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BrBRCVHe0004-28032002000300004

BrBRCVHe0004-28032002000300004

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0004-2803
Year2002
Issue0003
Article number00004

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Eficácia da cromoendoscopia de contraste do cólon com emprego do índigo-carmim administrado por via oral ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLEINTRODUÇÃO A detecção de pólipos e lesões planas diminutas do cólon através da colonoscopia convencional constitui tarefa árdua, nem sempre possível e que exige experiência do examinador associada a adequadas condições de exame tais como luminosidade e boa qualidade do preparo intestinal. À exceção de situações especiais, após a detecção dessas lesões diminutas, sua remoção ou destruição se fazem necessárias como resultado da baixa correlação ainda existente entre o diagnóstico endoscópico à colonoscopia convencional e o diagnóstico histológico (3, 16).

Com o objetivo de otimizar a detecção de lesões menores ou planas localizadas no cólon, diversos autores passaram a utilizar corantes durante a realização da colonoscopia convencional(1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 15). O índigo-carmim (IC) é corante habitualmente instilado sobre a mucosa colorretal, objetivando melhor visualizar lesão detectada à colonoscopia convencional, como resultado de sua deposição sobre os orifícios que correspondem às aberturas mucosas das glândulas intestinais (Lieberkühn), levando dessa forma, a melhor definição do relevo mucoso intestinal cromoendoscopia (CE) de contraste. A administração por via oral deste corante na forma de encapsulado, conforme proposto por MITOOKA et al.(13), permitiria a coloração de todo o cólon antes da realização do exame, de forma a facilitar a detecção de lesões menores, resultando em maior sensibilidade da colonoscopia no diagnóstico de lesões diminutas. Apesar da proposição da técnica ter sido realizada pelo autor mais de uma década, não experiência similar em nosso meio por motivos que se desconhece.

O objetivo desse estudo é avaliar a qualidade da CE com IC nos diversos segmentos cólicos após administração por via oral desse corante.

PACIENTES E MÉTODOS O presente trabalho foi apreciado e aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital Santa Helena, São Paulo, SP e todos os pacientes esclarecidos antes da realização do exame acerca do emprego da cápsula de índigo-carmim em associação com o preparo intestinal.

Cinqüenta pacientes consecutivamente submetidos a videocolonoscopia convencional foram avaliados. De acordo com estudos anteriores(13, 14), os melhores resultados eram obtidos ao se oferecer para cada paciente uma cápsula contendo 100 mg de índigo-carmim 30 minutos antes da solução de preparo intestinal empregada rotineiramente. A solução de preparo intestinal utilizada foi a de manitol 10%, conforme descrito por ALVES et al.(2). Após consentimento livre informado, todos os pacientes foram submetidos a cromoendoscopia anterógrada.

A colonoscopia foi realizada utilizando-se videocolonoscópio convencional e o efeito de contraste foi avaliado por endoscopistas habituados à CE de rotina por instilação do índigo-carmim e em três segmentos intestinais: cólon direito, cólon esquerdo e reto.

A qualidade da CE de contraste foi classificada em cada segmento do cólon como: • boa: quando comparável ao efeito obtido por instilação (Figura_1);

• regular: quando o corante foi identificado no segmento em avaliação, porém levando a coloração irregular ou insuficiente das pregas inominadas (Figura_2); e

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• ruim: quando não havia contraste no segmento avaliado ou este somente era verificado nas regiões submersas por líquido de preparo acumulado (Figura_3).

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RESULTADOS Os resultados da distribuição do contraste no cólon para os segmentos examinados encontram-se na Tabela_1.

Em dois pacientes não foi possível a avaliação do cólon direito pois estes haviam sido submetidos previamente a operação de colectomia direita e em três outros pacientes não foi possível a avaliação do cólon esquerdo devido a operação de retossigmoidectomia prévia.

O acúmulo de contraste não prejudicou a progressão do aparelho, podendo ser aspirado e não foram detectadas reações clínicas adversas associáveis ao IC em nenhum paciente.

DISCUSSÃO A dificuldade na detecção de lesões planas e carcinomas colorretais diminutos durante o exame colonoscópico é atribuída, por diversos endoscopistas em sua maioria japoneses, ao emprego de endoscópios de resolução convencional ou mesmo pela menor familiaridade da maioria desses profissionais do Ocidente com as lesões planas do intestino grosso. Muitos autores recomendam o uso da CE com o objetivo de aumentar a sensibilidade da colonoscopia de resolução convencional na detecção desses tipos de lesão(1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 15).

O IC é um corante fracamente absorvido pelas células epiteliais e através de sua deposição ou acúmulo sobre as irregularidades da mucosa, permite detalhada avaliação da superfície epitelial. Dessa forma, vem sendo utilizado em técnica de CE de contraste com o objetivo de evidenciar melhor lesões detectadas por colonoscopia convencional, o que permitiria levar a cabo ressecções radicais a ainda inferir sobre sua histologia.

A possibilidade de examinar o cólon previamente corado através de técnica de CE de contraste utilizando o IC representa alternativa atraente. Além da economia de tempo resultante da não-necessidade de instilar o corante quando da suspeita da presença de lesão plana ou diminuta, maior número de lesões poderia ser diagnosticado, uma vez que a CE de contraste estaria disponível em todas as áreas do cólon e não somente mediante suspeita do examinador sobre a presença de lesão colorretal diminuta.

O primeiro relato sobre o emprego de IC administrado por via oral, juntamente com a solução de preparo intestinal com o objetivo de evidenciar lesões pequenas e de difícil detecção à colonoscopia convencional foi realizado por MITOOKA et al.(13) em 105 pacientes. Esses autores observaram que o IC apresentou, em geral, bom efeito de contraste com 82% e 74% de resultados bons a excelentes no ceco e cólon transverso, respectivamente. No entanto, no cólon esquerdo e no reto houve tendência a pior qualidade, com 54% e 53% de resultados bons e excelentes, respectivamente.

Na presente série, os resultados preliminares acerca da qualidade da CE de contraste "anterógrada" indicam que ela se revelou francamente ineficaz com relação à distribuição do corante no cólon, mas principalmente no que se refere à capacidade de corar efetivamente todas as áreas de determinada região do cólon de forma semelhante ao efeito obtido pela instilação direta do contraste sobre a mucosa realizada com o auxílio do endoscópio. Apenas no ceco, obtiveram-se em torno de 85% de resultados bons ou regulares. Mesmo assim, para mais da metade dos pacientes (66,6%) a coloração nesse segmento intestinal foi irregular, o que pressupõe a necessidade de complementação da técnica. Para o cólon esquerdo e o reto respectivamente, para 80,9% e 92% dos pacientes, a CE anterógrada produziu efeito quase nulo sobre a mucosa colorretal. Apenas nas regiões submersas por líquido residual pôde-se verificar a presença do contraste. Nas regiões não-submersas, houve necessidade de complementar a CE mediante suspeita de lesão diminuta ou para melhor delineação desta, pois a mucosa encontrava-se virtualmente livre de corante.

No estudo presente, a ingesta da cápsula contendo IC foi realizada 30 minutos antes da oferta da solução de preparo intestinal (manitol), de forma que o corante após sua liberação no estômago por digestão da cápsula pudesse ser levado pela solução de preparo a todos os segmentos intestinais. MITOOKA et al.

(13), idealizadores da técnica a qual se objetivou validar com o presente relato, descrevem a administração da cápsula contendo o IC em uma oportunidade antes(13) e noutra depois(14) da solução de preparo que era realizada com solução eletrolítica contendo polietilenoglicol. Por força do racional acima exposto, optou-se por oferecer a cápsula contendo o IC antes da solução de preparo intestinal.

Uma vez que o exame do cólon previamente corado representa metodologia atraente, sobretudo ao rastreamento de populações com risco aumentado para câncer colorretal, mais estudos precisam ser idealizados e realizados também em nosso meio, não somente em resposta às questões levantadas no parágrafo anterior, mas sobretudo com o objetivo de aperfeiçoar a CE de contraste. A possibilidade de dissolver o corante na solução de preparo e avaliar diferentes intervalos de tempo entre oferta do corante e da solução de preparo merece dedicada atenção.

A técnica de CE anterógrada possui enorme facilidade se comparada à convencional e goza de potencial para reduzir custos relacionados à necessidade de corar o cólon. Por outro lado, algum prejuízo de avaliação endoscópica pode resultar quando do exame de pacientes com colite em atividade insuspeitada devido à necessidade de se familiarizar ao ambiente de cólon corado após CE de contraste "anterógrada".

CONCLUSÃO Apesar da simplicidade, a administração de IC por via oral parece ineficaz para o rastreamento de pequenas lesões realizado por CE de contraste, uma vez que a qualidade da CE verificada no cólon, principalmente em segmentos mais distais, foi regular ou ruim para a grande maioria dos pacientes analisados na presente série.


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