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BrBRCVAg0100-29452001000200043

BrBRCVAg0100-29452001000200043

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2001
Issue0002
Article number00043

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GERMINAÇÃO IN VITRO DE MANGABEIRA (Hancornia speciosa Gomez) EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

O fruto da mangabeira é muito apreciado no Nordeste, apresenta boa digestibilidade e valor nutritivo, com teor de proteína (1,3 a 3,0%) superior ao da maioria das frutíferas. O recente desenvolvimento do mercado de frutas tropicais no Brasil despertou o comércio de polpas congeladas para a produção de sucos, sorvetes, licores, etc. No Nordeste, onde é explorada de forma extrativista, esta espécie vem sofrendo acelerado processo de erosão genética em razão da expansão imobiliária na baixada litorânea e da monocultura da cana- de-açúcar nos tabuleiros. Adicionalmente, sua propagação por métodos tradicionais é dificultada pelo fato de suas sementes serem recalcitrantes e a polpa do fruto ter uma ação inibitória sobre a germinação das sementes (Gricoletto, 1997). Estudos de meios de cultura que favoreçam a germinação in vitro desta espécie são importantes tanto para maximizar a taxa de germinação, como para obter plântulas com qualidade genética e fitossanitária adequada.

Alguns estudos realizados in vivo, independentemente da espécie, mostram que o suprimento adequado em água, composição de gases e temperatura convenientes, assim como a luz, é requisitos fundamentais para a germinação (Toledo & Marcos Filho, 1977; Mayer & Poljakoff-Mayber,1982; Bewley, 1984; Borges & Rena, 1993). Outros apontam que o tratamento de sementes com giberelinas e citocininas pode promover a germinação (Melo et al., 1979). No caso da mangabeira, as mais altas e rápidas taxas de germinação de sementes em campo ocorreram em ambiente de pleno sol e sementes na superfície (Fonseca et al., 1994), embora a percentagem de germinação desta espécie seja normalmente baixa (Lorenzi, 1992). Como o número de trabalhos publicados no que se refere à germinação de sementes de mangaba in vitro é bastante reduzido e dada a sua importância econômica, este estudo relata a influência de diferentes meios de cultura na germinação in vitro de sementes desta espécie.

As sementes de mangabeira foram retiradas de frutos coletados a partir de plantas matrizes vigorosas previamente selecionadas, marcadas e mapeadas.

As sementes foram extraídas após a maceração e despolpamento dos frutos maduros sobre peneiras; em seguida, foram lavadas em água corrente e imersas em uma solução de hipoclorito de sódio (2,5% de cloro ativo) durante 10 minutos. Este tratamento permitiu uma maior facilidade na retirada da polpa do fruto que é de consistência pegajosa devido à presença do látex. As sementes foram, mais uma vez, lavadas em água para remover inibidores de germinação que pudessem existir na polpa. Posteriormente, foram colocadas para secar a sombra, sobre papel de filtro, em local ventilado. Para estudar a influência de diferentes meios de cultura, da sacarose e do ácido giberélico na germinação in vitro, foram constituídos três grupos experimentais. No grupo experimental I, das 640 sementes utilizadas, 320 foram escarificadas mecanicamente para a remoção do tegumento, e 320 permaneceram intactas. A seguir, todas as 640 sementes foram desinfestadas superficialmente, utilizando etanol 70% (p/v) e hipoclorito de sódio 10%. O excesso do agente desinfestante foi retirado com lavagens em água destilada estéril. As sementes com e sem tegumento foram inoculadas em meio MS líquido, MS sólido, água de coco e água destilada. No grupo experimental II, 600 sementes sem tegumento foram inoculadas em meio MS líquido e MS sólido suplementado com diferentes concentrações em sacarose (0,0; 10; 30; 60 e 90 g/ L). No grupo experimental III, 480 sementes destituídas de tegumento foram inoculadas em MS sólido e líquido, suplementados com 0,0; 0,1; 0,3 e 0,5 mg/ L de ácido giberélico (GA3). O meio MS continha sais minerais MS (Murashige & Skoog, 1962) e mistura orgânica de White (White, 1951), sendo solidificado com ágar (6g/L). O pH do meio foi ajustado para 5,7 antes da autoclavagem. Os frascos contendo as sementes foram incubados a 24oC ±1 sob 16/ 8 horas de luz e escuro. Todos os meios foram distribuídos em frascos de vidro medindo 8,5 cm de altura e 5,0 cm de diâmetro, a uma razão de 50 ml por frasco.

Os frascos foram então autoclavados durante 20 minutos a 127OC. Após o resfriamento, foram inoculadas 4 sementes em cada frasco que, em seguida, foram vedados com tampas plásticas. A taxa de germinação foi calculada trinta dias após a inoculação das sementes, nos diferentes tratamentos, utilizando a seguinte fórmula: TG = NTSG * 100 / NTSI onde ; TG = Taxa de germinação, NTSG = Número total de sementes germinadas e NTSI = Número total de sementes inoculadas. O experimento foi conduzido em blocos ao acaso. Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente através da análise de variância, onde os dados de germinação (em porcentagem) foram convertidos em valores angulares, determinando-se a diferença mínima significativa (DMS) pelo teste de Turkey, ao nível de 5 % de probabilidade, de acordo com Snedecor & Cochram, 1967. Nos gráficos, letras diferentes entre os tratamentos mostram diferenças significativas.

A maior percentagem de germinação foi obtida com sementes sem tegumento, inoculadas em MS líquido (Figura_1). No entanto, não houve diferenças significativas entre os meios MS líquido e o MS sólido. As elevadas taxas de germinação obtidas nos 2 meios, em relação aos demais (água de coco e água destilada), podem ser justificadas pelo fato de existir no meio MS uma maior disponibilidade em macro, micronutrientes, vitaminas e aminoácidos necessários ao processo de germinação. De acordo com Lorenzi (1992), normalmente, a percentagem de germinação de sementes de mangaba é baixa devido não à presença de inibidores na polpa como também ao fato de as sementes de mangaba serem recalcitrantes. Neste estudo, taxas de germinação acima de 90 % foram obtidas (Figura_1); provavelmente, isto se deve à remoção da polpa do fruto e à rápida inoculação das sementes realizada logo após a colheita dos frutos, evitando, possivelmente, a perda d'água e mantendo e a viabilidade da semente.

Trabalhos realizados anteriormente por Parente & Machado (1986) reforçam que a remoção da polpa aumenta a percentagem de germinação.

Na ausência (controle) e na presença de 10 g/L de sacarose, observaram-se as maiores taxas de germinação. Nas concentrações acima desta faixa, ocorre uma redução na percentagem de sementes germinadas tanto em meio sólido quanto em meio líquido (Figura_2). Tais constatações, provavelmente, se devam ao fato de que a semente possua em sua reserva nutritiva um teor de sacarose que lhe permita a emergência da plúmula e da radícula; adicionalmente, o excesso de sacarose colocado no meio extracelular pode ter provocado uma maior perda de água devido à pressão osmótica exercida sobre a semente (Torres, A. C.

comunicação pessoal). Estudos realizados in vivo, independentemente da espécie, mostram que o suprimento adequado em água, composição de gases e temperatura convenientes, assim como a luz, são requisitos fundamentais para a germinação (Toledo & Marcos Filho, 1977; Mayer & Poljakoff-Mayber,1982; Bewley, 1984; Borges & Rena, 1993). Neste estudo, os frascos contendo as sementes foram incubados a 24oC ±1, ou seja, dentro da faixa ótima de temperatura (entre 20 e 30oC) de germinação de sementes de mangaba, segundo Oliveira (1989), e sob 16/8 horas de luz e escuro, não interferindo, portanto, na germinação, uma vez que as sementes deH. speciosa são indiferentes à luz (Oliveira,1989).

De acordo com Melo et al. (1979), tratamento de sementes com giberelinas e citocininas pode promover a germinação. Neste estudo, observou-se que a adição de 0.1 mg/L de ácido giberélico (GA3), tanto em meio MS líquido quanto em meio sólido,favoreceu a germinação de sementes. No entanto, concentrações iguais ou superiores a 0.3 mg/L de cultura provocaram uma diminuição na percentagem de sementes germinadas (Figura_3). Provavelmente, as sementes de mangabeira necessitem de uma quantidade mínima de hormônio para estimular a germinação, sendo o seu excesso inibidor e, eventualmente, tóxico; pois, fisiologicamente, os hormônios podem estar relacionados com o desenvolvimento das sementes ou podem estar sendo acumulados para a sua subseqüente participação no controle da germinação e crescimento da plântula (Bewley & Black, 1983).

Nas condições em que foram realizados estes experimentos, pode-se concluir que: 1. A escarificação, ou seja, a retirada do tegumento, favorece a germinação de sementes de mangaba.

2. A adição de sacarose no meio de cultura não favorece a germinação de sementes de mangaba.

3. O tratamento de sementes de mangaba com 0,1 mg/L de ácido giberélico favorece a germinação.


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