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BrBRCVAg0100-29452002000200035

BrBRCVAg0100-29452002000200035

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0002
Article number00035

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Comportamento de cinco genótipos de coqueiro (Cocos nucifera L.) na fase de germinação e de crescimento de mudas, sob diferentes sistemas de produção COMPORTAMENTO DE CINCO GENÓTIPOS DE COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NA FASE DE GERMINAÇÃO E DE CRESCIMENTO DE MUDAS, SOB DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO1

INTRODUÇÃO No Estado de Mato Grosso, a cocoicultura vem expandindo-se consideravelmente (Gaiva & Santos, 1999), tendo como principal empecilho técnico, para maior expansão, as dificuldades em se obter mudas de genótipos produtivos e de variedades comprovadamente adaptadas à região.

O sucesso da implantação de um coqueiral está na origem genética da semente, na formação, no vigor e na sanidade das mudas, que são indispensáveis para obtenção de plantas que apresentem alta produtividade (Fontes et al., 1998).

Segundo Taffin & Ouvrier (1985), citados por Fontes et al. (1998), as sementes, quando colhidas completamente secas (11 a 12 meses), iniciam a germinação entre 40 e 60 dias após a semeadura, no caso de variedades anãs; 70 a 90 dias para os híbridos e 100 a 150 dias para a variedade Gigante.

Wuidart (1979), citado por Passos (1998), afirma que as mudas podem ser produzidas em sacos plásticos, com seis a oito meses de enviveiramento, devendo apresentar 18 a 20 cm de circunferência do coleto, com sete a oito folhas vivas e 1,1 a 1,2 m de altura com folíolos diferenciados.

Recomenda-se, para o plantio, a utilização de mudas com 1,0 m de altura, 15 a 18 cm de circunferência do coleto e cinco a sete folhas vivas (Embrapa, 1986) Atualmente, tem-se observado a preferência pela utilização de mudas mais jovens, com três a quatro folhas, por apresentarem menor área foliar e maior teor de reserva no endosperma, com quatro meses de enviveiramento (Passos, 1998).

Passos (1998) obteve o percentual de germinação de 89,6% aos 126 dias, utilizando o ecotipo gigante-do-Brasil de Itaporanga, quando estudava três fases de maturação dos frutos destinados para sementes, no Campo Experimental de Itaporanga-SE.

Fontes & Leal (1998), no Campo Experimental de Itaporanga/SE, quando estudavam o híbrido (anão-verde de Jiqui x gigante-do-Brasil), obtiveram germinação média de 87,9%; até o quarto mês, e aos 163 dias após a semeadura, a circunferência do coleto foi de 7,15 cm.

Estudando efeito do entalhe da semente sobre a germinação do coqueiro-gigante- do-Brasil, Fontes & Leal (1994) obtiveram 68,8% das sementes germinadas com entalhe e 74,7% naquelas não entalhadas. Com relação à intensidade de iluminação, houve diferenças significativas, com germinação de 74,4% à sombra e 69,1% a pleno sol.

Passos et al. (1998), avaliando o comportamento germinativo da semente e o crescimento da plântula do coqueiro-anão-verde, na estação experimental de Jales-SP, obtiveram 36,7% de sementes germinadas, aos 194 dias, quando houve temperaturas inferiores a 15OC, sem ocorrência de geadas.

A opção pela distribuição das sementes na posição vertical tem sido bastante utilizada entre alguns produtores, não tendo sido observada nenhuma diferença com relação ao índice final de germinação das sementes. Tem-se verificado, no entanto, que esse sistema facilita o transporte, reduz o problema de quebra do coleto, dispensa o entalhe e permite maior número de sementes por área (Fontes, 1998).

Wuidart & Nucé de Lamothe (1981), citados por Fontes et al. (1998), comparando as posições horizontal e vertical de distribuição de sementes, concluíram que, embora tenham apresentado retardamento inicial, as sementes dispostas verticalmente apresentaram pequena vantagem na germinação final.

Verificaram, ainda, que as variações observadas no índice de germinação, comparando-se variedades diferentes, podem ser atribuídas ao conteúdo do endosperma líquido e a distância que separa este endosperma do embrião.

O presente trabalho teve o objetivo de avaliar o comportamento de diferentes genótipos de anões e híbridos do coqueiro, na fase de germinação e desenvolvimento de mudas, em diferentes sistemas de produção.

MATERIAL E MÉTODOS Este experimento foi instalado no dia 1º-08-98 na Fazenda Experimental da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, localizada no município de Santo Antônio do Leverger, a uma altitude de 165 m e latitude de 15°47'S e longitude 56°04'W. A temperatura média observada no período foi de 26,7°C; o maior valor para a temperatura máxima ocorreu nos meses de outubro e fevereiro (34,3°C), e a menor mínima, com 15,2°C, em agosto.

Avaliaram-se os efeitos de cinco genótipos: anão-verde de Jiqui (AVeJ), anão- vermelho-de-Gramame (AVG), anão-amarelo da Malásia (AAM), híbrido anão-vermelho Gramame x gigante-Brasil-da-praia-do-Forte (AVG x GBrPF) e o híbrido anão- amarelo de Gramame x gigante do oeste Africano (AAG x GOA), em duas posições de semeadura: horizontal com entalhe, e vertical e duas condições de iluminação: sombreada (50%) e a pleno sol. Esses fatores foram combinados fatorialmente, resultando em 20 tratamentos que foram distribuídos no delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, sendo os dados submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey.

Os germinadouros constaram de canteiros preparados com 1,2 m de largura, sendo dois cobertos com sombrite (50%) e dois a pleno sol. Para cada metro quadrado de canteiro, foram colocadas 25 sementes, distribuídas lado a lado, e cobertas com terra vegetal até aproximadamente dois terços de suas alturas. A avaliação da percentagem de germinação foi encerrada aos 120 dias após a instalação do experimento.

Posteriormente, efetuou-se a seleção das mudas, descartando-se as anormais (albinas, bifurcadas, etc.). A seguir, realizou-se transplante para sacos plásticos de polietileno preto, com 0,2 mm de espessura e dimensões 0,40 x 0,40 m, nos quais se utilizou substrato: mistura de 2/3 de terra de superfície devidamente peneirada, 1/3 de palha de arroz carbonizada e enriquecida com 250 g de superfosfato simples.

As sacolas foram enchidas até a metade com o substrato e as mudas plantadas com as raízes aparadas a 1 cm de comprimento, completando o volume da sacola com o substrato, trabalho esse realizado à sombra para se evitar estresse nas mudas.

No viveiro, obedeceu-se ao espaçamento de 0,80 x 0,80 x 0,80 m em triângulo eqüilátero, permanecendo 8 meses a pleno sol. O viveiro foi mantido livre de plantas daninhas e recebeu adubações foliares e tratos fitossanitários recomendados para a cultura (EMBRAPA, 1986). Foram realizadas regas de 6 a 7 litros de água por metro quadrado, tanto na fase de germinadouro, quanto na de viveiro.

Avaliou-se a percentagem de germinação, obtida através da relação: número de sementes colocadas para germinar pelo número de sementes germinadas, durante o período de avaliação (quatro meses); o percentual de mudas selecionadas aptas a serem plantadas no campo; a altura das mudas aos 30; 60 e 90 dias após a semeadura, utilizando-se de régua graduada de 2,5 metros, colocando-a sobre a noz e medindo-se até a extremidade mais alta; o número de folhas; o peso da muda e o peso da parte aérea, sendo estes três últimos obtidos no terceiro mês de viveiro, ou seja, no sétimo mês após a semeadura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na percentagem de germinação, foi verificado efeito significativo dos genótipos avaliados. Os híbridos AVG x GBrPF e AAG x GOA não apresentaram diferenças entre si, e entre os anões AVeJ e AAM, variando de 75,0 a 88,1%. o AVG, com 60%, apresentou o menor valor, como ilustra a Figura_1.

Comparando aos resultados obtidos por Passos (1998), que obteve, aos 126 dias após semeadura, valores de 89,6% na germinação de sementes da cultivar gigante- do-Brasil de Itaporanga, verificando-se valores próximos aos obtidos neste experimento, com exceção da AVG (Figura_1). Fontes & Leal (1998) obtiveram média de 87,9% de germinação para o híbrido anão-verde de Jiqui x gigante-do- Brasil. Esse resultado está próximo aos obtidos com os genótipos avaliados neste experimento.

Fontes & Leal (1994), estudando o efeito do entalhe da semente, sobre germinação do coqueiro-gigante-do-Brasil, não detectaram efeito significativo, de forma semelhante aos resultados obtidos neste experimento.

Quando as mudas foram mantidas à sombra, a percentagem de mudas aptas para o plantio variou de 70 a 91%, nos genótipos AVeJ, AAM, AVG x GBrPF e AVG x GOA, os quais não diferiram entre si. o AVG apresentou o menor valor de germinação de mudas (50%), sendo significativamente menor que os outros mencionados (Figura_1). Quando as mudas foram mantidas ao sol, não foi verificada diferença significativa entre os genótipos avaliados.

Verificou-se diferença significativa entre as mudas mantidas à sombra e ao sol somente para o AVeJ, onde as que cresceram à sombra, apresentaram maiores valores de percentagem de mudas aptas para o transplantio (Figura_1).

A percentagem de mudas aptas para o plantio, obtida com os genótipos avaliados, permite aos produtores estimarem a percentagem de mudas que terá a sua disposição para o plantio no campo.

Os genótipos AAG x GOA, AVG x GBrPF e AVeJ apresentaram maiores alturas aos 30; 60 e 90 dias, sendo que, aos 90 dias, apresentaram 1,61; 1,60 e 1,35 m de altura, respectivamente (Tabela_1). O anão-vermelho de Gramame com 1,09 m apresentou a menor altura, aos 90 dias após transplantio, diferindo significativamente dos citados acima.

Com relação ao efeito de condição de crescimento, verificou-se maior altura significativa das plantas quando cresceram com 50% de sombra, em todas as épocas avaliadas (Tabela_2). Esses resultados podem estar relacionados aos efeitos inibitórios da elevada luminosidade sobre a fotossíntese, de acordo com o mencionado por Osmond et al. (1997).

Observou-se que as mudas provenientes de sementes colocadas na posição horizontal apresentaram maiores alturas (Tabela_3).

Wuidart (1979), citado por Passos (1998), menciona que as mudas devem apresentar 1,1 a 1,2 m de altura com folíolos diferenciados, e a Embrapa (1986) recomenda a utilização de mudas com 1,0 m de altura, valores menores que os encontrados nesta pesquisa.

Os híbridos AAG x GOA e AVG x GBrPF e o AVeJ apresentaram a maior média de número de folhas, o AVG apresentou o menor número de folhas (Figura_1). Como o processo fotossintético ocorre principalmente nas folhas, os genótipos que apresentaram maior número de folhas, tiveram maior disponibilidade de fotoassimilados e, conseqüentemente, maior crescimento, como pode ser verificado na altura das mudas (Tabela_1) Considerando o efeito das posições de semeadura, verificou-se que as mudas provenientes de sementes colocadas na posição horizontal apresentaram maior número de folhas, quando comparadas com as mudas provenientes de sementes na posição vertical (Tabela_3).

Passos (1998) recomenda, para plantio no campo, mudas com três a quatro folhas e com quatro meses de enviveiramento, valores semelhantes aos encontrados nesta pesquisa. O número de folhas obtido neste experimento foi inferior ao recomendado pela Embrapa (1986), que é de utilizar mudas com cinco a sete folhas vivas. Apesar deste menor número de folhas, as mudas apresentavam-se com maior crescimento em altura, como citado anteriormente.

De acordo com a Figura_1, verifica-se que os genótipos AVG x GBrPF, AAG x GOA e AVeJ apresentaram maior peso da parte aérea. os menores valores foram obtidos nos genótipos AVG, AAM, que não diferiram do AVeJ.

Avaliando as posições de semeadura, o maior peso da parte aérea foi obtido nas mudas provenientes de sementes colocadas na posição horizontal (Tabela_3).

Fontes & Leal (1998) obtiveram peso da parte aérea das mudas menor (0,246 kg) que os encontrados nesta pesquisa para o híbrido anão-verde de Jiqui x gigante-do-Brasil, no Campo Experimental de Itaporanga, aos 230 dias.

As mudas que apresentam maior peso da parte aérea têm maior possibilidade de apresentarem área foliar maior, facilitando o estabelecimento inicial das mudas no campo.

CONCLUSÕES 1. Os híbridos apresentaram melhor desempenho quanto à porcentagem de germinação das sementes e vigor das mudas aptas ao plantio avaliado pela altura, número de folhas e peso.

2. O anão-verde de Jiqui apresentou desempenho comparável aos híbridos e o anão-vermelho de Gramame o menor desempenho.

3. A produção de mudas sob condições de sombreamento proporcionou a obtenção de plantas com maior vigor, assim como, as germinadas na posição horizontal.


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