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BrBRCVAg0100-29452002000100050

BrBRCVAg0100-29452002000100050

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0001
Article number00050

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Avaliação de protocolo para obtenção de mudas micropropagadas de bananeira cv.

Prata-Anã (subgrupo AAB) COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

A banana (Musaspp.) é a fruteira mais plantada no Brasil , respondendo por 17% da produção mundial ( produtor), porém com apenas 1% de participação no comércio internacional (14º exportador) (Alves, 1997; Agrianual, 1998). Apesar de predominarem as variedades do subgrupo Cavendish no mercado internacional, no Brasil, as bananas do tipo Prata são as mais preferidas (Mascarenhas, 1999).

A cultivar Prata-Anã, que é hoje produzida em diversos Estados brasileiros, tem-se destacado no cenário nacional como prioridade para estudos nos perímetros irrigados da região Norte de Minas Gerais garantindo, assim, o sucesso deste empreendimento nessa região (Souto et al., 1999).

A produtividade média de banana no Brasil é considerada baixa, inferior a 10t/ ha/ano, principalmente devido à falta de cultivares melhoradas, condução e manejo inadequados dos plantios e, principalmente, à incidência de doenças e pragas (Pereira et al., 1999). O grande crescimento da bananicultura, ocorrido nos últimos anos, acarretou uma forte demanda por mudas, muitas vezes de origem e qualidades duvidosas (Silva et al., 1999). Tendo em vista que o sistema de propagação convencional é lento e possui baixo rendimento, recentes estudos têm mostrado que a adoção da micropropagação é uma boa alternativa (Souza et al., 1997). Além de se alcançarem taxas de multiplicação diversas vezes mais elevadas que aquelas obtidas com os métodos convencionais, a micropropagação da bananeira oferece ainda a possibilidade para a produção comercial de mudas (Borges et al., 1997), aumentando de maneira considerável o número de plantas livres de pragas e doenças como o Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporiumf. sp.

Cubense), Moko (Pseudomonas solanacearum), Sigatoka-negra (Mycosphaerella fijensisvar. difformis), nematóide (Radopholus similis) e a Broca-do-rizoma (Cosmopolites sordidus), dentro de um curto espaço de tempo (Lameira et al., 1990).

Grande parte dos inúmeros trabalhos relacionados à obtenção de mudas de bananeira in vitro têm enfocado, principalmente, o tipo de explante, composição dos meios de cultura e condições físicas do ambiente que propiciam maiores taxas de multiplicação, assim como métodos distintos para o enraizamento (Lameira et al., 1990; Domingues et al., 1995; Oliveira & Machado, 1997), sem considerar outros fatores como mão-de-obra e freqüência de tamanho de brotos no final do enraizamento .O aprimoramento constante dos processos de multiplicação in vitro e o controle de qualidade das mudas, aliado à redução de custos, têm sido essenciais para a sua aceitação no mercado (Assis et al., 2000). Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar um sistema de micropropagação para a cultivar Prata-Anã, observando os principais fatores de eficiência e limitação no processo produtivo da muda.

Rizomas de bananeira tipo chifrinho, cv. Prata-Anã, provenientes do bananal da Escola Agrotécnica Federal de Uberaba-MG, foram retirados em dois períodos distintos, sendo o primeiro constituído de 100 unidades, denominado família SA e o segundo, contendo a mesma quantidade, identificado como família SBC.

Desses, foram extraídos os explantes contendo a gema apical. Em condições assépticas, estes foram desinfestados com solução de álcool 70%, por 1 min e, em seguida, imersos em solução de hipoclorito de sódio a 2%, por 10 min, sendo então, lavados 4 vezes com água destilada e autoclavada. Posteriormente, cada explante teve seu tamanho reduzido para 0,5cm de tecido de rizoma na base, 1cm de primórdios foliares e 1cm de diâmetro, sendo então estabelecido em meio de cultura, durante 30 dias. Do estabelecimento ao subcultivo de multiplicação, utilizou-se o meio MS (Murashige & Skoog, 1962) suplementado com 5 mg/L de benzilaminopurina (BAP) e 30 g/L de sacarose, gelificado com 8 g/L de ágar. No enraizamento, utilizou-se um meio com 50% dos sais minerais do MS mais 15g/L de sacarose e 8g/l de ágar, sem BAP. O pH dos meios foi ajustado para 5,7. Em cada fase de cultivo, foram avaliados o desempenho do processamento diário de frascos por operador, assim como os índices de contaminação e o rendimento de explantes em cada subcultura. No final da fase de enraizamento, foram avaliados o comprimento médio e número de brotos ( ³ 10 mm ). As plântulas obtidas foram transplantadas e mantidas em estufa com nebulização duas vezes por dia e 60% de sombreamento, sendo gradativamente submetidas às condições ambientais.

Em ambas as famílias, verifica-se um menor processamento diário de frascos por operador nas subculturas 11 e 21, pois cada frasco das subculturas anteriores (10 e 20) originou apenas 2 nesta fase, uma vez que seus respectivos explantes foram divididos ao meio (Tabela_1). Neste caso, a mão-de-obra ficou ociosa, pois o número total de frascos não ocupou toda capacidade produtiva dos operadores. Do segundo ao quinto subcultivos (12-15) da família SA e no terceiro e quarto subcultivos da família SBC, observa-se um incremento no processamento diário do número de frascos, cujas fases correspondem a um crescimento exponencial dos explantes. Do ponto de vista econômico, esta otimização é importante para diluir o custo final da muda.Pode-se notar um ligeiro decréscimo deste número na fase de enraizamento (16 e 26), pois a individualização das plântulas requer uma operação mais cautelosa e maior número de explantes por frasco, neste caso, quatro. Planilhas de custo de diversos laboratórios de cultura de tecidos têm mostrado que os itens de mão- de-obra e material de consumo compõem a maior parte do custo total da operação (Anciães & Cassiolato, 1985, citado por Seregen, 1995).

Na Tabela_2, observa-se que as porcentagens de contaminação por bactérias ocorreram em maiores taxas durante a fase de estabelecimento in vitro dos explantes (10 e 20), uma vez que as matrizes foram provenientes diretamente do campo, onde a planta está exposta a todo tipo de intempérie. Este nível foi decrescendo drasticamente ao longo das subculturas, até desaparecer totalmente a partir do subcultivo da família SBC. Houve um pequeno acréscimo de contaminação bacteriana na fase de enraizamento da família SA (16), muito provavelmente causada por deficiência no processo de manipulação, uma vez que, concomitantemente, ocorreu uma alta taxa de contaminação por fungo, ou até mesmo por bactérias endógenas que estavam quiescentes. Estes elevados índices de perdas durante a fase de estabelecimento dos explantes de bananeira in vitro estão de acordo com os resultados obtidos por Oliveira & Silva, 1997; Oliveira & Machado, 1997; Oliveira et al., 1999. Devido ao grande volume de frascos com plântulas envolvidos em uma biofábrica, um surto de contaminação pode causar grande perda em pouco tempo, podendo ocorrer em qualquer fase do processo (Lee et al., 1995).

Na Figura_1, nota-se que as maiores taxas de multiplicação ocorreram no quarto e quinto subcultivos da família SA e do terceiro ao quinto subcultivos, em ambas, da família SBC. A literatura cita que taxas mais elevadas de multiplicação ocorrem entre o e o subcultivo, quando os explantes se encontram mais adaptados às condições in vitro (Oliveira & Silva, 1997; Oliveira et al., 1999). Classificando as brotações por tamanho (Figura_2 ) , verifica-se que existem diferenças significativas entre as classes distintas.

Em ambas as famílias SA e SBC, ocorreu maior proporção de brotos na faixa de 30 a 60mm (62 e 64%, respectivamente) e menor ocorrência de brotos maiores que 90mm, 1% e 3% , respectivamente

Além das contaminações, foram descartados explantes com presença de calo, uma vez que estes podem levar à obtenção de plântulas fora-do-padrão(Scowcroft, 1984; George & Sherrington, 1984; Domingues et al., 1995). Apesar destas medidas, durante a aclimatação, foi encontrado um total de 144 plantas (1%) com anomalias morfológicas que foram interpretadas como possíveis variações somáticas originárias nas duas famílias. Esta porcentagem é razoável, uma vez que estes níveis não devem ultrapassar 5% (Israeli et al., 1991).

Não foram constatadas perdas na aclimatação, pois estando a maioria das plântulas entre 30 e 60mm de comprimento, isto conferiu maior facilidade de manuseio e uniformidade no plantio.

1. O protocolo empregado foi eficiente para a multiplicação in vitro de bananeira, cv. Prata-Anã.

2. A performance da mão-de-obra nas subculturas foi baixa, necessitando de estudos para melhorar o rendimento dos operadores.

3. A grande ocorrência de contaminações bacterianas, supostamente de origem endógena, sugere um melhor estudo neste tema.

4. A taxa de multiplicação de brotos manteve-se satisfatória, estando de acordo com os índices alcançados em outros trabalhos desenvolvidos com o gênero Musa.

5. O comprimento de brotos entre 30 e 60mm, ao final da fase de enraizamento, conferiu maior vigor, facilidade de manuseio e uniformidade das plântulas durante o transplantio para casa de vegetação.


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