Direção ou coordenação? Repensando a representatividade institucional da
enfermagem
INTRODUÇÃO
Vive-se um período de significativas transformações gerenciais, instabilidade
social e econômica. Nesta situação, as instituições de saúde, principalmente os
hospitais, trabalham na reestruturação de seus modelos de gerenciamento, que
incidem também nos Serviços de Enfermagem.
As alterações institucionais afetam a prática gerencial do enfermeiro, que, por
consequência, influencia a prática do cuidado. As funções administrativas de
planejamento, organização, direção e avaliação exercidas por este profissional
ocupam lugar de destaque no trabalho da equipe de saúde. É neste cenário que o
enfermeiro deve apoiar o seu fazer, utilizando-se de novas tecnologias
gerenciais, a fim de tornar-se um agente de mudança da realidade dos Serviços
de Enfermagem das instituições de saúde.
Historicamente, o gerenciamento de enfermagem vem sofrendo alterações na
tentativa de utilizar meios mais eficazes que adaptem os modelos
administrativos ao seu processo de trabalho, focando sempre o cuidado ao
paciente (1).
Com isso, ressalta-se a importância de o profissional ter conhecimento de como
o seu trabalho é produzido e consumido, assim como sua relevância no contexto
social, tendo em vista que o trabalho da enfermagem não produz bens a serem
estocados e seus serviços são consumidos no momento da assistência (2). Os
cuidados realizados são o produto do seu serviço e, quando o cliente busca
tratamento e cuidados, requer vários insumos, como pessoal capacitado, material
e informações, no processo de produção caracterizado pela prestação de serviços
de enfermagem.
Compete ao enfermeiro, conforme descreve a Lei do Exercício Profissional de
Enfermagem, as funções de planejamento, coordenação, execução e avaliação da
assistência de Enfermagem, sendo o gerenciamento uma face do seu processo de
trabalho(3). Assim, ele é o responsável pelo trabalho da equipe de Enfermagem e
também pelo gerenciamento do cuidado, sendo este trabalho desenvolvido em
diferentes cargos e funções que o enfermeiro ocupa nas instituições prestadoras
de cuidados a saúde.
A Enfermagem é a única profissão da área da saúde que, em todos os espaços,
permanece 24 horas com o paciente e é ela, no papel do enfermeiro, quem
coordena o cuidado prestado pelos outros profissionais aos pacientes(4). Seu
papel "quase silencioso" no cotidiano garante, pela sua competência
profissional no processo gerencial, os insumos indispensáveis ao cuidado,
articula e encaminha os procedimentos necessários à realização de exames
complementares, supervisiona as condições de hotelaria, conversa com a família,
administra a circulação do paciente entre as diferentes áreas do hospital e
responde por um número significativo de atividades que resultam no cuidado(5).
Recentemente, alguns hospitais alteraram seus modelos gerenciais na busca de se
adequar ao modelo assistencial proposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e na
procura da sua integração a este sistema, foram necessárias várias modificações
tanto conceituais como operacionais na sua forma de gerenciamento(6). Estes
hospitais mudaram suas lógicas e tentam encontrar modelos ancorados no trabalho
multidisciplinar, com a intenção de oferecer uma assistência de melhor
qualidade aos seus usuários, na perspectiva da consolidação dos princípios do
SUS(4).
Essa reestruturação dos modelos de gestão decorre da crescente complexidade dos
processos de produção de cuidados à saúde e representa um desafio na forma como
esses profissionais se organizam para prestar a assistência(7).
A organização do trabalho na lógica de que todos os componentes da equipe de
saúde têm a mesma importância e, portanto, todos são aptos a exercer sua
liderança. Esta mudança assinala certa tendência em relativizar as
especificidades das profissões, em geral, e da Enfermagem em particular, com
ênfase na natureza complementar do trabalho em equipe. Essa nova forma de
"fazer" o trabalho sugere mudanças na forma de "pensar" o trabalho: a
interdisciplinaridade propõe a interação de profissionais de diferentes
disciplinas, conservando as especificidades de cada uma e de seus membros, para
a construção de um trabalho coletivo(8).
Para cada modelo assistencial, há um padrão gerencial e uma operacionalização
organizacional, traduzidos em cargos e funções. A dimensão mais visível das
relações de poder existentes em uma organização é aquela expressa nos arranjos
hierarquizados de autoridade, do tipo legal-formal, que se mostra nos
organogramas formais, nos regulamentos e nos rituais do cargo(4).
Em 2002 , ocorreu uma mudança no Hospital de Clínicas da Universidade Federal
do Paraná (HC-UFPR), quando o grupo diretivo mudou seu modelo gerencial,
construído em uma lógica de profissões, para um modelo na lógica de equipe(6).
Ao operacionalizar esta proposta, houve a substituição da Direção de Enfermagem
por uma Coordenação de Enfermagem. Esta alteração aconteceu ancorada,
principalmente, nos conceitos e nos pressupostos embutidos nos modelos
gerenciais aos quais eles estavam atrelados, seguindo a lógica de "unidades de
produção ou unidades funcionais".
Uma pesquisa nesta instituição mostrou que a mudança de modelo e a substituição
da Direção por uma Coordenação foi traumática para a maioria das enfermeiras,
porque representou a perda de poder e capital simbólicos, a falta de
reconhecimento e de identidade profissional, que importaram em significativas
perdas para a categoria(6).
Diante do exposto, o presente estudo justifica-se por poder instrumentalizar a
Equipe de Enfermagem na discussão de medidas que levem ao reconhecimento deste
novo contexto institucional, contribuindo com discussões que possam ser
relevantes para a (re)construção da gerência de enfermagem. Considerando que a
categoria de Enfermagem é representada na instituição por um cargo, partiu-se
do pressuposto de que sua descrição acompanha o modelo gerencial e o espaço
ocupado por ela. Assim, o objetivo deste estudo é analisar comparativamente a
descrição dos dois cargos do Serviço de Enfermagem adotados em modelos
gerenciais distintos. Esta análise será feita pela comparação das atribuições
da Direção de Enfermagem definidas na gestão anterior e da Coordenação de
Enfermagem no modelo atual.
MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, do tipo
documental quanto à coleta de dados. A pesquisa descritiva tem como objetivo a
descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre as variáveis e a pesquisa documental utiliza
materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou podem ser
reelaborados de acordo com o objeto de pesquisa(9).
O local da pesquisa foi o HC-UFPR, localizado na cidade de Curitiba, capital do
Estado do Paraná. Para a análise documental, utilizou-se a descrição das
competências do cargo de Diretor de Enfermagem do modelo gerencial anterior a
2002 e a descrição das atribuições do cargo de Coordenador de Enfermagem do
modelo gerencial posterior a 2002(10-11). A comparação dos documentos
relacionados à mudança no modelo gerencial da instituição foi operacionalizada
pela análise de conteúdo(12).
O projeto da pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do HC-UFPR,
em atendimento à Resolução nº 196/1996, do Ministério de Saúde, que versa sobre
Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos. O
projeto foi aprovado pela Parecer nº 0194.0.208.000-09. Foi também solicitada à
Direção do HC/UFPR a disponibilização de documentos oficiais para a coleta de
dados da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a leitura dos documentos relacionados à mudança no modelo gerencial da
instituição, foi possível apreender as atribuições dos referidos cargos, bem
como sua adesão à linha gerencial proposta pelo hospital, que reflete o modelo
assistencial vigente no país. Assim, antes da apresentação de uma súmula de
cada cargo, é descrito quando o cargo foi instituído e sua posição no
organograma institucional, sempre buscando localizar a representação da
Enfermagem nos dois cenários. Após a descrição dos cargos, é apresentada uma
análise comparativa dos principais aspectos encontrados.
Descrição do cargo de Direção de Enfermagem
O cargo de Direção de Enfermagem do hospital foi criado em 1981 e, no
organograma geral, estava subordinado à Direção Geral, com o mesmo nível
hierárquico das outras direções e participação do plano orçamentário do
hospital. O regulamento da instituição era seguido, e seus projetos deviam
estar em consonância com os da Direção Geral; anualmente, o planejamento e o
relatório das atividades eram encaminhados ao Conselho de Administração da
Instituição.
Dentre as competências da Direção de Enfermagem(10), encontravam-se: 1)
planejamento das estratégias político-filosóficas relacionadas ao ensino; 2)
administração, assistência e pesquisa em enfermagem; 3) gerenciamento de
recursos humanos: dimensionamento, avaliação do desempenho do profissional,
movimentação de pessoal, Educação Permanente em Enfermagem, com os programas de
educação em serviço, motivação e satisfação da equipe no trabalho; 4)
desenvolvimento e implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem;
5) auditoria da qualidade e avaliação do Serviço de Enfermagem; 6) participação
no planejamento de aquisição de material permanente e de consumo para o serviço
de enfermagem; 7) articulação da integração entre a assistência e a docência,
intra e extra-instituição; 8) possibilitar a participação da equipe de
Enfermagem na indicação dos coordenadores de área e chefias de serviço; e 9)
colaboração, por meio de estudos e projetos, com os demais serviços do hospital
visando ao alcance dos objetivos do plano diretor.
A Direção de Enfermagem estava na mesma linha hierárquica das outras direções e
ocupava assento e direito a voto nos fóruns de discussão e deliberação, tanto
no Conselho Administrativo como no Conselho Diretivo do hospital. Também teve
função executiva e normativa, representatividade junto à direção geral, órgãos
colegiados e órgãos de classe. No documento consultado fica claro que a Direção
de Enfermagem seguia o modelo político e gerencial da instituição.
Descrição do cargo de Coordenação de Enfermagem
A Coordenação de Enfermagem foi criada em 03 de fevereiro de 2003 pela
Resolução nº003/2003 do Conselho de Administração do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Paraná(11). É normativa, não possui linha de mando
nesse novo contexto e, como Coordenação, não está representada no organograma
(modelo horizontal). A Coordenação de Enfermagem esteve, desde sua instituição,
subordinada a várias direções, como a Direção de Ensino e Pesquisa, a Direção
de Corpo Clínico e, atualmente, a Direção de Assistência.
Conforme a Resolução nº003/2003 da Direção de Corpo Clínico, a Coordenação de
Enfermagem tem como atribuições(11): 1) função de assessoramento dos gerentes
das Unidades Funcionais na organização, planejamento e avaliação dos processos
de enfermagem, assim como sua implantação; 2) realizar os programas e
atividades de treinamento, aperfeiçoamento e desenvolvimento de profissionais
de enfermagem, em conjunto com a Unidade de Administração de Pessoas; 3) manter
avaliação técnica contínua dos processos de enfermagem, rever continuamente os
padrões de assistência de enfermagem do Hospital e propor seu aperfeiçoamento;
4) prestar serviços de consultoria e emitir parecer técnico de enfermagem
quando necessário; 5) conhecer e avaliar os programas de treinamento na área de
enfermagem de pós-graduação, de graduação e de nível médio das instituições
conveniadas, adequando-os às demandas da instituição; e 6) pro-mover estudos e
pesquisas no campo da Enfermagem, visando à melhoria da assistência e do nível
de conhecimento técnico/científico da equipe.
A Coordenação de Enfermagem participa, com direito a voto, do Conselho Diretivo
do hospital. Este Conselho é formado pelos diretores, gerentes e coordenadores.
No entanto, não participa do Conselho de Administração do HC/UFPR, órgão
decisório superior no organograma institucional.
Análise comparativa entre Direção e Coordenação
Ao comparar os dois cargos que representam o Serviço de Enfermagem, nos dois
modelos gerenciais distintos, percebem-se diversas mudanças na transposição de
um para o outro. Pode-se citar primeiramente que a mudança de Direção de
Enfermagem para Coordenação de Enfermagem tem significados diferentes, tanto do
ponto de vista semântico, como da representatividade.
Quadro_1
A Direção de Enfermagem ocupou uma posição definida no organograma, estando
ligada à Diretoria Geral do Hospital. Entretanto, a Coordenação de Enfermagem
não consta no organograma, aspecto que afeta sua representatividade. Em estudo
realizado em 2006, relatou-se que, quando da extinção da Direção de Enfermagem,
a autonomia do enfermeiro foi afetada, já que esta autonomia servia de
referência para as questões executivo-deliberativas na resolução dos problemas
deste grupo de profissionais(13).
Na análise dos documentos que descrevem os cargos, notam-se várias distinções.
Pode-se pontuar inicialmente a diferença entre a palavra direção e coordenação
para a denominação do Serviço de Enfermagem. O termo direção indica o ato ou
efeito de dirigir (-se); comando, liderança, conjunto de esforços com o
objetivo de formação, gestão de negócios públicos ou privados; administração,
gerenciamento, indivíduo ou grupos que exercem a função administrativa (em uma
instituição, empresa, órgão público etc.); diretor, diretoria, cúpula (14).
Assim, a função de direção está relacionada diretamente com o planejamento
organizacional, o alcance dos objetivos traçados, a condução e coordenação de
recursos humanos e se refere às relações interpessoais em todos os níveis da
organização e de seus respectivos subordinados.
Para o termo coordenação, tem-se como alguns dos significados: ato ou efeito de
coordenar(-se); ato de conjugar, concatenar um conjunto de elementos, de
atividades etc.; estado daquilo que está coordenado, gerência de determinado
projeto, setor; entre outros(14).
Na descrição das funções dos cargos de Direção e Coordenação, encontram-se
"Competência da Diretoria de Enfermagem" e "Atribuições da Coordenação de
Enfermagem". Aqui já fica evidente a mudança no conceito entre um modelo e
outro, no que se refere ao significado das palavras. Esta denominação reflete a
forma da estruturação do Serviço de Enfermagem e impacta a percepção dos
profissionais sobre este serviço. Competência pode ser definida como um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que permitem ao enfermeiro
identificar e acessar informações determinantes para a fundamentação de suas
atitudes(15).
No caso da Direção, estas competências são as teorias administrativas, as
ferramentas específicas da gerência, o processo de trabalho, a ética no
gerenciamento, conhecimentos sobre cultura e poder organizacional, negociação,
trabalho em equipe, qualidade de vida no trabalho, saúde do trabalhador, leis
trabalhistas, gerenciamento de pessoas, dimensionamento de pessoal,
gerenciamento de recursos materiais, custos, recursos físicos, sistemas de
informação e processo decisório(15).
Lembrando que as competências agregam valor econômico para a organização, devem
também agregar valor social ao indivíduo, ou seja, as pessoas, ao desenvolverem
competências essenciais para o sucesso da organização, estão também investindo
em si mesmas, não só como cidadãos organizacionais, mas como cidadãos do
próprio país e do mundo(16). Já o conceito de atribuição, destinado à
Coordenação de Enfermagem, está relacionado com o "fazer" tarefeiro, pois leva
ao ato de atribuir, de encargo.
A Direção teve a função executiva e a Coordenação é somente normativa. As
questões político-administrativas eram centralizadas na Direção e a Coordenação
não tem esta função e, como está descrito no documento, outros setores se
encarregam deste trabalho. A Coordenação está inserida na lógica do trabalho
multidisciplinar, privilegiando o trabalho em equipe. A Direção estava mais
voltada à Enfermagem, cujo fluxo das relações hierárquicas era vertical,
característica do organograma e da hierarquização tradicional.
O gerenciamento do hospital e da Enfermagem seguia o paradigma positivista,
fundamentado na Teoria Geral da Administração, com a valorização da hierarquia,
com evidência na estrutura formal da organização e na centralização das
decisões, impessoalidade nas relações, morosidade nas decisões e fluxo de
comunicação verticalizado(13).
Apesar de prescritiva e seguir um modelo tradicional de gerenciamento, a
Direção teve muitas funções participativas. O documento com as atribuições da
Coordenação não traz possibilidades de autonomia participativa para este órgão,
quando determina que deve visar à normatização, controle ético-profissional e
de finalidade de atendimento do corpo de Enfermagem.
Nas atribuições da Coordenação não aparecem o dimensionamento de pessoal, a
motivação e satisfação no trabalho, importantes instrumentos de gestão para o
enfermeiro apoiar sua prática gerencial. O dimensionamento de pessoal em
enfermagem é foco da atenção dos enfermeiros ,já que a previsão adequada da
equipe, tanto no aspecto quantitativo como no qualitativo, objetiva a prestação
de cuidados com segurança e qualidade à clientela assistida(17).
Outra diferença observada é no quantitativo dos itens que descrevem os cargos.
Houve uma redução na descrição do cargo de Coordenação de Enfermagem, pois suas
competências são descritas em vinte e cinco itens, e suas atribuições são
especificadas em apenas onze. Esse resultado leva-nos a questionar se, ao mesmo
tempo em que o Serviço de Enfermagem muda de denominação, diminui sua
representatividade e a necessidade de detalhar suas atividades.
A avaliação de desempenho da equipe e da assistência de enfermagem é uma
atividade privativa do enfermeiro, segundo sua lei do exercício profissional.
No caso da Coordenação de Enfermagem o enfermeiro perde esta autonomia na
medida em que outras categorias de profissionais são responsáveis por esta
atividade.
A Enfermagem ocupa importante espaço no grupo de recursos humanos das
organizações hospitalares, devido ao seu significativo número de profissionais.
Sendo assim, a avaliação de desempenho focada no processo de trabalho é
utilizada para fazer uma abordagem adequada da equipe no que se refere à sua
produção e realização profissional(18).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que, no cargo de Direção de Enfermagem, estava implícito um poder
formal e instituído, no qual o dirigente era valorizado pelos profissionais
,que lhe concediam confiança mediante as evidências de sua autoridade legal. A
Direção de Enfermagem foi referência para a equipe de enfermagem nas questões
executivo-deliberativas e também na resolução de problemas do Serviço de
Enfermagem. Teve, ainda, a finalidade de estabelecer diretrizes norteadoras
para a atuação dos profissionais, direcionando sua prática com vistas à
qualidade da assistência.
Com o novo modelo, surgiu a proposta de descentralização das decisões no HC/
UFPR, sustentada por uma linha gerencial compatível com os princípios do
sistema de saúde vigente no país. Mas, para a Enfermagem, esse advento
representou diferentes encaminhamentos, entre os quais: desarticulação entre os
profissionais da área, falta de padronização dos processos de trabalho e de
procedimentos de enfermagem da instituição.
Hoje, algumas funções específicas do enfermeiro, respaldadas legalmente pela
Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, estão a cargo de outros
profissionais, como o dimensionamento, movimentação de recursos humanos,
atividades de treinamento, aperfeiçoamento e desenvolvimento dos profissionais
de Enfermagem.
É necessário que os profissionais de enfermagem adquiram conhecimentos e
desenvolvam competências para criar e manter as condições propícias para a
realização do cuidado. O trabalho em equipe e a valorização do trabalho de
outros profissionais devem considerar o contexto atual de desapego ao poder.
Mas tal proposta não pode ser concretizada em detrimento do exercício dos
direitos e capacidades dos enfermeiros, que os tornam aptos a agir com
autonomia.
A menor representatividade na estrutura organizacional e a descontinuidade
administrativa podem provocar o enfraquecimento da enfermagem e possibilitar a
interferência externa, sem compreensão do processo de trabalho da categoria,
especialmente no que diz respeito à distribuição de recursos humanos e
definição de prioridades para o cuidado.