A convivência da família com o portador de Síndrome de Down à luz da Teoria
Humanística
PESQUISA
A convivência da família com o portador de Síndrome de Down à luz da Teoria
Humanística
The family living with Down Syndrome patients in the perspective of Humanistic
Theory
La vivencia de la família de lo portador de Síndrome de Down según la Teoría
Humanistica
Acaciane Frota RamosI; Joselany Afio CaetanoII; Enedina SoaresIII; Karla Maria
Carneiro RolimIV
IEnfermeira graduada pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
IIEnfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará/UFC.
Professora do Curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza/UNIFOR.
joselany@unifor.br
IIIDoutora em Enfermagem. Professora permanente do Programa de Pós-Graduação da
UNIRIO
IVEnfermeira da Maternidade Escola Assis Chateaubriand/MEAC/UFC. Mestre em
Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará/UFC.
Professora do Curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza/UNIFOR.
karlarolim@unifor.br
1. INTRODUÇÃO
A síndrome de Down é o resultado de um acidente genético causado pela trissomia
do cromossomo 21, que ocorre em uma determinada fase do desenvolvimento intra-
uterino. Um indivíduo com esta anomalia possui 47 cromossomos, ao invés dos 46
encontrados em indivíduos normais(1). Esta síndrome possui as seguintes
características: braquicefalia, fissuras palpebrais oblíquas, pregas no
epicanto, manchas de Brushfild, ponte do nariz achatada, protrusão da língua,
orelhas pequenas e de implantação baixa, clinodactilia, prega simiesca,
defeitos cardíacos congênitos, hipotonia, retardo mental e do crescimento, pele
seca e escamosa (2).
O diagnóstico pode ser feito em bases puramente clínicas. A impressão geral
especialmente da fácies é muito importante. Casos duvidosos são mais comuns na
primeira infância, especialmente em recém-nascidos cujos sinais clínicos podem
ser menos claros. É uma das anomalias cromossômicas mais comuns, com uma
incidência populacional de aproximadamente um em cada 600 nascimentos vivos
(2,3).
Estima-se que 3% da população mundial sejam portadoras da síndrome de Down, com
maior prevalência em indivíduos brancos, sendo rara em negros(4). A incidência
aumenta com a idade materna avançada (o risco para idade materna de 25 anos é
de um em 1350; aos 35 anos, de um em 384; aos 45 anos, de um em 28)(2).
Pesquisas sobre a aceitação dos portadores da síndrome de Down pela família em
uma determinada população são imprescindíveis para o planejamento de programas
de informações e preparo para receber uma criança com síndrome de Down(5). A
família busca adaptar-se à nova realidade e reorganizar-se para enfrentar a
experiência de viver e conviver com a síndrome, ou seja, reconstruir sua
identidade como grupo familiar. A família é, também, o universo fornecedor de
condições para que o processo de construção equilibrado e harmonioso
proporcione à criança meios de se individualizar e florescer como ser único no
mundo(6).
O interesse pelo tema surgiu após o desenvolvimento de projeto de pesquisa, no
segundo período do Curso de Graduação em Enfermagem, na disciplina Sociologia
da Saúde, que teve sua prática desenvolvida na APAE (Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais), no município de Sobral - CE. Ao manter uma interação
com os pais, observamos que, como pessoas sensíveis e carinhosas, eles se
preocupavam muito com os filhos e com os profissionais envolvidos no cuidado.
Percebemos, então, a necessidade de promover ações na atenção primária à saúde,
devendo incluir atividades sistemáticas, buscando a detecção precoce de
problemas e mecanismos que fossem capazes de resolvê-los, e, assim, promover
melhor qualidade de vida. Ações estas que poderiam ser executadas pela equipe
de enfermagem, apesar de estes profissionais não fazerem parte da equipe
multiprofissional da APAE. Portanto, seria de grande relevância para os
portadores da síndrome, essa elaboração dialógica e participativa de novos
conhecimentos entre os participantes, viabilizando o aprendizado, novos saberes
e práticas em saúde.
Este estudo foi embasado na Teoria Humanística de Paterson e Zderad(7), que
fornece um método para administrar as complexidades que envolvem o ser no mundo
e também uma ponte metodológica entre a teoria e a prática, servindo como um
amplo guia para o diálogo da enfermagem em diversos cenários da profissão(8).
A Teoria da Enfermagem Humanística surgiu, na década de 1970, a partir de
experiências das enfermeiras Josephine Paterson e Loretta Zderad no campo da
docência e da assistência de Enfermagem e por meio de cursos sobre enfermagem
humanística que ministraram para enfermeiras do hospital onde atuavam nos
Estados Unidos. O conteúdo da teoria revela a influência do existencialismo, do
humanismo e da fenomenologia, sendo citados escritores como Husserl, Buber,
Marcel, Jung, Nietzsche, entre outros(7).
As teóricas propõem que a enfermagem - diálogo vivido - seja desenvolvida como
uma experiência existencial, em que a enfermeira, após vivenciá-la, reflete
sobre ela e descreve, fenomenologicamente, os chamados e as respostas que
surgiram na relação, bem como o conhecimento humano do eu e do outro, isto é,
reconhecer o outro em sua singularidade, como alguém que luta e se esforça para
sobreviver, o vir a ser, confirmar sua existência e entendê-la. Nesse diálogo,
estão envolvidos o encontro, a relação, a presença, o chamado e a resposta(9).
O pensar e o agir voltados para a assistência, não a um paciente, mas a um ser
humano, deve levar em consideração a sua história de vida, ser prioridade em
todas as áreas, principalmente na saúde, pois a partir de uma falha nesse
processo podemos desestruturar ainda mais o indivíduo que naquele momento já
precisa de cuidados(10).
Portanto, a assistência de enfermagem deve ser mais atuante ao portador da
síndrome de Down, pois se mostra um promissor espaço profissional a ser
explorado pela enfermagem. Neste contexto, o objetivo deste estudo é socializar
o processo de convivência da família de portadores da síndrome de Down com base
na Teoria Humanística de Paterson e Zderad, caracterizando-se a assistência de
enfermagem pela promoção do bem-estare doestar melhor do paciente, por meio de
um cuidado holístico e empático no qual a assistência ao indivíduo e sua
família não pode ser negligenciada.
Um atendimento humanizado requer mudanças de cultura, trazendo um paradigma no
qual a pessoa seja recebida como única dotada de sua história pessoal, com seus
valores e suas crenças. A humanização entre a equipe, o portador de síndrome de
Down e a família objetiva, como condição essencial, a vontade de encontrar e de
ser encontrado. Esse encontro pressupõe escuta, olhar aberto e amoroso. O
cuidador deve desenvolver uma capacidade de se conhecer e saber reconhecer seus
sentimentos, como amor e empatia, entre outros. Essa capacidade diminui as
possibilidades de conflito, pois abre caminhos para a comunicação com o outro.
O cuidado integral à criança portadora de deficiência e a promoção da sua
qualidade de vida promovem a reabilitação da criança na capacidade funcional e
no desempenho humano, a proteção à saúde para que ela possa desempenhar o seu
papel em todas as esferas da vida social(11). O cuidado humano e ético envolve
alguns ingredientes especiais da enfermeira, entre os quais, o conhecimento, a
humildade, a paciência, a honestidade, a esperança, que, juntos, estabelecem
uma parceria com o portador de síndrome de Down, um sentimento de estar com,
denotando a verdadeira presença, a experiência e o compromisso profissional.
2. TRAÇADO TEÓRICO METODOLÓGICO
O presente estudo, de caráter exploratório descritivo, tem como principal
finalidade desenvolver, esclarecer, modificar conceitos e idéias, tendo em
vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses para estudos
posteriores(12). A pesquisa descritiva é um levantamento das características
conhecidas ou componentes do fato, fenômeno ou problema(13).
O estudo foi realizado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE),
situada no município de Sobral - CE. A APAE é um estabelecimento de ensino para
pessoas especiais, que presta serviços de reabilitação e habilitação. Possui
uma equipe multiprofissional e seus recursos financeiros são provenientes do
Sistema Único de Saúde/SUS, doações sociais, contribuintes e convênio com o
Estado e o Município.
A clientela assistida na Instituição é acompanhada por uma equipe composta por
dentista, fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social e
educador físico.
A população deste estudo constou de 16 pais com filhos portadores da síndrome
de Down e matriculados na APAE de Sobral/CE. Desta população foram selecionados
sete pais residentes na cidade de Sobral, que demonstraram interesse em
participar da oficina de grupo, que aconteceu, semanalmente, durante o mês de
dezembro de 2004.
Utilizamos, como metodologia para a compreensão do fenômeno das situações em
que vive a enfermeira, a teoria humanística(7)constituída das seguintes fases:
Preparação para vir a conhecer - fase em que a enfermeira busca conhecer a si
própria, por meio de leitura reflexiva de obras que falam sobre a natureza do
homem e suas diferentes formas de perceber e relacionar-se com o mundo e de
tornar seus pensamentos e atitudes mais humanas. A partir dessas reflexões, são
feitas comparações com a prática da Enfermagem(7).
Conhecendo o outro intuitivamente - fase na qual a intuição supõe a relação Eu-
Tu de Buber, para que a enfermeira consiga captar, de modo intuitivo, o
fenômeno de uma situação de enfermagem, sem quaisquer noções preconceituosas,
evitando, por isso, expectativas, rótulos e julgamentos(9).
Conhecendo o outro cientificamente - fase em que a enfermeira, após conhecer o
outro intuitivamente, conceitua a experiência e a expressa segundo o seu
potencial humano. É o momento de refletir, analisar, classificar, comparar,
contrastar, relacionar, interpretar, denominar e categorizar. É a relação Eu-Tu
e Eu-Isso de Buber, ocorrendo simultaneamente, e não apenas na seqüência por
ele expressada(7).
Síntese complementar do conhecimento dos outros -quarta fase da Enfermagem
Fenomenológica, que representa o momento de a enfermeira comparar e sintetizar
as múltiplas realidades conhecidas, para, então, chegar a uma visão ampliada. A
enfermeira estabelece relações entre essas realidades e as interpreta,
seleciona e classifica. Nessa fase, ela usa não apenas a experiência pessoal,
mas também os ricos fundamentos teóricos de educação e de prática(9).
Sucessão do nós para o único paradoxal -fase que evolui a partir do processo
descritivo de um fenômeno vivido. Nesta fase, através de reflexões sobre as
relações entre as múltiplas visões, a enfermeira faz uma revisão compreensiva e
expande sua própria visão. Na busca pela comunhão de idéias diferentes, a
enfermeira chega a uma visão que vai além das multiplicidades e contradições,
tornando-se importante para a maioria ou para todos(7).
Para obtermos as informações necessárias ao desenvolvimento do estudo,
utilizamos também como estratégia o grupo focal como parte das técnicas de
coleta de dados, oficinas e entrevista com uma questão norteadora. As dinâmicas
de grupo foram os primeiros passos para a pré-reflexão, revisão de literatura e
esclarecimento da problemática do estudo, constituindo a primeira fase da
Teoria Humanística "preparação para o vir a conhecer".
O processo de conhecer intuitivamente o outro aconteceu quando vivenciamos a
relação Eu-Tu com a família, mediante as seguintes dinâmicas: "jornada nas
estrelas"; "classificados obstétricos"; "com que cara está chegando"; "desejo
ao próximo" e "cores dos sentimentos".
Na condição de conhecer o outro e de "estar com" e "fazer com", houve maior
envolvimento com a família dos pesquisados, com o intuito de contrastar
experiências e visualizar o encontro que refletiu o diálogo vivo entre os seres
humanos. Neste momento, usamos as dinâmicas "construção da árvore",
"apresentando seu filho", "o boneco" e a "dinâmica da garrafa".
Com o desenvolver do processo relacional houve maior participação das famílias
e liberdade. Assim, as etapas "preparação para o vir a conhecer" e "conhecendo
o outro intuitivamente" foram introdutórias para o "conhecer o outro
cientificamente",momento final, em que foi apresentada a questão norteadora ao
entrevistado: "Como é o conviver com uma pessoa portadora de síndrome de Down"?
Este momento caracterizou o final da coleta de dados.
Utilizamos o método da observação participante, que é um processo no qual o
observador está face a face com o observado e, efetivamente, participa da
situação, até mesmo intervindo, mudando, propondo(13). Como participante desse
processo, acompanhamos cada dinâmica. Com base neste método, as observações
foram registradas em diário de campo, no mesmo dia do encontro, de forma
detalhada, por meio de anotações de campo e memorizações, primando pela
fidedignidade das falas e fatos.
As falas foram transcritas e, em seguida, digitadas e lidas, quando então se
buscaram os significados, relacionando-os ao tema, conforme o pensamento
humanístico (7). Com a realização das entrevistas, houve maior aprofundamento
dos dados e, após suas transcrições, nos foi possível verificar dos pais as
opiniões sobre a importância do conviver em família.
A projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Estadual Vale do Acaraú e seguiu a Resolução Nº 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, que estabelece critérios para pesquisas em seres humanos e
enfatiza a necessidade do consentimento informado e a manutenção do sigilo e
anonimato dos participantes(14).
Na fase de pré-análise, de posse do conteúdo das oficinas e das entrevistas,
realizamos leitura flutuante para conhecermos e analisarmos os fenômenos
encontrados. Para melhor compreensão dos dados obtidos, utilizamos a técnica da
análise de conteúdo, que é definida como conjunto de técnicas de análise de
comunicação, visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitissem a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens
(15).
A análise foi realizada à luz dos pressupostos básicos da Teoria Humanística,
com enfoque no diálogo que contempla o encontro, o relacionamento, a presença,
o chamado e a resposta, favorecendo a família, o bem-estar e o estar melhor(7).
Para identificação dos pais participantes, adotamos nomes de flores como
cognomes, pois, ao fazer analogia com a pessoa humana, flores são símbolos da
natureza, da vida, de pureza, de paz, de riqueza, de sucesso, de energia, de
cura, de amor, de qualidade de vida.
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS: O CAMINHAR DA CONVIVÊNCIA
A análise dos resultados deste estudo foi realizada à luz da Teoria Humanística
de Paterson e Zderad. Para vivenciá-la, foi necessário relembrar a linguagem
dos sentidos, enfocando a visão, a audição e a percepção sensível do outro. Os
pais foram convidados a participarem aos encontros independentemente da idade
de seus filhos. Os encontros foram realizados pela manhã na quadra de esportes
da APAE.
Compareceram ao primeiro encontro seis pessoas. Inicialmente, demos boas
vindas, sentamos em círculo, nos apresentamos, dissemos o objetivo da pesquisa
e, também, firmamos os demais encontros.
A nossa apresentação foi de fundamental importância, pois pudemos esclarecer
quem somos e como pretendíamos atuar com o grupo, tornan-do-nos membro do
mesmo. Percebemos que isso favorecia a interação com eles. O relacionamento
humano é um instrumento essencial para a assistência de enfermagem, em que
empatia, aptidão de compartilhar sentimentos e estar perto de outra pessoa são
elementos para um relacionamento terapêutico(16). Assim, tornou-se primordial a
busca do conhecimento, a preparação para o vir a conhecer, fazendo-nos abertos
às experiências do mundo.
No primeiro encontro, utilizamos a dinâmica "jornada nas estrelas", com a
sugestão para o grupo andar no espaço ambiental disponível e observar objetos.
Em seguida, deslocar-se ao centro do ambiente e escolher uma estrela entre as
previamente colocadas pelo coordenador, confeccionadas com papel laminado, com
cores variadas. Cada um escreveu no centro da estrela como gosta de ser chamado
e uma coisa de que gosta e não gosta, para depois fazer sua apresentação. A
estrela deveria posteriormente ser colocada em algum lugar do ambiente
pedagógico, representando os espaços relacionados ao simbolismo em face da
relação com o mundo, objetivando facilitar a apresentação do grupo.
Sou o Girassol, gosto de conversar e sou a Chuva de Prata, gosto de
cozinhar e não gosto de lavar roupa.
Além de nos apresentar, enfatizamos:
Eu sou o Lírio, gosto de trabalhar e não gosto de que falem mal do
meu filho.
Eu sou Margarida, gosto de conhecer coisas novas e não gosto de
bagunça.
Eu sou Dália, gosto de cozinhar e não gosto de mentira.
Eu sou Tulipa, gosto de ir à missa e não gosto de falsidade.
Eu sou Gardênia, gosto de rezar e não gosto de injustiça.
Eu não gosto de gente mentirosa.
Relatei novamente a idéia de participar de um grupo de pais que se reuniriam
para contar suas vivências no conviver com o portador de síndrome de Down e,
também, esclarecer dúvidas e dificuldades que pudessem surgir. Abrimos espaços
para perguntas, mas os participantes comentaram que haviam entendido e
aceitaram a idéia.
Nesta fase do estudo cada um apresentou-se, contando algo sobre sua vida e
questões delicadas que podemos exemplificar na fala de Lírio: "[...] não gosto
de que falem mal do meu filho", demonstrando, assim, carinho, respeito e
proteção.
Percebemos que essa dinâmica auxiliou na interação e na empatia, pois seu
aspecto lúdico favoreceu a ambientação do grupo. As tecnologias educativas em
nossa prática assistencial são atividades lúdicas que criam oportunidades de
convívio e relações enriquecedoras para os participantes. Sua aplicação é
planejada e executada de acordo com a necessidade da situação vivenciada, tendo
objetivos claros que levam a uma meta estabelecida(17).
Logo em seguida, conhecemos o antecedente obstétrico do grupo, através dos
"classificados obstétricos", com o objetivo de conhecer o antecedente
obstétrico das mães. Primeiramente, cada participante confeccionou um diário
que continha dados sobre sua identificação, antecedentes obstétricos e história
da gravidez; em seguida procedemos à exposição e análise, na tentativa de
explorar o discurso e o conhecimento do grupo.
A mãe dele hoje tem 38 anos, teve 6 gestações e 6 partos, realizou pré-natal.
Teve nosso filho no Dr. Estevam, foi parto normal. Ele passou 5 dias
na incubadora. E nós ficamos sabendo que ele não era normal assim que
ele nasceu. Quando o nosso filho nasceu, a mãe dele tinha 34 anos
mamou até 3 meses e eu tenho um sobrinho que tem síndrome de Down
(Lírio).
Ela perdeu sangue e líquido no começo (Lírio).
Eu tive minha filha com 42 anos, hoje tenho 72 anos, mas fiz pré-
natal em Fortaleza e tive-a lá. Soube da notícia assim que ela
nasceu: o médico me disse; ela mamou até 2 anos (Girassol).
Eu tive meu filho com 18 anos, fiz pré-natal, pari na Santa Casa e
soube que ele tinha Down após 4 meses. Amamentei até 5 meses
(Margarida).
Eu o tive com 40 anos. Hoje ele tem 12 anos. Fiquei grávida 5 vezes,
tive um aborto e tenho 4 filhos; não fiz pré-natal, nem exames; meu
parto foi normal; eu não amamentei meu filho, naquele tempo ninguém
tinha informação. Hoje já tem (Tulipa).
Cada participante compartilhou com o grupo seu antecedente obstétrico, história
da gravidez, parto, puerpério, ambiente hospitalar, momento da notícia sobre
seu filho e amamentação.
Diante destas falas constatamos que naquela população a incidência da síndrome
de Down é maior nas mães com idade superior a 35 anos ou mais. Ocasionalmente,
a criança com síndrome de Down é o primeiro filho de uma mãe jovem(18).
Verificamos, também, que elas amamentaram seus filhos, com exceção de Tulipa,
que, por falta de orientação, deixou de oferecer um alimento rico em nutrientes
e muito importante para a saúde, crescimento e desenvolvimento.
Amamentar bebês com síndrome de Down é o primeiro e principal passo para que se
estimule a musculatura bucal e facial. O aleitamento materno é o melhor que
pode existir para estes bebês, tanto como nutrição, como trabalho muscular.
Além de ajudar a melhorar o tônus muscular dos lábios, boca e língua, é muito
importante para o desenvolvimento dos dentes e da linguagem(19).
As famílias, ao receberem a notícia de que o filho é portador de síndrome de
Down, necessitam de segurança, apoio, confiança e dignidade, fazendo com que
não fujam da realidade, mas enfrentem-na e construam algo. Para isso, as
enfermeiras devem estar em sintonia com a paz e o bem-estar, pois é o amor a
justa medida, a ternura, a cordialidade, a convivência e a compaixão que
garantem a humanidade das pessoas(20).
Depois desse momento, procuramos deixar as participantes conversando. Em
seguida, fizemos a "construção da árvore", para identificar as facilidades e as
dificuldades no ato de cuidar do seu filho. A árvore foi construída com folhas
verdes e amarelas, onde as folhas verdes representaram as facilidades no
cuidado e as folhas amarelas, as dificuldades do cuidado com o portador de
síndrome de Down. Na ocasião, cada participante colocou suas folhas fixadas na
parede, próxima ao caule, dando a idéia de uma árvore.
Eu gosto de cuidar dele, porque ele é uma criança muito ativa e
carinhosa, mas a maior dificuldade é controlar sua alimentação; ele
não gosta de brincar com os outros e ele não fala (Gardênia).
Ela já não me dá muito trabalho, até que ela é obediente, mas nós
temos uma dificuldade, ela é muito enraivada quando não fazemos o que
ela quer (Chuva de Prata).
É fácil cuidar da alimentação, da higiene e da educação. Minha maior
dificuldade é a comunicação com ele, pois ele não fala bem, ficando
difícil de entender o que ele realmente sente (Margarida).
As facilidades que encontro no cuidar dele é na sua alimentação, pois
ele não dá trabalho para comer, na higiene. Ele é brincalhão, alegre
e obediente. O que mais dificulta é a comunicação Estou muito
preocupado com a questão da fala (Lírio).
Os portadores da síndrome de Down têm uma tendência à obesidade. Percebemos,
então, a necessidade de um controle alimentar, pois a obesidade acarreta uma
série de problemas para a saúde.
Vimos também que, na maioria dos depoimentos, a comunicação representa uma
preocupação para os pais. A criança com síndrome de Down apresenta um atraso na
aquisição e desenvolvimento da linguagem, se comparada a outra criança. Este
atraso ocorre nas características físicas ou ambientais que influenciam
negativamente o processo de desenvolvimento, tais como: problemas de acuidade e
discriminação auditiva, alteração do alinhamento dos dentes, língua grande
(macroglossia) ou cavidade oral pequena, dentre outros. De maneira geral, a
criança, o jovem, ou o adulto com síndrome de Down possuem dificuldades
variadas no desenvolvimento da linguagem; por isso, é importante o quanto antes
criar um ambiente propício para favorecer a evolução da linguagem, porque,
agindo assim, melhor será o seu futuro(21).
Ao final deste encontro, despedimo-nos, agradecendo a presença, a participação
e convidamos para o próximo momento, enfatizando que a data e local seriam
comunicados para os seus filhos. Cada encontro foi preparado de forma
particularizada, levando-se em consideração as situações vivenciadas, bem como
os dados coletados nos encontros anteriores. O resultado desses encontros
tornou-se um somatório, tendo sempre em vista que cada momento teve sua
particularidade.
Ao segundo encontro compareceram cinco pais, sendo que dois já tinham
participado do primeiro encontro e os demais estavam participando pela primeira
vez. Inicialmente desejamos boas vindas e, em seguida, resgatamos o primeiro
encontro para aqueles que estavam ali pela primeira vez. Depois sentamos em
círculo e perguntamos aos pais acerca do crescimento e desenvolvimento e sobre
as atividades exercidas por eles no lar para a estimulação de seu filho, por
meio das dinâmicas, apresentando seu filho e o boneco, respectivamente.
Neste momento do segundo encontro retomamos a segunda fase da Teoria
Humanística de Paterson e Zderad, denominada o diálogo intuitivo, que envolve o
encontro, o relacionamento, a presença e o chamado a uma resposta, desenvolvida
com as famílias, quando utilizamos as observações dos cuidados realizados pelos
pais com seus filhos.
Inicialmente, procurando estabelecer uma relação empática, despojando-nos de
visões preconcebidas, conhecendo o outro intuitivamente. Nessa fase, o Tu se
torna presente, a presença se instaura; o instante dá-se quando existe
presença, encontro, relação(22). Nesse momento, utilizamos a dinâmica "com que
cara está chegando", cuja finalidade era facilitar o entrosamento e conhecer a
disposição dos participantes. Foi solicitado a cada participante construir um
porta-retrato com moldura para desenhar a sua cara de chegada no grupo(23).
Alegre, pois estou sempre de bem com a vida (Margarida).
Curiosa, porque eu sou assim (Girassol).
Sonolenta, porque pela manhã fico assim (Dália).
Estou alegre, logo estou com saúde graças a Deus e pra mim está sendo
bom participar destes encontros (Lírio).
Alegre, porém um pouco apressada (Gardênia).
Por meio da dinâmica, cada pai pôde expressar sua disposição ao encontro,
enfatizando a importância do grupo e incentivando os demais participantes mesmo
diante de algum compromisso. Ao analisarmos estas falas, concordamos que cada
um de nós é um ser singular e, por sermos todos diferentes, o tripé simpatia/
empatia/antipatia ocorre de forma extraordinariamente pessoal, mas há em nós
uma força interior capaz da enriquecer nossos relacionamentos (24).
Na dinâmica "apresentando o seu filho", cada participante pôde demonstrar o
aspecto do crescimento e desenvolvimento de seus filhos. Neste momento,
dispomos, em um painel, as atividades realizadas pelo filho, como: anda, come,
fala e "experencia" a vida. Cada participante retirou do painel e apresentou as
ações executadas pelo seu filho.
Isso ele faz perfeito, anda sozinho (Lírio).
Vou escolher o come sozinho, pois foi a primeira coisa que ele
aprendeu a fazer (Margarida).
Meu filho come sozinho (Gardênia).
Fala perfeitamente, tudo (Girassol).
Ela faz tudo isso só, anda, fala, come e até mais, dança, lava louça
(Chuva de Prata).
Notamos que há certo orgulho por ver seu filho crescer e se desenvolver como as
demais crianças, pois os portadores da síndrome de Down possuem um ritmo de
desenvolvimento da linguagem lento.
Lírio, Margarida e Gardênia acreditam que seus filhos irão atingir sua
expectativa, que é realizar suas atividades sozinhos, pois isso é só uma
questão de tempo, porque eles estão se empenhando bastante para que isso
aconteça.
A seqüência de desenvolvimento da criança com síndrome de Down geralmente é
bastante semelhante à de crianças sem a síndrome, embora em um ritmo mais
lento, conforme mencionado anteriormente. Esta demora em adquirir determinadas
habilidades pode prejudicar as expectativas que a família e a sociedade têm da
pessoa com síndrome de Down. Durante muito tempo estas pessoas foram privadas
de experiências fundamentais para o seu desenvolvimento porque não acreditavam
que fossem capazes. Todavia, atualmente, já é comprovado que crianças e jovens
com síndrome de Down podem alcançar estágios muito avançados de raciocínio e de
desenvolvimento(19).
Direcionamos o diálogo para o terceiro objetivo do encontro: identificar as
atividades executadas no lar para a estimulação de seu filho, mediante a
dinâmica "o boneco"(25), em que, na forma de círculo e ao som de uma música, um
boneco era entregue a um participante e o facilitador de costas para o grupo
dava a oportunidade de passar o boneco para todos; porém, quando a música
parasse, quem estivesse com o boneco deveria relatar as atividades exercidas no
lar para a estimulação de seu filho.
Ponho-a para fazer as tarefinhas e acordo ela pra ir ao colégio
(Dália).
Peço-lhe para enxugar os talheres, colocar a toalha no varal, a
sandália no quarto. Pretendo melhorar sua coordenação motora no
próximo ano (Margarida).
Ensino ele a falar. Porque é a única coisa que eu quero. Mas também
eu o coloco pra se vestir sozinho sempre dizendo como é o certo
(Lírio).
Peço a ela para lavar suas peças íntimas e as louças do jantar
(Girassol).
Diante dos depoimentos vimos que os pais estimulam seus filhos de várias
formas, como na educação, na coordenação motora, na fala e nas
responsabilidades com a higiene pessoal e doméstica. Para que isso aconteça é
necessário que a família crie um ambiente favorável e estimulador e nunca falar
por seu filho, devendo, também, observar suas características individuais e
atender às necessidades específicas, ajudando-o a se comunicar e a ver a
linguagem como uma forma facilitadora para a realização de seus desejos e
expressão de seus sentimentos.
Atualmente, são realizados programas de estimulação precoce que visam a
favorecer o desenvolvimento motor e intelectual das crianças com síndrome de
Down. Estes programas indicam melhoras no desempenho da criança nos primeiros
anos de vida. A estimulação precoce não é a cura da síndrome de Down, mas
fornece oportunidades para o desenvolvimento dos potenciais da criança. É
necessário, acima de tudo, que se acredite e se trabalhe com as potencialidades
(3).
A dinâmica ainda permitiu que os pais refletissem sobre o papel da família na
condução do processo de desenvolvimento de seu filho no mundo social. A relação
Eu-Tu (22) permitiu-nos o conhecimento de cada participante/família, numa
relação solidária, observando e utilizando meios de comunicação verbal e não
verbal para captar os dados objetivos e subjetivos no cuidado.
No terceiro encontro buscou-se a fase do processo denominada diálogo
cientifico, quando se estabelece a relação Eu-Isso(22). O conhecendo
cientificamente o outro é o conhecimento vivenciado na relação sujeito-objeto,
obtendo-se algum conhecimento pela coleta de dados, permitindo a interpretação,
categorização e o acréscimo desse conhecimento(7).
Iniciamos, utilizando a dinâmica "o desejo ao próximo"(17). Cada participante,
de posse de uma bexiga, colocava dentro uma mensagem de otimismo para alguém,
então encheria o balão e quando todas as bexigas estivessem cheias cada um
deveria manter ar numa representação de que esses desejos estariam se
multiplicando para todos. No final, cada um pegou uma bexiga, estourou-a e leu
a mensagem.
Quero que todos realizem seus desejos e que sejam felizes (Lírio).
Que o otimismo possa reinar em nossas vidas (Margarida).
O amor e a fé são muito importantes para a vida (Dália).
Força, garra e paz para enfrentar os obstáculos (Tulipa).
Nas falas dos participantes, evidenciamos vivências pessoais, familiares, fé e
momentos felizes. Ficamos impressionadas com a liberdade que sentiram em
expressar seus sentimentos, que revelaram felicidade, otimismo, força, amor, fé
e paz como elementos importantíssimos para vivermos de bem com a vida e com o
semelhante. O compartilhar do grupo deixa evidente a congruência do marco
conceitual dessa metodologia, pois acreditamos que o ser humano se relaciona
com os outros seres humanos, individualmente ou em grupos, e na sociedade como
um todo(26).
Ao analisarmos as mensagens dos depoentes Lírio, Margarida, Dália e Tulipa
podemos até dizer que a felicidade depende de diversas variáveis, como a
família unida, o envolvimento com a sociedade, ou seja, a prestação de ajuda do
próximo e a intimidade com Deus, pois a fé é a base da coragem do ser(27).
Para dar continuidade ao nosso encontro, utilizamos a dinâmica "cores dos
sentimentos", que após a escolha de uma cor, seu sentimento seria expresso a
partir dessa cor.
Branco, porque meu filho é sinônimo de paz, carinho e Deus me deu
ele assim para eu saber o que é amor de filho (Tulipa).
Escolho o verde porque é a cor da esperança. E esse tempo todo que
lutei por meu filho, apesar das dificuldades, teve muito sucesso,
tenho esperança de coisas melhores para ele (Margarida).
Rosa, porque simboliza ternura e é isso que minha filha transmite
(Girassol).
Conviver com minha filha me traz muita paz. E que Deus dê muitos anos
de vida e saúde para ela e o restante da família, por isso é que
escolho o branco (Chuva de Prata).
Escolho o branco porque desejo muita paz e tudo que for bom pra ele.
É aquilo que Deus me deu, é a minha missão (Gardênia).
Observamos que nestas falas as depoentes Tulipa, Chuva de Prata e Gardênia
escolheram o branco porque representa a paz ao conviver com seus familiares e
gostam muito de cuidar e do carinho de seus filhos, pois eles trazem uma força
que proporciona o bem-estar da família. O portador da síndrome de Down é muito
amoroso, comprovando esta afirmação na fala de Tulipa, em que ela expressa que
só conhece o amor devido ao seu filho.
Os pais possuem esperança de dias melhores ou de que seus sonhos sejam
realizados, como é o caso de Margarida, que almeja a independência e o ingresso
de seu filho no mercado de trabalho. A ternura foi um dos sentimentos abordados
entre os participantes, que para Girassol significa meiguice, carinho, amor e
paz.
Podemos perceber sentimentos de paz, esperança, ternura e desejo divino, que os
sentimentos são nosso sexto sentido, aquele que interpreta, organiza, dirige e
resume os outros cinco(28). Os sentimentos nos dizem se o que estamos
experimentando é alegre ou triste, prazeroso ou doloroso e ameaçador.
...posso até dizer mais amorosa que os outros filhos (Dália).
Minha linda tem 29 anos, há 10 anos estuda aqui, na APAE. Tem
problemas na garganta por isso usa antibiótico. Ela comporta-se
normal e é muito sensível. É uma coisa normal (Girassol).
Ele tem 5 anos, há 2 anos estuda aqui. Já tomou fenobarbital e hoje
só toma neuroleptil, em casa tem o comportamento hiperativo e não
consegue se concentrar. Viver com uma criança com síndrome de Down é
um desafio (Gardênia).
Meu filho tem 12 anos, e há 9 anos estuda na APAE. Comporta-se bem e
não toma remédio controlado. É uma pessoa normal, apenas precisa de
mais atenção e carinho. Mas ele é um amor de pessoa, é muito
atencioso comigo (Tulipa).
Diante dos depoimentos, vimos a responsabilidade e a preocupação dos pais em
manter seus filhos na escola para que sejam estimulados e socializados também
em ambiente fora do lar. Eles possuem uma vida normal, gostam de jogar bola,
assistir à televisão, correr e brincar com os irmãos, mantendo, assim, um
relacionamento familiar normal.
Analisando as respostas dos pais, percebemos que eles vivem normalmente,
deixando transparecer que a família é a base para a integração de seus filhos,
sem traumas na sociedade. Se o ambiente familiar não for incluso, com a criança
participando de festas, indo aos mesmos locais dos irmãos, dos primos, a
sociedade também não será(28).
A criança é um ser que pertence a um grupo familiar e necessita de amor e
proteção para concretizar a sua existência. A família é saudável quando se
constitui a partir de laços afetivos, expressos por gestos de carinho e amor,
capazes de manifestar sentimentos, dividir conhecimentos, crenças e valores(6).
Os pais devem tratá-la como a seus outros filhos - com direitos, deveres e
limites definidos. Na fase da adolescência, deve colocá-la em oficinas
profissionalizantes mais coerentes com sua aptidão para que adquira maior
independência familiar e financeira.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de utilizar dinâmicas para o desenvolvimento deste estudo teve a
princípio o intuito de mostrar o quão é belo perceber o outro de forma humana e
compreensiva, o olhar humanitário sobre os portadores de síndrome de Down e
suas relações com a família, apoiadas pela Teoria Humanística, que mostra o
encontro da família com o filho portador de síndrome de Down, retratando o seu
conviver.
Na relação Eu-Tu, emergiram informações sobre os participantes, a
caracterização de seus filhos, os aspectos do crescimento e desenvolvimento, a
estimulação dos pais, o sentimento quanto às ações realizadas pelo filho no
aspecto cognitivo-afetivo-social e motor. Na relação Eu-Isso, o que eles fazem
para acompanhar o tratamento de seu filho e a compreensão acerca da doença. Na
relação Nós, foi abordado o espírito de comunhão, ou seja, a verdadeira doação
da família.
Assim, podemos relatar que a maioria dos pais entrevistados teve seus filhos
antes dos 35 anos e só souberam que eles eram portadores da síndrome de Down
após o nascimento dos mesmos. E ao receberem a notícia houve um momento de
choque, mas logo aceitaram a idéia e abraçaram a causa de ter um filho
especial, dando-lhes todo o amor que somente os pais são capazes de dar.
Observamos também que três dos sete participantes deste estudo têm certa
dificuldade no cuidar de seus filhos no tocante à comunicação e um dos sete, na
alimentação e convivência dele com outras crianças. Comprovamos também que
alguns portadores da síndrome de Down realizam, com habilidade, o andar, o
comer, o vestir e, além disso, eles dançam, executam as tarefas domésticas e
têm facilidade de se comunicar. Isso se deve aos estímulos dados pela família e
escola para que se tornem independentes, criando, assim, um ambiente propício
para socialização e relacionamentos com diferentes pessoas.
Encontramos a paz, a esperança a ternura e o desejo divino nos depoimentos dos
participantes quanto ao sentimento por seu filho, que traz a fé e a força na
busca de dias melhores ou conquistas tão sonhadas. Percebemos que a família
está sempre presente no cuidado, na educação, e em tudo que a criança precisar,
seja de amor, de carinho, de compreensão, que eles estão ali dando todo o apoio
e atenção. Observamos no estudo que a convivência familiar ocorre de forma
natural, ou seja, os pais desempenham seu papel, dando uma atenção especial,
tanto à educação, como ao amor, ao carinho, à fraternidade, enfim, dando-lhes
uma boa base familiar, buscando sempre o estar melhor de seus filhos.
Os esforços dos pais que tentam diminuir as diferenças entre os portadores e os
normais, como também diminuir e até combater o preconceito imposto pela
sociedade foi bastante enfocado. Desenvolver este estudo para nós foi crescer
como pessoa capaz de repensar o fazer e o ser e participar, juntamente com
todos envolvidos, de uma nova maneira de oportunizar o crescimento da
convivência, visando a favorecer o bem-estar e o estar melhor da família.