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EuPTCEEn0870-11642015000100003

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National varietyEu
Year2015
SourceScielo

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Corrosão pelos depósitos salinos nos geradores de vapor (comunicação breve)

1. INTRODUÇÃO A presença de impurezas minerais, de que se destacam as de enxofre, vanádio e sódio, nos combustíveis líquidos tais como os óleos de fuel pesados que são queimados nos geradores de vapor, traduz-se pela formação de misturas complexas de sulfatos e vanadatos alcalinos, que arrastadas pelos gases de combustão, são susceptíveis de se depositar nas superfícies de permuta a alta temperatura [1- 3]. Por vezes, resultam corrosões significativas ao nível dos sobreaquecedores e aquecedores que podem conduzir a indisponibilidades de material necessário para a substituição de tubos que pode efectuar-se quando a tarefa operativa é concluída [4, 5]. As três etapas destas corrosões são as seguintes: (1) depósito salino a partir da fase de vapor; (2) equilíbrio entre as fases sólida e líquida em função da temperatura da superfície e da composição química e (3) corrosão electroquímica de materiais metálicos na fase fundida.

Estes meios complexos têm composições variáveis e mal conhecidas. Uma primeira aproximação ao seu estudo consiste em examinar as propriedades respectivas dos seus constituintes e, mais particularmente, dos vanadatos alcalinos, uma vez que a experiência tem mostrado que a corrosão é tanto mais agressiva quanto mais elevada é a relação vanádio/sódio. Num primeiro período, houve interesse na determinação de propriedades químicas e electroquímicas de metavanadato de sódio, NaVO3, fundido, o qual é frequentemente detectado nos depósitos, assim como no comportamento de diversos materiais metálicos nesse meio cuja interpretação está ligada ao conhecimento dos mecanismos de corrosão [6-8].

Este artigo consiste numa revisão de vários trabalhos sobre a corrosão de metais em vanadatos fundidos realizados ao longo das últimas décadas pelo primeiro autor e outros membros do Grupo de Electroquímica de Materiais, MEG, do Instituto Superior Técnico e pretende resumir as suas principais conclusões.

A necessidade para melhor localizar os fenómenos e de operar a temperaturas ligeiramente mais baixas compatíveis com as dos tubos de permuta em funcionamento a cerca de 600 ºC conduziu-nos a considerar um solvente mais complexo que o eutéctico binário NaVO3 + Na2SO4 (86 % M em vanadato).

2. PROPRIEDADES FÍSICAS ESSENCIAIS DO NaVO3 FUNDIDO Um estudo preliminar indispensável consistiu na medida da massa volúmica, da tensão de vapor e da condutibilidade eléctrica do meio fundido em função da temperatura [9-11].

O conhecimento da massa volúmica é necessário ao estudo das reacções em solução que faz apelo à noção de concentração molar. Entre 700 e 1000 ºC: A medida da tensão de vapor mostra que o solvente é estável a alta temperatura.

Entre 980 e 1200 ºC: Os valores apreciáveis da condutibilidade eléctrica confirmam a hipótese do carácter iónico do NaVO3 fundido entre 650 ºC e 1100 ºC:

3. ANÁLISE DAS REACÇÕES EM MEIO DE NaVO3 FUNDIDO Considerações teóricas sobre as reacções ácido-base nos solventes oxigenados fundidos a propósito do desempenho da partícula O2- solvatada conduzem a considerar o equilíbrio químico ao nível do solvente NaVO3 sob a forma [12, 13]: A constante de dissociação correspondente traduz a amplitude da escala de acidez ou de pO2- (transposição da noção de pH dos meios aquosos): e do número de unidades de pO2-: limitando as concentrações da base forte (O2-) e do ácido forte (V2O5) a valores molares (1 M). Resultados descritos em publicações dos autores [14, 15], com o apoio do Manual 2.1 de Bale e colaboradores [16], permitem-nos traçar a Figura_1 que indica os valores de potencial e pO2- para os domínios de acidez e basicidade do metavanadato de sódio fundido.

Os estudos electroquímicos foram conduzidos a 680 ºC usando métodos clássicos (traçado de curvas de polarização, potenciometria, determinação das correntes de corrosão) com ajuda duma montagem de três eléctrodos conduzida por um potenciostato e controlada por um milivoltímetro digital, sendo o eléctrodo de referência do tipo Rey- Danner [17], baseado no sistema Ag+/Ag.

O domínio de electroactividade, independente do pO2-, é da ordem de 450 mV e mostra o carácter facilmente redutível do meio (Fig._2). Para o traçado da Figura_2 recorreu-se ao Manual de Bale e colaboradores [16].

A oxidação anódica do NaVO3 conduz a uma libertação de oxigénio de acordo com as reacções: O domínio de acidez deduzido de medidas potenciométricas a corrente nula usando um eléctrodo de platina onde opera o sistema O2/O2-, traduz-se por uma escala de pO2- da ordem de 2 unidades. Em meio neutro, tem-se portanto [O2-] = [V2O5] = 10-1 M, o que implica uma notável dissociação ácido-base (Fig._1).

O comportamento de diversos metais puros estudado por meio do traçado de curvas de potenciometria e de polarização permitem uma classificação comparativa desses metais, a oxidabilidade aumentando dos metais nobres Pt, Au, Rh, em geral isentos de ataque, para os mais corrosivos: cobre e metais refractários.

Recorrendo aos estudos dos autores [4, 8] e a dados compilados da literatura [18-22] foi possível estimar os potenciais de corrosão e os correspondentes valores de pO2- para uma serie de metais puros imersos em NaVO3 fundido a 680 ºC (Fig._3), bem como obter informação cinética do comportamento desses metais por via de curvas de polarização (Fig._4).

4. COMPORTAMENTO EXPERIMENTAL DE DIVERSOS AÇOS E LIGAS Medidas electroquímicas e estudos de corrosão estáticos e isotérmicos foram efectuados usando compostos metálicos diversos (aços e outras ligas), de fabricação industrial, susceptíveis de serem usados nos geradores de vapor [23- 28], tais como ferro-aço ordinário e pouco ligado, aços ferríticos e martensíticos de crómio e ligas (inconel, incoloy, monel e Ni-Cr 50/50 e 80/ 20).

Estes materiais foram testados em NaVO3 puro e modificado pela adição de óxidos metálicos para alterar o pO2- do solvente. Detalhes dos procedimentos experimentais e dos materiais utilizados poderão ser consultados nas referências previamente publicadas [4, 5, 8, 10, 11 e 23-28]. A Figura_5 mostra curvas de polarização em NaVO3 ácido, a 680 ºC, para aços ferríticos e martensíticos de crómio, que reproduzem o comportamento típico das curvas de polarização observadas. A designação dos aços apresentada na Fig._5 segue as normas AFNOR (Associação Francesa de normalização).

A Tabela_1 indica a composição química dos seis aços identificados e as correspondentes designações de acordo com as normas actuais.

Meios fundidos de diferente acidez foram também ensaiados com os materiais referidos, bem como com outras ligas comerciais [2, 6, 9, 15 e 24].

Essencialmente, os resultados obtidos nos trabalhos citados conduziram a valores para os potenciais de corrosão a variarem de 5 a 75 mV (vs. EAg+/Ag), como se mostra nas Figuras_4 e 5, e fizeram sobressair os seguintes pontos principais: - As ligas são as que apresentam melhor comportamento anticorrosivo, particularmente as de níquel-crómio 50-50 at%; - Os aços austeníticos inoxidáveis e refractários têm comportamentos semelhantes, corroendo-se de forma apreciável, mas menos que os ferríticos e martensíticos de crómio que têm uma ligeira tendência à passivação em meio básico; - Os aços ordinários e pouco ligados são rapidamente e notoriamente corroídos; - O crómio é certamente o elemento mais favorável para minimizar a corrosão no vanadato fundido, minimização que progride à medida que aumenta o teor em crómio dos materiais; - O níquel é um elemento igualmente favorável mas a minimização da corrosão não progride à medida que aumenta a concentração de níquel nos materiais testados; - Molibdénio, nióbio e tungsténio não inibem a corrosão no vanadato fundido, mas a estabilização por acção do titânio favorece francamente o comportamento dos aços; - As amostras metálicas com um baixo teor de carbono (0,03 %) resistem melhor à corrosão que as amostras com teores de carbono mais elevados (0,1- 0,2 %); - As conclusões que precedem aparecem directamente ligadas às condições de oxidabilidade dos elementos puros estudados electroquimicamente [3, 4, 6, 7 e 23]; - O meio fundido NaVO3 ácido (V2O5 =1 M) é o mais corrosivo para a maior parte dos materiais testados; - A atmosfera gasosa por cima do banho fundido (pressão parcial variável de oxigénio) não altera significativamente o comportamento dos materiais; - A adição ao solvente de óxidos metálicos com carácter básico ou ácido (CaO, MgO, SiO2, Al2O3, ZrO2), modifica o comportamento à corrosão dos materiais estudados, parecendo que a acção mais favorável é a provocada pela cal (protóxido de cálcio).

5. CONCLUSÕES A exposição apresentada neste artigo constitui um resumo alargado de trabalhos que o primeiro autor e outros membros do Grupo de Electroquímica de Materiais, MEG, do Instituto Superior Técnico, têm vindo a desenvolver ao longo das últimas décadas quer no âmbito das actividades deste grupo, quer noutros âmbitos, particularmente em cooperação com o Materials Research & Development Co. (USA) [29].

Trata-se duma aproximação aos mecanismos de corrosão pelos vanadatos alcalinos fundidos. As conclusões aqui expostas demonstram a acção corrosiva de tais compostos evidenciando algumas possibilidades de passivação mais afirmativas.

No entanto, deve ter-se em atenção que a noção de passivação não tem exactamente o mesmo significado em meios fundidos a altas temperaturas, como em meios aquosos a baixas temperaturas [4].


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