, onde as
linhas 23 até 28 representam a ação dos interferentes na reação indicadora, ou
seja, sem a presença do catalisador.
[1111t2.gif (19093 bytes)]
Os íons Cr(III) e Cu(II) são sérios interferentes no método, pois numa relação
de apenas 2:1 com o Cr(VI) eles já causam um aumento no sinal de mais de 15%.
Neste caso, observa-se que o grau de interferência é proporcional à
concentração de ambos, Cr(III) e Cu(II). O tipo de intererência causada por
esses íons está relacionado com o poder de também catalisar a reação indicadora
de acordo com acréscimo no sinal, quando Cr(VI) não está presente, produzido
por 40 ng mL-1 de Cr(III) ou Cu(II), (ver linha 23 da Tabela_2). O resultado
está de acordo com Dolmanova et al.6, que utiliza a mesma reação indicadora
para determinar Cr(III). Segundo Kneebone e Freiser4, a interferência do Cu(II)
é atribuída à sua ação catalítica sobre a decomposição do peróxido de
hidrogênio. O efeito no sinal, causado pela mistura, Cr(VI) e Cr(III), não é
aditivo pois, a soma dos valores DAbs produzidos pelas espécies separadas é
maior do que os valores de DAbs da mistura. Neste caso está ocorrendo um
decréscimo relativo no sinal da mistura.
O Fe(III) e o Mo(VI) apresentam interferência sob as condições estudadas, a
partir das concentrações de 150 ng mL-1 e 1000 ng mL-1, respectivamente, e o
grau de interferência aumenta com o aumento da concentração dentro dos limites
estabelecidos. O Fe(III) quando estudado separadamente, na concentração de 300
ng mL-1 (linha 24 da Tabela_2), catalisou a reação causando um aumento de 0,047
no valor de DAbs, que quando comparado com a resposta produzida pela mistura Cr
(VI):Fe(III), estando o Fe(III) na mesma concentração de 300 ng mL-1, sugere
que o efeito de interferência, neste caso, é aditivo. O mesmo fenômeno pode ser
observado para o Mo(VI), quando este é estudado separadamente na concentração
de 4 mg mL-1, (linha 27 da Tabela_2).
O Zn(II) causa um acréscimo na velocidade da reação para concentrações abaixo
de 4 mg mL-1, mas para concentrações acima deste valor a velocidade tende a
cair dentro da faixa de concentração estudada. Quando o íon Zn(II) atua sozinho
na reação, sem a presença do Cr(VI) (linhas 26 e 28 da Tabela_2), observa-se
que na concentração de 2mg mL-1 seu efeito na velocidade da reação não
catalisada é nulo mas torna-se negativo para uma concentração de 20 mg mL-, o
que nos leva a concluir que o Zn(II) inibe a reação indicadora e não o efeito
catalítico. Já o EDTA atua inibindo o efeito do catalisador, causando séria
interferência no método. Isto pode ser comprovado quando esta mesma espécie
atua na reação não catalisada, pois o seu efeito de inibição da velocidade da
reação, a uma concentração de 1 mg mL-1 (linha 25 da Tabela_2) é desprezível em
relação ao efeito produzido quando atua na reação catalisada na mesma
concentração. Desta maneira a reação não catalisada praticamente não é afetada
pelo EDTA. Então esta interferência pode ser atribuída à complexação do Cr(V)
pelo EDTA porque, segundo Dolmanova e Shekovtsova7, esta espécie entra na
reação da seguinte maneira:
[1111f.gif (3303 bytes)]
onde
D= o-dianisidina
X, Y e Z = produtos da reação
No estudo multifatorial os experimentos obedecendo a um planejamento fatorial
completo com dois níveis e seis variáveis foram feitos com os mesmos
interferentes utilizados no estudo anterior, com o objetivo de avaliar os
efeitos de interferência quando eles estão atuando juntos. A Figura_1 ilustra
os efeitos ordenados em um gráfico de probabilidade normal8. Todos os efeitos
que situam-se ao longo da linha são estatisticamente iguais a zero, enquanto os
efeitos maiores, em módulo, estão colocados fora da linha. Estes efeitos são
produzidos por Cu(II), Fe(III), Fe(III)XEDTA, Zn(II), Cu(II)XFe(III), Mo(VI),
Cu(II)XMo(VI), Cu(II)XMo(VI)XEDTA, Fe(III)XMo(VI), Cr(III)XFe(III) e Cr(III)XMo
(VI).
[1111f1.gif (7149 bytes)]
Tabela_3 mostra a análise de variância dos efeitos e confirma que apenas
aqueles que estão dispostos fora da linha na Figura_1 são significativos quando
submetidos ao teste F a um nível a= 0,01. O efeito principal do Cu(II), que tem
o maior valor numérico, significa que quando a concentração de Cu(II) é
aumentada de 0 para 20 ng mL-1, o valor de DAbs aumenta em 0,057. Este valor é
comparável àquele obtido no estudo unifatorial quando o Cu(II) entra na
proporção de 2 : 1 em relação ao Cr(VI), (ver Tabela_2). O Cu(II) apresenta
ainda interações de segunda ordem com o Fe(III) e o Mo(VI), isto significa que
quando estes agentes interferentes estão atuando juntos, o acréscimo no valor
de DAbs produzido por eles é maior do que a soma dos valores de DAbs produzidos
por cada um isoladamente.
[1111t3.gif (23143 bytes)]
O efeito principal do Fe(III) tem interpretação semelhante ao do Cu(II), sendo
também comparável àquele valor obtido do estudo unifatorial para a relação Fe
(III):Cr(VI) igual a 50 :1, (ver Tabela_2). O Fe(III) também interage
positivamente com o EDTA, que não tem efeito principal significativo e que no
estudo unifatorial atua diminuindo o sinal analítico, mas aqui, quando interage
com o Fe(III), ajuda a aumentar o sinal. Novamente existe a evidência de um
efeito de sinergismo entre as espécies estudadas.
O comportamento do Mo(VI) seria similar àqueles apresentados pelos íons Fe(III)
e Cu(II) se apenas seu efeito principal fosse considerado. Entretanto existe um
efeito antagônico quando a interação entre Fe(III) e Mo(VI) é analisada,
mostrando que quando estas espécies estão atuando juntas há uma tendência de
diminuição no valor da resposta. Mais uma vez ocorreria um engano se apenas o
estudo unifatorial fosse considerado, onde seria de se esperar que quando o Fe
(III) e Mo(VI) atuassem juntos o sinal aumentasse, visto que por aquele estudo
ambos causam interferência positiva.
Fato interessante ocorre com o Cr(III) que, no estudo unifatorial, mostra-se
como um sério interferente já na proporção Cr(III):Cr(VI) de 2:1, (ver Tabela
2). Quando atuando em conjunto com outros interferentes, seu efeito principal
torna-se insignificante e os efeitos de interação Cr(III)xFe(III) e Cr(III)xMo
(VI) são negativos, ou seja, ele atua diminuindo o grau de interferência destas
espécies quando todas estão atuando simultaneamente. Por outro lado, o EDTA que
apresenta efeito inibidor da reação catalisada quando estudado separadamente,
aqui não apresenta efeito principal sgnificativo e as interações, ao contrário
do que se poderia esperar, foram todas positivas. Pode-se dizer que de uma
certa forma ele atua como um ativador da reação catalisada, quando atuando
simultaneamente com as espécies que interagiram positivamente com ele.
A aplicação do método
De acordo com este estudo de seletividade, comprova-se que o método cinético
catalítico para determinação de Cr(VI) utilizando o-dianisidina está sujeito a
ação de vários interferentes de um modo muito complexo, o que torna necessário
a eliminação destes interferentes, antes da sua aplicação em amostras reais2. A
adição de agentes mascarantes como complexantes não é recomendada neste
trabalho pois existem cátions e ânions interferentes e não seria possível
anular o efeito de todos simultaneamente. Além disso, complexantes tais como
EDTA afetam também a reação catalisada. A utilização de resina troca catiônica,
recomendada por Kneebone e Freiser4, funciona quando as espécies inteferentes
estão na forma catiônica e em baixas concentrações. Quando a amostra requer
tratamento inicial, assim como uma amostra vegetal que necessita ser
decomposta, a concentração catiônica do meio torna-se elevada, decorrente da
adição de ácidos e haverá competição destas espécies com os interferentes pelos
sítios de troca da resina, inviabilizando o procedimento.
Diante dos problemas apresentados por esses dois procedimentos de eliminação de
interferentes, optou-se pela extração do Cr(VI), em meio clorídrico, com metil
isobutil cetona (MIC) que apresenta alta seletividade para esta espécie10.
O cromo total foi determinado nas soluções, como Cr(VI), após oxidação e
extração com MIC, conforme procedimento utilizado anteriormente por Pilkington
e Smith11. Devido a falta de padrões certificados disponíveis, a exatidão do
método foi verificada por meio de amostras com valores de referência. Os
resultados apresentados na Tabela_4 mostram que o maior erro relativo calculado
é de -3,0% mas que o valor médio encontrado para a mesma amostra encontra-se
dentro da faixa de aceitação do IPE12. O resultado de referência para esta
amostra fornecido pelo IPE, é dado em termos da mediana, pois este valor é
resultante de dados de diversos laboratórios e diferentes procedimentos
analíticos.
[1111t4.gif (8835 bytes)]
As variações nos conjuntos de medidas, (Tabela_4), são dadas pelos coeficientes
de variação (CV), que foram menores do que os encontrados por Dolmanova et al.6
e Muller et al.9, que utilizaram o mesmo método para determinação de cromo em
amostras de arsenito de gálio e soro sanguíneo, respectivamente, e obtiveram
variações em torno de 12% para níveis de concentração comparáveis aos níveis
das amostras de água na Tabela 5. Os teores de cromo encontrados nas amostras
de água quando comparados com a determinação por espectrometria de absorção
atômica utilizando forno de grafite, apresentaram erros relativos de apenas -
2,3% e -1,5%, o que dá uma boa margem de confiabilidade.
A precisão do método foi determinada por meio do desvio padrão relativo, obtido
de dez replicatas no ponto da curva de calibração, (Figura_2), correspondente a
10 ng mL-1. Nesta concentração o desvio padrão relativo foi de 0,5%. Os limites
de detecção e de quantificação11 foram calculados através do desvio padrão dos
valores das absorvâncias obtidas de dez replicatas do branco de reagentes,
submetidas às condições de oxidação e extração, foram 1,1 ng mL-1 e 3,2 ng mL-
1 respectivamente.
[1111f2.gif (6852 bytes)]
CONCLUSÃO
As espécies interferentes investigadas apresentam comportamentos distintos de
acordo com a metodologia utilizada. O método unifatorial, no qual apenas um
interferente é estudado de cada vez, não permite que os efeitos de interação
com outras espécies sejam analisados. Tal restrição causa deficiência na
aplicação do método, pois as espécies interferentes atuam simultaneamente nas
amostras reais. Desta maneira é necessário que utilizemos a metodologia
multifatorial em estudos desta natureza, visto que os resultados mostraram o
quanto desviamos da realidade quando estudamos isoladamente cada interferente.