Adiamento do ingresso no mercado de trabalho sob o enfoque demográfico: uma
análise das regiões metropolitanas brasileiras
Introdução
O ingresso dos jovens no mercado de trabalho tem se modificado ao longo do
tempo e uma das características mais discutidas é seu adiamento. Este artigo
tem como objetivo analisar esse fenômeno, através de duas técnicas
demográficas: o método singulate mean age, desenvolvido no âmbito dos estudos
de fecundidade e nupcialidade; e tabelas de sobrevivência, elaboradas para
análise de mortalidade. Ressalta-se que as técnicas apresentam certa interface,
já que ambas pressupõem a construção de uma coorte hipotética.
São, portanto, duas principais contribuições deste trabalho: a adaptação de
técnicas referentes ao estudo de nupcialidade/fecundidade e mortalidade para o
mercado de trabalho; e a apresentação de importantes resultados, que auxiliam a
fundamentação de políticas públicas e o debate da transição dos jovens para o
mercado de trabalho e sua passagem para a vida adulta.
O adiamento da entrada no mercado de trabalho está fortemente associado ao
fenômeno do prolongamento da juventude, uma vez que a transição para o trabalho
parece ser uma etapa importante para uma passagem bem-sucedida para a vida
adulta, por viabilizar outras dimensões, como a saída do domicílio e a formação
de uma nova família.
Guimarães (2006) afirma que esse "dever" de se inserir no mercado de trabalho é
uma construção social e recente, dado que foi somente no século XIX que a idéia
de transitar de um estado para outro passou a ter um sentido social. Antes
disso, os filhos de camponeses, operários e artesãos estavam regularmente
ocupados em diferentes ambientes produtivos. Apenas no século XX, após a
universalização da escolarização obrigatória, é que houve espaço para se
conceituar a atividade ocupacional regular, tornando socialmente possível se
pensar em uma transição da escola para o trabalho (DUBAR apud GUIMARÃES, 2006).
No Brasil, a saída da inatividade pelo jovem entre 15 e 24 anos passou por
diferentes ciclos nas últimas décadas. Segundo Pochmann (2000), houve três
movimentos distintos entre atividade e inatividade dos jovens de 15 a 24 anos,
ao longo do século XX. O primeiro foi de constante crescimento da atividade,
durante a década de 30; o segundo representa o período de 1930 a 1970, quando
houve uma reversão da situação, com aumento da inatividade, resultado de uma
maior dedicação dos jovens aos estudos. Neste momento, a taxa de inatividade
cresceu 18,5%, enquanto a de atividade diminuiu 19,01%. Ressalta-se que a não
transição pode ter um significado positivo na vida dos jovens, uma vez que eles
podem estar inseridos em atividades escolares sem trabalhar. Mas não devem ser
desconsideras as mudanças ocorridas no mercado de trabalho.
A partir da década de 70, uma nova ruptura ocorreu, resultando em mudanças
significativas na transição da inatividade para a inserção no mercado de
trabalho. Nota-se uma expressiva redução (32%) na taxa de inatividade, entre
1980 e 1998.
Como salienta Pochmann (2000), ao contrário da experiência
internacional, nas duas últimas décadas do século 20, o Brasil
retrocedeu no uso do tempo livre destinado ao jovem. Guardada a
devida proporção, o país tem repetido a experiência das primeiras
décadas deste século, quando era maior a presença do jovem no mercado
de trabalho.1
Entretanto, a inatividade pode esconder uma outra face das atividades juvenis,
como, por exemplo, a realização de tarefas domésticas, ou mesmo de atividades
voluntárias ou trabalho temporário. De acordo com a PNAD - Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios 2003, no Brasil, 6,1% dos jovens entre 10 e 24 anos
realizavam apenas tarefas domésticas, 8,2% trabalhavam e também auxiliavam nas
atividades do lar, 9,4% trabalhavam, estudavam e também cuidavam dos afazeres
domésticos e apenas 3,3% não realizavam nenhuma das três atividades. Ressalta-
se que as mulheres apresentam maior probabilidade de estarem nestes grupos do
que os homens, o que indica uma divisão sexual do trabalho entre os filhos
(TOMÁS, 2006). Ao mesmo tempo, é entre as mulheres que se encontram as maiores
taxas de inatividade.
Assim, a transição para o mercado de trabalho apresenta padrões distintos entre
homens e mulheres, o que pode ser reflexo da própria preparação para este
período da vida. As trajetórias dos homens e mulheres para se preparem para a
transição, tradicionalmente, são bastante diferentes. A socialização dos jovens
inicia-se na família e normalmente é estruturada com base em normas e valores
dos membros adultos da família e são, historicamente, definidos por uma divisão
sexual do trabalho. Camarano et al. (2006) ressaltam que, além das variáveis
consideradas no caso masculino, a inserção no mercado de trabalho entre as
mulheres é afetada também pela nupcialidade e fecundidade. Entretanto, diversas
mudanças têm ocorrido no processo de inserção das mulheres no mercado de
trabalho, observando-se uma convergência em direção à situação masculina.
As mudanças que atraem as mulheres para o mercado são trazidas tanto pelas
oportunidades quanto pela motivação da nova geração em ser diferente de suas
mães. De um lado, há o crescimento da remuneração das pessoas com o nível médio
e, de outro, o aumento da importância do poder econômico feminino, que pode
mudar papéis tradicionais após o casamento e a maternidade (diminuir
desigualdades intradomiciliares). Atualmente, para grande parte das mulheres,
uma transição bem-sucedida deve incluir o recebimento de rendimentos (NATIONAL
RESEARCH COUNCIL, 2005).
Ressalta-se que os períodos analisados neste artigo compreendem um momento de
diversas mudanças econômicas que refletiram no mercado de trabalho. A partir da
década de 80 e mais fortemente em 1990, o mercado de trabalho passou por um
processo de desestruturação, marcado por desassalariamento, queda dos
rendimentos, geração de postos de trabalho precários, menores possibilidades de
mobilidade social, concentração de renda e elevadas taxas de desemprego (FJP,
2003; DIEESE, 2001; MONTALI, 1998; SINGER, 1998). Este processo levou,
portanto, a um aumento da informalidade, principalmente entre os jovens que
tradicionalmente já se inserem de forma mais precária no mercado de trabalho
(MONTALI,1998).
Este artigo está dividido em quatro partes. A primeira é essa breve introdução,
a segunda apresenta a fonte de dados e os métodos utilizados. A terceira seção
trata do fenômeno do adiamento da entrada no mercado de trabalho através do
cálculo da idade média da primeira ocupação. Já a quarta parte aborda o
adiamento via a construção de tabelas de sobrevivência e a análise de seus
indicadores sintéticos. Por fim, seguem-se as considerações finais.
Fonte de dados e questões metodológicas
A fonte de dados utilizada foi a Pesquisa Mensal de Emprego - PME do IBGE, que
consiste em um levantamento mensal com o objetivo de se produzirem indicadores
sobre a força de trabalho, permitindo avaliar as flutuações e suas tendências a
médio e longo prazos. Sua cobertura compreende a área urbana de seis regiões
metropolitanas: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e
Porto Alegre. Neste trabalho, as análises foram realizadas levando-se em conta
as seis regiões metropolitanas conjuntamente.
A PME viabiliza o cálculo da idade média através do método singulate mean, dada
a possibilidade de se identificarem as pessoas que nunca trabalharam.
Na segunda parte da análise utilizou-se um outro recurso da PME. A pesquisa tem
uma estrutura de painéis rotativos, em que uma amostra de domicílios é
pesquisada durante quatro meses, sendo retirada nos oito meses subseqüentes e
retornando à amostra, pela última vez, nos quatro meses seguintes. Em
conseqüência dessa rotação, ao final do 1º ano, isto é, no 13º mês, a amostra é
composta pelos domicílios investigados no 1º mês. Portanto, cada domicílio na
amostra é entrevistado quatro pares de vezes com as entrevistas em cada par
distanciando-se exatamente um ano uma da outra.
Essa forma de coleta de dados permite a aplicação de técnicas de análise de
dados longitudinais, bem como a observação de situações em que há necessidade
de se acompanhar o indivíduo, como a passagem da condição de inatividade para a
de atividade, objeto desse trabalho. Dessa maneira, para a estimação das taxas
específicas de transição para construção das tabelas de sobrevivência, foram
analisadas a situação no período anterior e a permanência ou mudança de
statusno período seguinte. Dessa forma, a transição foi observada a partir da
pergunta se o entrevistado nunca trabalhou (no primeiro período) em
contraposição ao que o jovem estava realizando no ano seguinte. As transições
analisadas foram entre 1982/1983 e 2000/2001.
Por fim, destaca-se que ambos os métodos foram aplicados apenas para os
indivíduos que se declararam filhos na família. Este recorte deve-se ao fato de
que são eles, em sua maioria, que realizam a primeira transição para o mercado
de trabalho.
Análise do adiamento do ingresso na força produtiva via idade da primeira
ocupação
Aplicação dosingulate mean agepara o mercado de trabalho
O método singulate mean age, apresentado por Hajnal (1953), foi inicialmente
desenvolvido para o cálculo da idade média do primeiro casamento. Mais
recentemente, Wachter (2006) realizou uma reformulação de sua aplicação.
É possível aplicar essa técnica para o cálculo da idade média do primeiro
emprego, dada a existência de características similares entre estes dois
eventos: casamento e entrada no mercado de trabalho.
Da mesma maneira que o casamento, o trabalho, muitas vezes, não é bem definido:
o trabalho informal deve ser considerado? E a ajuda a familiares? Quantas horas
devem ser consideradas? Além disso, não é um evento único, mas sim sucessivo,
pois um indivíduo pode entrar e sair do mercado de trabalho diversas vezes ao
longo da vida. Um evento, portanto, que facilita o seu entendimento e sua
manipulação é o primeiro emprego, que, da mesma forma que o primeiro casamento,
é raro encontrar dados disponíveis.
Quanto aos pressupostos do método pode-se dizer que: 1) as idades também são
positivas; 2) uma vez que as pessoas já trabalharam, elas não retornam à
condição de nunca terem trabalhado, embora possam retornar à inatividade; 3)
somente após a dedução daqueles que nunca trabalharam, passa-se a incluir
apenas aqueles que já trabalharam.
Os problemas com os pressupostos são, igualmente, similares entre a primeira
ocupação e o primeiro casamento. Entretanto, na análise do mercado de trabalho,
eles podem ser considerados menores, já que a pergunta é se nunca trabalhou, o
que dificulta a um desempregado responder "sim". Ademais, esses casos foram
excluídos pela própria estrutura da pesquisa, que pergunta se a pessoa nunca
trabalhou apenas para aquelas que responderam que são aposentados, estudantes,
ou que se dedicam a afazeres domésticos no ano corrente. Quanto à mortalidade
seletiva, esta difere entre quem trabalha e não trabalha; inclusive a
probabilidade de morrer é diferente entre as ocupações (SMITH et al., 1997).
A proporção de pessoas que trabalham também se altera no tempo. É bastante
provável que o problema da migração seja até superior ao da mortalidade, já que
os indivíduos analisados são de região metropolitana, local em que geralmente
são altas as taxas de imigração, especialmente devido à busca por emprego.
Hajnal (1953) já alertava que as mudanças de curto prazo podem ser fortemente
afetadas pelas mudanças na seletividade da mortalidade e da migração. Uma forma
de se corrigir este problema seria analisar a razão entre os sobreviventes em
uma tabela de vida de pessoas que nunca trabalharam e os sobreviventes da
tabela de vida usual, o que resultaria na proporção de pessoas que nunca
trabalharam, parcela que deveria ser deduzida para reduzir o efeito da
mortalidade seletiva (HAJNAL, 1953).
Neste trabalho, a idade mínima foi de dez anos e a máxima de 64 anos, dado que
este é o intervalo da população economicamente ativa. Embora se reconheça que,
para o caso do primeiro emprego, a idade limite está bastante elevada, isso não
prejudica a análise, uma vez que, para seu cálculo, escolhe-se o intervalo em
que a maior parte das pessoas já realizou a transição, o que ocorre usualmente
entre 25 e 35 anos (este valor é denominado F(ult)). Desse modo, após se
somarem os valores de nGxforam acrescentados dez anos.
F(x) é a proporção de pessoas que já trabalharam e é expressa da seguinte
forma:
G(x) é a proporção daqueles que irão trabalhar alguma vez na vida, mas ainda
permanecem inativos. Calculada da seguinte maneira:
Dessa forma, a idade média é dada através da seguinte fórmula:
A idade média, ao final, indica quando na vida das pessoas a primeira ocupação
ocorre. Espera-se encontrar uma tendência de crescimento da idade, devido ao
adiamento da entrada no mercado de trabalho. Para se constatar essa tendência,
também foi analisada a proporção de pessoas que permanecem sem trabalhar ao
final da distribuição, ou seja, o valor de Fult de um ano (S1(x)) comparado ao
período seguinte (S2(x)). Sendo:
A desvantagem de se analisar através do valor de k é que se assume que a
mudança foi igual em todas as idades (taxa constante), o que nem sempre é
verdade. Dessa maneira, pode-se analisar a razão entre a proporção de pessoas
que nunca trabalharam no intervalo de Fult e a proporção em um intervalo etário
mais jovem, como, por exemplo, próximo à média. O resultado é a proporção de
pessoas que nunca tinham trabalhado quando jovens e que permanecem sem
trabalhar até o intervalo de Fult. Ambos os resultados são apresentados na
seção seguinte.
Hajnal (1953) utilizou essa estratégia para estudar a mudança no padrão europeu
de casamento. O autor observou que, quando há elevação na idade de se casar,
existe também um aumento na proporção de pessoas que permanecem sem se casar.
Espera-se a mesma relação entre o aumento da idade média do primeiro emprego e
a proporção no último intervalo etário Fult.Entretanto, ressalta-se que as
razões que elevam a proporção final de pessoas sem nunca terem trabalhado são
bastante diferentes das motivações para o não casamento. Dificilmente uma
pessoa optaria por permanecer sem trabalhar ao longo de toda sua vida da mesma
maneira que poderia optar por ficar solteira. Adicionalmente, as dificuldades
de se conquistar um emprego são diferentes daquelas de se casar.
Resultados
Os resultados encontrados por Kassouf (2002a), com o suplemento da PNAD 1999,
indicam uma idade média de 13 anos no Brasil, considerando tanto o meio rural
quanto o urbano, sem diferenciar pelo momento de entrada no mercado de
trabalho. Ou seja, essa idade é uma média das pessoas entrevistadas em 1999,
mas que entraram no mercado de trabalho em momentos muito diferentes. Já
Hasenbalg (2003a), utilizando os dados do suplemento da PNAD 1996, calcula a
idade média de chefes e cônjuges para homens e mulheres, separadamente, e
diferenciando pela data de ingresso no mercado de trabalho, como mostrado a
seguir (Tabela_1).
Como o próprio autor ressalta, estes valores devem ser analisados com cautela,
pois a condição de cônjuges e chefes impõe um forte viés de seleção, por se
tratar de um grupo que já constituiu família. Além disso, o cálculo não
considera todo o conjunto de ingressantes no mercado de trabalho neste período.
Entretanto, estes resultados já apontam para um aumento na idade no ingresso e
para a grande diferença na transição para homens e mulheres.
Camarano et al. (2006), ao utilizarem uma metodologia de coorte hipotética e os
dados de Censos Demográficos, encontraram uma idade média de 17 anos, em 1980,
e 18 anos, em 2000, para os homens, e de 16 e 18 anos, respectivamente, para as
mulheres.
Entretanto, salienta-se que estes trabalhos não possuem comparabilidade com os
resultados deste artigo, embora em alguma medida e em alguns grupos analisados
os resultados se aproximem. A não-comparabilidade dá-se tanto pela área
geográfica estudada quanto pela base de dados utilizada e a metodologia
empregada. O primeiro estudo utiliza um questionário suplementar com
características de coleta peculiares, com representatividade nacional; o
segundo analisa apenas os chefes e cônjuges no domicílio, também com dados para
todo o Brasil; e o terceiro utiliza dados igualmente nacionais. No que concerne
à metodologia, exceto o trabalho de Camarano et al. (2006), os outros dois não
têm uma perspectiva de ciclo de vida e não consideram todo o conjunto
populacional, mas apenas aqueles que já ingressaram no mercado de trabalhando,
excluindo do cálculo da idade média os que ainda vão ingressar. Dessa forma, o
presente trabalho representa uma contribuição metodológica para um cálculo mais
preciso da idade média, ao mesmo tempo em que confirma uma tendência já
observada.
Como verificado por estes e outros autores, a idade média da primeira ocupação
tem se elevado ao longo do tempo: correspondia a 17,30 anos, em 1983, e a 19,12
anos, em 2001 (Tabela_2). Em todos os grupos houve elevação na idade, sendo que
entre as mulheres esse aumento foi menor do que para os homens. Dessa maneira,
observa-se uma aproximação das idades dos homens e mulheres ao ingressarem na
força produtiva. Esses resultados confirmam a tendência já constatada por
Hasenbalg (2003a) e Camarano et al. (2006). Como destacado pelo próprio
Hasenbalg, embora tenha ocorrido elevação na idade em que se começa a
trabalhar, o que pode estar fortemente associado com a elevação da escolaridade
entre a população jovem, esse aumento é considerado baixo dentro dos padrões
internacionais.
Um aumento na idade média de inserção no mercado de trabalho indica um
prolongamento na condição de inatividade que não parece ser justificado apenas
pelo aumento dos estudos, já que se sabe que, no Brasil, os jovens não
necessariamente entram para o mercado de trabalho após completarem os estudos.
O momento de entrada é da mesma maneira importante, já que condições piores
para encontrar trabalho podem desestimular os jovens, que passam a adiar sua
entrada no mercado de trabalho (ROSENBAUM, et al., 1990). Esse adiamento também
pode ser explicado via desemprego, já que se está tratando da primeira ocupação
e não apenas da inserção na vida ativa. Vários estudos apontam para um aumento
do desemprego entre as décadas de 80 e 90 (OIT, 2001; POCHMANN, 2000).
Flori (2004), utilizando os dados para as seis regiões metropolitanas da PME,
durante 1983 a 2002, decompôs a taxa de desemprego dos jovens em duração ou
taxa de entrada no desemprego, comparando-a com a taxa de desemprego dos
adultos e idosos. A autora concluiu que o principal responsável pela magnitude
da taxa de desemprego entre os adultos e idosos é a duração média do
desemprego. Já para os jovens, essa diferença não se verifica, pois tanto a
duração quanto a entrada no desemprego contribuem igualmente para o alto
desemprego juvenil. Porém, a duração média no desemprego entre os jovens é tão
alta quanto entre os adultos e idosos, mas, para os primeiros, a taxa de
entrada no desemprego é maior. Dessa forma, a rotatividade não só é maior entre
os jovens, como também é o principal determinante do desemprego neste grupo.
A dificuldade de se conseguir o primeiro emprego pode igualmente afetar a idade
média, já que uma demora para encontrar um trabalho adia a entrada na primeira
ocupação. Flori (2004, p. 9) também decompôs a taxa de desemprego entre os
jovens que já trabalharam antes e os que estavam buscando o primeiro emprego.
A taxa de entrada no desemprego dos jovens que já trabalharam antes é
bem maior que a dos que estão em busca do primeiro emprego. Os
resultados mostram que pouco mais de 10% dos jovens que entram no
desemprego, nesse período estudado, estão à procura do primeiro
emprego, enquanto mais de 80% deles já tiverem empregos
anteriormente.
Desse modo, esses resultados desmistificam o papel do desemprego na procura
pela primeira ocupação, inclusive como influência na idade de inserção na
primeira ocupação. Por outro lado, o estudo do desemprego juvenil pode ser
dificultado porque muitos jovens que nunca trabalharam e estão procurando
emprego podem não se autoconsiderarem desempregados, declarando-se como
inativos, principalmente entre aqueles que apenas estudavam. Assim, haveria uma
subdeclaração desta categoria entre essa faixa etária.
Ademais, vale a pena destacar que, diferentemente, outros autores, como Ryan
(2001), Tokman (2003), Pochmann (2000) e Dieese (2001), ressaltam a importância
da experiência para a conquista de uma posição no mercado de trabalho, o que
dificulta a primeira inserção dos jovens no mercado de trabalho, resultando em
seu adiamento na entrada no mercado de trabalho.
As diferenças entre homens e mulheres diminuíram entre 1983 e 2001, passando de
1,44 ano, para apenas 0,87 ano. A transição para a vida adulta e, inclusive,
para a entrada no mercado de trabalho é bastante diferente entre homens e
mulheres. Camarano et al. (2004), analisando os dados das PNADs 1982 e 2002,
concluem que o processo de transição das mulheres diverge do observado entre os
homens. Tanto em 1982 quanto em 2002, verificou-se que esta ocorre cerca de
três anos mais cedo para as mulheres, o que está fortemente associado a
casamentos e uniões de mulheres com homens mais velhos. Por outro lado, entre
1982 e 2002,
novas formas de transição parecem estar ocorrendo entre as mulheres
jovens, com possíveis influências no postergamento da saída da casa
dos pais. Em 1982, a saída de casa dava-se, principalmente, pelo
casamento, ou seja, por estar assumindo-o papel de cônjuge. Novos
papéis foram criados nos 20 anos analisados. Cresceu o número de
mulheres jovens que saem de casa na condição de chefes e de homens na
condição de cônjuges (CAMARANO et al., 2004, p. 16).
Além disso, outra mudança com relação à transição para a vida adulta refere-se
à maior participação das mulheres no mercado de trabalho, embora elas estejam
adiando sua entrada e obtendo maior escolarização. Entre os homens, além do
adiamento na inserção no mercado de trabalho, também parece que eles estão
adiando o casamento e a formação de um novo domicílio (CAMARANO et al., 2006,
2006a).
Vale destacar que a diferença encontrada entre a idade de inserção no mercado
de trabalho para homens e mulheres e sua diminuição ao longo do tempo
acompanham as mudanças ocorridas neste período no mercado de trabalho em geral.
Entre a década de 80 e o início do século XXI, ocorreram várias mudanças no
padrão de emprego, motivadas principalmente pelas inovações tecnológicas.
Durante esse período, houve aumento do desemprego juvenil, menores taxas de
participação e ocupação masculinas e aumento da participação feminina no
mercado de trabalho.
Continuando a análise do adiamento na entrada no mercado de trabalho, a Tabela
3 apresenta o cálculo do índice k, em que se observa, em todos os anos e grupos
estudados, uma elevação no grupo final que permanece na categoria que nunca
trabalhou. Esse percentual varia de 8%, entre as mulheres, a 24%, para os
homens, no período 1983-2001.
A Tabela_4 apresenta a proporção dos indivíduos que permanecem sem trabalhar,
através da comparação de S1(x) e S2(x). Da mesma maneira que na análise
anterior, observa-se que a maior diferença foi entre os homens.
A diferença entre os períodos pode sofrer alteração pelo rápido declínio no
período intermediário. Além disso, vale ressaltar que essas mudanças podem ser
em certa medida afetadas pela migração e mortalidade (HAJNAL, 1953). Destaca-se
que, no contingente analisado neste estudo, esses problemas podem ser bastante
influentes, visto que se trata de regiões metropolitanas, onde tanto a
mortalidade por causas externas, especialmente entre os jovens, quanto a
migração são expressivas.
No caso da mortalidade, Santos et al. (2001) destacam que vítimas de homicídios
concentram-se na periferia da área mais urbanizada. Em Recife, Barros et al.
(2001) observaram que, entre 1979 e 1995, os coeficientes de mortalidade por
causas externas mostraram crescimento, sobretudo de homicídios entre os
adolescentes, em que se observaram um aumento anual médio de 3,05 por 100 mil
jovens e um acréscimo relativo de 601,3% ao longo da série. Em 1995, mais de
90% desses homicídios foram causados por armas de fogo.
Guimarães et al. (1995) verificaram, para o período 1980-1991, um crescimento
expressivo das mortes de adolescentes por causas externas em Recife. Em 1980,
foram registrados 9,8 homicídios por 100 mil habitantes de 10 a 19 anos,
aumentando para 39,5 mortes, em 1991. Em Salvador, Freitas et al. (2000)
estimaram um acréscimo de 34,6% no número de mortes violentas, entre 1988 e
1994. As maiores taxas de mortalidade ocorreram entre o sexo masculino nas
faixas etárias de 20 a 29 anos (que passaram de 192,0 para 262,0 mortes por 100
mil habitantes deste grupo de idade, no período) e de 65 anos ou mais (que
aumentaram de 188,7 para 258,1 óbitos por 100 mil).
Não somente a morte por causas externas (ou violentas) chama a atenção na
mortalidade entre a faixa etária de 15 a 24 anos. Vermelho e Jorge (1996), ao
estudarem a mortalidade de jovens (15 a 24 anos) das cidades do Rio de Janeiro
e São Paulo, no período de 1930 a 1991, observaram que doenças
cardiovasculares, respiratórias e, mais tarde, a Aids, também se destacaram,
embora seja evidente que, após 1960, as causas violentas passaram a ocupar a
primeira posição, principalmente os acidentes de trânsito e homicídios.
A migração nas regiões metropolitanas, apesar de ter sido expressiva no
passado, já que estas regiões eram receptoras de um grande contingente de
pessoas, atualmente não é tão significativa e o crescimento populacional nestas
áreas tem diminuído ao longo do tempo.
No período 1970/80 já se podia evidenciar um arrefecimento no ritmo
de crescimento da população residente nessas áreas: a taxa média de
crescimento populacional metropolitano passou de 4,7% a.a., em
196070, para 3,8%, em 1970-80. Mesmo assim, o volume migratório que
havia se dirigido para essas metrópoles justificava apontar um padrão
crescente de concentração populacional. Nos anos 80, no entanto, a
taxa de crescimento da população metropolitana nacional apresentou um
decréscimo considerável, registrando 1,99% a.a., baixando para 1,5%
a.a. entre 1991-96 (BAENINGER, 1998:15).
O adiamento da entrada no mercado de trabalho também pode ser analisado através
de outra técnica demográfica: tabelas de sobrevivência. Diferentemente da
primeira, observam-se a transição entre os jovens que nunca trabalharam no
período 1 e sua corrente atividade no período 2, sendo que o adiamento é
analisado através da comparação das esperanças de vida de um período e de
outro, que significa o tempo médio na inatividade em uma determinada idade.
Este é o tema das próximas seções.
O adiamento via tabela de sobrevivência
A construção da tabela de sobrevivência
As tabelas de sobrevivência foram construídas para os jovens filhos entre 15 e
24 anos. A escolha do intervalo etário a ser estudado é bastante importante
devido ao viés de seletividade. O intervalo adotado tem três principais
justificativas: 1) a partir de determinada idade os jovens deixam de ser
maioria de filhos e passam a formar um novo domicílio; 2) sabe-se que grande
parte dos jovens sai de casa até os 22 anos, principalmente entre as mulheres
(TOMÁS, 2007). Entretanto, um intervalo mais curto prejudicaria a análise, já
que um dos objetivos deste estudo é captar o adiamento do ingresso no mercado
de trabalho - além disso, como houve um adiamento na saída do domicílio, o
problema é minimizado -; 3) optou-se por trabalhar com um intervalo qüinqüenal,
a fim de simplificar a operacionalização metodológica e possibilitar
comparações com outros trabalhos.2
A tabela de sobrevivência, adotada neste trabalho, corresponde a uma tabela de
coorte hipotética e não real, em que o ponto de partida corresponde às taxas de
transição de um período - é também conhecida como tabela de sobrevivência de
período. Assume-se, portanto, que a população é estacionária, isto é, apresenta
taxas de transição constantes e é fechada.3 Dessa maneira, a tabela de
sobrevivência apenas informa o que deveria ocorrer a uma coorte hipotética sob
um conjunto de condições de transição para o primeiro emprego. Nessas
condições, a taxa de transição de período é igual à de coorte. Desse modo,
assume-se, igualmente, que na tabela de sobrevivência a transição para a
atividade de período é igual à de coorte:
Em seguida, calcularam-se os valores de lx, ou seja, o número de pessoas que
atingem a idade exata x a cada ano sem realizar a transição para a população
economicamente ativa. Sendo a raiz da tabela, o valor utilizado é 100.000; esse
valor é arbitrário e independente do tamanho da população em estudo. Os
próximos valores de lx, serão iguais a:
Onde ndx significa a quantidade de jovens que deixam a inatividade:
O valor de anos-pessoas que não realizaram a transição (número de pessoas com a
idade exata entre x e x+n ainda na inatividade) é dado por:
O cálculo do último intervalo do último intervalo (Lw) corresponde a :
A população acumulada de jovens inativos a partir da idade x, isto é, o número
de pessoas com x anos ou mais que são inativos foi calculado da seguinte forma:
Tendo calculado os valores de Tx, calculou-se o valor da esperança de vida para
cada grupo etário, conforme a seguinte fórmula:
A esperança de vida, neste trabalho, é compreendida como o número médio de anos
que um jovem, que esteve inativo até os 15 anos de idade, espera permanecer na
inatividade até transitar para a atividade.
Taxas específicas de transição
Inicialmente, optou-se por analisar as curvas de transição, ou seja, a taxa
específica da saída do estado de inatividade para a atividade até os 29 anos. A
importância destas taxas é que elas são a base da tabela de sobrevivência. O
objetivo é apenas descrever o comportamento etário da transição, portanto, o
intervalo mais extenso não prejudica a análise, pelo contrário, auxilia a
apontar mudanças ao longo do tempo. Ademais, essa análise também subsidiou a
escolha do intervalo etário de 15 a 24 anos para a construção das tabelas de
sobrevivência, já que, a partir dessa idade, há uma queda acentuada na taxa de
transição, assim como na quantidade de jovens na condição de filhos, como
mencionado anteriormente.
O formato das curvas é bastante similar nos dois períodos analisados,
destacandose que, no grupo de 15 a 19 anos, há maior possibilidade de não
realizar a transição do que realizá-la e essa tendência segue até os 22 anos em
1983 e 2001. Após este período, as taxas de transição caem e tendem a se tornar
menores do que a da não transição. Embora entre 15 e 19 anos a maior tendência
seja de permanecer na inatividade, é nessa faixa etária que ocorrem as maiores
taxas de entrada no mercado de trabalho pela primeira vez, que tendem a
diminuir após este grupo etário.
Apesar de o padrão das curvas ser semelhante entre os dois anos analisados, o
nível se difere entre eles e é possível observar uma menor taxa de transição
entre os jovens de 15 a 19 anos em 2001. No período anterior, as taxas entre 15
e 19 anos eram bastante similares em todo o intervalo.
Na década de 80, as taxas de transição eram elevadas até os 19 anos e depois
tendiam a cair. Em 2001, por sua vez, a curva apresentou uma queda até os 17
anos, com um pico aos 18 anos, seguido de uma tendência de queda.
Todas essas mudanças parecem corroborar a hipótese do adiamento da entrada na
vida produtiva pelos jovens, o que parece estar fortemente associado ao aumento
da escolarização ao longo do tempo, principalmente para os jovens de até 17
anos. Hasenbalg (2003a) constata um aumento no número de jovens que freqüentam
a escola entre 15 e 19 anos e uma diminuição deste grupo na PEA, durante as
décadas de 80 e 90, o que demonstra uma melhoria na capacidade de retenção dos
estudantes no sistema escolar. Além disso, o autor destaca que a expansão
educacional ocorrida entre 1981 e 1990 apresentou impacto menor na diminuição
da PEA juvenil do que aquela verificada na década de 90, o que também é visível
com os dados do Gráfico_1.
Ao se analisarem as taxas específicas por sexo há três pontos importantes para
se discutir: de maneira geral, os homens apresentam taxas de transição
superiores às das mulheres; houve queda nas taxas de transição masculina e
elevação na feminina; e, conseqüentemente, os padrões feminino e masculino se
aproximam.
Nas últimas décadas e principalmente no período analisado, de 1983 a 2001,
houve grande aumento da participação feminina na PEA. Leme e Wajnman (2003)
apontam para um crescimento de 16,5 p.p., entre 1977 e 1997. Além disso,
observa-se um deslocamento do pico de atividade para as idades mais maduras,
movimento que é igualmente observado no Gráfico_2, já que, em 1983, as taxas de
transição entre as mulheres eram superiores às dos homens a partir de 20 anos,
com uma menor diferença em 2001. Ademais, há redução da transição nas idades
mais jovens, tanto para mulheres como para homens. Em 2001, ocorreu forte
diminuição da transição para o mercado de trabalho entre as idades de 15 e 19
anos.
Por outro lado, a participação masculina na PEA caiu nos anos 90, como
salientado por Wajnman et al. (1998), sendo bastante visível, no Gráfico_2, a
queda nas taxas de transição entre 2000 e 2001. Dessa forma, com o aumento da
participação feminina na PEA, o padrão etário de inserção no mercado de
trabalho tem se aproximado entre ambos os sexos, em 2001, ficando mais similar
a partir dos 20 anos, já que os homens de 15 a 19 anos mantiveram suas taxas de
transição superiores, em 2001.
Indicadores sintéticos da tabela de vida
A análise dos indicadores da tabela de sobrevivência possibilita, mais uma vez,
verificar o adiamento da entrada no mercado de trabalho, perceber as diferenças
na inserção na vida produtiva entre homens e mulheres e, ainda, observar as
mudanças ocorridas no padrão etário na inserção na atividade dentro destes
grupos.
Dois são os indicadores analisados nesta seção: a esperança de vida e o número
de pessoas/ano que permanecem na inatividade, por idade. A esperança de vida
corresponde ao número médio de anos que se espera passar na inatividade,
considerando-se que o indivíduo tenha ficado inativo até os 15 anos. A vantagem
deste indicador é não ser influenciado pela estrutura etária, podendo,
portanto, ser comparado entre diferentes grupos. O valor de lx indica o
contingente de jovens, por idade, que permanecem inativos e a análise do nível
das curvas mostra uma entrada anterior ou postergada entre os grupos e períodos
analisados.
A Tabela_5 apresenta os valores das expectativas de vida que apontam para o
adiamento da entrada no mercado de trabalho, ao longo das décadas analisadas,
para ambos os sexos. Mais uma vez, nota-se que a maior variação ocorreu entre
os homens, com uma queda de quase 38%. Já o decréscimo entre as mulheres foi de
23,1%. Essa alta redução entre os homens corrobora o argumento de uma possível
aproximação do padrão de transição entre homens e mulheres.
O Gráficos_3 apresenta as curvas de sobrevivência, ou seja, quantos jovens
permanecem inativos, para os dois períodos considerados. Fica evidente a
diferença entre os grupos escolhidos para análise e as mudanças no padrão de
inserção ao longo do tempo.
As diferenças entre os grupos selecionados tendem a se manter ao longo do
tempo, já que os homens entram mais cedo no mercado de trabalho do que as
mulheres.
Quanto à alteração no padrão etário de inserção, destaca-se o formato das
curvas até a idade de 17 anos. Em 2001, há um deslocamento para a direita nessa
idade, indicando que menos pessoas estão realizando a transição, já que há mais
pessoas sendo consideradas inativas (valor de lx)
Ressalta-se, por fim, que os resultados desta seção são bastante consistentes
com os da análise por meio do singulate mean age.
Comentários finais
Pretendeu-se analisar o adiamento da entrada no mercado de trabalho entre os
jovens, através de duas técnicas demográficas: singulate mean agee tabelas de
sobrevivência. Duas foram as principais contribuições deste trabalho: a
aplicação de técnicas de fecundidade e mortalidade para o estudo do mercado de
trabalho; e a exploração de dois recursos da Pesquisa Mensal de Emprego.
Ademais, os resultados encontrados são importantes para a formulação de
políticas públicas para a juventude, bem como para o debate acadêmico sobre
transição para vida adulta.
Diante dos resultados, é possível constatar o adiamento da inserção no mercado
de trabalho, entre 1983 e 2001, para o total de jovens e também para homens e
mulheres separadamente, tanto pelo aumento da idade da primeira ocupação,
quanto pelo contingente de pessoas que permanecem inativas. A maior elevação na
idade foi observada entre os homens.
Um aumento na idade média de inserção no mercado de trabalho indica um
prolongamento da condição de inatividade que não parece ser justificado apenas
pelo prolongamento dos estudos, já que se sabe que muitos jovens combinam ambas
as atividades. Mas pode ser explicado conjuntamente com as dificuldades
decorrentes do mercado de trabalho e as mudanças culturais na transição para a
vida adulta. Além disso, esses resultados corroboram aqueles encontrados em
estudos sobre mercado de trabalho e gênero, em que se observam crescimento da
participação feminina e redução da participação e ocupação masculina.
Também verificou-se, através dos indicadores das tabelas de sobrevivência, que
as diferenças entre os grupos selecionados tendem a se manter ao longo do
tempo, já que os homens entram mais cedo no mercado de trabalho do que as
mulheres. Este padrão é histórico e reflete, como mencionado ao longo do
artigo, uma divisão sexual do trabalho, decorrente principalmente do diferente
processo que antecipa a transição para a vida adulta no núcleo familiar.
Outra mudança que parece estar ocorrendo é a alteração no padrão etário de
inserção, já que houve uma diminuição significativa do contingente de jovens
até os 17 anos que realizaram a transição para o mercado de trabalho, o que
pode ser explicado pelo prolongamento do tempo dos jovens na escola.
Destaca-se, por fim, que várias perguntas podem ser levantadas, o que evidencia
a necessidade de novos trabalhos sobre a entrada dos jovens no mercado de
trabalho, deixando uma agenda de pesquisa aberta para os pesquisadores da área.