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BrBRCVAg0100-29452001000300051

BrBRCVAg0100-29452001000300051

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2001
Issue0003
Article number00051

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MANUTENÇÃO DE FOLHAS ATIVAS EM BANANEIRA-'NANICÃO' POR MEIO DO MANEJO DAS ADUBAÇÕES NITROGENADA E POTÁSSICA E DA IRRIGAÇÃO

INTRODUÇÃO A bananicultura encontra-se presente em quase todo o País, apresentando significativa diversidade, especialmente em relação às variedades e padrão tecnológico das explorações. Segundo Souza & Torres (1997), a área ocupada para a produção de banana é a segunda maior entre as destinadas às frutas para consumo in natura.

A manutenção de área foliar ativa por mais tempo é uma luta constante para os produtores de banana, sendo que a primeira preocupação é com o controle de doenças foliares (Sigatoka, principalmente). Robinson et al. (1992) obtiveram rendimento máximo de frutos em bananeira 'Williams' com a manutenção de oito folhas durante o período entre emissão da inflorescência e colheita; com quatro folhas, a produção de frutos comercializáveis foi afetada tanto em quantidade como em qualidade. Na prática, alguns bananicultores afirmam que deve ser mantido até a colheita, no mínimo, um número igual de folhas ativas e de pencas.

Em relação à fertilidade do solo, relatos de que o suprimento adequado de K seja fundamental para a preservação da área foliar (Murray, 1960; Hasselo, 1961; Lahav, 1972; Lahav, 1995). Outrossim, segundo Delvaux (1995), a manutenção do equilíbrio de cátions e de adequados níveis de potássio e nitrogênio disponíveis no solo são as condições químicas mais importantes para o cultivo de bananeiras visando a altos rendimentos.

O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos da adubação nitrogenada e potássica, em condições de sequeiro e sob irrigação, sobre a durabilidade das folhas de bananeira no período entre a emissão da inflorescência e a colheita dos cachos.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em Jaboticabal-SP, cuja altitude é de aproximadamente 575 m e latitude 21o15'S. O clima é mesotérmico de inverno seco (Cwa - Classificação de Koeppen), e o solo classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico típico. Valores médios de alguns atributos do solo, em amostragem realizada na época da instalação do experimento, encontram-se na Tabela_1.

Informações meteorológicas coletadas no período de condução do experimento são apresentadas na Figura_1.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com duas repetições e parcelas subdivididas. As parcelas principais foram constituídas por dois regimes hídricos: irrigado (microaspersão) e sequeiro. Nas subparcelas, os tratamentos, em arranjo fatorial, consistiram nas combinações de quatro doses de nitrogênio (0; 200; 400 e 800 kg ha-1de N) e quatro de potássio (0; 300; 600 e 900 kg ha-1 de K2O). As unidades experimentais (subparcelas) foram compostas por vinte plantas (104 m2), sendo seis consideradas para as avaliações (plantas úteis). As doses de adubo (nitrato de amônio e cloreto de potássio, como fontes de N e K, respectivamente) foram parceladas em quatro vezes durante a estação das chuvas. Os fertilizantes foram sempre aplicados na superfície do solo sem incorporação. No estabelecimento do bananal, foi aplicado fósforo (170 kg ha- 1 de P2O5) sob a forma de termofosfato.

O bananal foi implantado empregando-se mudas micropropagadas in vitroda cultivar Nanicão (Musa AAA subgrupo Cavendish), em outubro de 1997. Sua condução foi de acordo com as recomendações descritas por Moreira (1999). Fez- se o controle de doenças, especialmente sigatoca-amarela, e pragas (nematóides e broca) de forma preventiva, por meio da aplicação de defensivos indicados para a cultura em épocas predeterminadas.

Os teores de N e K foliar foram estimados por meio de amostragem realizada conforme as recomendações de Martin-Prével (1984). As amostras de tecido foliar foram processadas e analisadas quanto aos teores de N e K de acordo com Bataglia et al. (1983). Na época da emissão da inflorescência, contaram-se as folhas ativas, ou seja, aquelas que apresentavam mais da metade do limbo verde (NFE). Na colheita do cacho, determinou-se novamente o número de folhas ativas (NFC).

Calculou-se a relação IDF = NFC ¸ NFE ´ 100 , na qual, IDFé o índice de durabilidade foliar (%), NFC, o número de folhas ativas na época da colheita do cacho e NFE, o número de folhas ativas na época da emissão da inflorescência.

Os efeitos dos tratamentos aplicados às parcelas principais (sequeiro e irrigação) foram avaliados empregando-se o teste F. Para as situações nas quais se detectaram efeitos significativos dos tratamentos de adubação, foram ajustadas equações de regressão relacionando doses de potássio e nitrogênio com as variáveis respostas, para condições de sequeiro e irrigação. Nas análises de variância, empregou-se o módulo GLM (General Linear Models) do SAS, segundo Freund & Litttell (1981); os parâmetros dos modelos de regressão foram estimados por máxima verossimilhança, empregando-se o módulo MIXED (Mixed Models), conforme Littell et al. (1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos dois ciclos de cultivo, houve efeito (p<0,05)da adubação potássica e da irrigação sobre a durabilidade das folhas e número de folhas existentes na época da colheita (Tabela_2), não obstante a realização de um eficiente controle preventivo de sigatoca-amarela. Apesar de a irrigação possibilitar maior absorção de N e K, não foi detectado efeito significativo (p>0,05) do regime hídrico sobre os teores foliares de N ou K. Provavelmente, ao incrementar o crescimento das plantas, a quantidade de nutrientes no tecido foliar foi diluída num volume maior. Os maiores efeitos sobre a concentração de N e K nas folhas foram decorrentes da aplicação dos fertilizantes.

Na Tabela_3, é apresentado o efeito da irrigação (médias de todos os tratamentos de adubação com N e K) sobre as variáveis relacionadas ao estado das folhas. Ressalta-se que, com irrigação, foi possível atingir o período de colheita com quase o dobro de folhas do que sob a condição de sequeiro, pois as folhas existentes na época da emissão da inflorescência tiveram sua durabilidade favorecida pela maior disponibilidade de água. A irrigação possibilitou que mais da metade das folhas existentes na época da emissão da inflorescência se mantivessem ativas até o momento da colheita (IDF>50%). Sob sequeiro, o IDF foi aproximadamente 30% nos dois ciclos de cultivo. Pelos resultados, infere-se que o estresse hídrico acelerou a senescência foliar, freqüentemente resultando em redução irreversível da área fotossinteticamente ativa. Boyer (1976) considerou que essa associação entre perda de área foliar e diminuição na fotossíntese representa um grande potencial de diminuição na produção de fotossintetizados, com reflexos sobre a produção. O efeito da irrigação sobre a durabilidade foliar, observado no presente trabalho, foi semelhante ao determinado por Manica et al. (1975) para 'Nanicão'. Esses autores constataram que a manutenção de um número maior de folhas até a colheita foi favorecida pela irrigação, observando que, na época da colheita, as plantas sob sequeiro apresentavam, em média, 3,7 folhas, enquanto as plantas irrigadas estavam com 6,4 folhas. A irrigação em bananeiras 'Robusta', segundo Holder & Gumbs (1983), também determinou um incremento significativo na durabilidade das folhas.

Na Figura_2, tem-se a relação entre o índice de durabilidade foliar e a aplicação de potássio. Em sequeiro, o IDF aumentou linearmente com as doses crescentes de K nas duas safras. Chama a atenção, a obtenção de resposta à adubação potássica num solo com teor médio de K trocável superior a 3,0 mmolc dm-3. Observa-se que essa resposta foi obtida somente em sequeiro, indicando que a irrigação tenha possibilitado que as bananeiras suprissem suas necessidades de K a partir das reservas potássicas do solo.

Observou-se em campo que a durabilidade das folhas variava em função dos tratamentos de adubação com N e K. O secamento de folhas que ocorria no período entre a emissão da inflorescência e a época de colheita dos cachos, correspondia aproximadamente aos sintomas de deficiência de K descritos por Martin-Prével & Charpentier (1964). As plantas não apresentavam alterações significativas de cor ou arquitetura até próximo da época da emissão da inflorescência. A partir desse momento, as folhas mais velhas amareleciam subitamente, necrosando logo em seguida. Essas parcelas quase sempre correspondiam aos tratamentos de doses mais altas de N e dose zero de K. A partir dessa constatação, buscou-se verificar se havia alguma relação entre o índice de durabilidade foliar e os teores de K e N na folha-índice. Na Figura 3, tem-se o IDF expresso em função da razão entre os teores foliares de K e N.

No primeiro ciclo de cultivo, houve um incremento linear na durabilidade das folhas com o aumento da relação K/N foliar. No segundo ciclo, a durabilidade foliar variou numa relação quadrática com a razão K/N. Nesse ciclo, a máxima durabilidade foliar foi obtida com uma razão K/N em torno de 1,6 para sequeiro e de 1,4 sob irrigação. Acredita-se que as doses crescentes de N tenham favorecido o crescimento e a translocação de nutrientes para os frutos. Esse fato, sem o suficiente aporte de K, determinou incremento na velocidade de senescência foliar. Outrossim, o potássio, segundo Beringer & Trolldenier (1979), atua na regulação osmótica e resistência das plantas ao estresse hídrico, fazendo com que plantas com nutrição adequada desse elemento apresentem níveis mais baixos de ácido abcísico (ABA), fito-hormônio que acelera a senescência foliar.

CONCLUSÕES A irrigação possibilitou a manutenção de folhas fotossinteticamente ativas em bananeiras no período entre a emissão da inflorescência e a colheita do cacho.

A adubação potássica favoreceu a manutenção de folhas ativas, especialmente sob sequeiro.

A senescência das folhas em bananeiras, entre a época da emissão da inflorescência e a colheita dos cachos, foi acelerada em condições de desequilíbrio nutricional de N e K.


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