Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

BrBRCVAg0100-29452002000100010

BrBRCVAg0100-29452002000100010

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0001
Article number00010

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Efeito da aplicação de ácido giberélico e cloreto de cálcio no retardamento da colheita e na conservabilidade de caqui, Fuyu A cultura do caquizeiro apresentou um significativo incremento na área cultivada na década de 90, sendo que, dos 45 ha existentes no Rio Grande do Sul em 1988, se passou a mais de 1200ha em 1998 (Frá, 1998). É uma espécie altamente produtiva e rústica, sendo que o ciclo de produção é complementar com outras espécies frutíferas de clima temperado. Todavia, o fruto tem pouca conservabilidade pós-colheita, ocasionando grandes perdas. Com o aumento de área cultivada e da produtividade, a oferta deste fruto vem aumentando de ano para ano. No Rio Grande do Sul, o período de colheita é relativamente curto, concentrando-se no período de 15 de abril a 15 de maio, ocasionando redução do valor pago ao produtor.

A aplicação de ácido giberélico (AG3) em caquizeiros na pré-colheita permite retardar a velocidade de maturação e, em conseqüência, escalonar a colheita e prolongar a oferta de frutos (Ben-Arie et al., 1996). Este atraso de maturação também foi verificado em uvas (Guelfat-Reich & Safran, 1973), cerejas (Looney & Lidster, 1980) e citros (Marur et al., 1999). Nestes dois últimos casos, verificou-se também um aumento no tamanho dos frutos.

A degradação da clorofila e a síntese de pigmentos amarelados e/ou avermelhados podem ser parcialmente inibidas com aplicações de AG3 em pré-colheita de caqui (Ben-Arie et al., 1996), tomate (Dostal & Leopold, 1967), citrus (Marur et al., 1999) e morango (Martinez et al., 1994). Verificou-se também que a aplicação de AG3 reduz as perdas de firmeza de polpa em caqui (Ben-Arie et al., 1996).

A aplicação de cálcio em pré-colheita de maçãs aumenta o teor de hemicelulose, pectinas totais e cálcio na polpa, diminuindo a velocidade da hidrólise da parede celular, causado pelas enzimas b-D-galactosidase, poligalacturonases e pectilmetilesterases (Siddiqui & Bangerth,1995). Além disso, por preservar a integridade da parede celular, o cálcio pode prevenir desordens fisiológicas (Poovaiah, 1986).

Dentro deste contexto, estudou-se o efeito da aplicação em pré-colheita do AG3 e do CaCl2 no retardamento da colheita e na manutenção da qualidade de caquis após a colheita.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em pomar, localizado no município de Farroupilha- RS, na propriedade da Empresa Kivistrin S/A, constituído de plantas de caqui da cv. Fuyu, com oito anos de idade, solo classe 3, segundo a classificação do ROLAS. A análise foliar e de solo não demonstraram nenhum desequilíbrio nutricional. As plantas foram pulverizadas com pulverizador costal, Marca Jato, sendo utilizados 3 litros de calda por planta. O espaçamento era de 2,0 x 3,0 metros, sendo utilizadas 16 plantas, sorteadas ao acaso, sendo 4 para cada um dos seguintes tratamentos: 1 ¾ Testemunha: pulverizada com água 30 dias antes da data prevista da colheita; 2 - Aplicação de cloreto de cálcio (CaCl2) a 1% (m/v), a cada 15 dias a partir de 90 dias antes da data prevista da colheita; 3 - AG3 1 30 ppm, aplicado 30 dias antes da colheita; 4 ¾ CaCl2 1% aplicado a cada 15 dias a partir de 90 dias antes da data prevista da colheita + AG3 30ppm, aplicado 30 dias antes da data prevista da colheita.

Os frutos foram colhidos quando a coloração da epiderme apresentava maturação comercial (verde-amarelada). O armazenamento foi realizado em uma sala aberta à temperatura ambiente, sendo os frutos armazenados em caixas plásticas, em amostras de 12 frutos por tratamento, com três repetições, separados e pesados para cada dia de avaliação. As avaliações físico-químicas e fisiológicas foram realizadas na colheita e a cada 4 dias até completar os 20 dias de armazenamento.

A perda de massa foi obtida pela diferença de massa inicial e aquela no momento da realização das análise, sendo expressa em porcentagem (%), em relação ao valor inicial. A firmeza de polpa (FP) foi determinada com auxílio de um penetrômetro manual 2 , munido de ponteira de 8mm de diâmetro. Foram efetuadas duas determinações, em faces opostas, na região equatorial dos frutos, após a remoção da casca. Os resultados foram expressos em Newton (N). Os sólidos solúveis totais (SST) foram determinados por refratometria 3 , com escala de 0 a 32ºBrix. Os resultados foram e expressos em graus Brix (ºBrix). A acidez total titulável (ATT) foideterminada a partir de 10 mL de suco de caqui diluídos em 90 mL de água destilada. A solução foi titulada com hidróxido de sódio a 0,1N até pH 8,2. Os resultados foram expressos em cmol.L- 1. A concentração de etilenofoi determinada por cromatografia em fase gasosa, utilizando um cromatógrafo a gás4, equipado com uma coluna de aço inox 1/ 8" 5 e um detetor de ionização de chama. A produção de etileno foi expressa em nL.g-1h-1. O teor de clorofilas e de carotenóides foi determinado através da metodologia descrita em Lutz (1985) e expressa em mg/mg de peso fresco.

O experimento foi conduzido segundo o delineamento inteiramente casualisado, seguindo esquema fatorial 4x6 (tratamentos a campo x tempo de análise após o armazenamento). Cada parcela a campo era composta de 4 plantas. Para a interpretação dos resultados, realizou-se a análise da variância, utilizando-se de regressão polinomial para os fatores tratamentos e época de conservação.

Para o dia da colheita, a análise foi realizada por comparação das médias dos tratamentos, realizada pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade, utilizando o programa SANEST (Zonta & Machado, 1984).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os frutos tratados com AG3, na pré-colheita, apresentaram uma redução da velocidade da maturação, retardando a colheita em 15 dias (Quadro 1). Além disto, verificou-se que no tratamento com AG3 maior firmeza de polpa e conteúdo de clorofilas do que nos demais tratamentos.

A aplicação de CaCl2, combinado com AG3, também resultou num atraso da colheita (Tabela_1). a aplicação isolada de CaCl2 não afetou a evolução da coloração, que é a característica mais empregada para a avaliação do ponto de colheita de caquis, cv. Fuyu. Estes resultados indicam que não efeito benéfico da aplicação de CaCl2 no retardamento da colheita.

Como uma das principais perdas pós-colheita está relacionada à redução da masa, analisou-se o efeito dos tratamentos pré-colheita no comportamento dos frutos armazenados por um período de 20 dias. Em todos os tratamentos houve significativa (P£0,05) perda de masa (Figura_1). Entretanto, ele foi significativamente (P£0,05) superior nos frutos não tratados com AG3. O baixo coeficiente de determinação (R2=0,71) verificado para o tratamento AG3 + cálcio deve-se à pouca perda de peso durante o armazenamento. Esse fato determina que pequenas diferenças em relação à reta proporcionam baixos coeficientes.

As menores perdas de masa observadas em caquis tratados com AG3, devem-se, provavelmente, à maior integridade física e biológica devido a uma diminuição no metabolismo respiratório e do etileno, representada pela maior firmeza de polpa (Figura_2), maior conteúdo de clorofilas (Figura_6) e menor conteúdo de carotenóides (Figura_7).

Segundo Mitcham et al. (1998), para que os caquis da cv. Fuyu tenham boa aceitabilidade para o consumo "in natura", a firmeza de polpa deve estar entre 20 e 60N. Pela análise dos resultados apresentados na Figura_2, pode-se verificar que, para todos os tratamentos, houve redução significativa (P£0,05) da FP, passando de valores médios de 72 N, no momento da colheita, para 15N, após 20 dias de avaliação. Ben-Arie et al. (1986 e 1996) verificaram que o AG3 reduz o metabolismo respiratório e a produção de etileno, diminuindo a síntese de enzimas hidrolíticas. A conseqüência deste efeito foi confirmada nos caquis tratados com este regulador de crescimento que contribuiu para a preservação de maiores valores de firmeza de polpa (Figura_2). Neste caso, manteve-se valores superiores a 20N até o vigésimo dia de avaliação.

Na colheita, os frutos apresentaram teores de sólidos solúveis totais (SST) que variaram de 15,19 a 16,6ºBrix (Quadro_1). Estes valores são semelhantes aos relatados na maioria das regiões e países para esta cultivar Durante o armazenamento, observaram-se variações significativas (P£0,05) no teor de SST (Figura_3), verificando-se diferentes comportamentos entre os tratamentos. Os baixos valores do coeficiente de determinação (R2) mostra-nos a grande variabilidade entre os valores observados. Comportamento similar também foi verificado para outros frutos (Maness et al., 1992). Murray & Valentini (1998) citam que este comportamento, freqüentemente observado em caquis e frutos de caroço, deve-se a um grande número de variáveis associadas que afetam o teor de SST. Eles destacam a bioconversão de açúcares, a formação de moléculas solúveis na parede celular, o balanço de ácidos orgânicos e a solubilização de sais.

Durante o armazenamento, observou-se uma tendência de redução na ATT (Figura 4). Entretanto, nos tratamentos com CaCl2, houve, após uma redução inicial da ATT, incrementos na fase final de avaliação. Senter et al. (1991) também observaram este comportamento. Segundo Da-Silva et al. (1994), o aumento da ATT em frutas armazenadas por curtos períodos pode ser explicado pela geração de radicais ácidos (ácidos galacturônicos) a partir da hidrólise de constituintes da parede celular, em especial, as pectinas. a diminuição pode ser explicada pelo consumo de moléculas ácidas, em especial os ácidos orgânicos no processo de respiração.

Por se tratar de um fruto climatérico, o monitoramento da produção de etileno em caqui permite avaliar a velocidade da maturação (Pech et al., 1994). Frutos tratados com AG3 apresentaram uma produção de etileno com comportamento linear crescente (Figura_5), indicando, neste caso, uma boa preservação da integridade física e biológica. Comportamento similar foi verificado em frutos tratados com cálcio. Contudo, verifica-se um efeito negativo na combinação destes dois tratamentos. Isto também foi verificado para a firmeza de polpa.

Durante o período de avaliação, a concentração média de clorofilas diminuiu de 3mg.g-1 para 1mg.g-1(Figura_6), enquanto a concentração média de carotenóides aumentou de 2mg.g-1 para 4,6mg.g-1(Figura_7).

Segundo Senter et al. (1992), a redução do conteúdo de clorofilas deve-se, sobretudo, à ação de clorofilases. Citam, ainda, que a variação de pH e de textura e a indução de sistemas oxidativos também podem degradar clorofilas.

Gross et al. (1984) citam que a dinâmica de biogênese de cloroplastos e cromoplastos e, por conseqüência, de clorofilas e de carotenóides tem correlação inversa. Este comportamento foi observado nos caquis da cv. Fuyu. O constante decréscimo de clorofilas foi acompanhado de um constante acréscimo de carotenóides. A aplicação de AG3, além de ter proporcionado um retardo de 15 dias na colheita dos frutos (Quadro_1), preservou neles maiores teores de clorofila. Estes resultados são conseqüência do efeito do AG3 como inibidor de clorofilases previamente demostrado por Gross (1982), Gross et al. (1984) e Ben-Arie et al. (1996).

Quando se combinou o CaCl2 nas pulverizações, perdeu-se o efeito protetor do AG3 sobre as clorofilas.

CONCLUSÕES 1- Pode-se retardar a colheita de caquis , cv. Fuyu, em 15 dias, com aplicação de AG3 na concentração de 30 ppm.

2- O uso do CaCl2 não retardou a maturação e, quando combinado, reduziu os efeitos benéficos do AG3 após a colheita.


Download text