Trabalhador de enfermagem: agente colaborador no cumprimento da missão
institucional
PESQUISA
Trabalhador de enfermagem: agente colaborador no cumprimento da missão
institucional
Worker of nursing: collaborating agent in the execution of the institutional
mission
Trabajador de enfermería: agente colaborador del cumplimento de la misión
institucional
Diana CecagnoI; Susana CecagnoII; Hedi Crecência Heckler de SiqueiraIII
IEnfermeira. Especialista em Enfermagem Médico-Cirurgica. Mestre em Enfermagem.
cecagnod@yahoo.com.br
IIAcadêmica do 8º semestre da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Monitora de Enfermagem na Saúde da
Criança.
IIIEnfermeira. Administradora Hospitalar. Doutora em Enfermagem pela UFSC/SC.
Pesquisadora do CNPq. Membro do Núcleo de Pesquisa NEPES/FURG. Docente do
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem e Saúde da FURG.
hedihs@terra.com.br
1. INTRODUÇÃO
Estamos vivendo numa sociedade regulamentada, fundamentalmente, pela idéia
capitalista de produção, ou seja, produzir mais, ter mais e ser o melhor para
poder competir no mercado de trabalho, embora, por vezes, esses fatos deixam em
segundo plano o "ser humano" que existe em cada trabalhador. Para ser
competitiva, a empresa precisa de gerência e funcionários com bom nível
educacional, formação profissional, motivação e qualificação cada vez maior e
que, junto a isso está a procura constante de inovações, qualidade de produtos/
serviços, obtendo como resultado uma maior produtividade(1). Corroborando com
esta assertiva, para incrementar a competitividade, as instituições têm o
desafio de estimular a autonomia individual dos profissionais através de uma
formação voltada para o pleno exercício da cidadania, tornando-o participativo,
oferecendo, assim, a possibilidade de inovar, renovar e criar, conforme suas
possibilidades(2).
Com base nesta fundamentação, é necessário desenvolver, nos trabalhadores, de
modo geral, habilidades e competências pessoais e coletivas enfatizando o
crescimento pessoal, profissional e institucional, sem descuidar da importância
de se implementar nas instituições, estratégias que maximizem o cuidado como
valor humano, oportunizando-lhe condições para criar, inovar, atualizar-se e
tomar decisões frente aos conflitos do cotidiano. Ao referir-se ao investimento
no capital humano, considera que a inovação e a criatividade necessitam, para
serem concretizadas, uma atmosfera motivadora(3). Consideramos oportuno
ressaltar, um dos marcos da qualidade de vida descritos na literatura, em que o
ambiente de trabalho deve se traduzir num espaço com o intuito de propiciar
formas de vida mais saudável no trabalho. Corroboramos com a assertiva de que o
ambiente de trabalho tem caráter dinâmico em busca do equilíbrio contínuo(4).No
entanto, deve permanentemente, garantir a preservação dos direitos de cidadão,
entre eles, igualdade, respeito, liberdade e dignidade(5).
Acreditamos que, em conseqüência disso, poderemos ter um ambiente capaz de
valorizar o trabalhador, motivá-lo e comprometê-lo com seu crescimento pessoal
e com o alcance das metas institucionais como um todo, pois, o ser humano, é
capaz de transformar o meio onde vive e desenvolve suas atividades
profissionais(6).
Em nossa experiência profissional, enquanto enfermeiras, trabalhadoras em
instituições hospitalares, podemos observar, no fazer e agir da enfermagem, que
existe, na grande maioria dos profissionais da área, um descontentamento no que
tange a valorização e reconhecimento que recebem, como pessoas e profissionais.
Seu trabalho, ainda que reconhecido como essencial nas instituições, uma vez
que nas 24 h do dia, a enfermagem atua nos diversos setores de atendimento ao
cliente, porém, muitas vezes, não é valorizado e não são oportunizadas a ele
condições de crescimento e capacitação, fato que poderia ser visto como uma
ferramenta de motivação da equipe, além de representar um fator contributivo
para a satisfação e realização no trabalho. Nesse sentido, concordamos com a
idéia de que muito pode ser feito para conseguir que ocorra uma maior
valorização e reconhecimento do profissional trabalhador da enfermagem nas
instituições de saúde. por acreditarmos na possibilidade de mudança, a esse
respeito, para um futuro melhor na enfermagem, investimos, neste estudo, que
teve o propósito de investigar quais as estratégias que podem ser utilizadas,
pelas instituições de saúde, sob a ótica do enfermeiro, para motivar/valorizar
e promover a capacitação do trabalhador de enfermagem, enquanto agente
colaborador da instituição em busca do cumprimento da missão.
2. CAMINHO PERCORRIDO
O presente trabalho foi realizado na Santa Casa de Misericórdia de Pelotas que
é caracterizada como um Hospital Geral, de grande porte, que atende pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), além de diversos convênios e particulares. Tem
finalidade assistencial, ensino e pesquisa, sendo campo de estágio para cursos
técnicos, de graduação e pós-graduação, ligado à área da saúde, das escolas e
Universidades da cidade, bem como de outras localidades. Presta assistência a
pacientes do Município e Pelotas e de outras cidades do Sul do Estado do Rio
Grande do Sul, sendo considerada um hospital de referência regional em cirurgia
cardíaca e neurológica.
O serviço de enfermagem dessa instituição possui no seu quadro funcional, 39
enfermeiros. Semanalmente, a chefia de enfermagem faz uma reunião com os
enfermeiros, sendo que todos são convidados a participar, embora, por questões
variadas, nem sempre comparecem em sua totalidade. Este estudo foi realizado
com 15 enfermeiros que participaram da reunião semanal, numa sexta-feira da
primeira quinzena de julho de 2003. Aos que compareceram, foi explicado o
objetivo do trabalho, a possibilidade de desistir em qualquer momento da
pesquisa, o acesso aos dados e garantido o anonimato e às questões éticas nele
envolvidas. Após a assinatura do consentimento livre dos participantes, foi
iniciado a coleta de dados, através da aplicação de um instrumento semi-
estruturado, cuja 1º questão era fechada e a 2º aberta. Durante o período em
que os enfermeiros o respondiam, o entrevistador permaneceu próximo aos
entrevistados para garantir agilidade, tanto no retorno do instrumento de
pesquisa como para o início da análise dos dados. A média de tempo gasto para
responder cada questionário foi de, aproximadamente, 20 minutos.
A amostra caracterizou-se por: 1 (6,6%) pessoa do sexo masculino e 14 (93,4%)
do sexo masculino. A idade variou de 21 a 56 anos, sendo a média 33,8 anos.
Quanto ao tempo de atuação foi de 05 meses a 30 anos, com média de 7,7 anos.
66% dos entrevistados trabalham em 2 turnos na Instituição (M/T 8h), 34% em 1
turno (M 6h). Apenas 1 entrevistado trabalha em 2 instituições. Em relação a
área de atuação, 80% trabalham diretamente com a assistência à clientela
usuária dos serviços do hospital (Unidades de Internação e Ambulatórios) e 20%
indiretamente (Gerência, CME, CCIH).
Os entrevistados receberam a primeira questão, em que foram convidados a
enumerar, de forma crescente, de acordo com o grau de importância, segundo sua
opinião. Atribuído por cada um, o que consideravam como estratégias que podem
ser utilizadas para motivar/valorizar o trabalhador da enfermagem. Ao término
desta etapa receberam a questão complementar, em que foi solicitado que cada um
resgatasse os itens que haviam pontuado com os números 1, 2 e 3 e sugerissem
formas de implementação da idéia. Na devolução dos questionários, foi
agradecido a colaboração no estudo e disponibilizado, para um futuro próximo,
os resultados finais.
3. ANÁLISE E REFLEXÃO DOS DADOS
As estratégias indicadas pelos enfermeiros da instituição, são vistas como um
conjunto de ações e atitudes que obtidas através da reflexão dos trabalhadores,
representam a melhor maneira para que a instituição consiga atingir seus
objetivos(7). Assim, a equipe de enfermagem, pode ser vista como uma importante
colaboradora da instituição, pois "pessoas que se ocupam do cuidado à vida, à
doença, à morte e ao meio ambiente"(8). São através de estratégias bem
planejadas, as instituições podem conseguir aumentar a motivação e o
compromisso dos colaboradores e elevar o grau de satisfação no trabalho, o que
pode ser fator fundamental para aumentar a produtividade. Neste sentido,
"cativar o cliente interno deve ser o objeto magno da empresa do novo milênio"
(9).
A motivação é condição indispensável para a satisfação no trabalho, pois,
através dela pode-se estimular, despertar o interesse pela capacitação
profissional, orientar esforços, fixar objetivos e, ainda, induzir a aplicação
dos conhecimentos adquiridos(10). Concebemos a motivação originando-se no
interior do indivíduo, como um estímulo interno para satisfazer uma necessidade
insatisfeita. Uma vez que os indivíduos têm freqüentemente necessidades e
desejos compatíveis com o aumento em que estão vivendo, é possível dizer que
precisam estar motivados, continuamente, atentando para a sua individualidade
enquanto sujeitos. Considera-se como um princípio fundamental, na coordenação
de recursos humanos, que a motivação seja parte integrante das ações do
enfermeiros, bem como dos coordenadores/orientadores de equipes de qualquer
instituição de saúde.
Para a análise das informações colhidas utilizou-se a técnica de análise de
conteúdo(11). Foram realizadas leituras flutuantes do material transcrito do
instrumento de pesquisa, seguido de ordenação e agrupamento, por semelhança,
dos dados coletados. As categorias foram construídas de forma gradual, na
medida em que os conteúdos dos dados coletados foram desmembrados. Seguindo
esses passos, os dados emergiram para formação de duas grandes categorias:
necessidade de diálogo e crescimento profissional.
3.1 Necessidade de diálogo
O propósito do diálogo é ultrapassar o entendimento individual, é explorar
questões vistas como complexas ou difíceis, sob vários pontos de vista, e, o
seu resultado, é "uma livre exploração que traz a tona a total profundidade de
experiência e do pensamento das pessoas, e ainda pode ir além de suas visões
individuais"(12). Através do diálogo pode-se observar o seu próprio pensamento
e, então, percebê-lo como ativo, sendo, portanto, possível assumir uma postura
de participação com criatividade para solucionar os problemas do cotidiano.
Sendo assim, acreditamos que o diálogo pode permitir que os indivíduos
expressem suas necessidades, seus desejos e seus pensamentos e elaborarem/
negociarem formas de satisfazê-las.
O ser humano como um ser que se inter-relaciona no e com o ambiente (visto
aqui, como o local de trabalho), pode inserir-se na sociedade e no mundo
através do diálogo e da ação, tornando-se capaz de criar, negociar e inovar,
dialogar com os outros, exteriorizar as inquietudes, desenvolve uma visão de
mundo mais sistêmico, auxilia a incentivar e valorizar o crescimento pessoal e
coletivo(7).
O grupo é um campo de forças que também determinam condutas individuais(2).
Enfatiza-se que um grupo passa a existir no momento em que se manifesta, assim,
geralmente ocorre uma explosão de idéias capazes de solucionar problemas.
Apoiamo-nos nesta idéia para enfatizar que, ao levar em conta a opinião do
grupo, ouvindo o que eles tem a dizer, estamos agregando ao valor capital o
humano da instituição, assim, a subjetividade de cada profissional terá
expressão significante, o que favorecerá na sua motivação.
Neste sentido, os dados coletados, ainda que não discutidos no grupo, mostraram
que os participantes sentem uma intensa necessidade de serem ouvidos, de
conversar, de exporem e explorarem suas idéias, de colaborar, criativamente,
sugerem a necessidade de expressar-se no coletivo, sentir-se valorizados e
crescer com e no grupo, para melhorar o serviço do grupo, como evidenciado nas
falas a seguir:
"proporcionar que cada membro do grupo exponha seu modo de ver e
resolver o problema apresentado" (E12)
"o trabalho individual pe uma forma de incentivar o crescimento da
equipe e os indivíduos que dela fazem parte, através de uma conversa
individual da chefia de enfermagem com cada membro da equipe" (E10)
"participação conjunta em solucionar problemas que atinja diretamente
a unidade" (E9)
"marcar horários para que cada funcionário apresente alguma
experiência particular, ..., realizar discussões a respeito das
rotinas, ..." (E6)
"promovendo a integração dos funcionários ... esclarecer mal
entendidos o mais breve possível, ..., estimular a criatividade até
para decorar o posto e elogiar os feitos do pessoal; mostrar os
elogios que os pacientes deixam, pois servem de estímulo, ...,
comentar com o grupo as coisas novas/diferentes que o colega traz/
faz" (E3)
"ter tempo para conversar com o funcionário ouvindo suas queixas,
anseios e sugestões" (E13)
A jornada de trabalho do profissional de enfermagem, muitas vezes, dupla ou
tripla, e a falta de um espaço/tempo para discussão, no próprio local de
trabalho, sobre as questões do ser e fazer na enfermagem pode interferir na
busca por uma qualificação. Reflexões sobre o cuidado que está sendo prestado e
como poderia ser modificado para traduzir-se em maior qualidade e melhor
entendimento por parte de quem o realiza, bem como formas de motivação/
valorização deste profissional são fatores que deveriam fazer parte do
cotidiano das instituições de saúde, possibilitando a cada integrante do grupo
a ampliar as suas potencialidades e, assim, desenvolver uma educação continuada
e sentir-se mais satisfeito enquanto pessoa e profissional.
3.2 Crescimento profissional
Como profissionais da enfermagem, percebemos que existe uma preocupação em
prestar atendimento com qualidade ao cliente que procura os serviços da
instituição e, para isto, é exigido, do funcionário, perfeita habilidade
técnica e conhecimento teórico adequado ao cargo que ocupa. Preferencialmente,
na idéia da instituição, o funcionário deve estar "pronto para trabalhar" ao se
admitido. Ao se observar os trabalhadores da enfermagem, podemos evidenciar que
estes trabalham continuamente, sem tempo para refletir sua prática. É
necessário e urgente repensar a prática da enfermagem, e que, por parte da
instituição deve existir uma preocupação e um investimento na motivação e
capacitação dos trabalhadores de enfermagem(13). Os trabalhadores globalizados,
sistêmicos, são os que aceitam, mais facilmente, desafios para promover o
crescimento pessoal e profissional, pois tem sede de aprender e conquistam a
liberdade de ação(9). Neste sentido, nos preocupamos com o trabalho do
profissional de enfermagem, seu reconhecimento, usa valorização, sua atuação,
sua motivação, sua capacitação e o que está sendo desenvolvido, nas
instituições de saúde, para promover condições para que esses fatores sejam
efetivados.
Consideramos fundamental para a efetivação do que foi proposto que a motivação
seja apreciada como uma estratégia necessária e possível de ser implementada na
realidade de trabalho vivenciada nas instituições de saúde, visando o
aprendizado e crescimento como pessoas e profissionais. Faz-se uma crítica às
situações de aprendizado para "apagar incêndios" em que é imprescindível criar
uma postura institucional sistemática para a capacitação profissional(2).
Acreditamos numa forma de aprendizado construída, efetivamente, em conjunto,
levando-se em consideração as opiniões e as necessidades da equipe, e,
principalmente na importância de motivação do profissional no que diz respeito
ao envolvimento constante no processo de aprendizado.
Corroborando a idéia anterior, se faz necessário aproveitar as oportunidades do
cotidiano, convertendo-as de maneira positiva e participativa na construção do
ser mais e melhor(7). Assim, a construção do conhecimento, vista pela autora,
deve acontecer de forma participativa e contínua com todos os sujeitos
envolvidos. O crescimento profissional foi visto pelos enfermeiros deste estudo
como uma forma de incentivo e de valorização profissional, pois assim se
pronunciaram:
"a construção é a base para o sucesso de uma iniciativa. O
profissional valorizado e envolvido no processo trará energia e
fortificará os ideais de uma instituição" (E1)
"incentivar o aprendizado, oferecer treinamento e reciclagem para
manter um grau adequado de qualidade no trabalho do funcionário"
(E15)
"aproveitar a dinâmica diária para a aquisição de novos
conhecimentos" (E6)
"incentivar o aprendizado" (E12)
Baseado nestas reflexões(3), o crescimento profissional pode ser estimulado
através de estratégias que maximizem ocomprometimento, a motivação e o
reconhecimento do trabalho.
Nas últimas décadas, estudos mostraram que a motivação é um fator intrínseco do
comportamento do indivíduo, assim, o elogio pode tornar-se um importante aliado
da motivação no trabalho, pois elogiar também é valorizar. O reconhecimento,
auto-estima e auto-realização são vistos como motivadores dos seres humanos
(14).
"Inspirar pessoas no trabalho em grupo ou individual garante a conquista de
melhores resultados. Para tanto é preciso identificar previamente os fatores
pessoais de motivação"(15). Neste sentido, acreditamos que quanto mais motivado
o cliente interno estiver, maior será seu comprometimento com a instituição.
Reside neste fato a possibilidade de que, cada componente do grupo, explore seu
potencial criador e inovador, bem como estimule s demais membros do grupo a
fazer o mesmo A instituição deve ser o lugar onde as pessoas descobrem,
continuamente, como (re)criar a realidade(12). Este autor relata que a
instituição pode ser o local onde se estimulam novos e abrangentes pensamentos
e a aspiração coletiva ganha liberdade. Assim, quando a equipe se sente
motivada, pode disseminar, através de ações práticas e habilidades, estratégias
indicadas, que levam a serem colaboradores do cumprimento da missão proposta
pela instituição. Olhando a estrutura do trabalho da enfermagem, em que o
estresse geralmente é inevitável provocado pela: escassez de recursos humanos,
a falta de substituto de folgas, férias, múltiplos atestados de saúde,
remuneração insuficiente, pouco incentivo, o não elogio, enfim, a pouca
motivação tornam o cotidiano árduo cansativo e, conseqüentemente, pouco
produtivo, diminuindo seu comprometimento com o local onde atua e induzindo-o a
tornar-se "desmotivado" e levando outros a este mesmo caminho, contaminando,
assim, o ambiente.
Ao contaminar o ambiente, a cultura organizacional poderá ser atingida,
provocando um descontentamento entre os profissionais, bem como insatisfação no
trabalho, afastando-o, assim, de sua função de colaborador da instituição.
De acordo com a visão dos enfermeiros, o elogio e o reconhecimento do trabalho
são fatores relevantes como estratégia na motivação e reconhecimento da equipe
de enfermagem, neste sentido, expressando-se da seguinte forma:
"aproximar-se do funcionário e dizer que acredita em seu trabalho e
em seu crescimento profissional quando realmente é procedente" (E11)
"valorizar o trabalho do indivíduo elogiando quando demonstra
eficiência/criatividade na execução de suas tarefas, estimulando sua
auto-estima" (E15)
"os elogios de certa forma são um incentivo à eficiência e
produtividade, reconhecer as qualidades de cada indivíduo do grupo e
verbalizar, valorizar seu desempenho tanto individualmente como em
conjunto, o estimulam a realização de um trabalho mais produtivo"
(E12)
Resgatando a idéia de auto-estima, "não existe julgamento de valor mais
importante, fator mais decisivo para a motivação e o desenvolvimento do que a
avaliação que fazemos de nós mesmos"(18). A auto-estima é uma necessidade
vitalmente importante que influencia o comportamento do ser humano. Seguindo
essa linha de pensamento, o autor relata que o grau de auto-estima influi na
maneira como o indivíduo age no local de trabalho e que, embora não seja
considerado simples, existe um vínculo entre ela e a realização profissional.
O fato de reconhecer e incentivar o "lado bom" de cada membro da equipe
desenvolve a possibilidade de que, cada componente do grupo, explore seu
potencial criador e inovador, assim como estimule os demais membros do grupo a
fazer o mesmo. A instituição deve ser o lugar onde as pessoas descobrem,
continuamente, como (re)criar a realidade(16). A idéia dos enfermeiros acerca
desta questão é verbalizada quando afirmam:
"tentar mostrar para o funcionário a importância dele no setor ...
valorizar seu trabalho" (E14)
"proporcionar atividades que o mesmo goste de executar ... os elogios
de certa forma são um incentivo à eficiência e produtividade,
reconhecer as qualidades de cada indivíduo do grupo e verbalizar,
valorizar o seu desempenho tanto individualmente como em conjunto, o
estimulam a realização de um trabalho mais produtivo" (E12)
"valorizar os pontos positivos de cada um, ..., elogiar suas
iniciativas positivas,..., incentivar a capacidade de cada um" (E2)
Outro ponto a ser explorado, segundo os enfermeiros, é oportunizar umambiente
harmonioso no trabalho. A inovação, a criatividade e a aprendizagem são
influenciadas pelo ambiente de trabalho(3).
"A chave para a motivação no trabalho é um ambiente que reaja de forma positiva
às necessidades dos trabalhadores"(17).
Enfatiza-se a importância de se criar uma atmosfera motivadora no ambiente de
trabalho para que as metas/missão da organização sejam alcançadas(7,9,14,15).
Nesta linha de pensamento, um líder deve motivar a produção de mudanças, ser
inovador e utilizar-se da tecnologia da informação como ferramenta para
viabilizar o processo(9).
A nova concepção de empresas competitivas exige que se obtenha resultados em
termos de "inovações, qualidade dos produtos ou serviços e produtividade no
trabalho"(1). Assim, inovar passou a ser um dos principais fatores na hora de
competir. Isso pode ser possível quando a mola propulsora for à educação,mas
uma educação comprometida com as exigências do novo mercado associadas a busca
pela cidadania do trabalhador, contemplando, assim, o terceiro marco apoiador
da qualidade de vida(5). É necessária a formação profissional para que ocorra
um aumento da qualidade e produtividade do trabalho e, conseqüentemente,
satisfação do trabalhador(2).
Corroboramos com a assertiva "o ambiente pe tudo o que cerca o indivíduo de
forma direta ou indireta ... esse complexo influi no desenvolvimento
comportamental do indivíduo, tanto pessoal como profissional"(18). Assim,
acreditamos que um ambiente de trabalho deve ser uma das preocupações de
administradores, gerentes e lideranças das instituições, pois envolve questões
de segurança, higiene, inter-relacionamento, aspectos físicos e visuais, dentre
outros, essas questões estão intrinsecamente ligadas com a melhoria da
qualidade dos produtos e serviços oferecidos à clientela vistas sob a ótica dos
sujeitos deste estudo, pois acreditam que:
"o ambiente harmonioso, significa todos trabalharem bem e com vontade
e ânimo, sem desentendimentos e problemas banais" (E7)
"o ambiente de trabalho harmonioso é sinônimo de qualidade no
trabalho, pois o funcionário tendo um ambiente agradável para
trabalhar ele com certeza rende mais e trabalha mais satisfeito"
(E14)
Considerando que o ambiente de trabalho envolve questões bastante amplas, como
foi abordado anteriormente, destacamos, entre elas um fator que é motivo de
preocupação e sofrimento dos enfermeiros no trabalho: o suporte de equipamentos
e materiais adequados.
A atual situação da saúde brasileira afeta diretamente o trabalho da enfermagem
nas instituições de saúde, pois a falta de recursos faz com que o improviso
seja uma constante no cotidiano da enfermagem, o que acarreta descontentamento
e sofrimento no trabalho. Além do "ambiente organizado" a equipe de enfermagem
considera que condições e materiais adequados para realizar as atividades são
motivos de satisfação e prazer no trabalho e, além disso, a carência de
material dificulta a realização no trabalho(8).
No que tange o aspecto do suporte de materiais e equipamentos necessários para
o desenvolvimento das atividades diárias, o enfermeiro, geralmente, trabalha
com dificuldades e preocupado com a diminuição dos gastos sem prejudicar a
qualidade de atendimento, nos integrantes do grupo essa inquietação ficou
evidenciada nas seguintes falas:
"promover adequação de recursos evitando gastos abusivos em alguns
setores sem necessidade ... avaliar não só custos e sim a qualidade
dos produtos adquiridos ... planejar adequadamente os recursos e
estoques" (E11)
"todo o trabalho deve ter os materiais e equipamentos necessários
para o desempenho das tarefas evitando atropelos e improvisos" (E7)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluirmos este estudo constatamos que as principais estratégias que podem
ser utilizadas, pelas instituições de saúde, sob a ótica do enfermeiro, para
motivar/valorizar e promover a capacitação do trabalhador de enfermagem,
enquanto agente colaborador da instituição em busca do cumprimento da missão,
dizem respeito à necessidade de diálogo e a promoção do crescimento
profissional.
A primeira está relacionada à necessidade que os funcionários sentem em serem
ouvidos, que sua opinião e suas idéias sejam respeitadas, valorizadas e
exploradas. O grupo percebe que, quando esta for sanada, é possível desenvolver
habilidades e potencialidades e, assim, aumentar a satisfação e realização
pessoal e profissional.
A segunda estratégia apontada enveredou pelos seguintes caminhos: - incentivo,
motivação, valorização e reconhecimento profissional, que garante a construção
do conhecimento de forma participativa e contínua, o que pode garantir e
fortificar os objetivos/metas/deais da instituição; - resgate da auto-estima
que pode influenciar o comportamento individual e coletivo, bem como na
possibilidade de estimular que o funcionário explore seu potencial criativo; -
o ambiente de trabalho visto como forma de oportunizar a aprendizagem, a
criatividade e a inovação, devendo, para isso, ser harmonioso, agradável,
voltado para o crescimento profissional, sem descuidar da segurança, higiene,
inter-relacionamento, dos aspectos físicos e visuais.
Enfatizamos que os marcos apoiadores da qualidade de vida: ambiente,
organização e direitos humanos, permitindo o acesso aos diversos serviços
oferecidos, foram contemplados neste estudo, uma vez que estão diretamente
associados à preocupação dos entrevistados enquanto colaboradores da
instituição onde trabalham, evidenciando que o ambiente e a cultura
organizacional tem importância na qualidade de vida e satisfação no trabalho do
profissional da enfermagem.