A institucionalização da estratégia como prática nos estudos organizacionais
1. INTRODUÇÃO
A perspectiva de Estratégia como Prática (Strategy-As-Practice – SAP) consiste
em um movimento derivado dos estudos da prática na teoria social dos anos de
1980 (SCHATZKI, CETINA e SAVIGNY, 2001; RECKWITZ, 2002) e que, na área de
estratégia, teve sua primeira nota de pesquisa publicada em 1996 (WHITTINGTON,
1996). A partir de então, ela tem ganhado cada vez mais espaço entre os estudos
organizacionais. À luz dessa abordagem – cujo objetivo é descobrir como as
pessoas realizam seu trabalho dentro das organizações e cuja principal
preocupação está na efetividade do desempenho dos estrategistas locais que, por
sua vez, influencia o desempenho da organização como um todo (WHITTINGTON,
2002d) –, a estratégia é uma prática social, na qual os estrategistas atuam e
com a qual interagem (WHITTINGTON, 1996).
Apesar da importância da SAP para os estudos organizacionais, não se
identificaram estudos no Brasil que analisassem seu processo de surgimento e
difusão. Por essa razão, e com objetivo de analisar o estágio de
institucionalização da abordagem de SAP entre os estudos organizacionais,
realizou-se estudo buscando responder à seguinte pergunta: Como a perspectiva
de SAP está se institucionalizando em estudos organizacionais da área de
estratégia? Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfica, bibliométrica e
sociométrica, e por meio dela se fez a análise de estudos organizacionais que
adotam a abordagem de SAP publicados no Brasil e na literatura internacional.
Acredita-se que a análise do processo de institucionalização de uma abordagem
recente da estratégia, especialmente uma que se apresente de maneira
heterodoxa, mas que esteja recebendo cada vez mais atenção e novos adeptos,
possa contribuir para uma reflexão metateórica da área.
Este artigo foi estruturado de forma a apresentar-se, na próxima seção, uma
breve discussão sobre a perspectiva de SAP e suas implicações para a realização
de estudos organizacionais. A metodologia utilizada – bibliográfica,
bibliométrica e sociométrica – é exposta na terceira seção. Na quarta seção,
expõem-se e discutem-se os principais indicadores obtidos para a análise da
institucionalização da perspectiva de SAP entre os estudos organizacionais. Nas
considerações finais expostas na quinta seção busca-se responder à pergunta de
pesquisa, além de apresentarem-se as limitações e sugestões para futuras
pesquisas.
2. IMPLICAÇÕES DA SAP PARA A REALIZAÇÃO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
A abordagem sobre SAP possui várias implicações para os estudos
organizacionais. Entre elas, Whittington (2007) indica que ela apresenta um
olhar mais sociológico sobre a estratégia, ou seja, considera que a estratégia
consiste em algo que as pessoas realizam no âmbito social e encoraja a
observação da estratégia em todas as suas manifestações e como algo
profundamente enraizado e conectado na sociedade. Nesse mesmo sentido,
Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007) destacam que a SAP redimensiona as
pesquisas para as ações e as interações dos praticantes de estratégia. Johnson
et al. (2007) acrescentam que essa abordagem busca resgatar o papel do agente
humano nas pesquisas em organizações, preocupando-se com a estratégia como uma
atividade organizacional típica de interação.
Whittington, Johnson e Melin (2004) realçam que a SAP enfatiza a forma como os
gerentes fazem suas estratégias, o que destaca o conceito de strategizing, que
está relacionado à atividade administrativa e a como os estrategistas fazem
estratégia. Balogun, Huff e Johnson (2003) definem os estudos em strategizing
como estudos dos praticantes e de suas práticas no contexto de trabalho em que
estão inseridos. Jarzabkowski (2005) complementa destacando que o strategizing
consiste na construção de atividades por meio das ações e das interações dos
múltiplos atores, bem como das práticas que esses atores utilizam. Essas
atividades são consideradas estratégicas na medida em que possuem consequências
para os resultados estratégicos, para as direções, para a sobrevivência e para
a vantagem competitiva da organização (JOHNSON, MELIN e WHITTINGTON, 2003).
De acordo com Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007), outra implicação da adoção
da SAP para a realização de estudos consiste no fato de que qualquer pergunta
de pesquisa abrangerá, simultaneamente, três elementos – práticas, práxis e
praticantes –, mesmo que seja dado maior enfoque à interconexão entre dois
deles. As práticas são rotinas compartilhadas de comportamento, incluindo
tradições, normas, maneiras de pensar e atitudes em um sentido mais amplo; a
práxis recorre a uma atividade atual que os atores executam na prática,
consistindo no trabalho intraorganizacional exigido para fazer e executar a
estratégia; e os praticantes são os atores que realizam atividades envolvidas
com a formulação e a implementação da estratégia (WHITTINGTON, 2006).
Considerar esses elementos leva a outra implicação da SAP para os estudos
organizacionais: relacionar os níveis intraorganizacional, organizacional e
extraorganizacional (JOHNSON et al., 2007). Para Whittington, Johnson e Melin
(2004), estudos sobre SAP investigam as atividades internas e suas
consequências para as organizações e identificam práticas advindas do ambiente
externo à organização. Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007) frisam que ações em
nível micro precisam ser entendidas em seu contexto social mais amplo: os
atores não agem isoladamente, mas utilizam os modos socialmente definidos de
agir, os quais surgem das instituições sociais plurais às quais pertencem.
Johnson et al. (2007) apresentam quatro benefícios principais das pesquisas
sobre SAP: dirigir-se às pessoas que realmente administram estratégias;
oferecer um nível mais profundo de análises e de explicações para as
especificidades estratégicas; prover mecanismos para todo o campo de
estratégia, visto que o que se realiza nessa perspectiva estende-se a vários
temas na área e contribui para adicionar insights que interessam ao campo em
nível macro; oferecer uma agenda de pesquisa rica e excitante que possa levar
os investigadores a muitas direções.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em resposta à problematização apresentada, a análise do processo de
institucionalização da perspectiva de SAP na área de estudos organizacionais
deu-se por meio de estudo bibliográfico, bibliométrico e sociométrico. Para
Jung (2004, p.160), o estudo bibliográfico objetiva "conhecer as diversas
formas de contribuições científicas existentes que foram realizadas sobre
determinado assunto ou fenômeno". Segundo Machias-Chapula (1998, p.134), uma
pesquisa bibliométrica direciona-se para "o estudo dos aspectos quantitativos
da produção, disseminação e uso da informação registrada". O estudo
sociométrico ou de análise de redes sociais de relacionamento, como também é
denominado, volta-se à exploração da matriz de relacionamentos estabelecida
entre atores sociais (GALASKIEWICZ e WASSERMAN, 1994), compreendidos, neste
estudo, como autores e instituições.
Realizou-se, de fevereiro a abril de 2009, a coleta de dados por meio da busca
de estudos que empregassem os conceitos de estratégia como prática, strategy as
practice e strategic practices. Realizaram-se as buscas em bases de dados,
sites, anais de eventos e periódicos relacionados à área de estudos
organizacionais. No âmbito internacional, fizeram-se as buscas nas bases de
dados Portal Periódicos Capes (Blackwell, Wilson, Emerald, Sage, Science
Direct, Wiley InterScience e SciELO), EBSCO Multidisciplinar e EBSCOhost e em
sites de busca. No âmbito nacional, foram alvo de análise todos os eventos e
periódicos disponíveis no site da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Administração (ANPAD): os anais do Encontro da ANPAD (EnANPAD),
Encontro de Estudos em Estratégia (3Es), Encontro de Estudos Organizacionais
(EnEO), Encontro de Marketing (EMA), Simpósio da Gestão da Inovação Tecnológica
(Simpósio), Encontro de Administração Pública e Governança (EnAPG), Encontro de
Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (EnGPR), Encontro de Administração da
Informação (EnADI) e Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e
Contabilidade (EnEPQ); e os periódicos Revista de Administração Contemporânea
(RAC), RAC-Eletrônica e Brazilian Administration Review (BAR). A opção pelas
fontes de dados descritas deve-se a sua representatividade nos contextos
brasileiro e internacional no que diz respeito à publicação de estudos
organizacionais. Adicionalmente, ressalta-se que as fontes brasileiras
selecionadas são classificadas com o conceito "A" pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Diante da necessidade de
realizar um recorte dos dados, outros periódicos e eventos conceito "A" na
Capes não foram incluídos em virtude do critério escolhido de estar disponível
no site da ANPAD. No tocante aos anais do EnANPAD, as buscas realizadas
restringiram-se aos eventos ocorridos a partir de 1997, já que os artigos
ficaram disponíveis em meio eletrônico a partir dessa edição. As demais fontes
de dados do Brasil foram pesquisadas a partir da data de sua criação: 3Es, a
partir de 2003; EnEO, a partir de 2000; EMA, a partir de 2004; Simpósio, a
partir de 2006; EnAPG, a partir de 2004; EnGPR, no ano de 2007; EnADI, no ano
de 2007; EnEPQ, no ano de 2007; RAC, a partir de 1997; RAC-Eletrônica, a partir
de 2007; e BAR, a partir de 2004. Ressalta-se que em 2009, à época da pesquisa,
ainda não haviam ocorrido edições desses eventos no Brasil. No tocante aos
estudos de bases de dados estrangeiras, o primeiro estudo encontrado foi
publicado em 1996 e o mais recente, em 2009.
Destaca-se que, no caso de um estudo publicado em mais de uma fonte, optou-se
pela análise da primeira publicação e que, em casos de uma publicação em evento
e em periódico, considerou-se a versão veiculada em periódico. O número total
de artigos presentes nas bases de dados da ANPAD é de 12.816. Por meio das
buscas, localizaram-se 35 artigos do Brasil e 142 do exterior. Desses, 24
estudos brasileiros e 76 estrangeiros compuseram a amostra, num total de 100
artigos analisados. Elucida-se que foi feita a leitura de todos os artigos
identificados para verificar se, de fato, adotavam a perspectiva de SAP ou se
esses conceitos apareciam somente como exemplo de uma perspectiva em
estratégia.
Realizou-se a análise dos dados em separado para artigos publicados no Brasil e
no exterior, no tocante a: número de artigos publicados em cada ano; obras e
autores mais citados; autores que mais publicaram; redes de cooperação entre
autores e entre instituições; abrangência geográfica das parcerias; e enfoques
em SAP empregados. Quanto à análise das redes sociais, optou-se pela
exploração, por meio do softwareUCINET® 6, daquelas de coautoria entre autores
e instituições, representativas de uma vertente de análise de redes sociais
(LIU et al., 2005). Para identificação dos enfoques, averiguou-se como ou com
qual objetivo os estudos utilizaram SAP e empregou-se a técnica de análise de
conteúdo – com auxílio de uma planilha eletrônica – que, de acordo com Bardin
(2002, p.38), consiste em "um conjunto de técnicas de análise das comunicações
que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens". Cabe destacar que se verificou sobreposição de enfoques em alguns
estudos, o que explica o fato de o número de enfoques ser superior ao número de
estudos analisados.
4. ANÁLISE DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SAP NA ÁREA DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Nesta seção, expõe-se a análise dos resultados obtidos. Na tabela_1 apresenta-
se um comparativo entre o total de artigos publicados no Brasil e na literatura
internacional no período analisado.
Nos estudos estrangeiros, a primeira nota de pesquisa foi publicada por
Whittington, em 1996, e os picos de publicações ocorreram em 2003, 2006 e 2007.
Em 2009, ocorreram publicações em periódicos internacionais. O surgimento
anterior e o número maior de publicações demonstram que esta abordagem atingiu
maior grau de institucionalização no exterior em comparação ao Brasil.
No Brasil, os dois primeiros estudos sobre SAP – dois artigos estrangeiros
reeditados no Brasil e publicados em um periódico nacional – datam de 2004.
Esses estudos são de Whittington (2004) e de Wilson e Jarzabkowski (2004) e,
aparentemente, demarcaram o início dos estudos da abordagem no Brasil. A partir
de então, observa-se que se intensificaram as publicações brasileiras e que a
abordagem tem ganhado aceitação, principalmente a partir de 2006, tendo seu
ápice de publicações em 2008.
Ressalta-se que, no Brasil, todas as publicações da amostra, exceto as de 2004,
ocorreram em eventos, o que demonstra o estágio embrionário da abordagem no
País. Outro indício do recente início do processo de institucionalização da
perspectiva de SAP, no Brasil, pode ser percebido no fato de as últimas edições
de três importantes eventos da área de Administração do Brasil (EnANPAD 2009,
3Es 2009 e EnEO 2008) criarem temas de interesse relacionados ao conceito de
prática, de forma a proporcionar um espaço específico para publicação e debate
de estudos sobre SAP.
A seguir apresentam-se os dados obtidos especificamente em estudos sobre SAP
publicados no exterior.
4.1. Estudos publicados no exterior
Esta subseção é destinada aos estudos estrangeiros, de forma que a tabela_2
reúne as obras mais citadas nos estudos sobre SAP pesquisadas nas bases de
dados estrangeiras. Para melhor visualização, optou-se por apresentar obras com
nove citações ou mais.
![](/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t2.jpg)
Conforme a tabela_2, o estudo de Johnson, Melin e Whittington (2003) destaca-se
com 43 citações. De maneira geral, considerando-se todos os estudos da amostra
estrangeira, as obras de Whittington (1996; 2002a; 2002c; 2006), de Whittington
et al. (2003) e de Johnson et al. (2007) somaram 162 obras visualizadas na
tabela_2, mais 29 obras com oito citações ou menos, perfazendo 191 citações. Já
as obras de Jarzabkowski (2003; 2004; 2005), de Whittington et al. (2003), de
Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007) e de Jarzabkowski e Wilson (2002)
obtiveram um total de 104 obras visualizadas na tabela_2, mais 21 com oito
citações ou menos, perfazendo 125 citações.
Na tabela_3, página 396, constam os autores mais citados nos estudos sobre SAP
encontrados nas bases de dados estrangeiras,independentemente da obra a que se
referem as citações.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t3.jpg]
De acordo com a tabela_3, nos estudos em bases de dados estrangeiras
pesquisadas, os dois autores mais citados foram Whittington, com 187 citações,
e Jarzabkowski, com 140. Esse resultado corrobora aqueles obtidos no tocante às
obras mais citadas (tabela_2). Esses autores são, portanto, atores sociais que
alcançam maior legitimidade na abordagem sobre SAP e que atuam com maior
intensidade como difusores dos pressupostos dessa perspectiva. Observa-se que
os autores Johnson, Seidl, Balogun e Melin também se destacam entre os mais
citados.
Apresentam-se, na tabela_4, página 396, para comparação, os autores com maior
número de laços e os mais prolíficos da área. Para melhor visualização, optou-
se por apresentar autores com três laços ou mais. Além dos atores descritos,
existem mais 25 com dois laços, 28 com um laço e 14 isolados. No total, 84
autores publicaram artigos nesta amostra, 70 dos quais se associaram formando
redes.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t4.jpg]
Para complementar as informações da tabela_4, ilustram-se, na figura_1, página
397, as redes de cooperação entre autores que publicaram estudos sobre SAP no
estrangeiro.
As informações constantes na figura_1 e na tabela_4 indicam que, entre os
internacionais, os dois autores que mais se destacam são Jarzabkowski e
Whittington, tanto pelo número de laços, quanto pelo número de artigos
publicados. Esse resultado vai ao encontro dos resultados obtidos no que se
refere às obras e aos autores mais citados, confirmando que estes são os atores
sociais que mais atuam como difusores da SAP.
Apresentam-se na tabela_5, para comparação, as instituições de ensino superior
(IES) com maior número de laços e as mais prolíficas. Para melhor visualização,
optou-se por apresentar, nessa tabela, instituições com três laços ou mais.
Além das instituições descritas, publicaram sobre o tema oito instituições com
dois laços, 22 com um laço e 12 isoladas.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t5.jpg]
Para complementar as informações da tabela_5, na figura_2, página 398,
encontram-se as redes de cooperação entre as instituições às quais estão
vinculados os autores dos estudos estrangeiros.
Observa-se, na figura_2, a existência de uma grande rede de cooperação
envolvendo diversas instituições, na qual se destacam, em virtude de sua
centralidade, a Aston (University of Aston) e a Oxford (University of Oxford,
Templeton College e Saïd Business School). Pode-se inferir, também, que a
abrangência geográfica das parcerias entre essas instituições pode ser de
quatro âmbitos: local, regional, nacional e internacional. Nesse sentido, a
estrutura de relacionamentos do universo de laços de cooperação entre
instituições indica que a Aston atua tanto no contexto nacional, na Inglaterra
– associando-se a seis diferentes instituições (AIM, City U. London, Oxford,
Reading, Ulster e Warwick), com um total de nove laços –, quanto no
internacional, em que se associou a sete instituições de diferentes países
(CAN: Montreal; ESC: Edinburgh e St Andrews; FRA: ECP; GER: LMU e UZH; e USA:
UPENN), totalizando oito laços. Igualmente, Oxford atua tanto no contexto
nacional, Inglaterra, associando-se a cinco instituições diferentes (Aston,
Jönköping, Leeds, OU e Southampton), com um total de sete laços, quanto no
internacional, em que se associou a quatro instituições de diferentes países
(CAN: Montreal; ESC: Edinburgh e Strathclyde; e FRA: ECP).
A rede exposta na figura_2, na página 398, permite perceber que, em âmbito
internacional, a SAP está sendo estudada em 13 diferentes países: Alemanha,
Austrália, Canadá, Escócia, Estados Unidos, Finlândia, França, Inglaterra,
Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Cingapura e Suíça. A Inglaterra apresenta o
maior número de instituições envolvidas, num total de 32 centros de estudos
relacionados, indicando que o processo de institucionalização da SAP está mais
avançado nesse país, o que vai ao encontro do fato de a abordagem ter surgido
nele.
Na tabela_6, página 399, apresentam-se os temas relacionados à SAP presentes em
estudos do exterior.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t6.jpg]
O tema de SAP mais empregado nos estudos publicados no exterior, conforme a
tabela_6, refere-se ao processo destrategizing. Essa constatação permite
inferir que as discussões embasadas na importância desse conceito e as
investigações sobre como ocorre esse processo nas organizações possuem grande
destaque no campo. A seguir, há os conceitos de micropráticaeprática
estratégica. O primeiro dá ênfase ao nível micro, como microatividades,
micropráticas, micro-strategizing, microações e microprocessos; o segundo
abarca estudos que discutem o conceito de prática estratégica e investigam
práticas estratégicas em geral ou tipos específicos de práticas, como práticas
discursivas, de comunicação, de strategizing e de organizing.
No tema organizing, encontram-se estudos que discutem a relevância desse
conceito para a SAP e que analisam como ele ocorre nas organizações. Em todos
os estudos analisados, esse tema encontra-se aliado ao strategizing, dois dos
quais discutem a existência de interconexão entre eles. Observou-se, também,
que número considerável de estudos analisa a prática estratégica ou o
strategizing em contextos de mudança estratégica. Em implicações da SAP para a
pesquisa, os pesquisadores procuram discutir e apontar como a adoção da SAP
interfere em características das investigações realizadas, esboçando
possibilidades para realização de estudos sob essa abordagem.
As ferramentas estratégicas são analisadas quanto a seu papel mediador entre
strategizing e organizing; a seu emprego no strategizing de forma geral e em
diferentes níveis; à identificação de diferentes ferramentas para situações
distintas de strategizing; a seu papel como fomentadoras de rigor acadêmico nas
organizações; a diferenças entre visões epistemológicas de ferramentas e de
seus usuários, visto que estes, muitas vezes, empregam as ferramentas de forma
distinta à idealizada pelo criador dela. O tema integração entre os níveis
micro e macro, também denominado intraorganizacional, organizacional e
extraorganizacional ou, ainda, individual, interpessoal, organizacional e
institucional (ou competitivo), refere-se a estudos que ressaltam e buscam
estabelecer relação entre atividades dos estrategistas, estratégias das
organizações e aspectos do ambiente. Os estudos agrupados sob o tema prática
social e estratégia discutem a relação entre as práticas sociais e as
estratégias, apontando a importância do conceito de prática social para o campo
de estratégia ou investigando como práticas sociais estão envolvidas no
strategizing das organizações. Para isso, valem-se da perspectiva de SAP e de
uma visão sociológica da estratégia.
Alguns estudos analisaram o campo de pesquisa em SAP em relação a elementos
como discurso e aspectos políticos, metodologia, gênese intelectual,
institucionalização e compreensão do strategizing e do organizing, além de
resultados e emprego dos conceitos de práxis, praticante e práticas. No tema
discurso estratégico, encontram-se estudos que o discutem como uma
característica da prática social de estratégia; que analisam a construção
discursiva de estratégias, ou seja, as práticas discursivas que caracterizam o
strategizing; que investigam as práticas estratégicas discursivas dos
estrategistas; e que verificam a construção discursiva subjetiva e suas
implicações no strategizing organizacional. Ao discutirem a relação entre a
perspectiva de SAP e a disciplina de administração estratégica, os estudos
apresentam SAP como uma nova perspectiva do campo de estratégia, apontam a
presença da SAP na disciplina de estratégia, a relação da SAP com os demais
temas de administração estratégica e indicam a importância da SAP para o campo
de estratégia e para as organizações.
Também se identificaram estudos que analisam processos dedecisão estratégica,
examinando as interações em um comitê de decisão estratégica e discutindo sua
relação com outros elementos, como o discurso estratégico e o poder dos
números. O tema integração entre práxis, práticas e praticantes abrange estudos
que apresentam proposições de modelos conceituais que conectam esses três
conceitos da SAP, contribuindo para o desenvolvimento de estudos sobre essa
abordagem. Possibilidades metodológicas para pesquisas consiste no tema sob o
qual foram agrupados estudos que buscam discutir, desenvolver e indicar
metodologias possíveis para as pesquisas em SAP, como grupo de discussão
interativa, relatório autopreenchido, pesquisa conduzida pelo praticante,
micrométodo evolutivo e método qualitativo com estilo etnográfico.
Outros estudos analisam a conversa estratégica entre os gerentes de topo e os
gerentes de nível médio e os elementos discursivos envolvidos em conversa
estratégica; buscam compreender um caso de fracasso estratégico no processo de
strategizing e analisar uma cadeia de eventos que conduziu a resultados
favoráveis e desfavoráveis; discutem as implicações e contribuições dessa
perspectiva para o ensinode estratégia; examinam a atuação de estrategistas e o
papel de reuniões estratégicas na manutenção e mudança de estratégias; analisam
narrativas dos estrategistas para compreender o strategizing e eventos que
influenciam as estratégias; investigam o papel de reuniões estratégicas para
moldar estratégias organizacionais e sua influência nas orientações
estratégicas da organização.
Além dos enfoques apresentados, a análise de conteúdo possibilitou a
identificação do emprego de outras perspectivas relacionadas à SAP, como a
visão baseada em atividade ou teoria da atividade e a abordagem de prática em
uso, ambas em dois estudos. Também se verificou, nos estudos, a integração da
SAP a outras perspectivas teóricas, como a estratégia como um processo, a
teoria social e a teoria de Heidegger, o modelo teórico de Hendry e Seidl
(2003), as teorias de sistemas adaptáveis complexos, a teoria de ator-rede, a
teoria convencionalista, a psicologia cognitiva e cognição social, a visão da
estratégia baseada em recursos e a perspectiva de capacidades dinâmicas.
Complementarmente, também se identificou a adoção da SAP aliada a conceitos
oriundos ou derivados de outras perspectivas teóricas, como os conceitos de
sensemaking, de agência humana e de sensegiving, ação social, narration, de
Czarniawska, strategizing, de De Certeau, e legitimidade. Observou-se, ainda,
que a SAP é considerada em estudos que empregam outras perspectivas teóricas,
ou seja, estudos que adotam outras abordagens consideram a SAP uma perspectiva
relevante para o tema que estão estudando, o que demonstra que esta abordagem
está ganhando legitimidade, mesmo em estudos de outras perspectivas. Esse foi o
caso de três trabalhos analisados: análise da institucionalização de categorias
específicas (entre elas, práticas) em empresas familiares com base na teoria
institucional; análise da cognição e de expectativas dos indivíduos em um caso
de mudança estratégica por meio de tecnologia, sendo a tecnologia considerada
um tipo de estrutura, adotando a teoria dos esquemas (mudança cognitiva) e a
teoria da estruturação (dualidade entre agência e estrutura); avanço no
entendimento do fenômeno de P3s por meio da união das teorias de agência
individual e de prática com o corpo atual de pesquisa de política econômica e
pública.
Na sequência, destacam-se os dados obtidos a respeito dos estudos de SAP
publicados no Brasil.
4.2. Estudos publicados no Brasil
No que tange aos estudos publicados no Brasil, a tabela_7 reúne as obras mais
citadas que empregam SAP. Para melhor visualização, optou-se por apresentar
obras com duas citações ou mais.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t7.jpg]
Conforme a tabela_7, a obra mais citada foi a de Whittington (2002c), com nove
registros. Outras obras de destaque foram a de Whittington (1996), com citações
em oito estudos, e a de Jarzabkowski (2005), citada em sete pesquisas. De forma
global, considerando-se todos os estudos analisados, as obras de Whittington
visualizadas na tabela_7 obtiveram 39 citações, e mais três obras desse autor
foram citadas uma única vez, totalizando 42 vezes; e as de Jarzabkowski, com 28
citações visualizadas na tabela_7, e adicionalmente três outras obras citadas
uma vez, perfazem 31 citações. Observa-se que esses resultados se assemelham
aos observados nos estudos estrangeiros, nos quais esses dois autores também
foram os mais citados.
Na tabela_8, página 401, apresentam-se os autores mais citados nos estudos com
publicação no Brasil.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t8.jpg]
Entre os autores mais citados nos estudos publicados no Brasil (tabela_8),
destacam-se Whittington, com 48 citações, e Jarzabkowski, com 31 citações.
Todos os autores mais citados são estrangeiros, refletindo a influência
estrangeira na dinâmica institucional local. Observa-se, também, a presença de
Bourdieu e Weick, que não são autores da perspectiva de SAP, mas que apresentam
contribuições para a análise da prática social em estratégia e do fazer
estratégia.
Ilustram-se, na figura_3, página 402, as redes de cooperação dos autores que
publicaram no Brasil.
Para complementar as informações da figura_3, apresenta-se na tabela_9, página
401, para comparação, autores com maior número de laços e mais prolíficos. Para
melhor visualização, optou-se por aí apresentar autores com três laços ou mais.
Além das instituições descritas, publicaram sobre o tema 15 autores com dois
laços, 14 autores com um laço e sete autores isolados. No total, 47
pesquisadores publicaram no Brasil, 40 dos quais se associaram formando redes.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t9.jpg]
Observa-se, por meio da figura_3 e da tabela_9, que os autores que mais
apresentam laços e publicações são Tureta e Santos, o primeiro apresentando um
artigo a mais que o segundo. No entanto, o autor que se destaca como central
nessas redes é Silva. Isso ocorre porque Silva faz laços com diferentes
autores, construindo, inclusive, um laço fraco que conecta Carrieri e Junquinho
aos outros autores da rede. Os laços fracos representam contatos indiretos
formados por meio de pontes, fornecendo diferentes fontes de informação e
tornando a rede propensa à inovação (GRANOVETTER, 1973). Nesse sentido, no caso
das redes de cooperação entre autores, os laços fracos representam laços
indiretos, operacionalizados por meio da interação entre um autor que publica
com outros pesquisadores. Em geral, nota-se que as redes sociais de cooperação
entre autores que publicaram no Brasil apresentam-se mais fragmentadas que a
rede de autores do exterior, o que, associado ao pequeno número de artigos
publicados por autor, demonstra o menor grau de institucionalização da SAP no
Brasil. Como já destacado, também se verificou a publicação de dois estudos de
autores estrangeiros: Wilson e Jarzabkowski (2004) e Whittington (2004).
Contudo, não se detectou, nessa rede, associação entre autores brasileiros e
estrangeiros.
Na figura_4, página 403, encontram-se as redes de cooperação entre as
instituições de ensino superior às quais estão vinculados os autores dos
estudos das bases de dados do Brasil.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4f4.jpg]
Para complementar as informações da figura_4, apresentam-se, na tabela_10,
página 402, para comparação, as instituições com maior número de laços e as
mais prolíficas. Nessa tabela, apresentam-se todas as instituições com laços.
Além das instituições descritas, publicaram isoladamente sobre o tema nove
instituições, sete das quais tiveram uma publicação e duas destas mais
publicações: a FGV-SP teve três publicações e a UFPR, duas.
[/img/revistas/rausp/v46n4/a05v46n4t10.jpg]
A análise associada da figura_4 e da tabela_10 permite verificar a existência
de moderada rede de cooperação envolvendo algumas instituições, entre as quais,
em virtude de sua centralidade, se destacam a UFMG com cinco laços, a FUCAFE
com três laços, a UFES com dois laços, a UFLA com dois laços e a UFRJ com dois
laços. No que se refere à abrangência geográfica dessas parcerias, é
perceptível a existência dos contextos local, regional e nacional, não havendo
publicações de autores brasileiros associados a autores estrangeiros, o que
caracterizaria um contexto internacional. Situadas em um contexto local
encontram-se a FACIPE e a UFPE; envolvidas no contexto regional estão a UFMG, a
FUCAPE, a UFES, a UFLA e a UFRJ; e no âmbito nacional estão a UECE e o M.T.E,
única instituição não relacionada ao ensino a publicar sobre o tema.
Na tabela_11, apresentam-se os temas relacionados à SAP adotados em estudos do
Brasil.
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O tema relacionado à SAP mais frequente nos estudos publicados no Brasil, assim
como nos do exterior, é strategizing. Neste tema, encontram-se estudos que
buscam compreender como ocorre o processo de strategizing de forma geral ou
mais específica, como é sua relação com a criação de identidades e com aspectos
simbólicos, o strategizing de expatriados e a influência de stakeholders no
strategizing. O segundo tema empregado é a relação entre o conceito de prática
social e a disciplina de estratégia. Para discutir essa relação, os estudos
valem-se da teoria social e ressaltam as raízes da SAP em autores da
Sociologia, como Giddens, Bourdieu e De Certeau. Além disso, destacam a
relevância do conceito de prática social para o entendimento da estratégia
organizacional, observam como a estratégia é construída por meio de práticas
sociais e dão destaque à relação entre estas e a estratégia. Outro tema
identificado é possibilidades metodológicas, que inclui a indicação de
metodologias e técnicas para os diferentes assuntos relacionados à SAP e a
proposta de combinação da grounded theory e das narrativas de práticas. Há,
também, o tema prática estratégica, no qual se verifica a existência de estudos
sobre a relação entre o planejamento estratégico e a prática estratégica e uma
análise de elementos textuais que descrevem as práticas estratégicas
cotidianas.
Os estudos ainda adotam ou alinham outras perspectivas à abordagem de SAP, como
a visão baseada em atividades, a teoria da estruturação de Giddens, a teoria
institucional e a teoria social, a teoria ator-rede, a teoria das
representações sociais de Moscovici, a aprendizagem situada, a aprendizagem
pela experiência e estudos comunicacionais da escola de Montreal. Há também o
emprego de conceitos mais específicos de outras abordagens, como
institucionalização, contexto ambiental de referência, discurso institucional –
todos da abordagem institucional – e os conceitos de estratégias e táticas de
De Certeau.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolveu-se este estudo buscando verificar como a perspectiva de SAP está se
institucionalizando em estudos organizacionais da área de estratégia. Observou-
se que, depois da primeira nota de pesquisa sobre SAP, em 1996, se passaram
quatro anos até o estudo seguinte no exterior, o que demonstra um período de
incubação após o surgimento da perspectiva. No Brasil, os primeiros estudos que
adotaram a SAP foram feitos oito anos após a primeira publicação sobre o tema
no exterior, o que indica um menor grau de maturidade dessa abordagem no
contexto brasileiro. Esse fato relaciona-se ao menor número de artigos
encontrados e de temas adotados e à baixa densidade nas redes de cooperação.
Nota-se que os atores sociais que se destacam como maiores difusores, tanto nos
estudos publicados no Brasil quanto no exterior, são Whittington e
Jarzabkowski. Esses autores também se destacaram pelo fato de o primeiro ser
responsável pela primeira publicação sobre SAP no contexto mundial e ambos
terem introduzido essa perspectiva no Brasil por meio da reedição de dois
estudos para publicação no país.
Diante da observação de que 14 diferentes países, incluindo o Brasil,
publicaram artigos sob a perspectiva de estratégia como prática, de que esta
perspectiva está sendo aliada a outras abordagens e é considerada em estudos
que empregam outras perspectivas teóricas, conclui-se que a abordagem de SAP
apresenta indícios de sua institucionalização, como sua difusão e obtenção de
legitimidade no exterior. No entanto, no Brasil, o processo de
institucionalização dessa perspectiva ainda se apresenta em seus primeiros
estágios. Apesar do número crescente de artigos publicados e da criação de
temas de interesses em eventos brasileiros que consideram a prática
estratégica, ainda há grande espaço para crescimento, tanto no que se refere ao
número de artigos e de redes de cooperação quanto aos temas ainda não estudados
no País.
A respeito das redes de cooperação, pode-se perceber, no exterior, a existência
de um núcleo de autores que formam laços entre si, construindo uma rede que
envolve 29 autores, com destaque para Jarzabkowski e Whittington. Essa rede
envolve autores de diferentes instituições e países. Em contraposição, as redes
de cooperação de estudos publicados no Brasil apresentam-se mais fragmentadas,
com seis autores no máximo. Além disso, não foi encontrada associação de
autores brasileiros com estrangeiros. Esses resultados demonstram que os
estudos brasileiros sobre SAP possuem um grande espaço para amadurecer no
tocante ao estabelecimento de parcerias de pesquisa entre diferentes autores,
instituições e com autores do exterior.
Assim, por meio da identificação dos autores do exterior que publicam sobre SAP
e dos temas já explorados no exterior, este estudo pode contribuir para que
autores brasileiros que desenvolvem pesquisas sobre essa perspectiva
estabeleçam contatos com autores estrangeiros para propor a realização de
projetos de pesquisa em parceria. Isso pode contribuir amplamente para o
amadurecimento dessa abordagem no Brasil por meio da troca de ideias, de
informações e de conhecimento com autores de outros países nos quais a SAP
apresenta maior grau de institucionalização.
Já no tocante aos temas relacionados à SAP já estudados, observa-se que estudos
brasileiros ainda não exploraram temas já pesquisados no exterior, como
microprática, organizing, ferramentas estratégicas e integração entre os níveis
micro e macro. Estudos sobre microprática no contexto brasileiro poderiam
explorar como o nível micro, principalmente os episódios de práxis dos
estrategistas da organização, contribuem para a estratégia de organizações do
Brasil. Apesar de estudos brasileiros explorarem o conceito de strategizing,
não foram encontradas pesquisas que o conectem a outro conceito, o de
organizing. Assim, estudos brasileiros poderiam analisar como o organizing
ocorre em empresas nacionais e como se relaciona com o strategizing. No Brasil,
também poderiam ser realizadas pesquisas baseadas em SAP sobre o emprego de
ferramentas estratégicas, enfocando, principalmente, o uso que os estrategistas
brasileiros fazem delas para o strategizing e para a difusão de práticas
estratégicas. Por fim, apesar de terem sido identificados estudos que
empregaram conceitos da teoria institucional nos estudos sobre SAP, não foi
possível encontrar, por exemplo, pesquisas sobre a relação da práxis dos
estrategistas e/ou das práticas estratégicas da organização com o ambiente
institucional. As reflexões que emergem deste trabalho indicam que a SAP obteve
sucesso, pelo menos no exterior, ao construir e estabelecer um campo de
pesquisa em uma das áreas mais ortodoxas de pesquisa em administração: a
administração estratégica. No entanto, como alertam Carter, Clegg e Kornberger
(2008), a institucionalização tem um preço ao trazer à tona o cerimonialismo.
Nesse sentido, as citações tendem a crescer, mas sem que haja uma real adesão
aos princípios originais da abordagem de SAP.
Sugere-se, para futuras pesquisas, ampliar a amostra de artigos publicados no
Brasil, incluindo outros periódicos conceito "A" na Capes. Além disso, como
destacado, os resultados obtidos nesta pesquisa permitem a observação de
diversos temas que podem ser estudados sob a perspectiva de SAP, principalmente
no Brasil, como as micropráticas e sua integração com os níveis organizacional
e extraorganizacional, o organizing e o emprego de ferramentas estratégicas no
strategizing.