O valor das competências docentes no ensino da Administração
1. INTRODUÇÃO
A expansão do ensino superior no Brasil está exercendo considerável pressão
sobre a formação de profissionais docentes e técnicos do setor. A
disponibilidade de docentes preparados não cresce na mesma proporção da oferta
de vagas, pois aquela não ocorre na mesma velocidade. A solução do mercado é
aproveitar profissionais que atuam no setor público ou empresas para atender
essa demanda adicional de docentes, com o consequente impacto na qualificação
desse contingente extra de docentes. Como afirmam Plutarco e Gradvohl (2010, p.
1), "espera-se que esses docentes possuam preparação compatível com o
desafio de formar futuros profissionais gestores". No entanto, essa
esperança dos autores, sabe-se, dificilmente poderá ser atendida, pois a
profissão de mestre requer formação específica e não apenas a experiência
profissional de gestor.
Grande parte da expansão do ensino superior está acontecendo em cursos na
modalidade de Educação a Distância (EaD), a qual exerce menor pressão sobre a
demanda quantitativa de docentes. Contudo, incorpora a demanda sobre novos
profissionais da educação, tais como os próprios docentes com formação
específica para a EaD, especialistas em Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs), designers de mídias, tutores, monitores e coordenadores de cursos em
EaD.
[...] observa-se que nas últimas décadas tem crescido o interesse das
instituições de ensino pelo uso da Educação a Distância. Cada vez
mais os países estão lançando mão dessa modalidade de ensino-
aprendizagem para: a) melhorar o nível de escolaridade dos
indivíduos; b) ajudar na formação e capacitação profissional; c)
melhorar o sistema educacional tradicional, ajustando-o às
necessidades do mundo atual. O interesse do corpo discente pelo EaD
também tem aumentado (Casagrande, Klering & Kruel, 2008, p. 1).
É compreensível que para um profissional de mercado ensinar de forma presencial
um grupo de discentes é sensivelmente mais simples do que, ao mesmo
profissional, ensinar um grupo muito maior de discentes sem a comunicação
direta presencial. Segundo Queiroz e Mustaro (2003, p.1),
[...] alguns professores acreditam que é possível simplesmente
transferir para a Web o material (conteúdo curricular) que é
tradicionalmente utilizado em sala de aula, sem qualquer ajuste nos
meios de comunicação. Cada meio requer abordagens diferentes para ser
utilizado.
Por isso, a relevância de conhecer as competências específicas que um docente
que atua na EaD deve possuir.
A EaD incorpora novos contingentes e segmentos da sociedade como potenciais
discentes do ensino superior, os quais podem possuir percepções diversas das
competências docentes mais adequadas ao labor educativo. Os discentes em cursos
EaD são dirigentes de empresas, assessores, assistentes técnicos, pequenos
empresários e, em termos gerais, profissionais que não têm agenda para dedicar-
se a um curso presencial, mas necessitam do conhecimento para suas atividades
profissionais. Teriam esses profissionais uma demanda específica para um tipo
de docente especial? Valorizariam esses discentes competências nos docentes
diferentes daquelas valorizadas pelos discentes de cursos presenciais? O grande
diferencial está em orientar os discentes para um envolvimento mais ativo no
processo de aprendizagem. "Para que o professor consiga desempenhar esse
papel diferenciado, precisa adquirir e desenvolver determinados saberes, ou
seja, um conjunto específico de competências." (Benetti et al. 2011, p.
8).
Segundo Benetti et al.(2011, p. 5), as habilidades e competências do docente no
modelo a distância ainda não são conhecidas. Casagrande et al. (2008)
realizaram um estudo comparativo entre a percepção dos discentes de
especialização lato sensu na modalidade presencial e EaD, sendo que em 9 dos 15
quesitos pesquisados a EaD teve média atribuída superior à do ensino
presencial. Além disso, em sete desses quesitos as médias foram
estatisticamente diferentes entre a modalidade presencial e a EaD. Apenas dois
dos quesitos analisados estão relacionados com os docentes e tutores, um deles
mais relacionado a uma das competências.
Então, neste estudo buscou-se responder à seguinte questão: Quais competências
docentes são consideradas mais relevantes na opinião de discentes da educação a
distância? Para responder essa questão, foi realizado um levantamento com
discentes de curso de pós-graduação na modalidade EaD e os dados foram
analisados por meio de estatística paramétrica. Portanto, o objetivo neste
estudo é buscar a percepção de discentes da EaD quanto às competências
docentes, no intuito de verificar se eles acompanham a opinião dos discentes
presenciais, a partir de outros estudos consultados no levantamento teórico-
empírico realizado para este trabalho.
Estudos sobre as competências docentes na EaD justificam-se pelo seu uso no
planejamento e seleção de docentes e pela necessidade de aperfeiçoamento
contínuo dos docentes. A relevância e o crescimento da EaD no Brasil também
indicam essa necessidade.
Além desta introdução, este estudo contém, na seção 2, uma revisão da
literatura; na seção 3, descreve-se a metodologia do estudo; na seção 4, é
feita a análise descritiva da amostra; na seção 5, encontra-se a análise dos
dados; na seção 6, a conclusão analítica; e, na seção 7, estão as considerações
finais do estudo.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Benetti et al. (2011, p. 13) perceberam "que a bibliografia mostra-se
incipiente quanto às competências específicas para a atuação em EaD".
Então, como a literatura sobre a relação entre competências docentes e a EaD
ainda é limitada, a base teórica está alicerçada basicamente nos estudos que
focam no ensino presencial.
Esta seção está dividida em duas partes. Na primeira, são apresentadas as
competências e os indicadores que as compõem e, na segunda, é apresentado o
modelo pesquisado neste estudo, formulado a partir das competências propostas
na literatura consultada.
2.1. Competências docentes
As reflexões sobre competências docentes não são recentes. Segundo Pereira
(2007, p. 214), há mais de 30 anos se começou a estudá-las de forma mais
intensa. Atualmente, ainda recebem atenção constante dos estudiosos, tanto que
num dos principais eventos da Administração no Brasil, o Encontro da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD)
(Machado-da-Silva, Guarido Filho, Rossoni & Graeff, 2008), foram
identificados pelo menos 11 artigos que tratam direta ou indiretamente do
assunto nos últimos cinco anos. No entanto, apenas recentemente, e ainda de
forma incipiente, estão sendo incluídas nessas pesquisas as competências dos
docentes dos cursos a distância, como é o caso do estudo de Casagrande et al.
(2008).
Entretanto, a noção de competências docentes é tratada por diversos autores que
estudam a prática docente, visualizando necessidades, capacidades e fatores que
influenciam o processo de ensino-aprendizagem. Perrenoud (1999, p.7) define
competência "[...] como sendo uma capacidade de agir eficazmente em um
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a
eles" (grifo do autor).
Paulo Freire (1996), em sua Pedagogia da Autonomia, aborda questões
fundamentais para a formação de educadores. Ele ressalta que ensinar exige
metodologia, pesquisa, ética, criticidade sobre a prática, respeito ao
educando, bom senso, convicção de que a mudança é possível, curiosidade,
competência profissional, comprometimento, saber escutar e disponibilidade para
o diálogo, dentre outros aspectos. "Competências de um Docente
Universitário é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes,
interdependentes e necessárias para o exercício das atividades acadêmicas de
ensino e pesquisa na educação superior" (Pereira, 2007, p. 83, grifos do
autor). Segundo Masetto (2003, p. 25), as competências docentes "[...]
sempre tem a ver com uma série de aspectos que se apresentam e se desenvolvem
conjuntamente: saberes, conhecimentos, valores, atitudes, habilidades".
Estudos realizados por Lingard et al. (2002) e Ayres et al. (2000)
identificaram uma série de competências pessoais que fazem a
diferença para a qualidade e a eficácia do ensino: conhecimento do
assunto; habilidades de comunicação; capacidade de se relacionar com
os alunos individualmente; habilidades de autogestão; habilidades
organizacionais; competências de gestão de sala de aula; habilidades
para resolver problemas; um repertório de métodos de ensino; trabalho
em equipe; e habilidades de pesquisa (Organisation for Economic Co-
operation and Development [OCDE], 2005, p. 101).
É evidente que o bom desempenho docente não depende exclusivamente de suas
competências, mas de um conjunto de fatores, no qual se deve considerar a
infraestrutura disponível, o projeto pedagógico, os recursos disponíveis, a
competência gerencial da instituição e outros. Entretanto, suas competências
constituem fator sine qua non da eficácia do trabalho docente.
Para subsidiar o desenvolvimento deste estudo, na sequência são apresentadas as
definições básicas de algumas competências levantadas na literatura, sem, no
entanto, ter a pretensão de abordar todo o assunto ou abranger todas as
competências, mas sim gerar subsídios para a construção de um modelo de
análise. Para tanto, na medida em que as definições são apresentadas, foram
destacadas, entre parênteses, as variáveis utilizadas para a composição do
modelo e para a análise estatística do estudo.
2.1.1. Didática
Segundo Gradvohl, Lopes, e Costa (2009, p. 3), "o conceito básico de
didática associa-se ao conjunto de atividades ligadas à transmissão direta do
conhecimento do educador ao educando". Para isso, o educador deve possuir
algumas características e tomar algumas atitudes que contribuam para a
transmissão do conhecimento. No estudo de Costa, Moreira, e Ethur (2006), a boa
didática foi considerada uma das competências mais desejadas pelos discentes de
cursos de mestrado e doutorado, para a formação do docente de ensino superior.
Da mesma forma, no estudo de Mendes-da-Silva, Bido e Forte (2008), o atributo
individual didática levou a uma avaliação de maior nível por parte de discentes
do curso de Administração, interferindo no desempenho do docente.
Dentre as características que compõem a didática estão: a clareza (Did01) na
apresentação dos conteúdos; a proposição e manutenção da dinâmica (Did02) de
aprendizagem com a presença ativa do discente; a utilização de técnicas e
atividades práticas (Did03) para facilitar o aprendizado, fazendo uso de
instrumentalização técnica; a capacidade de interligação (Did04) do conteúdo
com outras disciplinas da grade curricular (Costa et al., 2006; Gradvohl et
al., 2009; Plutarco & Gradvohl, 2010).
O uso de técnicas e/ou metodologias diz respeito ao domínio da tecnologia
educacional. Masetto (2003, pp. 30-31) a define como:
Uso de diferentes dinâmicas de grupo, de estratégias participativas,
de técnicas que colocam o aluno em contato com a realidade ou a
simulam; aplicação de técnicas que "quebram o gelo" no
relacionamento grupal e criam um clima favorável de aprendizagem ou
utilizam o ensino com pesquisa, ou exploram e valorizam leituras
significativas e o desempenho de papéis; [...] as novas tecnologias
de informação e comunicação relacionadas com a informática e a
telemática, seja como apoio ao processo de ensino-aprendizagem
presencial, seja num processo de educação a distância, na pesquisa.
Especificamente quando se trata da EaD, os profissionais da educação terão de
ter competência relacionada a uma "cultura técnica, que significa um
domínio mínimo de técnicas ligadas ao audiovisual e à informática,
indispensáveis em situações educativas cada vez mais mediatizadas"
(Blandin, 1990, apud Belloni, 2003, p. 87). Essa competência é baseada no uso
de ferramentas e equipamentos técnicos para a obtenção e a transferência de
conhecimentos, sendo considerada muito importante para melhoria da comunicação
no processo de aprendizagem e ensino (Selvi, 2010).
No caso da interligação, é fundamental que o docente perceba que o currículo de
formação de um profissional abrange diversos aspectos e subáreas de
conhecimento, sua interdisciplinaridade e interação, necessitando que o docente
perceba "[...] cada vez mais a ligação que pode haver entre sua disciplina
e as demais do mesmo curso" (Masetto, 2003, p. 29).
2.1.2. Conhecimento
O conhecimento é uma das competências centrais, ainda que não seja suficiente
para caracterizar as necessárias competências do docente. Segundo Freire (1996,
p. 47, grifo do autor), "[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção".
Conhecimentos, no sentido comum da palavra, "são representações da
realidade, que construímos e armazenamos ao sabor de nossa experiência e de
nossa formação" (Perrenoud, 1999, p. 7, grifos do autor).
No estudo de Medeiros e Oliveira (2009, p. 5), o conhecimento foi analisado
como um "[...] conjunto de informações adequadas e estruturadas pelo
indivíduo, responsáveis pela forma como o mesmo enxerga as ações, as pessoas,
os conceitos, as relações entre os sujeitos e realidade que ele vive".
Para Plutarco e Gradvohl (2010, p. 4), "na visão centrada na aprendizagem,
o docente deixa de ser uma exclusiva fonte de conhecimento e passa a ter a
função de ensinar seus alunos a pensar, a aprender e a desenvolver o seu
próprio conhecimento". No trabalho de Pereira (2007, p. 85), conhecimento
"[...] é o saber, o saber teórico, adquirido por um indivíduo, ao longo de
sua vida, através de aprendizados ou de vivências que são entendidos e
incorporados de forma cognitiva".
Especificamente no contexto da EaD, "a eficácia de um curso on-line exige
de um professor mais do que apenas conhecimento técnico, mas uma atitude
reflexiva e inovadora, que prioriza o processo de aprendizagem centrado no
aluno" (Queiroz & Mustaro, 2003, p. 5).
Nesse sentido, são necessários tipos diferenciados de conhecimento para compor
um conjunto de saberes indispensáveis à atuação docente. Um deles é o
conhecimento específico (Conh02) da disciplina, que são os conhecimentos
básicos em uma área. A competência em conhecimentos específicos é definida por
Masetto (2003) como aquela competência que é adquirida por meio de cursos de
graduação e atuação constante em aperfeiçoamentos, especializações, congressos/
simpósios e intercâmbios com especialistas. Além disso, a pesquisa é importante
para o domínio de uma área específica, por meio de estudos e reflexões
críticas, produzindo conhecimento, divulgando e discutindo com seus pares os
estudos realizados. "As competências de investigação dos professores são
de grande importância para os alunos na obtenção do pensamento científico e das
competências para o processo científico. A investigação ajuda a melhorar todas
as demais competências dos professores [...]" (Selvi, 2010, p. 170). No
estudo de Pereira (2007), o conhecimento específico foi a competência mais bem
classificada entre outras analisadas.
Uma segunda competência desse conjunto é o conhecimento prático (Conh01),
baseado mais na experiência que no ensino formal. Conforme Ariza e Toscano
(2000), esse conhecimento provém da própria experiência do docente enquanto
discente, e da experiência acumulada em sua história, o que constitui a
dimensão empírica do docente.
Além desses, o docente deve ter um conhecimento amplo (Conh03) da área da
disciplina ou das disciplinas do curso, integrando com outras áreas de estudo
(Gradvohl et al., 2009; Plutarco & Gradvohl, 2010). Mais especificamente, o
docente deve buscar conhecimentos "de diversas disciplinas científicas
relacionadas, analisadas cada uma delas desde uma perspectiva lógica,
histórica, sociológica e epistemológica, o que constituirá a dimensão
científica do saber profissional" (Ariza & Toscano, 2000, p. 37,
tradução nossa).
Por outro lado, é importante o docente possuir um bom nível de conhecimento
geral (Conh04). O conhecimento geral ajuda na compreensão de diversos aspectos
relacionados ao ensino e facilita a transmissão de conteúdos específicos.
Auxilia ainda na inserção do conteúdo no contexto do cotidiano, além de
contribuir para o desenvolvimento satisfatório da sua prática docente.
2.1.3. Experiência prática
A experiência prática do docente diz respeito às "[...] habilidades
adquiridas em anos de trabalho e estudo, por meio do relacionamento entre a
prática e o conhecimento, [que] consolidam a experiência de mercado de um
professor" (Plutarco & Gradvohl, 2010, p. 4). Grande importância foi
atribuída a essa competência, no estudo de Costa et al. (2006), entendida como
a prática de mercado extra-academia.
Nesse sentido, é importante ter ou estar atuando em atividade externa NÃO
relacionada às disciplinas (Exp01), ou seja, àquela atividade desvinculada da
área de conhecimento/atuação profissional do(s) curso(s) aos quais está
vinculado o docente. No entanto, ainda maior importância tem a atuação
docente em atividade externa relacionada às disciplinas (Exp02), para
evidenciar experiências práticas em organizações.
Além disso, uma competência essencial é a capacidade de o docente aproximar o
conhecimento teórico do prático (Exp03), no contexto da realidade que os
discentes irão vivenciar em sua atuação profissional (Plutarco & Gradvohl,
2010). "Isso significa constante inserção na teoria para entender a
prática e contínua inserção nas práticas sociais para refletir com a
teoria" (Leite, 2000, p. 59).
Por outro lado, no conjunto de competências ligadas à experiência prática,
outro fator importante é o docente utilizar e aplicar, em sala de aula,
exemplos da realidade (Exp04), aqueles exemplos concretos de aplicações
práticas dos conceitos teóricos.
2.1.4. Relacionamento
O relacionamento pode ser definido como a prática da busca do respeito mútuo,
do relacionamento interpessoal entre docente e discente e entre discentes.
"O relacionamento refere-se ao convívio e à interação de um sujeito com o
grupo do qual faz parte" (Gradvohl et al., 2009, p. 5).
No conjunto de competências de relacionamento do docente está incluída a
tolerância (Rel01), ou seja, a capacidade de se colocar na posição do discente,
tendo empatia no trato das questões relacionadas aos acadêmicos. No estudo de
Pereira (2007, p. 135), a empatia foi definida como "[...] a capacidade de
se colocar no lugar do aluno, e a partir disto criar uma relação de confiança e
harmonia que conduza a um maior grau de abertura deles para aceitar conselhos e
sugestões". Além disso, é importante ser acessível (Rel02), ter a
capacidade de proporcionar abertura à discussão e à reflexão do tema que está
sendo abordado.
Na competência de relacionamento também está implícita a disponibilidade e o
interesse em ajudar (Rel03) o discente em sua formação, possibilitando uma
aproximação contínua (Gradvohl et al., 2009; Plutarco & Gradvohl, 2010).
Mas, também implica na flexibilidade (Rel04) do docente, que "é a
capacidade de adaptar-se a novas situações e de rever posturas quando
necessário na sua atuação no processo de ensino-aprendizagem" (Pereira,
2007, p. 136). Ela pode ser percebida:
[...] pelos alunos como a capacidade de tomar decisões de improviso,
de saber conduzir problemas em várias circunstâncias, de se colocar
também como sujeito e assim, pensar com ele. E quando o professor se
coloca como agente ele comunica, deixa claro que possui essa atitude
de se dobrar para entender, para compreender (Medeiros &
Oliveira, 2009, p. 11).
A flexibilidade do docente na EaD impacta na "flexibilização da
aprendizagem, no sentido de exigir do estudante mais autonomia e independência,
propiciando o desenvolvimento de sua capacidade de gerir seu próprio processo
de aprendizagem" (Belloni, 2003, p. 106). Nesse sistema, "[...] o
aluno é orientado a aprender a ser mais autônomo, mais participativo e
responsável pelo seu próprio aprendizado" (Queiroz & Mustaro, 2003, p.
2).
2.1.5. Postura
No estudo de Pereira (2007, p. 85), a atitude, aqui chamada de postura, é
definida como "[...] o saber comportamental, relacionado com a disposição
de um indivíduo de querer fazer alguma coisa, normalmente ligado a aspectos do
campo social ou afetivo".
No papel de docente, a ética (Post01) é uma das competências, do quesito
postura, necessárias ao bom desempenho das atividades. Para Pereira (2007, p.
133), a atuação ética do docente "é o comportamento orientado por
princípios e valores universais de cidadania, em especial na relação com seus
alunos", demonstrando respeito por todos e utilizando um critério único de
avaliação dos discentes. Freire (1996, pp. 59-60), adverte que:
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto
estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua
sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o
minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais
tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se
exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do
aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitadamente
presente à experiência formadora do educando, transgride os
princípios fundamentalmente éticos de nossa existência.
Nesse sentido, a competência docente ética foi apontada no estudo de Pereira
(2007) como uma das melhores classificadas entre todas as competências
analisadas e, no estudo de Medeiros e Oliveira (2009), como totalmente
relevante à atuação docente. "[...] Na percepção dos discentes de
Administração, a postura ética apresentada pelo professor em sala de aula,
ressalta a forma como o mesmo traça a sua atuação profissional (como faz) e
consequente comprometimento com o que faz." (Medeiros & Oliveira,
2009, p. 11). Essa competência está relacionada com a atitude do docente,
associada com a afetividade, a sociabilidade, o estado comportamental e a
competência do saber-ser.
Para Freire (1996), ensinar exige comprometimento (Post02). Pode ser utilizado
como o comprometimento do docente "[...] com a obtenção de resultados
positivos nas atividades de ensino sob a sua responsabilidade" (Medeiros
& Oliveira, 2009, p. 12). Em outras palavras, o comprometimento do docente
para com o aprendizado do discente de forma igualitária. No estudo de Pereira
(2007, p. 131), o comprometimento do docente foi apontado entre as cinco
competências mais importantes da análise, que diz respeito ao "[...]
comportamento relacionado com o nível de envolvimento na obtenção de resultados
positivos nos processos de ensino-aprendizagem sob a sua
responsabilidade".
Outra competência relacionada à postura é a organização (Post03). No estudo de
Medeiros e Oliveira (2009), esse quesito teve o atributo de organizar sequência
lógica das atividades de cada aula lecionada pelo docente. O papel do docente
integra a "[...] capacidade de planejar e organizar as diversas atividades
do processo ensino-aprendizagem" (Pereira, 2007, p. 130). Segundo Blandin
(1990, apud Belloni, 2003), no EaD as capacidades de sistematizar e formalizar
procedimentos e métodos são necessárias ao docente, tanto para o trabalho em
equipe, como para alcançar os objetivos de qualidade e de produtividade.
Proatividade (Post04) é outra competência essencial às atividades docentes, já
que o docente normalmente atua de forma autônoma, sem supervisão direta. Para
Pereira (2007, p. 134), "é o comportamento relacionado ao ato de praticar
ações concretas por iniciativa pessoal para aprimorar o processo ensino-
aprendizagem".
Outro fator que impacta a postura do docente em sala de aula e faz parte das
suas competências é a comunicabilidade, ou a qualidade de ser comunicativo
(Post05).
Competências de comunicação incluem modelos de comunicação, a
interação entre professores, alunos, ambiente social e temas de
aprendizagem. Os professores também têm competências na utilização do
corpo, oral e linguagem profissional em seus campos. Competências de
comunicação incluem voz, linguagem corporal e as palavras como falar,
cantar e, por vezes, o tom de voz, linguagem gestual, paralinguagem,
toque, contato visual, ou o uso da escrita. Elas incluem as
habilidades de comunicação no processamento intrapessoal e
interpessoal, ouvir, observar, falar, questionar, analisar e avaliar
(Selvi, 2010, pp. 171-172).
No trabalho de Pereira (2007, p. 127), essa competência foi definida pelos
pesquisados como uma das cinco competências mais importantes do docente, sendo
definida e utilizada como a "capacidade de ouvir, processar, compreender e
expressar-se de diversas formas e usar o feedback de forma adequada para
facilitar a interação com seus alunos". No estudo de Medeiros e Oliveira
(2009), a variável comunicação foi avaliada como totalmente relevante ao bom
desempenho docente. Para os autores pesquisados por eles, "[...] o
conhecimento do professor por si só não é relevante, pois para o processo de
aprendizagem é necessário que o mesmo saiba comunicá-lo, expressá-lo
[...]" (Medeiros & Oliveira, 2009, p. 8). Em outras palavras, a
comunicação é fundamental no processo de ensino-aprendizagem, estabelecendo-se
relações e cognições, desenvolvendo a capacidade de se fazer entender.
Segundo Blandin (1990, apud Belloni, 2003), especificamente no caso da EaD, a
comunicação interpessoal é importante porque a difusão dos suportes
mediatizados habitua os estudantes a certa qualidade comunicacional do docente.
2.2. Modelo proposto a partir dos dados da revisão de literatura
O modelo inicial, demonstrado na Figura_1, é baseado em estudos anteriores
(Pereira, 2007; Mendes-da-Silva et al., 2008; Gradvohl et al., 2009; Medeiros
& Oliveira, 2009; Plutarco & Gradvohl, 2010), que fornecem o
embasamento teórico inicial, assim como em importantes referenciais que tratam
das competências docentes (Freire, 1996; Perrenoud, 1999; Ariza & Toscano,
2000; Leite, 2000; Belloni, 2003; Hattie, 2003; Masetto, 2003; Queiroz &
Mustaro, 2003; OCDE, 2005; Selvi, 2010). Outras competências também são
utilizadas em um ou outro estudo, mas adotou-se neste artigo aquelas mais
utilizadas nos estudos analisados. Evidentemente que outros aspectos podem ser
relacionados às competências aqui listadas, no entanto, novamente, optou-se por
utilizar aquelas que mais apareceram. Parte do questionário usado para mensurar
as variáveis que constituem as competências (variáveis latentes), inseridas
neste estudo, é baseado no estudo de Pereira (2007).
Como as competências docentes são variáveis latentes, isto é, que não podem ser
mensuradas diretamente, então algumas características de cada uma das
competências são listadas e mensuradas. A partir da soma das características
(variáveis), é possível mensurar as competências (variáveis latentes).
No Quadro 1 encontra-se o resumo das características (variáveis) utilizadas
neste estudo em relação a cada uma das competências, além do código definido na
Figura_1 e na análise dos dados.
Definidos o modelo inicial de pesquisa e a descrição das variáveis, o trabalho
segue com o detalhamento da metodologia, para então se realizar a análise dos
dados coletados.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
A questão que norteia este estudo foi descrita da seguinte forma: Quais
competências docentes são consideradas mais relevantes na opinião de discentes
da educação a distância? Para responder a essa questão, optou-se pela
realização de um estudo descritivo, fazendo uso do estudo de caso como
estratégia de pesquisa e com coleta de dados por meio de um levantamento
(survey). A análise objetivista hipotético-dedutiva dos dados alicerçou-se na
Análise Fatorial Exploratória, por meio da utilização do Statistical Package
for the Social Sciences(SPSS), além da utilização de outras técnicas
estatísticas paramétricas: teste t; Análise da Variância (ANOVA One-way); e
Alfa de Cronbach. Também foi utilizado o qui-quadrado (goodness of fit), ou
teste de adequação, não paramétrico. O Alfa de Cronbach e o qui-quadrado foram
utilizados para verificação da confiabilidade da escala e da representatividade
da amostra, respectivamente. Em todos os testes utilizou-se com padrão 0,05
como nível de significância.
O estudo foi realizado com os discentes de cursos de pós-graduação lato sensu
ofertados pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), modalidade a
distância, vinculados ao Setor de Ciências Sociais Aplicadas de Guarapuava
(SESA/G) e ligados ao Departamento de Administração. Segundo informações
fornecidas pela Universidade, no início do período letivo existiam 974
discentes matriculados, divididos em três cursos ofertados em oito polos.
A coleta dos dados foi realizada por meio da disponibilização de questionário
estruturado autoaplicável on-line, composto essencialmente de questões
fechadas. Trata-se de coleta de dados por adesão, já que todos os discentes das
três turmas de pós-graduação a distância, nos oito polos, incluídas no universo
de pesquisa foram convidados a participar, mas somente participaram aqueles que
se dispuseram. Portanto, trata-se de uma amostra não probabilística (não
aleatória).
Antes da disponibilização do questionário para os discentes, procedeu-se a
verificação da validade de conteúdo, a partir da avaliação de três
especialistas, que avaliaram a composição dos construtos e da escala. A
confiabilidade da escala foi verificada a partir do resultado do Alfa de
Cronbach. O questionário também foi objeto de um pré-teste, a partir do qual
não houve sugestões de alteração.
O questionário foi formatado e disponibilizado no Google Docs, sendo o link de
acesso encaminhado aos respondentes pelo Moodle. O link poderia ser acessado a
partir da última semana do mês de março até o final do mês de abril de 2011.
Durante esse período, 200 discentes responderam, correspondendo a 20,5% dos
discentes matriculados. Após uma análise preliminar verificou-se que não seria
necessário excluir nenhum questionário, ou seja, todos foram considerados
válidos.
4. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
O primeiro passo foi a verificação da representatividade da amostra. A primeira
verificação levou em conta a composição da amostra por Curso (Gestão Pública,
Gestão Pública Municipal e Gestão da Saúde), em que foi feita a análise da
representatividade da amostra em relação aos dados fornecidos pela Universidade
(total de matriculados por Curso). Constatou-se, pelo teste qui-quadrado, que a
amostra é representativa por Curso (Chi-Square 3,027; Df 2; Asymp. Sig. 0,220).
A segunda verificação levou em conta a composição da amostra por Polo
(Laranjeiras do Sul, Pinhão, Palmital, Nova Tebas, Pato Branco, Bituruna, Flor
da Serra e Apucarana), comparando-a, novamente, com os dados fornecidos pela
Universidade (total de matriculados por Polo). Constatou-se, pelo teste qui-
quadrado, que a amostra é representativa por Polo (Chi-Square 6,957; Df 7;
Asymp. Sig. 0,433).
A última verificação da composição da amostra considerou os respondentes por
Polo e por Curso, também em relação aos dados fornecidos pela Universidade
(total de matriculados por Curso em cada Polo). Constatou-se, pelo teste qui-
quadrado, que a amostra é representativa por Curso e Polo (Chi-Square 15,425;
Df 23; Asymp. Sig. 0,879).
Tanto nos agrupamentos por Curso e por Polo quanto no agrupamento por Curso e
Polo, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, segundo
a ANOVA ou teste t, quando aplicável. Isso indica que a percepção das
competências docentes é similar independentemente do Curso e/ou Polo do
discente. A ANOVA serve para testar se as médias de mais de duas populações são
ou não significativamente diferentes (Maroco, 2003). "O teste t-Student
serve para testar se as médias de duas populações são ou não significativamente
diferentes" (Maroco, 2003, p. 122).
Em função do resultado do teste do qui-quadrado, confirma-se que a amostra é
representativa em todos os quesitos utilizados. Considerando-se os resultados
do teste t e da ANOVA, confirmados pela análise gráfica (Error Bar), que é uma
segunda opinião em caso de a diferença entre as médias ser relativamente
pequena, é possível utilizar toda a amostra, conjuntamente, para a continuidade
do estudo, visto não existirem diferenças estatisticamente significativas entre
os agrupamentos (Curso, Polo e Curso e Polo).
O segundo passo na análise dos dados é a verificação da composição da amostra.
Dos respondentes, aproximadamente 18% fizeram graduação em Administração, 11%
em Ciências Contábeis, 8% em Serviço Social, 8% em Enfermagem, 6% em Pedagogia
e 5% em Direito. Somente esses seis totalizam quase 60% dos cursos de graduação
frequentados pelos discentes que responderam ao questionário, no entanto, foram
informados outros 34 cursos de graduação diferentes, entre normais e
sequenciais. Aproximadamente 58% dos discentes cursaram graduações vinculadas
às Ciências Sociais Aplicadas. Do total de respondentes, aproximadamente 3,5%
fizeram duas graduações.
Não existem diferenças estatisticamente significativas, segundo o teste t,
entre os respondentes que cursaram na graduação cursos vinculados ao Setor de
Ciências Sociais Aplicadas e os demais, em nenhuma das variáveis. Isso indica
que a amostra não precisa ser analisada separadamente, já que ambos os grupos
apresentaram respostas estatisticamente similares, ou seja, a percepção das
competências docentes é similar, independentemente do curso de graduação que
frequentaram.
Do total de respondentes, 44,5% informaram que já haviam feito outro curso de
pós-graduação e 45,0% informaram que ainda não haviam cursado uma pós-
graduação. Ainda, 10,5% não responderam a essa questão. Nesse caso, foi
utilizada a ANOVA, para verificar se existiam diferenças estatisticamente
significativas nas importâncias atribuídas a cada uma das variáveis, entre os
que já haviam feito outro curso de pós-graduação, os que não haviam feito e os
que não responderam essa questão. Como resultado, não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas nas médias das
importâncias atribuídas a cada uma das variáveis pelos três grupos, indicando
que, também nesse caso, não é necessário fracionar a amostra para as análises
subsequentes.
5. ANÁLISE DOS DADOS
O primeiro passo na análise dos dados é a verificação da importância média
atribuída a cada uma das variáveis do estudo, conforme demonstrado na Tabela_1.
Para tanto, foi utilizada uma escala intervalar de cinco pontos (1 -
Praticamente sem importância, 2 - Pouco importante, 3 - Importante,
4 - Muito importante, 5 - Totalmente importante). A partir das
médias, é possível identificar quais os fatores apresentam maior peso dentro de
cada construto e também o grau de importância atribuída para cada variável, em
relação às demais.
Na composição do construto Didática, destaca-se a média da importância
atribuída pelos discentes à variável clareza (Did01), a maior de todas as
variáveis e bastante próxima à importância máxima (5,0), indicando que essa
variável foi considerada totalmente importante pela maioria (78%) dos
respondentes. Já a interligação dos conteúdos (Did04) teve média abaixo das
demais variáveis desse construto, sendo inclusive uma média baixa em relação às
demais variáveis.
Destaca-se também a menor média obtida entre todas para a variável experiência
desvinculada (Exp01), ficando abaixo da faixa média da escala, indicando que
ela é considerada pouco importante ou praticamente sem importância para a
maioria (57,5%) dos respondentes. Na composição do construto Experiência, os
discentes atribuíram maior importância às variáveis relacionadas ao
compartilhamento da experiência (Exp03 e Exp04), do que às atividades práticas
propriamente ditas (Exp01 e Exp02).
Dentro do construto Relacionamento, todas as variáveis obtiveram médias
relativamente altas (acima de 4,0). Contudo, destaca-se a média da variável
acessibilidade (Rel02) que obteve a maior importância média, pouco acima da
disposição de ajudar (Rel03), segunda maior média do construto, sendo aquela a
terceira maior média entre todas as variáveis.
Outro aspecto que merece destaque é a proximidade das médias das variáveis do
construto Postura. É importante destacar que as médias de importância
atribuídas às variáveis que compõem o construto Postura foram todas altas.
As variáveis ético (Post01), comprometido (Post02) e comunicativo (Post05)
estão entre as cinco maiores médias de todas as variáveis. Esse resultado
acompanha o resultado obtido por Pereira (2007) em que essas mesmas variáveis
também estiveram entre as entre as cinco com maiores médias, das 13 variáveis
analisadas por ele.
No construto Conhecimento, a ênfase atribuída à necessidade do conhecimento
específico (Conh02) destaca-se em relação às demais variáveis do construto,
todas significativamente abaixo dela. Esse resultado indica que a importância
atribuída ao conhecimento específico da disciplina é muito superior à atribuída
ao conhecimento prático, ao conhecimento amplo e ao conhecimento geral.
No estudo de Casagrande et al. (2008), uma das questões aborda uma variável
inserida neste estudo, conhecimento amplo (Conh03), que compõe o construto
Conhecimento. Naquele estudo, os autores também utilizaram uma escala
intervalar de cinco pontos, sendo que as médias obtidas na questão que se
relaciona com a variável aqui utilizada foram 3,94 para os respondentes da EaD
(a quarta maior média da EaD) e 3,71 para respondentes da educação presencial
(a terceira maior média da educação presencial), resultados estatisticamente
diferentes (segundo a ANOVA), sendo que a ênfase dessa questão em ambos os
estudos é similar, ou seja, a percepção dos respondentes sobre a familiaridade
dos tutores e docentes com as outras disciplinas do curso. Isso possibilita a
comparação, desde que respeitados o contexto, a abrangência e as limitações de
cada estudo.
Quanto ao coeficiente de variação (calculado dividindo-se o desvio padrão pela
média), é possível identificar em quais variáveis as importâncias atribuídas
são mais ou menos coesas. Segundo Maroco (2003, p. 29) "o coeficiente de
variação é uma medida de dispersão relativa ao valor da média [...]".
Coeficiente de variação próximo a zero indica que todas as importâncias
atribuídas pelos respondentes foram praticamente iguais. Então, quanto menor o
coeficiente de variação, mais coesa é a importância atribuída. A variável em
que a importância atribuída foi menos coesa foi justamente a que obteve a menor
média (Exp01). Já a variável com importância mais coesa foi a com maior média
(Did01). Nas demais variáveis, o desvio padrão ficou entre 0,6 e 1,0, e o
coeficiente de variação entre 14 e 28%, indicando que o nível de coesão das
respostas é relativamente próximo e que a maioria dos respondentes tem
percepções parecidas para a atribuição de importâncias a cada uma das
variáveis.
O passo seguinte foi o de verificar a confiabilidade da escala. A
confiabilidade dessa escala foi verificada segundo o Alfa de Cronbach, que é
"a medida mais comum de confiabilidade" (Field, 2009, p. 594). O
teste Alfa de Cronbach foi realizado para todos os itens constantes na Figura
1. Segundo Field (2009, p. 594), "um valor de 0,7-0,8 é aceitável
para o α de Cronbach e valores substancialmente mais baixos indicam uma escala
não confiável". Os resultados obtidos foram um Alfa de Cronbach de 0,907
para os 21 itens.
Também foi verificada a confiabilidade da escala para cada um dos construtos,
conforme a Figura_1 e o Quadro_1. Os resultados estão resumidos na Tabela_2.
Observa-se que nenhum dos valores do Alfa de Cronbach constantes são
substancialmente mais baixos que 0,7, fato que indica a confiabilidade da
escala.
No entanto, esses resultados indicam que podem existir alguns pequenos
problemas na construção de cada um dos construtos, construção essa realizada a
partir da literatura. Para fazer a verificação desses possíveis problemas,
optou-se por realizar uma análise fatorial exploratória. O teste utilizado para
verificar a viabilidade da realização da análise fatorial é o teste de Kaiser-
Mayer-Olkin (KMO). Segundo Kaiser (1974, apud Field, 2009, p. 579), para o KMO
"os valores entre 0,5 e 0,7 são medíocres, valores entre 0,7 e 0,8 são
bons, valores entre 0,8 e 0,9 são ótimos e valores acima de 0,9 são
excelentes". O resultado do teste apresentado pelo SPSS para o KMO foi
0,895 (approx. Chi-Square 2057,122, df. 210, sig. 0,000). Em outras palavras,
"devemos estar confiantes de que a análise dos fatores é apropriada para
esses dados" (Field, 2009, p. 579).
Os resultados da análise fatorial, no quadro da variância total explicada,
indicam que realmente as variáveis se agrupam em cinco construtos, corroborando
os números de construtos inicialmente utilizados. A partir disso, foi realizada
a análise fatorial, resultando na Matriz de Componentes (Tabela_3).
Pelo que se observa na Tabela_3, três variáveis foram incluídas em construtos
diferentes daqueles indicados na literatura. A variável aproximação dos
conteúdos teóricos aos conteúdos práticos (Exp03) ficou alocada no construto
Postura, o que não é muito coerente, a não ser que se considere que a
aproximação desses conteúdos seja uma questão de postura, independentemente da
experiência.
A variável interligação do conteúdo da disciplina com conteúdos de outras
disciplinas do curso (Did04) ficou alocada no construto Conhecimento, o que
pode ser considerado coerente, já que, para que exista possibilidade de
interligação, o docente precisa ter conhecimento do conteúdo das demais
disciplinas.
Além disso, a variável utilização em sala de aula de exemplos concretos de
aplicações práticas dos conceitos teóricos (Exp04) ficou alocada no construto
Didática, o que também faz sentido, já que a capacidade de utilizar exemplos de
aplicações práticas dos conceitos teóricos, de forma inteligível, é uma
característica da postura didática adotada pelo docente.
Em outras palavras, tanto a composição dos construtos proposta pela literatura
quanto a composição obtida pela análise fatorial, com base nos dados do estudo,
resultam em uma composição coerente e viável. Ambas as possibilidades serão
exploradas para alcançar o objetivo do estudo.
Com essa nova composição dos construtos, verificou-se se o teste Alfa de
Cronbach teria alterações em relação à composição anterior, demonstrada na
Tabela_4.
Percebe-se, a partir da comparação da Tabela_2 e da Tabela 4, que apenas três
construtos tiveram alterações significativas no Alfa de Cronbach, sendo eles a
melhora no valor para os construtos Didática e Conhecimento Teórico e a piora
no valor do construto Experiência. O construto Postura também apresentou
alteração, no entanto praticamente insignificante. Da mesma forma que destacado
anteriormente, nenhum dos valores é substancialmente menor que 0,7, indicando
que a escala é confiável.
Depois dessas análises, parte-se então para aquela que busca responder
objetivamente a questão de pesquisa, ou seja, a identificação do conjunto de
competências que contribuem na construção da competência docente. Para esse
fim, optou-se por utilizar o resultado da Análise Fatorial, na qual, a partir
das cargas fatoriais encontradas, são determinadas a ordem e o grau de
importância de cada variável em relação a cada construto, conforme pode ser
observado na Tabela_5.
Podem-se inferir, a partir da Tabela_5, quais fatores respondem em maior
proporção pela variância total.
A partir do resultado da Análise Fatorial, constituem-se os construtos com a
inclusão ou exclusão de variáveis, calculando-se novamente as médias para eles,
obtendo-se assim um nova classificação, conforme apresentado no Quadro_2. Os
dados constantes na literatura, também citada no Quadro_2, nem sempre
utilizaram a mesma nomenclatura e as mesmas variáveis e, portanto, foi
necessária a análise e a utilização da analogia para enquadrar os construtos
similares dentro do quadro.
Destaca-se que as duas primeiras colunas do Quadro_2 apresentam os construtos
em ordem segundo a média. A informação dessa classificação ordenada deve ser
considerada com certo cuidado porque as médias das três primeiras não
apresentam diferenças estatísticas, assim como as médias das duas últimas.
Existem apenas diferenças estatísticas (segundo teste t) entre as três
primeiras e as duas últimas.
Observa-se que Plutarco e Gradvohl (2010) incluem um construto chamado
Exigência. No entanto, ele foi deixado de fora deste estudo tendo em vista que
as variáveis utilizadas para mensurá-lo estão mais relacionadas às competências
necessárias ao ensino presencial e não ao EaD.
Percebe-se pelo Quadro 2 que a Postura foi considerada como a principal
competência neste estudo e em uma das obras, sendo que nas outras duas ela não
estava incluída. Já a Didática foi a primeira em duas das obras (Costa et al.,
2006; Plutarco & Gladvohl, 2010) e oscilou de posição neste estudo. A
Experiência, que neste estudo ficou em último lugar, também havia sido o último
em uma das obras e penúltimo em outra. O Relacionamento esteve, neste estudo,
praticamente na segunda e na terceira colocações e, na literatura, esteve
praticamente em último lugar. O Conhecimento, que ocupou a posição de penúltimo
neste estudo, esteve em segundo e terceiro em duas obras da literatura.
Esses resultados estão indicando que os discentes da EaD atribuem maior
importância aos construtos Postura e Relacionamento (competências
comportamentais) do que aos quesitos Conhecimento e Experiência (competências
técnicas). Já a Didática, que faz parte das competências técnicas, ficou, pela
média dos construtos segundo a análise fatorial exploratória, entre as
competências comportamentais. A divisão das competências entre comportamentais
e técnicas pode ser observada em Pereira (2007). Isso talvez tenha a ver com a
própria característica da EaD, ou seja, uma forma diferente de relacionamento
docente-discente, cujos aspectos comportamentais são mais importantes do que os
aspectos técnicos. Essa percepção é, no mínimo, intrigante, já que na EaD o
contato direto entre docentes e discente é mínimo, quando existe. Por outro
lado, talvez a importância maior às competências comportamentais deva-se
justamente à privação do contato. Deve-se levar em conta, ainda, que os
respondentes são oriundos de cursos de graduação presencial e que estão
iniciando o curso a distância.
6. CONCLUSÕES ANALÍTICAS E RE-ESPECIFICAÇÃO DO MODELO
Inicialmente é importante destacar que as comparações realizadas aqui precisam
ser consideradas com cautela, já que os três estudos incluídos no Quadro_2
referem-se ao ambiente presencial, assim como a maioria dos outros estudos que
focam o tema competências docentes, enquanto neste estudo foca-se no ambiente
da EaD. Também é importante destacar que as considerações são tecidas em função
dos resultados e eles limitam-se à amostra da pesquisa. Logo, qualquer
inferência deve levar em consideração as características inerentes a este
estudo.
A Postura, identificada como a competência mais relevante, acompanha o que foi
identificado por Bitencourt e Klein (2007), mas não estava inserida nos outros
estudos analisados. Pereira (2007), apesar de não abordar diretamente a
Postura, inclui algumas das variáveis aqui utilizadas, sendo elas indicadas
entre as com maiores médias, conforme já destacado anteriormente na seção 5.
Uma das possíveis justificativas para a não inclusão dela em outros estudos
está no fato de que a Postura pode ser considerada como parte da Didática, como
destacado por Plutarco e Gradvohl (2010, p. 3), "A didática envolve assim
aspectos de postura e dinâmica docente [...]". A separação, neste estudo,
da Postura e da Didática pode ter resultado na divergência do encontrado na
literatura e neste estudo. No entanto, a Postura e a Didática fazem parte de
dimensões diferentes, a primeira das competências comportamentais e a segunda
das competências técnicas, o que justifica a divisão.
A Didática, identificada como a competência mais importante por Costa et al.
(2006) e Plutarco e Gradvohl (2010), ficou apenas em segundo e terceiro lugares
neste estudo, talvez devido à separação da Didática e da Postura. Esse
resultado é intrigante, já que muito se fala nos corredores universitários
sobre a importância da didática no ensino. Então, esse resultado levanta
algumas suposições, dentre elas que a didática não é considerada, ou não é
percebida, como tão importante pelos discentes quanto a postura, ou ainda que
não seja mais um diferencial percebido pelos discentes como o mais relevante.
Por outro lado, pode-se considerar esse resultado como a expressão das
percepções dos alunos da EaD, que diferem das dos alunos presenciais. Isso
porque a composição do construto Didática foi realizada neste estudo por
fatores tais como clareza na apresentação de conteúdos, dinâmica de
aprendizagem, utilização de atividades práticas e interligação de conteúdos de
outras disciplinas. Esses fatores podem não ser percebidos pelos alunos da
modalidade a distância como importantes, já que são dificultados pela restrição
de contato pessoal do meio tecnológico utilizado.
Coincidentemente, após a equivalência das escalas e conscientes de que as
formas de medição foram diferentes, a Didática obteve a mesma média de
importância neste estudo e no de Gradvohl et al. (2009). Isso indica que
possivelmente o grau de importância percebida pelos discentes
(independentemente do curso) é similar para essa competência, mas oscila nas
demais. Ainda, considerando que as médias sejam similares para esse construto,
então, nos demais, Conhecimento, Experiência e Relacionamento, existem
diferenças de percepção (não comprovadas estatisticamente) entre os
respondentes deste estudo e do estudo de Gradvohl et al. (2009). Uma das
possíveis justificativas é a questão presencial versus a distância, mas outras
questões podem ser relevantes, tais como a composição do instrumento de coleta
dos dados e a escala utilizada.
A Experiência, identificada como a competência menos relevante, diverge nos
resultados obtidos por Bitencourt e Klein (2007) e Plutarco e Gradvohl (2010),
nos quais ficou classificada como a terceira de cinco e quatro competências,
respectivamente, e nos de Costa et al. (2006) em que ficou em segundo lugar de
três competências. Duas de suas variáveis foram realocadas em função dos
resultados da análise fatorial exploratória, tendo em vista sua maior
proximidade com outros dois construtos, restando duas variáveis que consideram
tão somente vinculação a atividade alheia à docência (atividade profissional
não relacionada à atividade docente). Isso faz com que se levantem mais algumas
considerações, dentre elas que a Experiência, no caso a vinculação a atividade
não ligada à docência, não é considerada ou não é percebida como importante
pelos discentes, ou os docentes não conseguem refletir no ensino a sua
Experiência, principalmente se considerar-se aqui também o fator da modalidade
de curso, neste caso a EaD.
O Relacionamento, identificado como última de três competências nos estudos de
Costa et al. (2006), última de quatro competências nos de Bitencourt e Klein
(2007) e em penúltima de cinco competências no estudo de Plutarco e Gradvohl
(2010), ficou em segundo lugar neste estudo, indicando a importância atribuída
pelos discentes a essa competência. Nesse ponto, pode existir o viés do EaD, já
que a valorização desse construto pode estar relacionada à carência dele.
O Conhecimento, quarto neste estudo, foi identificado como o segundo nos
estudos de Bitencourt e Klein (2007) e Plutarco e Gradvohl (2010) e a
competência mais bem classificada no estudo de Pereira (2007). Esse resultado
não significa que o conhecimento não seja muito importante, mas sim que na
percepção dos discentes, em relação às demais competências inseridas neste
estudo, esse quesito não está entre os três mais importantes. É relevante
lembrar que o conhecimento faz parte do conjunto de competências, conforme
destacam os autores pesquisados por Medeiros e Oliveira (2009, p. 8), quando
afirmam que "[...] o conhecimento do professor por si só não é relevante,
[...]".
Constata-se então que, conforme o Quadro_2, segundo as cargas fatoriais, a
composição e a ordem das competências e das variáveis que as compõem são as
demonstradas no modelo reformulado da Figura_2.
O modelo constituído a partir dos dados coletados apresenta apenas pequenas
diferenças em relação à composição dos construtos. No entanto, a grande
diferença é a ordem com que se incluem as competências no modelo, tendo em
vista que na literatura, com base em Bitencourt e Klein (2007) e Plutarco e
Gradvohl (2010), com o acréscimo do construto Postura, a ordem apresentou-se em
uma sequência diferente, conforme pode ser observado no Quadro_2. Isso talvez
tenha a ver com o ambiente do estudo (presencial versus a distância) ou, ainda,
com o fato de que alguns estudos são realizados com estudantes de graduação e
outros com de pós-graduação lato sensu,ou seja, em contextos distintos.
Confirmar ou refutar esse modelo, constituído a partir da teoria, poderá ser
objeto de estudo futuro, considerando-se as constatações aqui obtidas.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, teve-se por objetivo verificar a percepção de discentes do EaD
quanto às competências docentes, por meio de análise estatística paramétrica,
utilizando como base estudos com foco no ensino presencial, consultados no
levantamento teórico-empírico realizado. Mais especificamente, buscou-se
responder à seguinte questão: Quais competências docentes são consideradas mais
relevantes na opinião de discentes da educação a distância?
Para responder a essa questão, foi realizado um estudo descritivo, por meio da
estratégia de estudo de caso, fazendo uso da técnica de levantamento (survey).
Foi realizada a análise fatorial exploratória, por meio do software SPSS, além
da utilização de outras técnicas estatísticas paramétricas, tais como o teste
t, ANOVA e o Alfa de Cronbach, além do qui-quadrado (técnica estatística não
paramétrica). O levantamento foi realizado com discentes de cursos de pós-
graduação lato sensu da área de Administração, ofertados pela UNICENTRO,
modalidade a distância (EaD). Foram convidados a responder o questionário um
total de 974 alunos, no período de março a abril de 2011, sendo que apenas 200
(20,5%) dos convidados responderam.
Considera-se atingido o objetivo proposto, visto que foi possível identificar
quais competências são percebidas pelos discentes de EaD como mais relevantes.
Tendo em vista a análise fatorial, os resultados indicam a seguinte ordem,
segundo a média dos construtos obtidos a partir dessa análise: Postura,
Didática, Relacionamento, Conhecimento e Experiência. Essa classificação difere
em vários pontos daquelas identificadas na literatura, como foi demonstrado no
Quadro_2, e também da identificada por Gradvohl et al. (2009), focando docentes
do curso de Contabilidade. Essa diferenciação pode ser analisada como resultado
da expressão das percepções dos alunos de EaD, que diferem das de alunos
presenciais, foco dos três estudos analisados no Quadro_2. Alguns fatores podem
não ser percebidos pelos alunos da modalidade a distância como importantes, já
que são dificultados pela restrição de contato pessoal do meio tecnológico
utilizado.
É importante ter em mente que, apesar dos resultados aqui alcançados, não foram
confirmadas diferenças estatisticamente significativas entre as competências,
mais especificamente entre Postura, Didática e Relacionamento e entre
Conhecimento e Experiência. Apenas entre aquelas três e essas duas é que foi
confirmada diferença estatística.
Então, a ordem das competências é um indicativo de quais delas os discentes
consideram mais importantes em relação às demais, e não que as últimas não
tenham importância, até porque as competências docentes "[...] sempre têm
a ver com uma série de aspectos que se apresentam e se desenvolvem
conjuntamente [...]" (Masetto, 2003, p. 25, grifo nosso). Nesse mesmo
sentido, Hattie (2003) destaca que as competências (atributos) devem ser parte
do perfil do docente e nenhuma é a única necessária, tampouco a presença
igualitária de todas, mas sim a sobreposição delas compondo o todo. Trata-se da
interdependência entre as competências, destacada por Pereira (2007). A exceção
é a competência Experiência, cuja média está bastante abaixo das demais, o que
talvez indique que ela não seja uma competência tão relevante, mas ainda assim
não é possível afirmar isso, se comparada com a competência Conhecimento, por
exemplo, e muito menos considerá-la inútil ou descartável. A principal
contribuição deste estudo é a tentativa de identificar as competências docentes
dos cursos a distância e a inserção dessa relação na agenda de pesquisas sobre
o ensino da Administração. Cabe salientar que as considerações são tecidas em
função dos resultados e eles limitam-se à amostra da pesquisa, sendo que
qualquer inferência deve levar em consideração as características inerentes a
este estudo, além do fato de não ser possível, estatisticamente, considerar uma
competência mais relevante do que a outra.
A escassez de estudos é também uma das principais dificuldades, visto que
praticamente inexistem estudos que abordem a questão das competências docentes
no âmbito da EaD ou, como afirmaram Benetti et al.(2011), a bibliografia ainda
é incipiente. Dos estudos analisados, apenas Casagrande et al. (2008) fazem um
comparativo entre o ensino presencial e a EaD, mas a ênfase distingue-se da
utilizada neste estudo. Apenas uma das perguntas por eles realizadas pode
servir de parâmetro para comparação. Assim também os outros estudos, focando no
ensino presencial, foram pouco proveitosos para comparações tendo em vista a
forma de construção do instrumento de coleta de dados. Neste estudo foram
utilizadas diversas variáveis para medir os construtos (variáveis latentes),
enquanto na maioria daqueles se tentou medir diretamente os construtos, além de
divergências em termos de escalas utilizadas, contextos dos estudos e outros
aspectos.
Por fim, percebe-se que ainda existe muito a se pesquisar na questão das
competências docentes dos cursos de Administração, principalmente dos cursos na
modalidade a distância. Futuros trabalhos podem buscar comprovar as suposições
levantadas neste estudo. Também é plausível que futuros estudos busquem
comparar resultados obtidos em outras instituições de ensino superior a
distância ou ainda comparar estes resultados com os que seriam obtidos se
fossem pesquisados discentes de cursos presenciais.