Reconstruindo a tradição: turismo e modernidade na China e no Japão
Apresentação: a escala do turismo no Leste asiático
Atualmente a Ásia é uma das principais uma das principais regiões de destino e
de origem do turismo internacional. Mas na China e no Japão o número de
turistas internacionais é ultrapassado pelos enormes fluxos de turistas
domésticos. O turismo étnico e cultural cresce mais rápido do que quaisquer
outros na atual indústria globalizante. Embora as civilizações da China e do
Japão sempre tenham valorizado e visitado suas tradições de "alta cultura", o
florescente turismo contemporâneo tem um efeito democratizante, estendendo a
capacidade de viajar à maioria da população e valorizando o "exótico", o
estrangeiro e o "marginalizado" não só para os visitantes internacionais mas
também para as massas urbanas que constituem mais de 95% dos turistas.
Este texto analisa como povos rurais recentemente visíveis, minoritários e
exóticos passaram a ser remodelados como aqueles que valorizam suas tradições
culturais tangíveis e intangíveis.
Nos últimos 25 anos as autoridades chinesas em algumas províncias vêm
encorajando o turismo em aldeias étnicas minoritárias, antes remotas, com a
apresentação de performancesem trajes tradicionais, de comidas "típicas",
danças e arquitetura peculiar. Em centros urbanos, empresários têm orquestrado
características estereotipadas de minorias em extravagâncias para a audiência
de um público maior. Mas membros dessas 55 nacionalidades minoritárias
aprenderam muitas vezes a construir sua própria imagem no sentido de garantir
vantagens dentro das comunidades. Alguns assumiram mesmo o papel de representar
outras culturas, estrangeiras e não-chinesas, em exibições culturais "étnicas".
A reavaliação japonesa no que diz respeito aos povos rurais e marginais ocorreu
no início do século XX. Embora as minorias étnicas, como os Ainu, tivessem sido
excluídas por longo tempo (Weiner, 1996), havia uma busca nostálgica pela
autenticidade dessas populações rurais, montanhesas e de outros japoneses
marginais durante a louca corrida pela industrialização e a militarização do
Japão (Yanagita, 1946; Yanagi, 1952). Em tempos mais recentes, comunidades e
instituições japonesas reconstruíram edifícios, retomaram a arte e o artesanato
das comunidades tradicionais, e, ainda, construíram verdadeiros simulacros de
comunidades estrangeiras, especialmente européias, não só para o olhar do
turista, mas também para performances interativas e até mesmo para habitação
(Appelgren, 2007; Graburn, 2007; Hendry, 2000).
De que maneira os conceitos ocidentais de tradição e autenticidade são
aplicáveis a esse tipo de projeto? O que podemos aprender a respeito de
trajetórias culturais nacionais com base nesses fenômenos?
As Minzu chinesas: aldeias étnicas para turismo
Boa parte do desenvolvimento político e comercial do turismo na China focalizou
as regiões mais pobres, o oeste e o sudoeste. No interior dessas áreas,
"pequenas nacionalidades" Minzu figuram entre as mais pobres, sendo que suas
diferenças e exotismo fascinam os chineses principalmente de áreas urbanas e
litorâneas, que constituem a vasta maioria dos turistas. Nem a natureza
"selvagem" nem o ecoturismo são atraentes para muitos chineses, mas há alguns
desenvolvimentos no Ocidente dirigidos por organizações não-governamentais,
como o World Wildlife Fund e a Nature Conservancy, que atraem principalmente
turistas ocidentais.1
Os estudos de casos de turismo étnico e rural estão localizados na província de
Xinjiang, no extremo oeste, e em Yunnan e Guizhou, no sudoeste. As grandes
cidades de Kunming (em Yunnan) e Shenzen (próxima de Hong Kong) são os locais
onde foram construídos Parques Temáticos Étnicos, que serão analisados adiante.
A maioria dessas aldeias está fora do alcance do turismo típico. Os governos
locais e regionais tentam ainda ajudá-las ou desenvolvê-las no sentido de
melhorar sua infra-estrutura ou seu acesso ao mercado.
Em alguns poucos casos, o desenvolvimento do turismo em áreas étnicas não
inclui as populações locais como atração turística. Por exemplo, em Tuyuk, uma
aldeia muçulmana localizada na depressão Turfan de Xinjiang,2 o envolvimento
direto da população local no turismo oficialmente apoiado é mínimo. Esse
turismo patrocinado volta-se mais para os desenhos sagrados deixados pelos
budistas há mais de mil anos nas cavernas das montanhas, onde o governo
regional construiu uma passarela de madeira do estacionamento na aldeia até as
cavernas que se encontram numa área deserta. As paredes das cavernas permanecem
fechadas por portões de ferro, e somente abertas quando da presença de guias.
Infelizmente, todos os budas pintados foram literalmente desfigurados pelos
muçulmanos que ocuparam a área ao longo dessa área norte do Silk há mais de mil
anos.
Inteiramente separados das atrações turísticas oficiais, turistas/peregrinos
religiosos regionais costumam visitar as mesquitas de Tuyuk. Lá, há sete
túmulos/mesquitas que constituem as sepulturas dos profetas-fundadores oriundo
do Yemen. Esses fundadores mágicos, segundo a lenda, foram originalmente mortos
e enterrados, mas retornaram à vida centenas de anos mais tarde. Tais
acontecimentos mágicos transformaram seus túmulos em poderosas atrações tanto
para os turistas islâmicos da região como para peregrinos em geral que os
visitam informalmente. Durante os serviços religiosos, os visitantes fazem
doações que são usadas para manter as estruturas e remunerar os líderes
religiosos locais. O governo não encoraja o turismo islâmico por medo de
aumentar a consciência panislâmica e, portanto, abrir caminho para um possível
movimento de separatismo "nacionalista" islâmico. De fato, chineses Han
mudaram-se em massa para a província ocidental de Kinjiang, hoje superando os
Uyghur e outros povos islâmicos que eram maioria até trinta ou quarenta anos
atrás, exceto em aldeias periféricas, como Tuyuk.
Nem todos os esforços governamentais para desenvolver o turismo são motivados
apenas no sentido de diminuir a pobreza dessas regiões, mas também para
garantir um prestígio internacional e a atração de turistas internacionais. A
paupérrima minoria Ha Ni, da aldeia de Quingkou, nas montanhas do sul de
Yunnan,3 mantém imensos terraços de arroz nas encostas, o que levou os governos
nacional e regional a indicar a região como Herança Natural e Cultural da
Unesco. A aldeia é muito distante das áreas urbanas, mas na entrada da estrada
principal podem-se observar as propagandas a este respeito. Além disso, ali foi
construído um hotel privado que retira os negócios dos empreendimentos
cooperativos da aldeia. O mapa turístico sublinha, ainda, as características
tradicionais e animistas da região.
A aldeia é formada por casas com telhados de sapé, conhecidas como "casas-
cogumelos", sendo que o governo paga aos moradores uma taxa anual para que não
os substituam por outro tipo de telhado a fim de manter o lugar pitoresco. Essa
aldeia exótica também foi locação de um drama de televisão, mas os moradores
não receberam nada por isso, foram apenas ludibriados pelo fato de terem
aparecido na TV e por ter sido criada uma falsa expectativa de que tal
acontecimento melhoraria o aspecto "primitivo" da região. Há também ali um
pequeno museu, com uma guia Ha Ni treinada pelo governo, que, como a maioria
das moradoras, é quase analfabeta. Grupos de turistas são muito raros, se se
comparar com as aventuras turísticas étnicas de maior sucesso nas aldeias de
Guizhou (Chio, 2008; Donaldson, 2007). Poucos turistas (e antropólogos) ricos
compram os artesanatos locais. Para se ter uma idéia, quando da minha estadia
nesta aldeia, apenas um único mochileiro japonês visitou a loja de artesanato.
Os líderes da aldeia queixavam-se de serem explorados por centenas de
fotógrafos que desejam fotografar os impressionantes terraços de arroz mantidos
pelos moradores, que na realidade não têm lucro pelo que é produzido a partir
dessas fotos (calendários, livros, revistas de viagens e assim por diante).
O governo provincial de Guizhou, por outro lado, teve mais sucesso em promover
a diminuição da pobreza via turismo (Chio, 2008; Donaldson, 2007). O projeto de
turismo rural do rio Ba La4 ajudou a organizar sete aldeias Miao no leste de
Guizhou ao longo de vinte anos no sentido de um desenvolvimento gradual e
colaborativo, utilizando dinheiro e assessores especializados do Banco Mundial
e de ONGs estrangeiras. Cada aldeia escolhe seu próprio caminho de
desenvolvimento, como, por exemplo, a construção de restaurante, museu ou
pequenos hotéis, apoiados pelo governo e por especialistas estrangeiros. Em
todas as aldeias são as jovens Miao, vestidas em trajes "tradicionais," que
atraem e recebem os turistas (neste caso, oferecendo vinho de arroz), enquanto
os homens, em seus trajes não tão espetaculares, fazem apresentações musicais.
![](/img/revistas/rbcsoc/v23n68/a02img01.jpg)
O foco da atenção dos turistas é o conjunto de características desenvolvido
diretamente para o turismo étnico, não só na China, mas em boa parte do mundo.
Elas incluem performances de dança e música, com vestes tradicionais,5 vendas
de artesanato e de comida típica (cf. Stanley. 1998). Em muitos casos, os
turistas são incentivados a participar dos eventos apresentados. Em Langde
(Bala), por exemplo, os Miao dançam em volta da escada/árvore da vida na praça
central da aldeia. Mulheres mais velhas mostram a fiação e a tecelagem de
algodão tanto para os mais jovens da população como para os visitantes. Mas os
turistas muitas vezes tentavam comprar os tecidos e os trajes presumivelmente
mais autênticos usados pelas próprias mulheres!
Na aldeia Miao de Nanhua, o restaurante ficano andar de cima de uma casa
antiga. À época de minha visita em 2004, a conhecida escritora inglesa de
viagens, Gina Corrigan, foi calorosamente recebida, pois não só já tinha
visitado a aldeia, como também seus livros tornaram a região mais conhecida, o
que é encarado como vantajoso pela população local (Corrigan, 2002). No projeto
Ba La, é previsto o treinamento dos moradores em relação à higiene, à lavagem
das mãos, da comida e dos pratos. Freqüentemente, é preciso construir
encanamentos de água para banheiros etc. O turismo ainda é algo economicamente
secundário em comparação com cultivo do arroz. Saindo da aldeia, camponeses
Miao podem ser vistos em seu cotidiano quando voltam do trabalho no campo, e
portanto sem a preocupação com trajes e rituais turísticos.
Algumas poucas aldeias especializaram-se no turismo como base econômica. Elas
são freqüentemente próximas a cidades, com bons meios de transporte, perto de
cenários espetaculares, ou receberam visitas dos mais altos funcionários do
governo. Xiawutan, uma aldeia Bu Yi típica na área Qingyi da Província de
Guizhou, situada num fotogênico cenário de montanhas karst, tem um turismo bem
organizado. Uma típica festa de boas vindas no portal inclui mulheres em trajes
tradicionais e duas mulheres fazendo demonstrações de artesanato, fiando
algodão. Um grande signo de boas vindas sobre o portal informa o nome do
distrito e uma data auspiciosa, e reconhece a orientação da ideologia
comunista. A religião animista local foi abrandada e tornou-se mais exótica com
os "totens religiosos" recentemente esculpidos. Placas bilíngües de informações
para turistas são típicas do turismo oficial, não necessariamente por causa de
turistas estrangeiros, mas como marcadores de modernidade e progresso, um
exemplo do que Miyazaki (2005) chamou de "antropologia da esperança". Ocorrem
também demonstrações obrigatórias do artesanato Bu Yi , em que é confeccionado
o tecido especial utilizado nos trajes locais e nos souvenirs. A coreografia
das danças apresenta casais enamorados, que dançam no palco entre "arrulhos".
Os turistas são sempre convidados a participar mais tarde, seja "cortejando" as
jovens locais, seja dançando ou tocando os instrumentos musicais típicos. A
culinária exótica é também foco do sistema turístico. Em muitas aldeias
Guizhou, turistas tomam parte na soca do "arroz pegajoso", encontrado apenas no
sudoeste da China e no Japão. Zhang Zhaosong, antropólogo do desenvolvimento do
turismo que trabalha para o escritório estatal de Turismo Rural e Alívio da
Pobreza de Guizhou, mostra aos turistas como socar o arroz num pote de madeira
com um pesado malho de madeira. As mulheres Bu Yi enchem as "bolas" de arroz
com pasta de feijão para repartir entre o público.
Algumas aldeias turísticas são "famosas por serem famosas". Uma aldeia
turística Bu Yi já era célebre por sua localização no exclusivo cenário das
montanhas karst, mas após ser visitada pelo presidente Hu Jintao no dia de ano
novo de 2004 tornou-se ainda mais famosa. Podem-se observar anúncios e faixas
festivas que reiteram a celebridade do lugar. Fora da aldeia, há um palco de
pedra para as danças com "totens religiosos", onde especialmente construiu-se
uma arquibancada quando da visita do presidente Hu. Trata-se de uma versão
ampliada dos "palcos de dança" comuns nas aldeias turísticas.
Parques temáticos étnicos
A identidade da minoria étnicaminzu é um componente-chave da identidade
regional chinesa no noroeste e no sudoeste. Além das aldeias turísticas,
criaram-se parques temáticos étnicos em Kunming, oferecendo aos turistas uma
versão condensada do mosaico étnico de Yunnan. Em Shenzen, próximo a Hong Kong,
quatro parques temáticos étnicos e folclóricos divertem os turistas e dão uma
visão totalizante das etnias nacionais chinesas. Em boa medida, Kunming6
anuncia-se como uma metonímia das diversas populações de Yunnan. Donaldson
(2007) observou recentemente que a província de Yunnan construiu com sucesso
uma pujante indústria do turismo, mas não para o benefício das pequenas aldeias
minoritárias espalhadas pelo vasto e "áspero" interior. Criou, ao contrário,
atrações turísticas de mais envergadura nas cidades grandes, para onde se
dirigem membros das "pequenas comunidades" étnicas apresentando danças
estereotipadas e outros ícones da cultura tradicional em "palcos" ou arenas
típicos de aldeias construídos para diversão (MacCannell, 1976). Por sua parte,
o governo de Guizhou optou por uma estratégia econômica alternativa, utilizando
empréstimos externos a fim de restaurar as próprias aldeias, como ocorreu no
vale do rio Bala, onde apresentações estereotipadas e aspectos da vida
cotidiana constituem as atrações turísticas.
Em sua apresentação da Aldeia das Nacionalidades de Kunming, Gordon (2005)
afirma que
Minzu Kun, a aldeia das nacionalidades de Yunnan, é um portal
administrado pelo Estado para essa província multicultural e
ecologicamente diversa. A entrada para o parque é um espaço conhecido
como Praça da Unidade. Ali, os visitantes assistem às apresentações
de todas as nacionalidades num só lugar e ao mesmo tempo. A dança dos
minzué um instantâneo do discurso estatal oficial sobre as minorias e
sobre o papel que elas desempenham no Estado multiétnico unido. A
política afirma que pessoas de todos os grupos étnicos em conjunto e
com um só coração e mente promovem o desenvolvimento e a prosperidade
da nação (VídeoGlobal Villages, 31:30 - 32:35).
A autora observa, ainda, como alguns traços culturais são apresentados de
maneira exagerada:
[Os] mosou são considerados popularmente especialistas em amor livre,
e por seu exótico sistema de linhagens. Isso os torna objetos de
intensa curiosidade dos turistas que também os visitam no Lago Lugu,
ao norte da província de Yunnan e nos parques temáticos étnicos, como
a Aldeia das Nacionalidades de Yunnan. Os mosou são atrações da
indústria do turismo étnico local de Yunnan (Idem, 39:20 - 40:35).7
Shenzen: parques temáticos nacionais
Em Shenzen, área recentemente desenvolvida para empreendimentos especiais
próxima a Hong Kong, alguns parques temáticos exibem povos minoritários de toda
a China. "Nessa aldeias folclóricas chinesas, são exibidas as cores e os
sabores das 56 minorias étnicas autorizadas. Nessa nação multiétnica
imaginária, as narrativas estatais de unidade étnica e unidade da Mãe Pátria
são apresentadas em meio ao ideal consumidor de classe média da Nova China"
(Idem, 6:00 - 6:40).
Embora haja shows de trajes e danças "tradicionais" estereotipados, um
empresário chinês, o Sr. Lin Sushen, subgerente geral, dançarino e coreógrafo
da Companhia de Desenvolvimento China Esplêndida, explica:
Classifico as atividades culturais nas aldeias étnicas em três
níveis. Tanto como administrador do turismo quanto como criador
artístico, seu alvo final deve ser o público. Da perspectiva deste, o
primeiro nível é a cultura étnica, incluindo apresentações, canto,
dança, arquitetura, arte, bem como jogos interativos e diversos
shows. O segundo nível é a cultura étnica ligeiramente modificada com
costumes aperfeiçoados. O último, que buscamos atingir continuamente
por meio de pesquisas profundas, inovações e da montagem extensiva de
pacotes comerciais, é o perfeito item da cultura étnica (Idem, 7:30 -
9:15).
Em outro parque temático, minorias étnicas estrangeiras também são
representadas. Numa área, por exemplo, o público é saudado pela faixa "Bem-
vindo à aldeia Maori" e pela canção "Venha para a Polinésia: Aloha!...". E
Gordon (2005) continua:
A aldeia folclórica chinesa foi modelada a partir de outro parque
temático, o Centro Cultural Polinésio, no Havaí, que apresenta todas
as nacionalidades da Polinésia. Em "Janelas para o Mundo," o parque
vizinho, o PTP é reproduzido numa apresentação Maori. Esses jovens
atores [da minoria chinesa] aprenderam essas danças a partir de fitas
de vídeo e ensinados pelos verdadeiros Maoris, que passaram três
meses no parque (Idem, 21:20 - 22:27).
[/img/revistas/rbcsoc/v23n68/a02img02.jpg]
Gordon também entrevistou dois atores, um uighur (minoria turquica, caucasiana)
e um wa, de pele escura (considerada a minoria étnica mais "primitiva") e
perguntou como eles estavam representando MaorisO uighur respondeu: "Minha pele
é branca e a sua é negra. Nós vimos o show do povo Maori aqui. Eles se parecem
conosco. Alguns deles têm pele escura e outros têm a pele branca". Gordon então
perguntou ao wa: "Se você pudesse apresentar uma dança wa, de seu próprio
grupo, ou uma dança maori, qual escolheria?". O wa respondeu: "a dança wa é
bela, esta dança [maori] também é bela. Depende do emprego e do trabalho
necessário. Muitos atores aqui são capazes de apresentar danças de todo o
mundo. Se você não puder, fica para trás" (Idem, 23:16). Salientou, pois, que
essa era uma oportunidade de desenvolvimento para eles.
Em seguida Gordon perguntou a um grupo wa por que eles eram tão populares e
convidados para as danças. Um deles respondeu: "[é nossa] beleza selvagem,
nossa paixão e nosso vigor... [Nossos dançarinos] são como o fogo, e têm mentes
abertas. A outra razão é que nossa pele é muito escura, não como a pele de
outros chineses".
Aldeias étnicas e parques temáticos japoneses
No Japão, até os últimos anos houve pouco reconhecimento e valorização da
diversidade étnica. O regionalismo cultural é apresentado em termos de "coisas
famosas" meibutsu por meio das quais a mídia e os turistas podem apreciar a
alteridade icônica, mas movimentos regionais sérios, como o ryukyuan(de
Okinawa) ou as demandas ainupelo autogoverno não são tolerados. Desde a
restauração Meiji em 1868, a ênfase recaiu sobre a assimilação e o tan-itsu
nihon, "uma etnia, uma nação". Embora o Japão tenha assinado a Declaração das
Nações Unidas sobre os Direitos das Etnias e das Minorias, recusou-se a
reconhecer os ainu como grupo cultural separado até 1995. Entretanto, esse
grupo tem tentado tentavam salvar sua identidade cultural e seus direitos à
terra e à propriedade, combinando renascimento étnico com procedimentos
econômicos do turismo étnico.
Em algumas aldeias turísticasainu, em Hokkaido, são apresentados aos turistas a
cultura material , danças, música e rituais seculares. Os ainu, como outras
minorias, há tempos produzem artefatos originais, transformados, e mesmo
objetos novos para o comércio com visitantes (Grabum e Lee, 1999). Algumas
delas se tornaram fundamentais para o renascimento étnico e funcionam como
viveiros para o aprendizado cultural e lingüístico das crianças ainu (Kayano,
1975).
Contudo, entre as atrações culturais que não dizem respeito ao Japão, as mais
importantes são recriações de lugares-símbolos de países estrangeiros. Há um
tal grau de fidelidade nessas construções, que se utilizam até mesmo de
trabalhadores estrangeiros e materiais importados, que se parecem com um
cenário da pós-modernidade e com os simulacros que Umberto Eco (1985) e Jean
Baudrillard (1981) observaram no oeste norte-americano. Como exemplo, temos uma
notável "Cena de Rua de Veneza"8, localizada no "Porto Mediterrâneo", espaço
que reproduz fielmente as áreas portuárias de cidades italianas famosas,
incluindo navios da Era dos Descobrimentos. Isso faz parte do parque temático
Marítimo Disney de Tóquio (propriedade da Companhia Oriental de Terras) que
fica dentro da Disneylândia de Tóquio.
[/img/revistas/rbcsoc/v23n68/a02img03.jpg]
Há uma antiga tradição japonesa em reproduzir a arquitetura, os jardins etc. de
outros países e lugares distantes; um fascínio pelos artefatos físicos e
culturais do mundo ocidental desde o século XIX. A construção de "cópias
exatas" de ambientes estrangeiros começou na década de 1970. Talvez a primeira
tenha sido o museu nacional de antropologia "Pequeno Mundo" -Rittoru Waradu, em
japonês - construído num parque rural perto de Nagoya.9 Foi desenvolvido como
parte da política de internacionalização - Kokusaika - do governo nacional.
O "Pequeno Mundo" tem espaço suficiente para que os pavilhões nacionais fiquem
separados. Alguns são exemplares arquitetônicos, reproduzidos inteiramente,
como a grande tenda Toba Batak; outros são reproduções menores, como o interior
de uma casa africana. Mas há também espaços interativos, com áreas para comer,
beber, vestir-se com trajes nacionais estrangeiros, e, é claro, adquirir
lembranças.
A hospedaria do sul da Alemanha (Bavária), por exemplo, um dos projetos de
construção mais recente, oferece oportunidade de comer e beber ao estilo alemão
e comprar produtos daquele país. Na opinião do professor do Museu Nacional de
Antropologia de Osaka, Han Min, a fidelidade exata cedeu aos interesses
comerciais na reprodução desse prédio. O visitante pode também entrar num
"restaurante italiano", importado pedra por pedra de Apulia, no sul da Itália,
em claro estilo regional. Para compor a região, encontram-se lojas nos
arredores e podem-se ouvir árias clássicas cantadas por cantores italianos de
ópera.
Outra atividade bastante comum é vestir-se e andar pelo parque em trajes
nacionais estrangeiros. Muitos pavilhões têm locais especiais para que os
visitantes possam se compor devidamente com roupas, maquiagem, coiffeur etc.,
ao estilo da nacionalidade ali proposta. Podem-se encontrar até mesmo
assistentes estrangeiros, trazidos por poucos meses, para ajudar nesse sentido.
Depois disso, tiram-se fotografias parakinen shashin (de lembrança), parte-
chave da experiência turística japonesa que funciona como hanko (papel de
embrulho com a data estampada), como prova da visita.
Essas experiências permitem que os japoneses encontrem estrangeiros e
experimentem um pouco de outras culturas, num ambiente festivo em que podem
usar a moeda nacional e falar seu próprio idioma.
[/img/revistas/rbcsoc/v23n68/a02img04.jpg]
Aldeias estrangeiras: gaikoku mura
Logo depois da inauguração do parque Pequeno Mundo, surgiram outros projetos
mais comerciais de "vida estrangeira". Há ou houve pelo menos vinte desses
gaikoku mura("aldeias de países estrangeiros"), cada um representando aspectos
estereotipados e positivos desses países. Nem todos tiveram sucesso comercial,
mas o investimento financeiro não era o único objetivo de alguns dos criadores
desses projetos. Segundo eles, tratam-se de tentativas ideológicas de reforma
arquitetônica, ecológica e social (Appelgren, 2007), fantasias de outros
estilos de vida, até mesmo futuristas.
Nessa linha, o principal projeto é Huis ten Bosch, uma reconstrução de US$ 3
bilhões de uma "cidade holandesa" numa área costeira, anteriormente desolada,
próxima a Nagasaki.10 Durante o sakoku japonês, período de auto-isolamento de
1641 a 1853, os holandeses obtiveram o completo monopólio do comércio japonês
com o mundo exterior através de Dejima, pequena ilha artificial em Nagasaki.
Planejado durante a expansão econômica da década de 1980, o novo parque
temático copiou famosos prédios holandeses, como o Palácio Real chamado Huis
ten Bosch e a torre Domtur da catedral de Utrecht, numa cidade planejada que
inclui área de diversão e área residencial. Apresenta símbolos holandeses como
moinhos de vento e tulipas, mas na realidade é um projeto ecológico avançado
que não poupa despesas, com água, lixo e esgotos reciclados e energia co-
gerada, o que garante uma confortável vida moderna.
O projeto também reforça os laços entre Japão e Holanda, com réplicas
funcionais do navio holandês original que fazia o comércio no século XVII do
primeiro navio japonês a vapor, doado pelos holandeses em 1840, e um museu em
Dejima, que ilustra as relações pessoais e profissionais entre a população
destes dois países naquela época. A atração que este projeto suscita nos
japoneses é causada, de um lado, por mostrar justamente os laços históricos com
a Holanda, mas, de outro, por haver ali uma espécie de metonímia de uma
civilização européia urbana bem administrada e ecologicamente responsável, com
conexões artísticas (Van Gogh) e gastronômicas (lojas de queijos). Muitos
japoneses vão ali para aprender sobre queijos, vinhos e cozinha européia, ou
aqueles que já estiveram na Europa desejam lembrar a experiência. Embora tenha
quem despreze o Huis ten Bosch como parque temático, muitos acreditam que se
construiu ali uma comunidade real que serve de modelo a ser imitado. Os
proprietários e aqueles que projetaram o parque vão ainda mais longe, afirmando
que o Huis ten Bosch é hoje o que era a antiga cidade de Edo (hoje Tóquio), com
seus canais, sua vida refinada e um estilo ecológico de baixa tecnologia.
Embora Huis ten Bosch e outros megaprojetos tenham falido, seus apoiadores têm
uma visão de longo prazo, e afirmam que "em mil anos isso será visto como uma
das maravilhas do Japão do século XX" (Appelgren, 2007).
[/img/revistas/rbcsoc/v23n68/a02img05.jpg]
Discussão
O que podemos aprender a partir dessa breve aproximação com algumas
características do turismo contemporâneo nesses dois importantes países? Uma
razão para considerá-los em conjunto é que as comparações envolvem tanto
similaridades como diferenças, e de certa maneira a China hoje está alcançando
o que o Japão vem praticando há algumas décadas; é uma versão regional da
"teoria da convergência" global. Por exemplo, a autorização para que os
chineses pudessem viajar para o exterior em grandes grupos, que passou a valer
no final dos anos de 1990, se parece muito com os primeiros contingentes de
turistas japoneses da década de 1960, com a notável exceção de que os chineses
levam seus filhos com eles.
Embora a escolha do que representar e retratar nessas aldeias e parques varie
desde as mais "atrasadas" das minorias domésticas até os países europeus mais
refinados, ambos os extremos fazem parte do que eu chamo de "regime
folclórico", que contempla o passado de forma bastante idealizada, buscando
aspectos "tradicionais". Por exemplo, a maioria das "assistentes estrangeiras"
nos pavilhões do parque temático Pequeno Mundo usam "trajes camponeses" e, em
especial, as mulheres japonesas escolhem para vestir trajes "tradicionais", da
mesma forma que o "quimono" tem um sentido mais ritualístico do que de uso
cotidiano. Assim como os "habitantes" das aldeias étnicas e dos parques
temáticos chineses costumam usar trajes reconhecidamente tradicionais, que não
apenas marcam idade e gênero, mas também a "nacionalidade". A arquitetura deste
tipo de turismo tem um estilo também nostálgico e idealizado, o que é mais
evidente nas aldeias étnicas chinesas, que se propõem a mostrar aos turistas o
que há de mais tradicional em termos culturais e arquitetônicos. Em
contrapartida, nas aldeias minoritárias, onde não existe esta preocupação
turística, é nítido o desejo por um estilo mais "moderno". Diz-se que o parque
Huis ten Bosch representa uma "cidade holandesa", mas na verdade o projeto
selecionou cuidadosamente edificações de toda a Holanda que contemplassem
traços mais antigos e tradicionais e que, com o passar do tempo, adquiriram
statuspara se tornarem atrações turísticas.
Nas aldeias chinesas são principalmente as mulheres jovens que se mostram e se
apresentam. Paradoxalmente, as jovens representam a "tradição" - são as
"guardiãs da cultura" -, mantendo idealmente as características da sociedade
tradicional, mais voltadas para o lar e competindo menos no mercado de trabalho
urbano. Em sua juventude não foram "corrompidas" nem assimiladas pelo mundo
exterior. Em estudos anteriores mostrei que essa concepção também ocorre em
lugares como as termas japonesas (Grabum, 1995), assim como nos pavilhões
nacionais do parque temático Pequeno Mundo. Além disso, as próprias minorias
têm gênero e são apresentadas como do sexo feminino, como mostrou Schein
(2000). Embora as mulheres masuo, solteiras e dadas ao amor livre, sejam o
extremo alvo do fascínio chinês e dos desejos dos homens (Walsh, 2001), quase
todas as mulheres das minorias estão sob "pressão sexual" nos encontros
turísticos.
Entretanto, essa idéia não cabe no parque Huis ten Bosch, uma vez que a
civilização européia é somente emulada, e talvez tenha seu melhor símbolo nos
especialistas mais velhos. A natureza dos freqüentadores, bem como a origem dos
empregadores, tem muito a ver com os papéis escolhidos para representação. A
maioria dos turistas chineses no sudeste é de homens jovens e de meia idade que
desejam se divertir, com muita bebida e fanfarrice. No Japão, por sua vez, a
maioria dos turistas que brincam de se vestir no parque Pequeno Mundo é
composta por mulheres jovens, com ou sem filhos, e elas se sentem satisfeitas
em serem ajudadas por pessoas da mesma idade. Em contrapartida, em Huis ten
Bosch os visitantes e residentes caracterizam-se por serem mais velhos, mais
cosmopolitas e mais interessados em gostos e estilos diversos. Appelgren (2007)
mostrou, por exemplo, que muitos deles quando jovens eram fãs ardorosos da
Disneylândia e de outros parques temáticos orientados à juventude.
Tanto a China como o Japão cuidam de seu tecido nacional interno e de suas
relações com o mundo exterior. Mas a China tem se preocupado mais com lutas
internas do que com ameaças externas. A região oeste do país não é considerada
segura para o turismo doméstico, mas há uma grande campanha para desenvolvê-la
. Ademais, as dificuldades em integrar à nação a população desta região é
grande especialmente no Tibet e nas áreas islâmicas de Xinjiang. O turismo
étnico contemporâneo é útil para mostrar à maioria da população em que consiste
seu flanco ocidental, mas, ao mesmo tempo, satura demográfica e economicamente
as minorias. Embora a ênfase em diminuir as diferenças nacionais num trabalho
em conjunto possa assemelhar-se à "solidariedade orgânica" de Durkheim, não se
pode esquecer do princípio que orientava a política em relação às minorias do
antigo Comissário das Nacionalidades da União Soviética, Joseph Stalin:
"nacionalista na forma, mas socialista no conteúdo", isto é, as diferenças são
superficiais e o princípio agregador é a solidariedade mecânica.
A encenação de performances tradicionais estereotipadas para propósitos
turísticos não é apenas uma lição que reforça a igualdade das minorias, como
Oakes (1998) mostrou em relação aos miao de Guizhou, mas é por meio delas que o
turismo deve produzir ou impor a modernidade sobre os minzu do interior.
Chamando atenção para suas "tradições", eles são ensinados a "o que não ser" -
exceto quando se apresentam para turistas pagantes de fora.
Em Shenzen, observa-se um novo desenvolvimento nas apresentações étnicas:
minorias chinesas "desempenham" o papel de grupos de atores de minorias do
restante do mundo. Por exemplo, normalmente os wa, que até recentemente eram
considerados a mais "primitiva" das minorias étnicas chinesas, são escolhidos,
supostamente por sua pele escura, para representar maoris ou africanos, assim
como são os mongóis que representam índios sul-americanos e norte-americanos.
Essa nova tendência também reflete o desejo crescente dos chineses em conhecer
outros países e diferentes culturas, uma vez que o contingente de turistas
chineses no mundo é cada vez mais visível. Se a experiência em parques
temáticos como o Pequeno Mundo de alguma forma ajuda os japoneses quando viajam
ao exterior, as performances na China também oferecem aos potenciais turistas
chineses um contato com a realidade do mundo fora do país.
O Japão sempre esteve preocupado com suas relações ambivalentes com outras
nações, desde os séculos V e VII, quando importou da China a religião budista,
o sistema de escrita, a arquitetura, o planejamento urbano, os trajes e os
hábitos alimentares. Essa ansiedade atitude foi mais uma vez reforçada pela
submissão do país às demandas e às regras do mundo ocidental no século XIX, num
momento em que acabara de incorporar politicamente osainu de Hokkaido e os
ryukuosde Okinawa. Por outro lado, o Estado procurava suprimir a diversidade
étnica e regional do país, especialmente por meio do controle centralizado da
educação. As diferenças que constituíam o todo foram expressas pelomeibutsu,
coisas famosas que ironicamente marcam a identidade de um lugar. Freqüentemente
produtos específicos são exportados para o restante do Japão, o que também
ocorre em relação a eventos singulares, que contribuem para a construção da
história da nação. Em ambos os casos, vemos "as partes do todo" como formas de
solidariedade orgânica.
Na história recente, os japoneses tornaram-se grandes comerciantes e viajantes
do mundo. Sua preocupação com a aceitação e a manutenção das fronteiras
(Ohnuki-Tierney, 1990) aparece claramente na adoção de políticas públicas como
akokusaika (internacionalização) e a kokunai kokusaika (internacionalização
doméstica, com a crescente proporção de estrangeiros residentes no Japão). A
gaikoku mura, por outro lado, oferece "experiências estrangeiras" para uma
população que, viajando ou não, deseja entender o mundo exterior e as pessoas
que cada vez mais chegam ao país para visitar ou morar.
"O mundo é um palco", no dizer de Shakespeare. E o palco é uma metáfora comum
para se pensar o turismo. O "Pequeno Mundo" e a gaikoku mura refletem os
estágios de uma técnica constantemente aperfeiçoada pelo incrível domínio de
reproduzir coisas estrangeiras, o que resulta em espaços muito peculiares que,
de alguma forma, permitem a realização da fantasia de ser estrangeiro ou estar
no estrangeiro.
Ao considerar os conceitos de autenticidade e reprodução, enfrentamos um
desafio. Tanto a afirmação do empresário chinês de que a "autenticidade" é algo
que pode ser aperfeiçoado, em dois estágios rumo à fantasia, como a preocupação
japonesa com a mímesis exata coincidem com as noções ocidentais,
respectivamente, de criatividade ou integridade intelectual e artística. A
autenticidade que o empresário chinês aperfeiçoa - isto é, expressões culturais
da minoria minzu - não tem para ele qualquer valor exceto como fonte de
inspiração para fins de entretenimento e comércio, ao passo que os japoneses
depositam um valor extremamente significativo na tradição européia ocidental
por eles copiadas, como se fosse algo que gostariam de construir e,
eventualmente, ultrapassar.
Notas
1 Informação obtida em 2001 durante uma visita ao escritório do World Wildlife
Fund em Lijiang, Yunnan, à época sob a direção de Heather Peters. Agradeço ao
antropólogo Wang Yu por apresentar a mim e à minha esposa Lijiang e o
escritório do WWFund.
2 Agradeço a Cindy Y. Huang por receber a mim e a professora Marie-Françoise
Lanfant em nossa visita a Urumqi, Tuyuk e outras aldeias em 2005; e a Rehile
Dawut, professora na Xinjiang University por nos acompanharam a Tuyuk.
3 Agradeço à antropóloga Wang Yu e a Jenny Chio, que em julho de 2006 me
apresentarm ao povo, às autoridades e às pessoas importantes dessa aldeia,
ampliando assim meu conhecimento a respeito da região e dos projetos
relacionados com a Unesco.
4 Conheci tal projeto em 2004, por intermédio da Sra. Yang e dos professores
Peng e Zhang, depois de uma conferência sobre o Desenvolvimento do Turismo
Rural e a Diminuição da Pobreza em Guiyang. A respeito do processo de
desenvolvimento turístico dessas aldeias, ver Jenny Chio (2008).
5 Utilizo o termo "vestes", no lugar de roupas ou trajes, para indicar que se
destinam a propósitos especiais e não (ou não mais) ao uso cotidiano. Além
disso tais vestes podem não ser estritamente tradicionais, mas modificadas para
expressar versões mais chamativas dos trajes tradicionais.
6 Visitei Kunming pela primeira vez na Conferência "Turismo, Antropologia,
China" em 1999 (Tan, Cheung e Yang, 2001). Voltei em 2001 a convite dos
professores Zhang Xiaoping e Yang Hui e fui à Aldeia das Nacionalidades em
companhia de Wang Yu, então estudante na Universidade Chinesa de Hong Kong.
7 Ver também Walsh, 2001.
8 Fotografia fornecida por Maki Tanaka.
9 Visitei este parque em 1989 e 1990, convidado pelo curador chefe Kobayashi
Shigeru. Voltei novamente ao parque no verão de 2004, acompanhado pelo
estudante de Berkeley Sumii Kensuke.
10 0 Huis ten Bosch é uma "cidade" bem conhecida no Japão. Passei lá uma
temporada em 2001 com ajuda de um financiamento do Centro de Estudos Japoneses
da U. C., Berkeley.