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BrBRCVAg0100-29452002000300020

BrBRCVAg0100-29452002000300020

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0003
Article number00020

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Características pós-colheita de frutos de genótipos de bananeira (Musa spp.) Características pós-colheita de frutos de genótipos de bananeira (Musa spp.)1INTRODUÇÃO A maioria das variedades de bananeira, em uso pelos produtores brasileiros, apresenta um baixo potencial de produtividade e/ou alta suscetibilidade às principais doenças e pragas, o que, em alguns casos, tem limitado o seu cultivo extensivo. Estes problemas, contornáveis somente a longo prazo, levaram a Embrapa Mandioca e Fruticultura a empreender esforços na formação de uma ampla coleção de germoplasma de Musa spp. e na execução de um programa de melhoramento genético (Silva, 2000). Contudo, a adoção de novos híbridos de bananeira não se estabelece apenas pela sua resistência às enfermidades e conveniência agronômica. As características pós-colheita têm um papel significativo na aceitabilidade destes híbridos (Dadzie & Orchard, 1997).

As desordens fisiológicas ocorrem, na grande maioria, como resposta a uma atmosfera adversa, especialmente a temperatura, ou devido à deficiência nutricional durante o crescimento e desenvolvimento do fruto (Wills et al., 1989). As desordens que resultam na queda ou desprendimento dos frutos também podem estar associadas com o período da maturação, sendo decorrentes de temperaturas altas na câmara de maturação (New & Marriot, 1974). No entanto, Borges et al. (1998) associam esta desordem a uma característica genética. Os híbridos tetraplóides são freqüentemente mais suscetíveis à queda dos dedos quando comparados com as cultivares triplóides (New & Marriot, 1974; Dadzie & Orchard, 1997).

Este trabalho teve como objetivo avaliar genótipos de bananeira com relação às características de pós-colheita e de resistência ao desprendimento dos frutos.

MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no período de abril a julho de 1999, no Laboratório de Fisiologia Vegetal e Pós-Colheita da Embrapa Mandioca e Fruticultura em Cruz das Almas'BA. Foram avaliados frutos de 16 híbridos (Calipso, Bucaneiro, Ambrosia, YB42-21, PV42-53, PV42-68, PV42-81, PV42-85, PV42-129, PV42-142, PV42-143, ST12-31, ST42-08, PV03-44, FHIA-03 e SH 3640) e quatro cultivares (Pacovan, Prata Comum, Nam e Figue Pomme Naine) (Tabela_1).

Os cachos foram colhidos quando a primeira penca apresentou sinais de amarelo, ou seja, "de vez". Posteriormente, os frutos da segunda penca foram extraídos, juntamente com o pedicelo, lavados com detergente (5%), para remover o látex e a sujeira de campo, tratados com solução de Ethephon (2.000 mg L-¹) durante cinco minutos, visando a uniformização do amadurecimento e, em seguida, foram climatizados em câmara frigorífica a 21°C e a 95% de umidade relativa.

Usou-se o delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições para todas as características, exceto para a firmeza do fruto, em que se utilizaram dez repetições. A unidade experimental foi constituída de um único fruto (dedo).

Os frutos foram pesados, em balança semi-analítica, no estádio de cor seis ou totalmente amarelo (Wills et al., 1981) e os resultados expressos em gramas (g). Os frutos foram posteriormente avaliados quanto ao comprimento, circunferência, resistência ao desprendimento, firmeza e relação polpa/casca.

Foram avaliados os teores de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e relação SST/ATT da polpa.

O comprimento do fruto foi obtido usando-se uma fita métrica (graduada em mm) medindo a curvatura externa de cada dedo, partindo do ombro, indo até a parte final do fruto, enquanto a circunferência foi obtida, medindo-se a região mediana do fruto (Dadzie & Orchard, 1997).

A avaliação do desprendimento foi feita através do Despencador Mecanizado (Cerqueira et al., 2000).

A consistência do fruto foi determinada pela pressão, em Newtons (N), necessária para fazer uma ponta de prova de 6 mm de diâmetro penetrar 1,5 cm no fruto (com casca), utilizando-se de um penetrômetro, em três regiões diferentes do fruto (Paull et al., 1989).

A relação polpa/casca foi obtida, separando-se a casca da polpa, as quais foram pesadas individualmente (Dadzie & Orchard, 1997).

Os sólidos solúveis totais foram quantificados por refratometria e a acidez segundo procedimentos descritos por Coelho & Cunha (1982).

Os resultados foram submetidos à análise de variância. As médias foram comparadas pelo teste de Scott & Knott (1974), a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os genótipos avaliados apresentaram uma variação nas médias de sólidos solúveis totais (SST) de 16,82 a 23,42 º Brix (Tabela_2). A 'Prata Comum', 'Pacovan', 'Figue Pomme Naine', PV42-85 e PV42'143 obtiveram as maiores médias, não diferindo estatisticamente entre si. Os valores de SST dos frutos dos híbridos de Prata-anã (SH3640) e de Pacovan (PV03-44, PV42-53, PV42-68, PV42-81, PV42- 85, PV42-129, PV42-142 e PV42-143) foram semelhantes aos observados por Ribeiro (1998) em avaliação de genótipos de bananas triplóides e tetraplóides. Os híbridos Bucaneiro e Calipso apresentaram as menores médias de SST.

Os valores de acidez total titulável (ATT) dos genótipos avaliados variaram de 0,19% a 0,65%, como pode ser visto na Tabela_2, foram semelhantes aos resultados encontrados por Bleinroth (1984) e superiores aos observados por Medina et al. (1998) quando avaliaram bananas de diferentes grupos genômicos e encontraram valores de 0,17% a 0,67% e 0,11% a 0,38%, respectivamente. Vale ressaltar que, no trabalho de Medina et al. (1998), não foram incluidos a 'Pacovan' e seus híbridos que, normalmente, são mais ácidos. O híbrido PV42'85 destacou-se com maior média para esta característica (0,65%), valor que foi estatisticamente superior ao parental feminino 'Pacovan' (0,55). A cultivar Nam e o híbrido Calipso obtiveram as menores médias de ATT.

Na relação SST/ATT, destacou-se a 'Nam' (109,21), diferente estatisticamente de todos os demais. Os valores SST/ATT apresentados pelos genótipos 'Nam', Calipso, Ambrosia e Bucaneiro foram superiores aos observados por Sgarbieri & Figueiredo (1971) e Pinto (1978), que encontraram relação variando de 13,5 no fruto verde a 51,8 no fruto maduro; no entanto, assemelham-se aos resultados encontrados por Lima (1998), para a 'Pioneira', que variaram de 63 a 113. O híbrido PV42'85 obteve a menor média de SST/ATT.

Comparando-se estatisticamente as médias da firmeza do fruto apresentadas na Tabela_2, observa-se a formação de oito grupamentos estatísticos e, com exceção dos grupos g e h, todos tiveram valores superiores a 20 Newtons, portanto, superiores aos valores observados por Silva (1999), que avaliou a aplicação de cálcio pós-colheita em frutos do híbrido 'Pioneira', encontrando uma firmeza média de 17,5 Newtons. Os híbridos PV42'53 e PV42'81 destacaram-se para a firmeza de frutos com maiores médias, 41,00 e 40,51 Newtons, respectivamente, não diferindo entre si, mas diferentes estatisticamente dos demais genótipos, enquanto a cultivar Figue Pomme Naine e o híbrido FHIA-03 obtiveram os valores mais baixos de firmeza.

A firmeza dos frutos é uma característica genética, embora nenhuma relação tenha sido detectada com o nível de ploidia (triplóides ou tetraplóides), ou com grupos genômicos (AAA, AAAA, AAB e AAAB). Segundo Rocha (1984), a perda de firmeza do fruto é uma característica inevitável no processo de amadurecimento, que é causada pela progressiva solubilização das protopectinas (formas menos solúveis) em pectinas (mais solúveis).

A variação da resistência ao desprendimento dos frutos foi de 15,69 N a 49,62 N, respectivamente, para 'Prata Comum' e ST42-08 (Tabela_2). Observou-se que dois híbridos tetraplóides (ST42'08 e PV42'85), juntamente com a cultivar triplóide Pacovan, apresentaram maiores resistências ao desprendimento dos frutos, não diferindo estatisticamente entre si, contrariando os resultados obtidos por New & Marriot (1974) e Dadzie & Orchard (1997), que afirmam ser os híbridos tetraplóides mais suscetíveis à queda dos frutos quando comparados com os triplóides. Embora os resultados obtidos para o desprendimento dos frutos da 'Prata Comum' tenham sido baixos, foram superiores aos encontrados por Silva (1999) na 'Pioneira', que apresentou grande suscetibilidade ao desprendimento dos frutos. A aplicação do teste de Scott & Knott levou à formação de quatro grupos de genótipos para resistência ao desprendimento.

Os genótipos avaliados foram classificados em três grupos com relação ao período de maturação (Tabela_2 ). Os genótipos 'Nam', PV42'143 e PV42'129 apresentaram maior longevidade, incluindo-se no grupo um, levando sete dias para atingir o estádio seis da cor da casca, enquanto os outros genótipos variaram entre seis dias (PV42'53, PV42'68, PV42'81, PV42'85, PV42'142, PV42- 143, Bucaneiro, ST12'31, FHIA-03, Ambrosia, Calipso, 'Pacovan', YB42'21 e SH3640), grupo dois, e cinco dias (PV03'44, ST42'08, 'Figue Pomme Naine' e 'Prata Comum'), grupo três, mostrando menor tempo de maturação pós-colheita. Os resultados assemelham-se aos obtidos por Medina et al. (1998), na avaliação de cultivares e híbridos de bananeira.

Com relação às médias de peso de frutos dos genótipos avaliados, houve a formação de dez grupos, segundo o teste de Scott & Knott. O destaque ficou para o híbrido SH3640, que apresentou o maior valor (215,29 g), enquanto a 'Figue Pomme Naine' apresentou a menor média (53,07 g) para esta característica (Tabela_3).

A aplicação do teste de Scott & Knott levou à formação de oito grupos para comprimento de frutos (Tabela_3). Os tetraplóides SH3640 e o Bucaneiro, grupo um, apresentaram as maiores médias para esta característica, enquanto os genótipos 'Nam', 'Prata Comum', PV03'44 e 'Figue Pomme Naine' obtiveram os menores valores de comprimento de fruto, os quais não diferiram estatisticamente entre si, formando o oitavo grupo. Observou-se uma grande variação com relação a esta característica.

a circunferência dos frutos dos genótipos avaliados não apresentou grande variação (Tabela_3). Os valores ficaram entre 9,68 cm para 'Figue Pomme Naine' a 14,50 cm para SH 3640. Foram formados somente três grupamentos, segundo o teste de Scott & Knott, a 5%.

Quanto à relação polpa/casca, foram formados oito grupamentos. O híbrido YB42'21 superou os demais, com uma média de 3,77, formando o grupo um, enquanto o híbrido PV42'143 (1,31) foi o único a constituir o oitavo e último grupo (Tabela_3).

Os dados de peso, comprimento e diâmetro de frutos obtidos neste trabalho foram semelhantes aos resultados, para os mesmos genótipos, observados por Ledo et al. (1997).

CONCLUSÕES Nas condições em que este trabalho foi realizado e com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que: 1. A cultivar Nam deve ser considerada como uma nova alternativa na produção de banana.

2. O híbrido da Prata Anã (SH3640) pode ser recomendado como nova cultivar.

3. Os híbridos da Prata São Tomé (ST42-08) e da Pacovan (PV42-85, PV42-81, PV42-68, PV42-53 e PV42-143) podem substituir as cultivares Prata Comum e Pacovan nos sistemas de produção.


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