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National varietyBr
Year2008
SourceScielo

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Ingestão de fibra alimentar e tempo de trânsito colônico em pacientes com constipação funcional ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE

Ingestão de fibra alimentar e tempo de trânsito colônico em pacientes com constipação funcional

Fiber intake and colonic transit time in functional constipated patients

Adriana Cruz LopesI; Carlos Roberto VictoriaII IDisciplina Metabolismo e Nutrição, Fisiopatologia e Dietoterapia, Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, PR.

IIDisciplina de Gastroenterologia e Nutrição, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista ' UNESP, Botucatu, SP Correspondência

INTRODUÇÃO A constipação não é uma doença e nem um sinal, mas um sintoma(9, 19) e, como tal, pode ser originada de vários distúrbios intestinais ou extra-intestinais (27). Chega a atingir cerca de 50% dos atendimentos em ambulatório de clínica especializada em gastroenterologia e 14% a 15% da população em geral(16, 22, 24, 42, 44), freqüência esta que aumenta com a idade, chegando a atingir 40% de pacientes idosos, com idade acima de 65 anos(43). A principal queixa dos pacientes com constipação é a diminuição da freqüência das evacuações.

Entretanto, atualmente, a freqüência evacuatória, por si , está deixando de ser importante na definição da constipação(46). Os pacientes constipados relatam, muitas vezes, a presença de dor evacuatória, dor abdominal, fezes endurecidas, ressecadas(45), que perderam sua forma tornando-se, freqüentemente, fragmentadas, com aspecto caracterizado como coprólitos, que são eliminadas em quantidades menores que o habitual, porém em freqüência diária dentro de um padrão que pode ser considerado normal, isto é, dentro da faixa de três evacuações por dia a uma evacuação a cada 3 dias(15, 40, 41).

Além disso, não é incomum a persistência da sensação de evacuação incompleta após o ato evacuatório e o relato da necessidade da utilização de manobras auxiliares manuais, mecânicas ou de supositórios e enemas para a eliminação das fezes(15, 20, 38).

Entre os vários tipos de constipação, destaca-se a funcional que se caracteriza pela ausência de causas orgânicas definidas, detectáveis pelos métodos de investigações atualmente disponíveis. É a forma mais comum da constipação em nosso meio. A constipação intestinal funcional, de acordo com os critérios de Roma II, é diagnosticada em pacientes que apresentam pelo menos duas das seguintes queixas, com duração de no mínimo 12 semanas, não necessariamente consecutivas, durante o último ano: a) menos de três evacuações por semana; b) fezes duras ou sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das evacuações; c) dificuldade para evacuar em pelo menos 25% das evacuações; d) necessidade de manipulação digital para facilitar a saída das fezes(2).

De acordo com BURKITT et al.(11), um fator importante da gênese da constipação funcional, seria uma dieta pobre em fibras alimentares. Geralmente, seu tratamento clínico é bem sucedido com a suplementação das fibras na dieta, de forma natural ou farmacológica(49). Problema clínico importante se estabelece quando os pacientes constipados funcionais, após corrigirem adequadamente a ingestão de fibra para 20 a 30 g/dia, conforme recomendação preconizada como normal(28, 29, 48, 49) ou mesmo acima dela, mantêm-se constipados. Este grupo de pacientes, de difícil tratamento, tem sido alvo de estudos das funções motoras do cólon, pela determinação do tempo de trânsito colônico (TTC)(6, 26).

As informações são poucas e controversas sobre o comportamento do TTC nos pacientes com constipação funcional(13, 21, 51), principalmente naqueles que não melhoram após a reposição adequada de fibra. Além disso, falta entendimento sobre o relacionamento entre a quantidade de ingestão das fibras com o grau da intensidade da constipação e deste com os valores do TTC(28, 30, 31). Não está claro, com os dados disponíveis, se o conteúdo de fibra da dieta é fator contributivo determinante para os diferentes padrões de TTC(18, 49).

Desse modo, este trabalho foi delineado para avaliar: 1. se pacientes com constipação funcional, após tratamento, continuam ingerindo fibras alimentares em quantidades diferentes das pessoas normais no seu dia a dia; 2. se o método de avaliação do TTC com marcadores radiopacos é capaz de mostrar alterações no TTC dos pacientes com constipação funcional, comparando-se com pessoas normais; 3. se a ingestão de fibras tem relações com a intensidade da constipação e com o TTC total e segmentar em pacientes com constipação funcional; e 4. se a intensidade da constipação se relaciona com TTC.

MÉTODOS Foram incluídas no estudo 48 pessoas, sendo 30 (26 do gênero feminino e 4 do gênero masculino) com constipação funcional crônica, de acordo com os critérios de Roma II, que não tiveram sucesso após 6 meses com os tratamentos convencionais de suplementação de fibra alimentar, e 18 pessoas voluntárias normais (15 do gênero feminino e 3 do gênero masculino), sem queixas digestivas. Nos pacientes constipados, para a exclusão de lesões orgânicas, metabólicas e/ou endócrinas, foram realizados, após o exame clínico, exames radiológicos contrastados (enema opaco), endoscópicos, quando indicados e dosagens laboratoriais bioquímicas (glicemia), sorológicas (para doença de Chagas) e hormonais (TSH, T3 e T4).

O método utilizado para avaliação do TTC foi baseado naquele descrito por METCALF et. al.(26) o qual prevê a ingestão de 20 marcadores diários, durante 3 dias consecutivos sempre no mesmo horário, com realização de Rx abdominal simples no dia. Para facilitar a análise dos cálculos, utilizou-se a ingestão de 24 marcadores diários ao invés de 20.

O TTC em um segmento (TTCs), quando se usou a ingestão de 24 marcadores de um tipo apenas, a cada 24h, é representado pela equação: TTCs = ns(DT/N)onde: ns = número de marcadores vistos no Rx em determinado segmento(s) do cólon; DT = intervalo de tempo em horas (24), entre as consecutivas ingestões dos marcadores.

N = número de marcadores ingeridos em cada dia (24).

Dessa forma, o número de marcadores encontrados em determinado segmento do cólon (ns) representará o tempo de trânsito, em horas, naquele segmento, porque o resultado da divisão (DT/N) é igual a 1.

Os marcadores foram confeccionados a partir de cateteres radiopacos com 1,0 mm de diâmetro externo, medindo 4 mm de comprimento e condicionados em drágeas gelatinosas zero, contendo 24 marcadores em cada uma. A primeira dose (uma drágea com 24 marcadores) foi ingerida no ambulatório sob supervisão do pesquisador e as demais (dias 2 e 3) foram ingeridas na residência do paciente ou do voluntário.

Os segmentos do cólon foram determinados utilizando as referências ósseas no Rx simples de abdome, descrito por ARHAN et al.(6), um pouco ampliadas em relação ao segmento retossigmoideano, obtendo-se os segmentos: cólon direito, cólon esquerdo e retossigmóide.

Os valores máximos normais para os tempos de trânsito, em cada segmento do cólon e para o TTC total, foram determinados utilizando-se os respectivos valores médios dos tempos obtidos em cada segmento no grupo de voluntários sadios, acrescidos de 2 desvios-padrão (média + 2SD). O tempo total de trânsito corresponde à soma dos tempos dos três segmentos.

A intensidade da constipação foi avaliada de acordo com o estudo de AGACHAN(1), que determinou um escore baseado nas principais queixas dos pacientes. Os sintomas incluídos para a avaliação do valor total do escore foram freqüência evacuatória, dificuldade/esforço para evacuar, dor à evacuação, sensação de evacuação incompleta, dores abdominais, tempo gasto para iniciar a evacuação, tipo de auxílio para evacuação, tentativas falhas/dia e duração da constipação.

A intensidade de cada sintoma variou dentro da faixa de 0 a 4, com exceção do item tipo de auxílio para evacuação, que variou de 0 a 2.

A constipação foi classificada em discreta quando a soma total dos valores obtidos (escore) variou de 0 a 10, em moderada quando a soma variou de 11 a 20 e intensa quando a soma final variou de 21 a 30.

Os pacientes com constipação funcional e os voluntários foram submetidos a avaliação de ingestão alimentar de fibras, pelo método de registro alimentar de 7 dias consecutivos, incluindo fim de semana, considerando-se as dietas habituais, sem orientação específica para suplementação de fibras. As quantidades em gramas de cada alimento ingerido, foram calculadas tomando-se por base as quantidades de medidas caseiras convencionais, cujos modelos padronizados foram apresentados aos participantes do estudo, registradas pelos participantes do estudo, durante os 7 dias consecutivos antes de serem submetidos ao estudo do TTC. O cálculo das quantidades de calorias, gorduras, proteínas e fibras contidas nos alimentos consumidos diariamente foi feito com o auxílio do Programa Virtual Nutri versão 1.0, desenvolvido por PHILIPPI et.

al.(33) e também por informações contidas nos rótulos dos alimentos quando estes não se encontravam referidos no banco de dados do Programa. As quantidades de fibras ingeridas pelos pacientes e voluntários são expressas pela média da ingestão dos 7 dias avaliados. Foram padronizados como normal a ingestão de 20 a 35 g/dia, conforme recomendado pela American Dietetic Association(33). A ingestão de fibra também foi relacionada à ingestão de calorias para diminuir o peso da quantidade de alimentos ingeridos no total pelos pacientes constipados e pelos voluntários.

As diferenças das proporções dos gêneros entre os grupos foram analisadas pelo teste de Fischer. As comparações das diferenças das demais variáveis entre os grupos foram analisadas pelo teste estatístico de Mann-Whitney(32). As associações entre ingestão de fibra, intensidade da constipação e TTC total e segmentar foram feitas utilizando-se o coeficiente de correlação de Sperman (32).

Todas as discussões foram realizadas no nível de 5% de significância. Os dados são apresentados na forma das médias com seus respectivos desvios-padrão.

RESULTADOS As diferenças das idades entre os grupos não se mostraram significantes estatisticamente (44,5 ± 15,0 constipados x 45,9 ± 14,3 controles; P>0,05), bem como a distribuição entre os sexos, porém houve predominância do sexo feminino (85,4% constipados x 83,3% controles; P = 0,84) em ambos.

Os pacientes constipados apresentaram maior ingestão de fibras que os voluntários sadios, avaliadas tanto em gramas/dia (26,3 ± 12,9 g/d constipados x 9,3 ± 5,2 g/d controles; P<0,001), quanto em g/1000 kcal/dia (12,3 ± 7,6 g/ 1000 kcal constipados x 6,1 ± 1,9 g/1000 kcal controles; P<0,001). Entre os pacientes constipados, 23,3% apresentaram ingestão de fibra superior ao preconizado, 36,7% apresentaram ingestão dentro da faixa normal e em 40% deles a ingestão de fibra foi inferior ao recomendado. No grupo de voluntários sadios apenas um paciente (3,3%) apresentou ingestão de fibras de acordo com a recomendação, o restante apresentou ingestão abaixo da preconizada.

A classificação da intensidade da constipação no grupo de constipados atingiu níveis de moderada (10 pacientes) a intensa (19 pacientes), com escore médio de 21,3, com desvio-padrão de 4,07. Apenas um paciente constipado apresentou valor do escore dentro da faixa de constipação discreta. Não houve correlação significante entre a ingestão de fibra e a intensidade da constipação, como se observa na Figura_1.

Os valores máximos normais obtidos para os tempos de trânsito foram: 15,4h, 34,8h. 17,6h e 58,8h para o trânsito no cólon direito, no cólon esquerdo, no segmento retossigmoideano e trânsito no cólon total, respectivamente.

A análise do comportamento do TTC entre os grupos, mostrou que o grupo de constipados apresentou, em média, tempo de trânsito total significantemente maior que o grupo controle, principalmente em razão dos maiores tempos no cólon direito e região retossigmoideana (Tabela_1). Dentro do grupo constipados, o TTC total foi normal (<58,8h) em 20 pacientes (66,6%). Entre estes, foram observados trânsitos lentos em segmentos isolados do cólon: no cólon direito (nove pacientes), no cólon esquerdo (três pacientes) e na região retossigmoideana (oito pacientes). Os outros 10 pacientes (33,3%) do grupo constipados mostraram o TTC total acima do normal (>58,8). Entre estes, oito (80%) apresentaram padrão de inércia colônica (retenção homogênea dos marcadores radiológicos em todos os segmentos do cólon), um (10%) apresentou padrão de estase isolada do cólon esquerdo e um outro (10%) apresentou padrão de obstrução de saída (retenção dos marcadores radiológicos quase exclusivamente no segmento retossigmoideano do cólon).

No grupo de voluntários normais, todos apresentaram TTC total dentro dos padrões da normalidade. Houve um paciente com tempo de trânsito lento no cólon direito e outro na região retossigmoideana, lentificações que não foram suficientes para aumentar seus tempos de trânsito colônico total.

Não se observaram correlações estatisticamente significantes entre a ingestão de fibra e o TTC total e segmentar tanto no grupo constipado como no grupo controle. Também não foram encontradas correlações significantes entre a intensidade da constipação e o TTC no grupo constipado.

DISCUSSÃO No grupo com constipação funcional, houve predomínio de mulheres jovens confirmando os dados da literatura(10, 11, 41)que apontam maior freqüência deste diagnóstico em pessoas jovens do sexo feminino. A aplicação do escore de intensidade neste grupo, mostrou valores que expressam a presença do quadro de constipação intestinal de moderada a severa. Portanto, são pacientes que se sentem bastante importunados com a presença desse sintoma, apesar de ingerirem, na sua maioria, fibra na dieta habitual em quantidade igual ou acima do recomendado. Esses pacientes constipados funcionais não foram sensíveis às suplementações de fibra na dieta, fato que se confirma pela ausência de correlações significativas entre as quantidades de fibras ingeridas e a intensidade da constipação encontradas neste grupo. Confirma-se, dessa forma, a existência de pacientes com constipação funcional que não respondem à ingestão de fibra alimentar. Esses pacientes precisam ser investigados mais cuidadosamente no sentido de se excluir causas de constipação não detectáveis pelos procedimentos usuais de investigação. Atualmente, tem se destacado pela sua utilização crescente, a avaliação do TTC total e segmentar por meio de marcadores radiológicos. A aplicação desse procedimento, após as padronizações necessárias para a determinação dos valores normais, permitiu diferenciar claramente os pacientes constipados dos normais do grupo controle. O grupo controle apresentou TTC menor em relação aos observados por outros autores e, em conseqüência disto, os valores máximos normais dos TTC total e segmentar obtidos neste trabalho, foram menores que os citados na literatura, principalmente para o cólon direito, retossigmóide e trânsito total(6, 13, 22, 26, 39, 51). Os pacientes constipados apresentaram, em média, TTC total quase duas vezes maior que o do grupo controle. Entretanto, considerando-se como máximo normal o valor de 58,8h para o TTC total, os valores obtidos em média no grupo de pacientes constipados não ultrapassaram esse valor. Porém, 10 pacientes constipados (33%) apresentaram TTC total acima desse valor normal, caracterizando um grupo de pacientes constipados com trânsito lento. Os outro 20 pacientes constipados apresentaram TTC total normal, caracterizando outro grupo de constipados com tempo de trânsito normal. Esses achados não diferem dos encontrados por outros autores que utilizaram metodologia semelhante, em pacientes constipados funcionais(5, 18, 23, 24, 35). No grupo de constipados com trânsito lento foi possível caracterizar a presença da inércia colônica e da constipação de saída. Na inércia colônica têm sido relatadas lesões do plexo nervoso mioentérico ou mesmo da musculatura entérica(7, 8, 47), ainda de difícil entendimento e diagnóstico, produzindo em conseqüência, diminuição da sensibilidade do cólon aos reflexos motores(37), com lentificação ou mesmo parada da propulsão da massa fecal, com estase da mesma em todos os segmentos do cólon(36).

Na constipação de saída ocorre retenção de fezes no segmento retossigmoideano por mecanismos obstrutivos mecânicos, na maioria dos casos(4), excetuando-se destes a ocorrência do anismo. Neste, a retenção de fezes se deve à evacuação imperfeita do reto por contrações paradoxais no ato evacuatório, do músculo púbis retal, do assoalho pélvico e dos esfíncteres retais, cujas causas ainda não estão bem estabelecidas(12). Pacientes com essas alterações orgânicas (inércia colônica e anismo) não devem ser considerados como acometidos de constipação funcional. É por esta razão que respondem mal ao emprego de fibra em seu tratamento, alguns necessitando até mesmo de tratamento cirúrgico. Pela mesma razão, pacientes com anismo devem ser submetidos a tratamentos específicos baseados em treinamentos evacuatórios denominados " biofeedback" (4). Assim, fica evidente, como apontam os resultados do presente estudo, que a população dos pacientes constipados funcionais crônicos é constituída por indivíduos com múltiplas causas para sua constipação. Não basta apenas diagnosticá-los conforme os critérios de Roma II, como também insistir na suplementação da fibras em pacientes que não respondem ao tratamento. Nestes, é necessário avançar na investigação com métodos apropriados para separar os com constipação funcional daqueles com patologias orgânicas bem definidas.

Em todos os pacientes do grupo de constipados com trânsito normal, bem como em dois pacientes dentro do grupo de voluntários sadios, foram detectados tempos de trânsito aumentados em segmentos isolados do cólon. O aumento do tempo de trânsito em determinado segmento isolado do cólon não foi suficiente para aumentar o TTC total nesses pacientes. Fica a dúvida se essas alterações do tempo de trânsito em segmentos isolados do cólon se relacionam com as queixas dos pacientes constipados com tempo de trânsito normal. Os significados desses achados aguardam mais estudos.

BURKITT et al.(11) descreveram a relação entre constipação e hábitos alimentares, demonstrando que o consumo de maior quantidade de fibra se associa ao tempo de trânsito intestinal mais rápido em pessoas normais. Este fato não foi constatado na presente série, pois não se observou nenhuma correlação entre a ingestão de fibras e o TTC total e segmentar tanto no grupo controle como no de constipados. O mesmo aconteceu quando se avaliaram as relações entre esses parâmetros no conjunto de todos os pacientes, independentemente dos grupos.

Esses achados assemelham-se aos descritos por DANQUECHIN et al.(14).

A ingestão de fibras pelos voluntários normais foi baixa e todos se apresentaram sem queixas digestivas. É grande o número de pessoas que ingerem quantidades de fibras abaixo do preconizado e, mesmo assim, não apresentam sintomas de constipação(17, 25). Ainda não está totalmente esclarecido se a proporção entre os nutrientes das refeições afeta as respostas motoras do cólon. Entretanto, foi demonstrado que dietas ricas em carboidratos induzem à resposta motora do cólon, embora em períodos de curta duração, quando comparadas com as dietas ricas em gorduras que também induzem à atividade fásica e segmentar do cólon. Além disso, os efeitos motores das gorduras podem ser modificados pela sua combinação com proteínas e carboidratos(34, 50). Os controles voluntários apresentaram ingestão de fibra por 1.000 calorias muito menor em relação aos constipados, mostrando que os controles tiveram um aporte maior de calorias por grama de fibra ingerida. Assim, é perfeitamente possível supor que a falta de fibras nas dietas dos controles tenha sido compensada, em termos de estímulo da atividade colônica, por maiores quantidades de carboidratos e gorduras.

CONCLUSÃO Não houve relação entre a ingestão de fibras, o TTC total e segmentar e a intensidade de constipação nos pacientes constipados. Estes dados mostram que a intensidade da constipação não depende apenas da ingestão de fibras, não é contributiva para as variações no tempo de trânsito colônico. Este, entretanto, diferencia os pacientes normais dos constipados e nestes, os com trânsito alterado que exigem abordagens diferentes da suplementação de fibras.

A importância da lentificação em segmento isolado do cólon na constipação, precisa ser melhor avaliada.


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