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BrBRCVAg0100-29452002000300012

BrBRCVAg0100-29452002000300012

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0003
Article number00012

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Fitorreguladores no aumento da frutificação efetiva e partenocarpia em peras cv. Garber Fitorreguladores no aumento da frutificação efetiva e partenocarpia em peras cv. Garber1A baixa frutificação é um dos maiores problemas relacionados com a produção de pêra, pois tem como principal causa as limitações que envolvem o processo de polinização. A ausência de fertilização do óvulo em flores de pereira resulta em um menor número de frutas fixadas por planta e, portanto, redução na produtividade do pomar. Quando a polinização é insuficiente, formação de reduzido número de sementes, e para que o ovário se desenvolva, torna-se necessário que a fruta utilize fitormônios produzidos em outras partes da planta, que existem poucas sementes para realizar a produção local destas substâncias (Salisbury & Ross, 1992). Desta forma, torna-se interessante a aplicação de fitorreguladores que venham a substituir o efeito dos fitormônios produzidos pelas sementes, promovendo o incremento na produção.

Segundo Browning (1991), em cultivares de pereira com tendência natural à partenocarpia, a presença de óvulos não é essencial para induzir o desenvolvimento partenocárpico. Assim, não é necessário que todos os óvulos de uma flor sejam fertilizados para que haja fixação da fruta. Muitas vezes, é necessária somente uma semente para promover o desenvolvimento deste órgão vegetal e algumas frutas podem desenvolver-se sem sementes. No entanto, Camargo (1978) observa que estas são pequenas, deformadas e sujeitas a abscisão.

Algumas cultivares de pereira são capazes de desenvolver frutas partenocárpicas através do estímulo de fitorreguladores para superar deficiências devido à incompatibilidade, insuficiência de polinização ou condições adversas no período de floração.

A frutificação efetiva em pereiras pode ser aumentada com a aplicação de 2,4,5'TP (3 a 6 mg.L-1), na plena floração, tendo em vista que esta auxina sintática reduz a abscisão das frutas durante o período de queda natural (Gil et al., 1973; Looney, 1998). Outras substâncias pertencentes ao grupo das auxinas também são utilizadas para melhorar a frutificação em diversas espécies, como é o caso do ácido naftalenoacético (ANA), nas concentrações de 100 e 200 mg.L-1, aplicado em pereiras da cultivar Le Conte, e do 2,4-D, que, em baixas concentrações, atua na fixação de frutas cítricas (Singh & Sharma, 1994; Fachinello et al., 1996). o TDZ, substância que tem efeito semelhante a uma citocinina, na concentração de 5 a 10 mg.L-1, aplicado na floração, proporcionou aumento na frutificação e no tamanho das frutas em macieira e pereira, resultado semelhante aconteceu com o AVG aplicado na floração da macieira que proporcionou aumento da frutificação efetiva (Petri & Leite, 1999),.

O experimento foi conduzido no pomar didático do Centro Agropecuário da Palma, pertencente à Universidade Federal de Pelotas, localizado no município de Capão do Leão, Estado do Rio Grande do Sul, durante o ano de 2000, em pereiras da cultivar Garber enxertadas sobre Pyrus caleriana, com o objetivo de verificar o efeito do GA3, ANA, TDZ e AVG no aumento da frutificação efetiva com os seguintes tratamentos: testemunha (água); GA3 (50; 300 e 500 mg.L-1), ANA (50; 100 e 200 mg.L-1), TDZ (5; 15 e 25 mg.L-1) e AVG (50; 100 e 200 mg.L-1), As aplicações foram feitas no dia 19-09-2000, no período de plena floração, ou seja, quando mais de 75% das flores estavam abertas. A pulverização foi realizada com jato dirigido aos órgãos florais, sendo a testemunha pulverizada com água. Para controlar a polinização por insetos, 50% dos ramos foram revestidos por um túnel de tule.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completamente casualizados, constituído por quatro blocos ao acaso, com plantas em cada bloco, sendo que, em cada planta, foram isolados ramos para receberem os tratamentos.

Para a determinação do índice de deformação, atribuíram-se notas de 1 a 4, de acordo com a severidade da deformação: a) nota 1 para fruta normal; b) nota 2 para fruta levemente deformada; c) nota 3 para fruta deformada; d) nota 4 para fruta muito deformada.

Na determinação do índice de coloração das frutas, foram atribuídas notas de 1 a 4, conforme a intensidade de coloração na epiderme.

As variáveis foram submetidas à análise da variância, pelo teste F, sendo que, em caso de resultado significativo, procedeu-se à comparação das médias através do teste de Duncan.

Para a realização das análises estatísticas, utilizou-se o programa Sanest (Zonta & Machado, 1984).

A Tabela_1 mostra que, dentre os fitorreguladores testados, o TDZ demonstrou ser mais eficiente no aumento da frutificação efetiva. Os melhores resultados foram obtidos na concentração de 15 mg.L-1, superando em 11,75 vezes o número total de frutas fixadas na testemunha.

A alta precipitação pluviométrica registrada durante a plena floração reduziu a polinização por insetos. Deve-se considerar também que temperaturas inferiores a 10ºC paralisam a atividade das abelhas, e abaixo de 15ºC diminuem consideravelmente a efetividade da polinização (Faoro, 1994). A temperatura média diária durante a floração manteve-se predominantemente acima de 10ºC, porém houve períodos com temperatura inferior a 15ºC. Desta forma, a manifestação de frio e principalmente a ocorrência de chuvas contribuíram para reduzir a frutificação efetiva.

Outro aspecto a ser considerado diz respeito à auto-incompatibilidade, tendo em vista que, no local onde foi realizado o trabalho e nas suas proximidades, não existem outras cultivares de pereira que pudessem servir como polinizadoras.

Assim, praticamente todo o pólen responsável pela fertilização foi proveniente da própria cultivar Garber. Embora não seja conhecido o nível de autocompatibilidade da cultivar em estudo, acredita-se que este fato possa ter contribuído para reduzir a fertilização e, conseqüentemente, a fixação das peras.

Conforme se aumentaram os dias após a aplicação dos produtos, diminuiu-se o número de frutas fixadas. Este decréscimo em todos os tratamentos era esperado, pois, conforme relato de Camargo (1978), em pomáceas, é normal ocorrer a queda natural das flores não fecundadas ou com problemas de polinização e ausência de fertilização. Também caem frutos devido à competição nutricional, sendo que somente as melhores frutas permanecem fixadas.Em todas as avaliações, o tratamento com 15 mg.L-1 de TDZ proporcionou as médias mais elevadas de peso, e coloração das frutas, porém com o maior índice de frutos deformados em relação à testemunha. Ao contrário do TDZ, tanto o ANA como o GA3 foram mais eficientes quando utilizados na concentração mais baixa (50 mg.L-1), exceto aos 75 dias, quando GA3 (500 mg.L-1) mostrou melhor resultado se comparado às demais concentrações deste mesmo fitorregulador.

A partenocarpia foi verificada somente nos ramos com proteção à polinização entomófila, o que demonstra a eficiência dos insetos neste processo. As flores que receberam tratamento com GA3 (500 mg.L-1) e TDZ (25 mg.L-1) apresentaram um índice de 20% de partenocarpia, as plantas pulverizadas com ANA (200 mg.L- 1), AVG (50 mg.L-1), TDZ (5 mg.L-1) e TDZ (15 mg.L-1) tiveram 10% das frutas desprovidas de sementes. Nos demais tratamentos, não ocorreu desenvolvimento partenocárpico, sendo que as frutas apresentaram de 2 a 10 sementes.

Torna-se importante destacar que o número de sementes por fruta e o tamanho também estão correlacionados, pois o aumento de um implicou o acréscimo do outro. Esta correlação demonstra que as peras com maior número de sementes apresentaram maior peso fresco aos 75 dias após a plena floração.

O TDZ, na concentração de 15 mg.L-1, mostra-se mais eficaz no aumento do número total de frutas fixadas, do número médio de frutas fixadas, do peso e coloração das frutas, porém contribui para maior incidência de deformações nas peras.


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