Estresse: fatores de risco no trabalho do enfermerio hospitalar
PESQUISA
Estresse: fatores de risco no trabalho do enfermerio hospitalar
Stress: risk factors on hospital nurse's work
Estrés: factores de riesgo en el trabajo del enfermero hospitalar
Liciane Langona MontanholiI; Darlene M. dos Santos TavaresII; Gabriela Ribeiro
de OliveiraIII
IAcadêmica do VIII período de Graduação de Enfermagem da Faculdade de Medicina
do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG
IIAcadêmica do VIII período de Graduação de Enfermagem da Faculdade de Medicina
do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG
IIIEnfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto do Centro de Graduação
em Enfermagem da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG
1. INTRODUÇÃO
O estresse é resultante da percepção entre a discordância das exigências de
determinada tarefa e os recursos pessoais para cumpri-las. Uma pessoa pode
sentir tal discordância como desafio e, em conseqüência, reagir dedicando-se à
tarefa. Ao contrário, se a discordância é percebida como ameaçadora, o
trabalhador enfrentará uma situação estressante negativa, que poderá conduzi-lo
a evitar a tarefa(1).
Os principais sintomas de estresse, destacados por Candeias(2), são: suor,
calores, dor de cabeça, tensão muscular, alteração no batimento cardíaco, dores
de estômago, colite e irritação. O estresse pode também se refletir em de
atrasos, insatisfação, sabotagem e baixos níveis de desempenho no trabalho(3).
Com isso, haverá uma diminuição da qualidade do serviço prestado, afetando não
apenas a população atendida, mas também a saúde e a qualidade de vida do
trabalhador.
Concernente à enfermagem, o estresse está presente no seu cotidiano desde
tempos remotos. Uma das características marcantes da profissão foi a divisão
social do trabalho(4). Na maioria das vezes, o enfermeiro é responsável pelo
gerenciamento do cuidado e da unidade e, os técnicos e auxiliares de enfermagem
pelo cuidado direto ao cliente. Desta forma, há uma cisão entre os momentos de
concepção e execução do cuidado(5).
Outros fatores, próprios da tarefa da enfermagem, são considerados fontes de
estresse, como as exigências em excesso e as diferentes opiniões entre os
colegas de trabalho(6). Além disso, a enfermagem enfrenta uma sobrecarga tanto
quantitativa evidenciada pela responsabilidade por mais de um setor hospitalar,
quanto qualitativa verificada na complexidade das relações humanas, por
exemplo, enfermeiro/cliente, enfermeiro/profissional de saúde; enfermeiro/
familiares.
Os enfermeiros cuidam de clientes e familiares e, às vezes, pelas contingências
do cotidiano, esquecem de se preocupar com sua qualidade de vida, em especial
com sua saúde. Neste contexto, destaca-se a dupla jornada de trabalho,
vivenciada por grande parte destes profissionais, que de certa forma, acaba por
favorecer a diminuição do tempo dedicado ao auto-cuidado e ao lazer,
potencializando o cansaço e, conseqüentemente, gerando o estresse.
Profissionais que trabalham com pessoas em sofrimento, como é o caso dos
enfermeiros, vivenciam freqüentemente situações de estresse, visto que os
problemas nem sempre são solucionados imediatamente e com facilidade(7).
Ademais, cada setor submete o enfermeiro a um grau variado de estresse, como se
pode notar no Centro de Terapia Intensiva (CTI). As suas características
intrínsecas, como a rotina do trabalho mais acelerada, o clima constante de
apreensão e a situação de morte iminente, acabam por exacerbar o estado de
estresse(8).
Outro fator estressante está relacionado com o turno de trabalho. As jornadas
noturnas podem levar ao desconforto e mal-estar. O sono diurno posterior ao
trabalho noturno sofre grandes perturbações, tanto na sua estrutura interna
quanto na sua duração. Sabe-se, também, que o primeiro sono noturno após um
período de trabalho noturno não apresenta suas características específicas(9).
Os fatores intrínsecos da profissão, descritos acima, em conjunto com os
institucionais, podem levar a subutilização das capacidades ou desvalorização
do trabalhador, expressa na sua baixa estima. Desta forma, o enfermeiro pode
vivenciar um quadro de estresse, o que o deixará mais susceptível a apresentar
distúrbios relacionados ao seu bem estar e à sua saúde. Assim, o enfermeiro
deve buscar mecanismos que visem minimizar as fontes geradoras de estresse.
Desta forma, através do conhecimento dos principais fatores de risco para o
estresse, é possível desenvolver atividades coletivas no trabalho, com vistas a
diminuir o estresse, promover a saúde dos trabalhadores em enfermagem e
melhorar a qualidade de assistência prestada à população.
2. OBJETIVOS
- Descrever as características da população estudada segundo as variáveis:
sexo, faixa etária, tempo de trabalho, atividade funcional, setor de trabalho,
qualificação profissional, turno de trabalho e jornada,
- Identificar a influência das variáveis: sexo, turno, outro vínculo
empregatício, tempo de trabalho na instituição, faixa etária, setor de
trabalho, com risco para estresse e
- Descrever os principais fatores de risco para o estresse, a que estão
submetidos os enfermeiros de um Hospital Escola, segundo variáveis: conflito de
funções, sobrecarga de trabalho, relacionamento interpessoal, gerenciamento de
pessoal e situações críticas.
3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e observacional.
A amostra populacional foi constituída por enfermeiros que trabalham no
Hospital Escola da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro.
O hospital, acima citado, localiza-se no interior de MG, constituindo-se no
principal centro de atendimento hospitalar da região. É um hospital geral, de
grande porte, com 250 leitos, distribuídos em unidades de internação e têm no
seu quadro 58 enfermeiros. Está vinculado a uma autarquia federal e tem como
finalidade desenvolver e apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão,
visando contribuir para a formação e qualificação profissional, geração de
novos conhecimentos e tecnologias, na área de saúde e difusão de conhecimentos
e tecnologias(10).
Para proceder a coleta dos dados foram agendados encontros com os enfermeiros
no Hospital Escola, de acordo com suas preferências. Utilizou-se a escala de
estresse no local de trabalho adaptada por Lautert et al(11), que contempla as
variáveis: conflito de funções, sobrecarga de trabalho, relacionamento
interpessoal e situações críticas. As alternativas de resposta eram: ausência
de estresse (0 ponto), pouco estresse (1 ponto), estresse moderado (2 pontos),
muito estresse (3 pontos), estresse máximo (4 pontos) e não se aplica.
Após a coleta dos dados, construiu-se banco de dados no programa EPIINFO vs 6.
A análise dos dados foi realizada através da distribuição de freqüência,
cálculo do risco relativo (RR), entre estressados e não estressados para as
variáveis sexo, turno, outro vínculo empregatício e teste c2 (p< 0,05) para as
variáveis faixa etária, setor de trabalho, tempo de trabalho na instituição.
O cálculo da mediana geral, da escala, foi considerado ponto de corte para
classificação dos enfermeiros. Desta forma, os enfermeiros foram classificados
em estressados quando a mediana localizava-se acima do ponto de corte e,
conseqüentemente, não estressados quando estava abaixo.
Posteriormente, para cada variável de interesse (conflito de funções,
sobrecarga de trabalho, relacionamento interpessoal e situações críticas) foi
calculada a mediana da escala, possibilitando, comparar com a mediana obtida
nas respostas, identificando, assim, os fatores que causam maior estresse entre
os enfermeiros estudados.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, protocolo nº 386. O termo de
consentimento livre e esclarecido foi obtido pelos pesquisadores, a partir da
anuência dos sujeitos, dos esclarecimentos que se fizeram necessários e,
somente após, iniciou-se a coleta dos dados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Características da população estudada
Participaram deste estudo 85,7% dos enfermeiros que trabalham no Hospital
Escola da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, sendo que o restante
recusou-se a participar do estudo.
Quanto à distribuição entre os sexos, a maioria é do feminino (87,5%). Estudo
realizado por Lima(12), no centro cirúrgico, relata também a predominância do
sexo feminino na enfermagem (84%). Estes resultados têm aderência à estatística
nacional, na qual, as enfermeiras representam 99,9% dos profissionais da área
(13).
Referente a faixa etária, 50% dos enfermeiros encontram-se entre 20 |¾ 35 anos
e a outra metade entre 35 |¾ 60 anos.
Verificou-se que 14,6% dos enfermeiros trabalham há menos de um ano neste
hospital, 14,6% trabalham de 1|¾ 5 anos, 16,6% trabalham de 5 |¾ 10 anos 33,4%
entre 10 |¾ 15 anos, 10,4% de 15 |¾ 20 anos e 10,4% trabalham entre 20 |¾ 25
anos. Possivelmente a garantia de emprego proporcionada pelos concursos
públicos e a possibilidade de melhoria salarial são fatores que estimulam o
enfermeiro a manter o vínculo empregatício por tantos anos.
A atividade funcional com maior percentual é enfermeiro de setor (77,1%),
seguido pelo coordenador de enfermagem (16,7%), gerente de enfermagem (4,2%) e
diretor de enfermagem (2,1%). Neste hospital, o diretor de enfermagem é
responsável pelo gerenciamento da equipe de enfermagem, resolvendo questões
administrativas. O gerente de enfermagem se responsabiliza pelas questões
administrativas dos setores e, em geral, permanece na diretoria de enfermagem.
O coordenador de setor trabalha diretamente no setor, sendo responsável por
gerenciar a equipe (escala mensal, treinamento de pessoal, dentre outras) e o
enfermeiro do setor presta assistência de enfermagem juntamente com a equipe de
enfermagem.
Concluíram Curso de Especialização Lato Sensu 70,8% dos enfermeiros e 29,2%
possuem graduação. Em 1993, Aquino(4) verificou que apenas 0,01% dos
enfermeiros estudados tinha concluído curso de pós-graduação. Observa-se,
portanto, o crescente aumento nos cursos de pós-graduação e do interesse dos
enfermeiros em se aperfeiçoarem.A pós-graduação pode melhorar não apenas a
assistência ao cliente, com também atenuar as fontes de estresse, pois o
conhecimento pode gera maior domínio da situação.
O local de trabalho foi subdividido em setor assistencial, no qual trabalha a
maioria dos enfermeiros (83,4%) e setor administrativo. Os setores
assistenciais foram subdivididos em: cuidados intensivos (CTI adulto, CTI
pediátrico, UTI coronariana, PS adulto e PS infantil) com 25% dos enfermeiros;
cuidados semi-intensivos (unidade de infecção hospitalar, berçário e bloco
cirúrgico) representando 18,8% e cuidados intermediários (clínicas médica e
cirúrgica, neurologia, ortopedia, pediatria e ginecologia e obstetrícia) com
18,8% dos enfermeiros e 20,8% trabalham em dois ou mais setores.
No período diurno, trabalham 83,3% dos enfermeiros e 16,7% no período noturno.
Destaca-se que todos os enfermeiros, do Hospital Escola, são responsáveis por
dois ou mais setores no período noturno havendo, portanto, maior possibilidade
de sobrecarga de trabalho neste período. O trabalho noturno apresenta
peculiaridades, como as relatadas por Lima(12). Este autor afirma que o maior
percentual de funcionários que apresenta estado mental comprometido trabalha no
período noturno, além disso, a maioria destes sente-se anormalmente irritados
com pequenas coisas.
Verificou-se que 45,8% dos enfermeiros possuem outro vinculo empregatício, o
que pode ser resultado da necessidade de complementação salarial. Dupla jornada
de trabalho também é uma realidade vivenciada por 53,9% das trabalhadoras de
enfermagem de um hospital público em Salvador, totalizando uma carga horária
semanal de 45,7 ± 19,5 horas(14).
A dupla jornada de trabalho, muitas vezes, leva por si só à sobrecarga de
trabalho. Considerando que a maioria dos profissionais de enfermagem é mulher e
a condição feminina, por sua vez, ainda agrega outras atividades no lar, ocorre
um sinergismo dentre as atribuições desta profissional, que pode propiciar o
estresse. Desta forma, a exigência em excesso, fonte geradora de estresse, leva
a diminuição do rendimento da trabalhadora e do tempo dispensado para seu
autocuidado e lazer. Formando-se, assim, uma situação em que o trabalho gera o
estresse e diminuição do autocuidado pode gerar estresse crônico.
4.2. Fatores de risco para o estresse
Para identificar a influência das variáveis: sexo, turno, outro vínculo
empregatício com risco para estresse foi calculada, inicialmente, a mediana
geral da escala, como dito anteriormente, obtendo-se o valor de 98 pontos,
considerado, então o ponto de corte para classificação entre estressados (acima
de 98 pontos) e não estressados (abaixo de 98 pontos). Assim, verificou-se que
52% da população estudada foi classificada em estressada.
Após a classificação dos enfermeiros em estressados e não estressados,
procedeu-se o cálculo do risco relativo. Os resultados mostraram que os
enfermeiros classificados em estressados não teriam maior probabilidade de
apresentarem esta condição em relação aos não estressados em razão das
variáveis: sexo, turno e outro vínculo empregatício. Ou seja, o risco para o
estresse não apresentou associação significativa para as variáveis referidas
acima.
Quanto as variáveis: faixa etária, setor de trabalho e tempo de trabalho na
instituição e sua relação com o risco de estresse, calculou-se o teste c2. Os
resultados evidenciaram que quanto maior a faixa etária dos enfermeiros, maior
o risco de estresse no desenvolvimento da atividade gerenciamento de pessoal
(c2=35; p = 0,00386). Os demais variáveis não apresentaram associação
significativa com o risco para o estresse.
Estudo realizado por Lautert, et al(11) avaliaram o estresse na atividade
gerencial do enfermeiro e constataram que 48% dos sujeitos estudados referiram
estresse para o desenvolvimento desse trabalho.
Buscando identificar os principais fatores de risco para o estresse de acordo
com as variáveis de interesse (situações críticas, sobrecarga de trabalho,
relacionamento interpessoal, gerenciamento de pessoal e conflito de funções),
calculou-se a mediana da escala e das respostas obtidas, apresentadas no quadro
1.
Observa-se, no quadro_1, que a variável situações críticas, foi considerada a
fonte geradora de estresse, pelos enfermeiros. A partir deste resultado
passamos a descrever os itens estudados nesta variável que constituem as fontes
geradores de estresse, visualizadas no Gráfico_1.
Destacam-se os itens que mais 50% dos enfermeiros referiram como maiores fontes
de estresse: enfrentar as crises (67%), sentir-se desvalorizado (63%); ter
subordinados pouco competentes (58%), sentir-se só para tomar decisões (56%) e
a remuneração (50%).
Sabe-se que, atualmente, a maioria dos hospitais universitários está passando
por crise financeira, momento em que, por vezes, faltam recursos humanos e
materiais para oferecer assistência digna ao ser humano.
Lautert(15), ressalta que o hospital por se tratar de uma instituição que visa
o cuidado e tratamento de problemas de saúde da população, imaginava-se que
esses locais fossem capazes de oferecer condições adequadas para o exercício
profissional. Mas, o que se observa são organizações exigentes, competitivas e
burocráticas que acabam massificando os trabalhadores.
Tais fatores podem desencadear outras situações que contribuem com estresse
vivenciado pela equipe de enfermagem, presente no ambiente hospitalar. Destaca-
se que, nesta circunstância, o relacionamento interpessoal pode estar sendo
prejudicado, quando se observam alguns itens que perpassam esta questão como:
falta de poder e influência (40%); incompatibilidade com superior hierárquico
(44%), subordinados pouco competentes (58%) e o fato dos enfermeiros sentirem-
se só frente às tomadas de decisões (56%).
Além do estresse advindo do relacionamento entre a própria equipe de
enfermagem, há também o estresse decorrente da interação com a equipe
multiprofissional.
Segundo Araújo(14) a enfermagem, regida pela lógica do cuidado, por vezes,
ainda mantém-se subordinada à lógica da cura, exercida pelos médicos. O
enfermeiro sendo o elo de ligação entre a equipe de enfermagem e a equipe
médica, pode sofrer tensões decorrente de conflitos e atritos entre as equipes.
O sentimento de desvalorização referido por 63% dos enfermeiros está acima dos
percentuais (58%) obtidos por Lima(12). O referido autor afirma que aceitação
do grupo é uma questão muito relevante para o profissional. De acordo com Rocha
(8) o relacionamento com os colegas de trabalho é um fator protetor para o
estresse e o reconhecimento profissional gera satisfação no trabalho. Ademais,
o uso constante da mente e o alto grau de responsabilidade estão relacionados
ao incômodo e a fadiga.
Segundo Glima(16), o estresse pode se agravar quanto menor for a autonomia do
enfermeiro. A insatisfação no trabalho também pode influenciar no
desenvolvimento das atividades diárias do enfermeiro, causar desânimo, falta de
interesse e, por sua vez, gerar cada vez mais estresse(17).
Interessante observar que o item nível de remuneração não ocupou o primeiro
lugar como fonte de estresse, o mesmo ocorrendo com os dados encontrados por
Rocha(8). Destaca-se que aproximadamente 50% dos enfermeiros que participaram
deste estudo referem ter outro vínculo empregatício.
Ressalta-se que, apesar da política salarial imposta pelo Governo Federal, nos
últimos anos, o enfermeiro do Hospital Escola tem tido maior preocupação com
outras questões, destacadas acima, acerca do processo de trabalho em saúde.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os enfermeiros que participaram deste estudo são, na maioria, do sexo feminino,
possuem de 20 a 35 anos, trabalham no hospital entre 10 a 15 anos, possuem
Curso de Especialização Lato Sensu, são enfermeiros de setor, desenvolvem
atividades assistenciais e trabalham no período diurno.
Verificou-se que 52% dos enfermeiros foram classificados como estressados,
estando esta condição relacionada à função gerencial, conforme aumenta a faixa
etária, e o enfrentamento de situações críticas.
Dentre as situações críticas, os itens considerados fatores de risco para o
estresse destacam-se: enfrentar as crises e a remuneração. Considera-se que
estes dois itens têm raízes nas questões macroeconômicas e estruturais do país.
Nesta perspectiva, é de pouca governabilidade dos enfermeiros do Hospital
Escola. É claro que ações podem ser feitas e têm sido realizadas como as
gestões junto aos Governos Federais, Estaduais e Municipais, assim como as
parcerias com a sociedade civil organizada para o enfrentamento da crise
hospitalar. Quanto à remuneração, são possíveis ações no sentido de
organização, discussão e reflexão através das associações, sindicatos dentre
outros fóruns, para a definição de propostas de encaminhamento. Contudo, são
questões de resolução a médio e longo prazo.
Quanto aos itens sentir-se desvalorizado, ter subordinados pouco competentes e
sentir-se só para tomar decisões, observa-se, em relação aos anteriores, maior
governabilidade dos enfermeiros para minimizar tais fontes geradoras de
estresse. A implementação de atividades de educação permanente com a equipe de
enfermagem, abordando temas específicos de profissão, que necessitam de maior
aprofundamento, humanização nas relações de trabalho, estudo de casos que
contribuam na tomada de decisão e auto-estima, dentre outros, poderão
contribuir para diminuição do estresse. Tais atividades devem ser desenvolvidas
a partir da necessidade do grupo, ter aderência com a prática profissional e a
equipe de enfermagem ser ator do processo de re-construção do conhecimento.
A dinamização do relacionamento da equipe de enfermagem, assim como da equipe
multiprofissional poderá propiciar uma comunicação mais efetiva e, é possível
que os enfermeiros sentir-se-ão mais valorizados, mais seguros no desempenho do
seu trabalho, favorecendo, inclusive, o enfrentamento da crise e das situações
adversas.
Desta forma, o enfermeiro estará promovendo sua saúde, o que poderá reverter
também na atenção prestada à saúde da população atendida.