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BrBRCVAg0100-29452002000100043

BrBRCVAg0100-29452002000100043

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0001
Article number00043

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Crescimento de porta-enxertos de citros em tubetes influenciados por doses de N CRESCIMENTO DE PORTA-ENXERTOS DE CITROS EM TUBETES INFLUENCIADOS POR DOSES DE N1

INTRODUÇÃO A obtenção de porta-enxertos vigorosos e livres de patógenos na fase de sementeira é indispensável para a produção de mudas cítricas de alta qualidade.

Modificações no processo tradicional de produção de mudas cítricas no Brasil, visando à melhoria na qualidade da muda, têm sido exigidas pelos órgãos fiscalizadores (NORMAS, 1998). Dentre estas modificações, destaca-se a utilização de tubetes como sementeiras a qual proporciona um sistema radicular volumoso com abundância de brotações de raízes laterais. As saliências laterais da superfície inferior dos tubetes impedem o enovelamento de raízes e estimulam o crescimento descendente das raízes laterais (CARVALHO, 1994; VICHIATO, 1996).

O crescimento de plantas em tubetes pode ser influenciado pelo volume limitado desse recipiente e pela fertilidade do substrato. Esta fertilidade depende dos componentes do substrato que preenche os recipientes (VICHIATO, 1996), sendo, normalmente, necessária a complementação da fertilidade natural do substrato com adubações de cobertura. Para SOUZA (1983), os substratos utilizados em recipientes são escolhidos em função da sua disponibilidade e de suas características físicas. Muitas vezes, substratos com baixos teores de nutrientes são utilizados, necessitando, assim, de complementação com adubações de cobertura.

Pesquisas realizadas com porta-enxertos (CARVALHO e SOUZA, 1996; CARVALHO, 1994; DECARLOS NETO et al., 1994; MAUST e WILIAMSON, 1994; OSENI e PAL, 1993) têm mostrado que exigência nutricional diferenciada entre os porta-enxertos de citros, com relação às adubações com nitrogênio. Entretanto, existe carência de informação sobre adubações de cobertura com N no sistema de obtenção de porta-enxertos de citros semeados em tubetes. Portanto, foi objetivo deste experimento avaliar o crescimento de alguns porta-enxertos de citros semeados em tubetes e adubados com diferentes doses de N.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Setor de Fruticultura da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa-MG, iniciado em setembro de 1995. As sementes foram extraídas de frutos maduros de plantas-matrizes dos porta-enxertos Citrus limonia Osbeck, cv 'Cravo' (Cr); Citrus reshniHort. ex Tan., cv 'Cleópatra' (Cl); Citrus sunki Hort. ex. Tan., cv 'Sunki' (Sk); Citrus volkameriana Hort. ex Tan., cv 'Volkameriano' (Vk); e Citrus paradisiMacf. x Citrus reticulata Blanco, cv 'Tangelo Orlando' (To). Os porta-enxertos foram semeados e cultivados num substrato composto de esterco de bovino + vermiculita expandida + terriço (1:1:1), enriquecido com 1,28 kg/m3 de P2O5 no substrato; sendo utilizados como recipientes tubetes de plástico com diâmetro interno de 26 mm e comprimento de 126 mm.

Foi utilizado o delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas, com cinco repetições e unidade experimental com 12 plantas úteis. As parcelas foram compostas dos cinco diferentes porta-enxertos.

As subparcelas foram compostas de seis doses de N (0; 400; 800; 1.600; 3.200 e 4.800 mg/dm3 de N no substrato). As doses de N foram parceladas em oito aplicações de cobertura com uréia, em intervalos de sete dias, via água de irrigação. Em cada adubação, foram aplicados 5 ml de solução por tubete (com 40 cm3 de substrato). As adubações foram iniciadas após o desbaste das plantas nos tubetes, aos 63 dias após a semeadura.

Aos 120 dias após a semeadura, avaliaram-se: a altura; a proporção de plantas aptas ao transplantio, contando-se o número de plantas com altura superior a 10 cm; diâmetro do caule; área foliar; massa da matéria seca da parte aérea (folha + caule); e massa da matéria seca das raízes dos porta-enxertos.

Nas amostras coletadas aos 120 dias após a semeadura, foram determinados o teores de N-orgânico e os de N-NO3 na matéria seca obtida da parte aérea dos porta-enxertos. O N-orgânico foi dosado pelo método de Nessler, após a digestão sulfúrica, e N-NO3 foi dosado pelo método do ácido salicílico. O teor de N- total foi obtido a partir da soma dos teores de N-orgânico com os de N-NO3.

Os dados coletados foram submetidos à análise de variância, e os fatores de variação foram testados pelo teste F (significância de 5% e 1 %). Foram estabelecidos contrastes ortogonais que analisaram as diferenças entre o híbrido 'Tangelo Orlando' com os demais porta-enxertos [(To) vs.(Cr+Vk+Cl+Sk)], diferenças dos limoeiros com as tangerineiras [(Cr+Vk) vs. (Cl+Sk)], diferenças entre os limoeiros [(Cr) vs. (Vk)] e diferenças entre as tangerineiras [(Cl) vs. (Sk)]. Os efeitos da variável quantitativa (doses de N) foram submetidos ao ajuste de equações de regressão, sendo que a significância dos coeficientes das equações de regressão ajustadas foi testada pelo teste F, calculado e corrigido conforme ALVAREZ V. (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO ·Crescimento dos porta-enxertos Na Tabela_1, são apresentadas as características de crescimento avaliadas nos porta-enxertos. Os limoeiros-'Volkameriano' e 'Cravo' mostraram crescimentos superiores, para todas as características avaliadas, quando comparados com as tangerineiras-'Sunki' e 'Cleópatra'. Este crescimento mostrou ser significativo (P<0,01), conforme o resultado do contraste testado.

Os limoeiros-'Cravo' e 'Volkameriano' mostraram semelhanças no crescimento em altura, proporção de plantas aptas ao transplantio, área foliar, matéria seca de raiz e parte aérea (Tabela_1); entretanto, o limoeiro-'Volkameriano' mostrou diâmetro do caule superior ao limoeiro 'Cravo'. As tangerineiras-'Cleópatra' e 'Sunki' apresentaram semelhanças no diâmetro do caule, matéria seca de raiz e parte aérea (Tabela_1); entretanto, o crescimento em altura e a proporção de plantas aptas ao transplantio, apresentada pela tangerineira-'Cleópatra', mostrou ser superior (P<0,05) à da tangerineira-'Sunki', conforme o teste dos contrastes. A área foliar da tangerineira-'Sunki' foi superior (P<0,01) à da tangerineira-'Cleópatra', conforme o teste dos contrastes. o híbrido 'Tangelo-Orlando' exibiu crescimento inferior (P<0,01) ao conjunto dos demais porta-enxertos, para a maioria das características avaliadas.

O maior vigor de crescimento dos limoeiros mostra, portanto, a maior rapidez destes porta-enxertos em atingirem o ponto de transplantio, quando comparados com as tangerineiras e o híbrido. Este resultado está de acordo com os encontrados por CARVALHO e SOUZA (1996), onde estes autores constataram maior crescimento do limoeiro-'Cravo' em relação à tangerineira-'Cleópatra'.

·Crescimento dos porta-enxertos em função das doses de N A aplicação de doses de N, utilizando uréia em cobertura, favoreceu significativamente (P<0,01) o crescimento em altura, diâmetro do caule, área foliar, acúmulo da massa de matéria seca da parte aérea e de raízes, e na proporção de plantas aptas ao transplantio dos porta-enxertos, aos 120 dias após a semeadura.

Na Figura_1, observa-se que, conforme se aumentaram as doses de N aplicadas, ocorreu um aumento da altura dos porta-enxertos. O porta-enxerto 'Tangelo- Orlando' exibiu altura máxima estimada de 9,1cm quando foi aplicada a dose de 1.117 mg/dm3 de N no substrato, não atingindo a altura ideal de transplantio (10 cm) aos 120 dias após a semeadura. Os limoeiros-'Cravo' e 'Volkameriano' apresentaram altura máxima estimada de 13,3 e 12,3 cm quando adubados com 1.240 e 1.417 mg/dm3 de N no substrato, respectivamente, atingindo a altura ideal de transplantio aos 120 dias após a semeadura. As tangerineiras-'Cleópatra' e 'Sunki' apresentaram alturas estimadas de 12,0 e 10,1 cm quando adubadas com as doses de 1.170 e 1.145 mg/dm3 de N no substrato, respectivamente, atingindo a altura ideal de transplantio aos 120 dias após a semeadura.

Houve efeito depressivo das altas doses de N ( 3.200 e 4.800 mg/dm3 de N no substrato) sobre a altura dos porta-enxertos aos 120 dias após a semeadura (Figura_1). Este efeito depressivo pode ter ocorrido devido à diminuição do pH do substrato, através da liberação de H+ produzidos durante o processo de nitrificação da uréia aplicada. Efeitos depressivos causados por altas doses de fertilizantes nitrogenados foram descritos por CARVALHO e SOUZA (1996), CALVERT (1969), CARVALHO (1994), MAUST e WILIAMSON (1994) e DECARLOS NETO et al.

(1994).

·Teor de N-total na parte aérea dos porta-enxertos em função das doses de N Pelas equações de regressão (Figura_2), observa-se que, com o aumento das doses de N aplicadas, ocorreu aumento significativo (P<0,01) nos teores de N-total na matéria seca da parte aérea dos porta-enxertos, aos 120 dias após a semeadura.

O cultivo de porta-enxertos de citros, quando semeados em tubete, mostrou necessitar de adubações de cobertura com N, visto que os porta-enxertos que não receberam as adubações com uréia (0 mg/dm3de N no substrato), apresentaram baixos teores de N-total (Figura_2), mostrando menor desenvolvimento em altura (Figura_1) e cloroses generalizadas nas folhas, indicando os sintomas visuais de deficiência de nitrogênio.

Na Tabela_2, estão apresentadas as faixas dos teores adequados de N-total de cada porta-enxerto testado. Os teores adequados de N-total dos porta-enxertos 'Cravo' e Cleópatra,' obtidos neste estudo, estão próximos aos encontrados por CARVALHO (1994). Em termos práticos, a faixa do teor adequado de N-total, na matéria seca da parte aérea dos porta-enxertos, representa uma condição ótima de crescimento dos porta-enxertos, podendo ser utilizada como critério da necessidade de N, auxiliando no manejo da adubação nitrogenada dos porta- enxertos cultivados em tubetes.

Diante dos resultados obtidos neste experimento, as adubações de cobertura com uréia mostraram influenciar positivamente no crescimento e nos teores de N- total da parte aérea dos porta-enxertos testados. Entretanto, deve ser ressaltada a necessidade do manejo adequado desta adubação, devido aos efeitos depressivos das altas doses de N (3.200 e 4.800 mg/dm3 N de substrato) sobre o crescimento dos porta-enxertos.

CONCLUSÕES 1. A utilização de tubetes como sementeira de porta-enxertos de citros mostrou ser viável, proporcionando rápido crescimento destes na fase de sementeira. Os limoeiros-'Cravo' e 'Volkameriano' exibiram maior crescimento quando comparados com as tangerineiras-'Cleópatra' e 'Sunki' e o híbrido 'Tangelo-Orlando', aos 120 dias após a semeadura, mostrando, portanto, a maior rapidez dos limoeiros em atingir o ponto de transplantio.

2. As adubações com uréia, parceladas em oito aplicações a cada sete dias, influenciaram positivamente no crescimento dos porta-enxertos nos tubetes, podendo ser utilizadas como adubações de cobertura de N em porta-enxertos semeados em tubetes.

3. A fertilização dos porta-enxertos 'Cravo', 'Volkameriano', 'Cleópatra', 'Sunki' e 'Tangelo-Orlando', respectivamente com 1.240; 1.417; 1.170; 1.145 e 1.117 mg/dm3 de N no substrato de cultivo, proporcionou o máximo crescimento em altura desses porta-enxertos, aos 120 dias após a semeadura. Entretanto, adubações excessivas com uréia (3.200 e 4.800 mg/dm3 de N no substrato) causaram efeitos depressivos ao crescimento dos porta-enxertos.


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