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BrBRCVAg0100-29452002000100063

BrBRCVAg0100-29452002000100063

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0001
Article number00063

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Efeitos da adubação nitrogenada e potássica na produção e na qualidade de frutos de laranjeira-'Valência' COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

O nitrogênio é o problema central na recomendação de adubos na citricultura, pois é complexa a avaliação da ciclagem desse elemento no ambiente do pomar. A análise de fertilidade do solo não permite estimativa de disponibilidade de nitrogênio, e a análise do teor total deste nas folhas também tem sido questionada como critério diagnóstico. As plantas, de um modo geral, exigem potássio na medida da capacidade de metabolização do nitrogênio. Na citricultura, a relação N/K nos tecidos foliares afeta a produção e a qualidade dos frutos como observaram diferentes pesquisadores (Reese & Koo, 1975; DuPlessis & Koen, 1988).

O objetivo deste experimento foi avaliar efeitos de doses combinadas de nitrogênio e potássio sobre a produção e a qualidade dos frutos de laranjeira- Valência, cultivada no município de Adolfo, Norte do Estado de São Paulo. O solo, Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico, textura arenosa a média, em relevo suavemente ondulado, foi coletado em amostras compostas, nas faixas adubadas e nas profundidades de 0-20cm e 20-40cm que foram submetidas à análise de fertilidade, segundo os métodos descritos por Raij & Quaggio, 1983. Os resultados analíticos estão na Tabela_1. Com base na análise de solo, estimativa de safra e análises foliares anteriores, foram estabelecidas as doses de N (kg ha-1): N1 = 94; N2 = 188 e N3 = 376 e de K2O (kg ha-1): K1 = 38; K2 = 75 e K3 = 150. As parcelas foram compostas por 3 linhas de 6 plantas, considerando-se como área útil as quatro plantas centrais. O pomar foi plantado no espaçamento de 8 x 4 m de forma que cada parcela tinha área de 576m2. O delineamento experimental adotado foi tipo fatorial 3 x 3, em blocos ao acaso, com 3 repetições. Os adubos utilizados foram o nitrato de amônio (34% de N) e o cloreto de potássio (58% de K2O), granulados. A adubação foi feita em faixas laterais, dos dois lados das plantas, em três parcelas, na época de chuvas nos anos de 1996 a 1999. Nos meses de março de cada ano, cerca de 40 dias após a última parcela de adubação, foram coletadas amostras de folhas para fins de diagnose foliar. As amostras foram preparadas e analisadas para teores totais de nitrogênio e de potássio conforme métodos descritos por Bataglia et al., 1983. Nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro de cada ano, foram coletadas amostras de 48 frutos por parcela, determinando-se, nos mesmos, a acidez titulável e o teor de sólidos solúveis (0Brix) segundo métodos descritos por Reed et al., 1986. Em novembro de cada ano, foi feita a colheita total de frutos maduros, determinando-se o peso dos mesmos por parcela (Tabela_2). Esses dados mostram que não houve efeitos significativos das doses combinadas de nitrogênio e potássio na produção da laranjeira-Valência durante três safras consecutivas. As produções nos anos de 1997 e 1999 foram normais, de acordo com os padrões da laranjeira-"Valência" indicados por Figueiredo (1991).

No ano de 1998, a produção caiu pela metade devido à irregularidade de chuvas, afetando o florescimento e o pegamento dos frutos. Os dados do primeiro ano de não-resposta à adubação NK são considerados previsíveis em função do histórico do pomar. no segundo ano, a produção foi prejudicada por condições climáticas desfavoráveis e pode-se inferir que a colheita obtida pouco exigiu quanto à disponibilidade de nutrientes. A não-resposta à adubação NK foi inesperada na terceira safra, pois pode-se considerar as doses menores (N1 e K1), como uma subadubação, visto que as doses centrais N2 e K2 foram baseadas nas recomendações do Grupo Paulista (1994) e, portanto, as doses N3 e K3 podem ser consideradas excessivas. Entretanto, as plantas mantiveram a mesma produtividade, quer recebendo 94 e 38 kg ha-1 de N e de K2O, quer 376 e 150 kg ha-1 de N e de K2O, respectivamente, por três anos consecutivos. Este contraste confirma a capacidade de as plantas cítricas bem conduzidas manterem a produtividade às custas de suas próprias reservas e das do solo por período de tempo relativamente longo. Os dados da Tabela_3 mostram que os teores foliares de nitrogênio e potássio foram pouco afetados pelos tratamentos de adubação, ocorrendo pequenas oscilações dentro das faixas consideradas adequadas (N = 23 - 27 g kg-1 e K = 10 - 15 g kg-1).Pode-se verificar, ainda, que o ano agrícola teve maior influência nos teores foliares de N e de K que os níveis de adubação. Todavia, os teores foliares de N aumentaram significativamente em função das doses crescentes do nutriente, apenas nos anos de 1998 e 1999. A variação obtida sobre os teores foliares de K, em função de doses do nutriente, foi estranha, pois constatou-se diminuição no teor foliar com aumento da dose, apenas no primeiro ano. Isso, entretanto, é passível de ocorrer, por dois fatores não excludentes: diluição do nutriente em copa de maior vegetação e concentração salina na faixa adubada, diminuindo a absorção via radicelas.

Das análises tecnológicas dos frutos, constataram-se efeitos esparsos dos tratamentos sobre a acidez (gramas de ácido cítrico / 100 mL de suco) e teor de sólidos solúveis (0Brix). Os efeitos significativos, identificados pelo teste F, foram desdobrados e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% (Tabela 4). Os dados mostram que apenas na safra de menor produção, em razão de fatores climáticos (1998), ocorreram efeitos de doses de N e K sobre as características de acidez e teor total de sólidos solúveis. Houve interação significativa entre doses de N e K para ambas as variáveis. Dessa forma, a maior dose de K (150 kg ha-1 de K2O), comparada às outras, causou aumento da acidez do suco apenas dentro da menor dose de nitrogênio (94 kgha-1 de N), ao passo que a dose intermediária de K (75 kg ha-1 de K2O) causou diminuição no teor de sólidos solúveis, apenas dentro da maior dose de nitrogênio. Esses efeitos foram presentes nas primeiras amostragens de frutos, isto é, sobre a acidez nas amostras de frutos coletados na mês de agosto e sobre o teor total de sólidos solúveis, na amostragem de setembro. O efeito de doses de K sobre a acidificação do suco está coerente com o que foi observado por diferentes pesquisadores (Reese & Koo, 1975). Pode-se observar ainda que, fixando a dose intermediária de potássio (K2 = 75 kg ha-1 de K2O), à medida que aumentou a dose de N, aumentou também o teor de sólidos solúveis do suco. Diferentes autores têm considerado como inconsistentes os efeitos de doses de nitrogênio sobre o teor de sólidos do suco (Reese & Koo, 1975; Embleton et al., 1973).


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