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BrBRCVAg0100-29452003000100030

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National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2003
Issue0001
Article number00030

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Produtividade e qualidade de genótipos de melão-amarelo em quatro ambientes

INTRODUÇÃO A cultura do melão assume importância expressiva nos Estados da Região Nordeste, por sua posição geográfica estratégica e, principalmente, pelas condições edafoclimáticas excepcionais que, favorecendo a interação genótipo x ambiente, proporcionam o desenvolvimento de frutos com elevado teor de sólidos solúveis, suprindo a exigência dos países importadores. Os Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia é onde se concentra 90% da área total plantada no Brasil. O Rio Grande do Norte é o principal exportador, responsável por 90,6% do melão exportado (Dias et al., 1998), produzido na região Oeste do Estado, conhecido como Pólo Agrícola Mossoró-Assu.

Apesar do excelente desempenho da cultura na região, diversos problemas de natureza técnica preocupam os produtores e demais pessoas envolvidas no processo de produção-comercialização. Dentre outros problemas que afetam a cultura, destaca-se a falta de cultivares e/ou híbridos adaptados à região em suas diversas épocas de plantio e que produzem frutos de qualidade para os comércios interno e externo.

Algumas empresas produtoras de sementes têm investido em pesquisas, visando à produção de híbridos que proporcionem rendimentos mais elevados. Como resultado dessas pesquisas, os híbridos de melão do tipo "amarelo", rapidamente, estão substituindo a cultivar Valenciano Amarelo, que, segundo Costa e Pinto (1977), é suscetível às principais doenças, que tornam a cultura da região extremamente vulnerável à ocorrência de alguma epifitotia (Lopes, 1991).

Porém, atualmente, a maioria destes híbridos utilizados tem apresentado expressiva instabilidade nos diversos ambientes de cultivo, tendo conseqüências na produção.

A maneira usual para a solução de problemas dessa natureza tem sido, segundo Torres Filho et al. (1987), o teste de capacidade produtiva de certo número de genótipos, cultivados por vários anos e locais, procedendo-se assim à análise conjunta desses genótipos e comparando-as em relação à média da população.

Assim, este trabalho tem como objetivo identificar genótipos de melão-amarelo com altos rendimentos para os ecossistemas do Pólo Agrícola Mossoró-Assu.

MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida na mesorregião Oeste do Estado do Rio Grande do Norte, onde se localiza o Pólo Agrícola Mossoró-Assu, responsável por praticamente toda a produção de melão do Estado. Foram selecionadas áreas de cultivo comercial em quatro municípios: Mossoró, Carnaubais, Alto do Rodrigues e Baraúna, nos quais foram instalados os experimentos durante o ano agrícola de 1998-1999.

A localização dos municípios é: Mossoró 5º11' S e 37º21' O; Alto do Rodrigues 5º16' S e 36º 12' O; Carnaubais 5º20' S e 36º50'O; Baraúna 5º05' S e 37º 38' O.

As condições de fertilidade do solo e a qualidade da água dos locais onde foram instalados os experimentos estão contidas nas Tabelas_1 e 2, respectivamente.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados completos, com nove tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram de nove genótipos oriundos de empresas produtoras de sementes (Rochedo, TSX-32096; PX 4910606, Gold Mine, PX-1010606; Yellow Queen; Gold Pride; Yellow King; AF-646 e AF-682). Cada parcela ficou constituída por duas linhas de plantio de 5,0 metros de comprimento, contendo 10 covas com 2 plantas cada linha, espaçadas 2,0 x 0,5 m, obedecendo ao mesmo espaçamento dos gotejadores. Foi considerada área útil o conjunto de 16 plantas centrais de uma das linhas. O experimento ficou, portanto, com uma densidade populacional de 20.000 plantas/ha.

O preparo do solo da área experimental (aração, gradagem, sulcamento e fechamento) para implantação da cultura, bem como a instalação e correção do sistema de irrigação, foi realizado de acordo com recomendações para a cultura.

A cultura foi irrigada pelo método de gotejamento, com fertirrigação, utilizando o programa de adubação recomendado para a cultura, após avaliação da fertilidade do solo. O replantio foi realizado uma semana após o plantio. O controle das plantas daninhas foi realizado através de capinas manuais. As pulverizações com fungicidas foram realizadas em função do nível de infestação, e, a partir do décimo dia da implantação, as aplicações ocorreram semanalmente.

A viragem dos frutos ocorreu entre 8 e 10 dias antes da colheita. Os frutos foram colhidos no estádio de maturação comercial.

As características avaliadas foram: produtividade total, através da pesagem de todos os frutos da área útil da parcela de cada tratamento, sendo estimado para t/ha; produtividade comercial, pesando apenas os frutos com qualidade comercial (frutos com ausência de danos e mancha na casca) expresso em t/ha; peso médio dos frutos, expresso em kg/fruto e sólidos solúveis (SS). A concentração de sólidos solúveis foi determinada através de refratômetro digital modelo PR-100 Palette, com correção automática de temperatura (escala de 0 a 32%), pela retirada de uma fatia longitudinal de cada um dos três frutos que compõem cada parcela experimental. Em seguida, procedeu-se à homogeneização da polpa destas três fatias em um liquidificador doméstico. O suco obtido após o processamento foi filtrado em papel de filtro. Foram retiradas algumas gotas do filtrado com uma pipeta, para a realização de três leituras, através das quais se obteve o valor médio da parcela, expresso em porcentagem (%).

Estas características foram submetidas à análise de variância de cada experimento, separadamente, seguindo as recomendações de Gomes (1990). Em seguida, procedeu-se à análise conjunta dos experimentos, de acordo com as sugestões de Ferreira (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado da análise conjunta da produtividade total e produtividade comercial revelou efeito do genótipo (G), do ambiente (A) e da interação (G x A). Para a característica Peso médio de fruto, houve efeito apenas do genótipo e do ambiente isolados. Para SS, houve efeito do genótipo e do ambiente para todos os experimentos, mas foi possível verificar significância da interação, apenas entre os ambientes de Mossoró e Carnaubais, por terem o QMresíduo homogêneo, e com isso foi possível realizar apenas o teste de média entre os genótipos dentro dos ambientes Alto do Rodrigues e Baraúna.

A produtividade total variou de 47,0 a 59,4 t/ha, maior que a média da região (47,7 t/ha), com maior rendimento para os genótipos Rochedo, TSX-32096, Gold Mine, PX-4010606, Yellow Queen e Gold Pride, que não diferiram entre si, com média de 55,1 t/ha. Com relação aos ambientes, esses genótipos também apresentaram maiores produtividades, com exceção em Alto do Rodrigues, em que os genótipos TSX-32096, Gold Mine e Gold Pride e em Baraúna o PX-4910606, não foram os mais produtivos (Tabela_3). O mesmo desempenho foi observado para a produtividade comercial dos genótipos TSX-32096, Rochedo, Gold Mine, PX-4010606 e Gold Pride em Mossoró (40,1 t/ha) e Carnaubais (46,2 t/ha), incluindo os genótipos AF-646, Yellow Queen e AF-682 em Baraúna (63,1 t/ha), ambiente que proporcionou a maior produtividade comercial, superando em 53%, 75% e 166% os ambientes de Carnaubais, Mossoró e Alto do Rodrigues, respectivamente (Tabela 4).

Os relatos indicam que esses genótipos se adaptam muito bem às condições do Nordeste brasileiro, apresentando alta produtividade total, com média de 47,7 t/ha, variando pouco entre si, verificado em trabalhos de avaliação de cultivares (Tabela_5). Mas o ambiente influencia muito o desempenho dos genótipos, o que aconteceu com o aumento de produtividade total e comercial dos genótipos AF-646, Yellow Queen e AF-682 em Baraúna, em relação a Mossoró e Carnaubais, a mesma observação em Juazeiro-BA, em que esses genótipos superaram os demais na avaliação feita por Costa et al. (2000).

Do melão produzido em Baraúna, 95,7% foi classificado como comercial, enquanto em Alto do Rodrigues somente 40,2% do melão produzido se enquadrou nos padrões de comercialização; a razão por essa baixa produtividade comercial deveu-se à ocorrência de doenças, saúvas e ventos fortes na região, características que não foram preestabelecidas no projeto, e por isso não foram analisadas e caracterizadas, não evidenciado neste trabalho por não ter sido predeterminado como metodologia.

O peso médio dos frutos contribui com o rendimento, como ocorreu com o genótipo Rochedo, que produziu um número total de frutos menor que o PX-4010606 e Gold Pride (dados não apresentados) e compensado com o maior peso médio do fruto, de 1,53 kg (Tabela_6), constitui, também, importante parâmetro de comercialização.

Os genótipos Rochedo, Yellow Queen, Gold Mine, AF-682, Yellow King, PX-4910606 e TSX-32096 não diferiram entre si, e os menores pesos médios foram observados para Gold Pride e AF-646. Mas, em geral, produziram frutos com peso médio abaixo da média da região Nordeste (1,78 kg), fato desejável para o mercado exportador, que prefere frutos menores, ficando os maiores para o mercado interno.

O peso médio dos frutos foi influenciado pelo ambiente de cultivo, variando de 1,07 kg em Mossoró, a 1,64 kg em Baraúna, contribuindo para obter-se maiores rendimentos neste último.

O teor de sólidos solúveis para a maioria dos genótipos cultivados nos municípios de Mossoró, Carnaubais e alguns do Alto do Rodrigues não se enquadra na escala de melões aptos à comercialização, pela metodologia proposta por Gorgatti Netto et al. (1994), que sugere a obtenção dos teores de SS, utilizando-se apenas do suco extraído da polpa localizada na região equatorial do fruto, onde maior concentração de açúcares (Scott & MacGillvray, 1940). Desta forma, não uma precisão nos reais valores do teor de SS existentes nos frutos dos genótipos avaliados (Tabela_7).

Assim, uma diferença para mais duas unidades ( Brix) entre os dados analisados, para que se possa classificar os frutos pela escala daquele autor.

Procedendo-se desta forma, todos os ambientes proporcionaram frutos aptos à comercialização, dentre os quais Alto do Rodrigues e Baraúna apresentaram os maiores índices.

Os genótipos que se destacaram, foram o TSX-32096 (11,3%), AF-646 (11,1%), PX- 4910606 (11,0%) e Yellow King (10,7%), sendo considerados melões extras, principalmente quando cultivados em Baraúna. Esses valores estão semelhantes aos encontrados no genótipo TSX-32096 (12,4%), avaliado por Menezes et al.

(2001), portanto, acima do exigido pelos mercados americano e europeu, que é de 9% e 8%, respectivamente.

A maior produtividade, peso médio dos frutos e teor de sólidos solúveis dos frutos no ambiente de Baraúnas é explicada dentre o universo de fatores, pela composição química do solo, caracterizado neste trabalho, principalmente, por ter pH (6,5) exigido por essa cultura. E pela qualidade da água, também relacionada ao pH (7,1). A eficiência da fertirrigação depende do pH do solo e principalmente da água, uma vez que os nutrientes são fornecidos e disponibilizados na água de irrigação; assim, o pH alto interfere negativamente na absorção de nutrientes pelas plantas (Tabelas_1 e 2).

CONCLUSÕES Considerando-se as condições nas quais o experimento foi conduzido, pode-se concluir que não se pode recomendar um determinado híbrido de melão-amarelo para toda a região produtora de melão do Oeste potiguar, devido cada ambiente dessa região apresentar as suas peculiaridades de tipo de solo, água, luminosidade, temperatura, pluviosidade, ocorrência de pragas e doenças, dentre outras.


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