A aplicação do E-marketing em empresas de uma região Ultraperiférica: Região
Autónoma da Madeira
1. Introdução
A utilização da internet por utilizadores particulares e empresas aumentou ao
longo dos anos e nos dias de hoje é difícil imaginar o mundo dos negócios sem o
uso dos meios de comunicação electrónicos (Stormer & Meier 2009).
Ao longo dos anos mais pessoas usam a internet, em vez de livros, páginas
amarelas, bibliotecas, stands de automóveis, departamentos de vendas ou agentes
imobiliários, para procurarem informação (McKinsey, 2007). O negócio
electrónico pode ser definido como uma partilha de informação de negócios, a
preservação das relações comerciais e da direcção das transacções comerciais
através de redes de comunicação (Zwass, 2003).
Numa sociedade em que o acesso à internet e às novas tecnologias está cada vez
mais facilitado, as empresas procuram cada vez mais formas de divulgar os seus
produtos e serviços. Dessa necessidade e fortemente apoiado nas potencialidades
da Internet, surgiu o e-marketing, uma variante do Marketing convencional que
se traduz na utilização das tecnologias de informação e comunicação no processo
de criação, comunicação, fornecimento de valor aos consumidores e gestão das
relações com os clientes.
O e-marketing utiliza como ferramentas principais a World Wide Web, E-commerce,
E-mail, e-newsletter's1 , Motores de Busca, Fóruns e Banners, sendo desta forma
possível chegar a milhões de pessoas quase instantaneamente e com custos muito
reduzidos (Shipside, 2002). Mas o que o torna mais importante do que as outras
vertentes do marketing é a interactividade, que possibilita estabelecer um
diálogo com os consumidores. Com o crescimento da internet, o aparecimento de
dispositivos que se podem ligar à rede aumentou exponencialmente possibilitando
a exploração de novas vertentes de e-marketing. Para além dos dispositivos mais
comuns, computador de secretária ou portátil, surgiram outros, como a televisão
interactiva, quiosques interactivos, telemóveis e PDA's, que, com o
aparecimento das tecnologias sem fios, como o 3G, SMS (Short Messaging Service)
HSDPA (High Speed Data Packet Access), Wap (Wireless Application Protocol) e
Bluetooth, tornou possível transferir e interpretar conteúdos em dispositivos
móveis.
Este artigo resulta de um trabalho de investigação realizado às empresas da
região autónoma da Madeira que procura identificar as suas práticas de e-
marketing e encontra-se dividido em V secções. Depois da presente introdução,
na secção II vamos fazer um enquadramento teórico, abordando conceitos e
técnicas utilizadas no e-marketing, após o que falaremos da amostra e das
metodologias utilizadas nesta investigação. Por fim, apresentaremos a análise
dos resultados obtidos no trabalho empírico e faremos as considerações finais.
2. E-marketing
O e-marketing, também conhecido por Online Marketing, segue as mesmas normas do
Marketing tradicional, este é aperfeiçoado e as relações empresariais são
fortificadas através da utilização da internet (Stormer & Meier 2009). Para
Chaffey (2006), e-marketing pode ser considerado equivalente a internet
marketing, no entanto o e-marketing é, por vezes, considerado mais abrangente
visto referir-se à tecnologia digital como a Web, e-mail e wireless, incluindo
também os sistemas de gestão digital de dados do cliente e gestão da relação
com o cliente. Através da sua aproximação aos clientes, campanhas publicitárias
online e da utilização de canais de media digital, o e-marketing consegue estar
no centro do e-business (Chaffey & Smith, 2008).
O e-marketing tem impacto em todos os aspectos do Marketing tradicional, desde
a estratégia ao planeamento através do marketing-mix, estudo do comportamento
do consumidor e pesquisa de marketing (Chaffey & Smith, 2008). Segundo
Stormer & Meier (2009) a bem conhecida fórmula AIDA (Attention, Interest,
Desire, Action) ainda é válida e o site deve chamar a atenção aos utilizadores,
despertar interesse, criar desejo e as vendas devem aumentar.
O marketing tornou-se cada vez mais individualizado e personalizado (Figura_1),
e ao contrário do que seria de esperar, a individualização e personalização do
marketing não tem grandes custos associados. Através da utilização de meios de
comunicação electrónicos, multimédia e software, consegue-se uma personalização
mais económica.
Segundo Chaffey & Smith (2008), o e-marketing é capaz de identificar,
antecipar e satisfazer as necessidades dos clientes eficientemente: Identificar
as necessidades dos clientes através dos seus comentários, pedidos e
reclamações efectuados através do website e email da empresa; Antecipar as
necessidades dos clientes através de questões e diálogos construídos com base
na confiança adquirida; Satisfazer as necessidades com a prontidão de resposta,
estado de encomendas, lembretes e serviço pós-venda combinado com um diálogo
dinâmico. Eficientemente significa de forma automatizada ou parcialmente
automatizada, mas não de forma impessoal.
O e-marketing desenvolve uma personalização em grande escala através do
fortalecimento individual e interactivo das relações focalizadas no cliente,
através da multimédia e processamento online (Stormer & Meier, 2009). O
termo multimédia refere-se a vários tipos de media combinados, texto, imagem
e som. Devido à media impressa não ter interactividade e à fraca
interactividade da rádio e da televisão, a internet e os dispositivos móveis
são interactivos por natureza.
As empresas utilizam a internet como veículo para chegar aos clientes em todo o
processo de tomada de decisão. De acordo com dados do estudo da McKinsey
(2007), em 2010 seria de esperar que a maioria dos clientes descobrissem novos
produtos ou serviços online, e pelo menos um terço efectuasse compras através
desses meios. Através do estudo foi possível perceber que as empresas
respondentes mostram muito interesse na Web 2.02 e nos seus canais emergentes.
Para além dos canais emergentes, outros já com algum tempo têm vindo a ser
utilizados, onde se destacam:
E-mail Marketing - é uma forma de marketing directo que utiliza os meios de
comunicação electrónicos com a finalidade de entregar mensagens comerciais a um
público-alvo e criar e gerir relações com os clientes (Stokes, 2008). Mesmo
sendo uma das mais antigas formas de e-marketing, o e-mail marketing continua a
ser uma das mais poderosas e eficientes. Esse poder e eficiência devem-se ao
facto dos custos serem reduzidos, do seu grau de personalização ser elevado e
de ser fortemente direccionado.
Publicidade online - abrange publicidade em motores de busca, publicidade em e-
mails e qualquer outra forma em que os publicitários usem a internet. Seja
online ou off-line, o objectivo da publicidade é aumentar o nível de vendas e
estimular o consumidor a satisfazer as suas necessidades.
Marketing de afiliado - é um programa onde se estabelece um acordo com outras
entidades que irão promover o nosso produto e enviar tráfego para o nosso
website (Eley & Tilley, 2009). Em troca desta promoção de conteúdos são
pagos bónus após o visitante ter completado uma certa tarefa no nosso website.
Marketing em meios sociais - baseia-se simplesmente na utilização dos meios
sociais para promover produtos e empresas (Barefoot & Szabo, 2010). Este
tipo de marketing deve ser um subconjunto das acções de e-marketing de uma
empresa, complementando as tradicionais estratégias tais como e-mail marketing
e campanhas de publicidade online.
Marketing viral - baseia-se em passar informação aos amigos, acerca de meios,
produtos ou serviços que gostamos (Barefoot & Szabo, 2010). É uma técnica
que explora os meios sociais já existentes de modo a espalhar os
conhecimentos de uma marca pelos utilizadores dessas comunidades. Cada
utilizador dessa comunidade passa a informação para outro e assim
sucessivamente, criando-se uma espécie de corrente. Com alguma sorte uma
campanha de marketing viral pode ser bem sucedida, mas se não houver aceitação
por parte dos utilizadores, pode falhar. Para que a velocidade de transmissão
seja elevada, tem que existir um factor de espanto, ou seja, tem que causar
grande impacto nos utilizadores (Chaffey, 2007).
Marketing móvel - é nos dias de hoje uma das grandes apostas das empresas. Com
o crescente desenvolvimento dos dispositivos móveis estes tornaram-se
essenciais ao dia-a-dia das pessoas. O telemóvel tornou-se um objecto pessoal,
sempre ligado e com uma capacidade enorme de comunicação. Como objectos
pessoais, os telemóveis não são partilhados tornando-se meios de comunicação
exclusivamente direccionados para o seu utilizador (Krum, 2010). Segundo um
estudo das empresas InMobi e comScore os consumidores estão a ficar mais
confortáveis ao verem anúncios nos seus dispositivos móveis (eMarketer, 2010).
3. Definição da Amostra e Metodologias Utilizadas
Com a rápida evolução das tecnologias de informação e comunicação e a
globalização dos mercados, o e-marketing torna-se uma escolha viável e
acessível monetariamente para a maior parte das empresas de regiões insulares
relativamente isoladas em termos geográficos, como é o caso do arquipélago da
Madeira. O facto destas empresas poderem utilizar as estratégias de e-marketing
como uma forma de se aproximarem dos seus mercados geograficamente mais
distantes, foi uma das razões para a escolha do universo deste estudo. Por
outro lado, o crescimento do número de empresas nesta região, em particular
empresas com base tecnológica, e o aumento das práticas de e-marketing em
algumas dessas empresas foi outra das razões para a escolha desta amostra.
Antes de seleccionar a amostra definiram-se as seguintes questões de partida:
- Quais as técnicas de e-marketing mais utilizadas e quais as que reflectiram
melhores resultados?
- Quais as vantagens e desvantagens da utilização do e-marketing nas empresas?
- Que objectivos permite o e-marketing atingir, através da sua aplicação?
- Como é que as empresas efectuam o planeamento das acções de e-marketing?
- Quais as razões para a implementação de uma estratégia de e-marketing?
- Qual a finalidade do website na empresa?
- Qual a dimensão e actividade das empresas que utilizam o e-marketing?
Para seleccionar a amostra, primeiramente efectuou-se uma pesquisa de empresas
da Região Autónoma da Madeira em várias fontes, entre as quais directórios
nacionais e regionais e páginas amarelas. Após ter sido elaborada uma listagem
provisória de empresas da região, o requisito eliminatório foi a presença na
Web. Com a devida filtragem já efectuada obteve-se uma listagem com 260
empresas. Seguidamente, enviou-se um email com o URL do questionário e uma
breve explicação dos objectivos da investigação.
Como resultado desse contacto e após alguma insistência, conseguiu-se a
resposta de 111 empresas. De seguida, os dados recolhidos foram sujeitos a uma
verificação visual, de modo a verificar o seu correcto preenchimento.
Numa primeira abordagem aos dados, recorreu-se a tabelas de frequência absoluta
(N) e relativa (%), sendo também apresentados gráficos de forma a visualizar
melhor a distribuição dos resultados obtidos.
As questões contempladas no questionário foram classificadas segundo a sua
natureza. Assim, o questionário é composto por variáveis do tipo ordinal que
são as que seguem uma escala de Likert, onde cada nível de resposta corresponde
a um nome/atributo e, por fim, as de escolha múltipla.
De acordo com a natureza das questões e com o objectivo proposto, foram
utilizadas um conjunto de técnicas de análise bivariada e multivariada, tais
como o teste de Independência do Qui-Quadrado, os Coeficientes de Correlação
paramétrico de Pearson e não paramétrico de Spearman e a Análise de
Correspondência Múltipla, entre outras.
4. Análise de Resultados
4.1. Localização Geográfica, Número de Colaboradores e Sector de Actividade
Neste estudo foram incluídas 111 empresas da Região Autónoma da Madeira, na
maioria empresas do Funchal (79,3%), seguindo-se as empresas do Porto Santo
(9,0%) e Santa Cruz (5,4%). Com valores abaixo dos 5%, surgem as empresas
situadas em Câmara de Lobos (4,5%), São Vicente e Ponta do Sol, abrangendo em
cada um destes Concelhos, uma única empresa respondente.
Em relação ao número de colaboradores de cada uma das empresas incluídas na
amostra (Tabela_1), verificamos que a amostra é, sobretudo, de micro e pequenas
empresas, pois temos mais empresas com menos de 10 colaboradores (46,8%)
seguidas das que têm entre 10 a 49 colaboradores (35,1%).
No que se refere à actividade, verifica-se que 38,7% das empresas exerce a sua
principal actividade no comércio por grosso e a retalho ou na reparação de
veículos automóveis e motociclos. Seguem-se as empresas cuja actividade
principal está relacionada com a consultoria, áreas científicas, técnicas e
similares (10,8%), as de transporte e armazenagem (8,1%), as que exercem
actividades de informação e de comunicação (7,2%) e as de actividades
imobiliárias (6,3%). As restantes actividades registam percentagens na ordem
dos 5% ou abaixo.
4.2. Principais Técnicas de E-marketing Utilizadas pelas Empresas da Região
Autónoma da Madeira
De acordo com os valores obtidos, existe a indicação de que as técnicas de e-
marketing não são muito utilizadas pelas empresas incluídas na amostra, uma vez
que os valores mais altos correspondem às empresas que nunca ou raramente
recorrem a acções de e-marketing. Em destaque, 83,8% destas empresas nunca faz
acções de Mobile Marketing, mais especificamente para dispositivos móveis,
telemóveis ou PDA´s.
Outro facto é que sensivelmente metade destas empresas também nunca fazem
acções de Search Engine Marketing, como forma de melhorar a posição do Website
nos motores de busca, acções com recurso a Sistemas de e-CRM, que são sistemas
de gestão de relações com clientes, e acções de Marketing Viral, mesmo sendo
uma forma de fazer passar a mensagem de marketing de pessoa para pessoa através
da Internet.
Das técnicas de e-marketing mais utilizadas, embora por poucas empresas, é de
destacar as acções de e-mail marketing e as acções de Marketing em Redes
Sociais, uma vez que cerca de 26%-27% destas empresas utilizam-nas entre
bastante a muito frequentemente.
4.3. Técnicas de E-marketing que Produziram Melhores Resultados nas Empresas da
RAM
Para 57,7% das empresas incluídas na amostra, as acções relacionadas com o e-
mail marketing, foram as que produziram melhores resultados (Figura_2). As
segunda e terceira técnica de e-marketing com efeito positivo para a empresa,
foram a publicidade Online (19,8%) e o marketing em Redes Sociais (11,7%).
4.4. Vantagens e Desvantagens do E-marketing
Como vantagens do e-marketing, as opiniões dividem-se entre a facilidade de
adaptação (38,7%) e os custos reduzidos (36,0%). Também a boa aceitação por
parte dos clientes, para 22,5% dos responsáveis pelas decisões de e-marketing,é
uma vantagem.Só 3 empresas consideram que o e-marketing não tem vantagens, o
que representa 2,7% das empresas da amostra.
Quanto às desvantagens, era de se prever o resultado obtido quando 68,5% das
empresas considera que o e-marketing não tem desvantagens, de acordo com os
resultados da questão anterior. No entanto, para aproximadamente 20% dos
responsáveis pelas decisões de e-marketing destas empresas, a resistência por
parte dos clientes é uma desvantagem. A resistência por parte dos funcionários,
é uma desvantagem na opinião de 8,1%, enquanto os custos acrescidos são a
desvantagem apontada para 3,6% das empresas.
4.5. Factores Mais Relevantes na Selecção das Técnicas de E-marketing
Ao que tudo indica, a opção pelo e-mail marketing e pelo Marketing em Redes
Sociais tem a ver com o facto de serem as técnicas de e-marketing que
apresentam custos mais baixos, na opinião de 45,9% da amostra, enquanto para
25,2%, isso deve-se à sua facilidade de implementação.
Ainda é de referir que 18,0% dos responsáveis pelas decisões de e-marketing
destas empresas consideram que a selecção das técnicas de e-marketing
utilizadas justifica-se pela familiarização com as mesmas. Por outro lado, o
sector de actividade da empresa e o segmento de mercado alvo a atingir, não são
factores muito relevantes na selecção das técnicas de e-marketing destas
empresas.
4.6. Objectivos Atingidos Através do E-marketing
Através da análise dos dados recolhidos, verificou-se que neste grupo de
questões todos os inquiridos estiveram divididos entre duas opções. De referir
que na opção Atingir os objectivos definidos, 55,9% não têm opinião definida
e 27,0% concordam que o e-marketing lhes permitiu atingir os objectivos
definidos. Relativamente ao e-marketing permitir uma maior promoção dos
produtos e serviços, as empresas inquiridas não têm dúvidas quanto à sua
resposta, com 48,6% a concordarem e 39,6% a concordarem totalmente.
4.7. Planeamento das Acções de E-marketing
Atendendo ao que os dados indicam, pode-se afirmar que as próprias empresas da
RAM concebem/propõem as suas acções de e-marketing (69,4%) e também as executam
(80,2%). Estas respostas podem justificar-se através da preocupação em reduzir
custos com as iniciativas de promoção das empresas (Tabela_2).
4.8. Elaboração de um Plano de E-marketing
As empresas inquiridas revelaram algum desconhecimento acerca da elaboração de
planos de e-marketing, tendo em conta que 42,3% dos inquiridos responderam NS/
NR/NA. Só 23,4% afirmam ter elaborado um plano de e-marketing (contra 34,2 que
dizem que não o elaboraram).
A elaboração de um plano de e-marketing envolve um número de acções que devem
ser integradas de forma a explorar sinergias e assegurar a consistência global
do plano (Manarte & Teixeira, 2011), o que não parece ser feito pela maior
parte das empresas inquiridas.
4.9. Razões da Implementação do E-marketing na Empresa e Público-alvo
A promoção de produtos e serviços foi a razão mais escolhida, com cerca de
35,1% da taxa de resposta. De referir ainda que a redução de custos obteve uma
percentagem significativa (18,0%), levando-nos a crer que os empresários estão
cientes das principais vantagens do e-marketing (Tabela_3).
No que se refere aos públicos-alvo, a amostra revelou estar direccionada, quase
na totalidade, para os consumidores finais (77,5%, contra 2,7% que pretendem
atingir os revendedores e 2,7% que pretendem atingir ambos os públicos).
4.10. Finalidade do Website nas Empresas
A maior parte das empresas optaram por contratar empresas especializadas para o
desenvolvimento do seu website e só 28 respondentes (25,2%) afirmam ter
desenvolvido o seu website.
No que diz respeito aos objectivos do desenvolvimento do website, 47,7% dos
respondentes afirmou que o objectivo principal era divulgar os objectivos e
missão da empresa seguido por divulgar os produtos e serviços da empresa
(31,5%). Estas duas respostas garantem-nos que os websites funcionam apenas
como plataforma de divulgação da empresa.
Quanto à importância do website, as empresas foram confrontadas com duas
questões: Qual a importância do website para o desenvolvimento da empresa e
Qual a importância que os clientes dão ao website da empresa.
Em relação à primeira questão, a esmagadora maioria dos respondentes (86,5%)
escolheu a opção Muito importante, o que nos leva a perceber que o website
trouxe benefícios à empresa, consequência provável da divulgação da empresa
online.
Na segunda questão, as opiniões já não são tão direccionadas, pois só 41,4% dos
respondentes afirmaram que os clientes dão muita importância ao website. Uma
explicação provável para esta resposta é o facto de as empresas terem recebido
feedback positivo em relação ao website, quer tenha sido por iniciativa do
cliente ou da própria empresa. Os 40,5% de respostas referentes à opção NS/NR/
NA leva-nos a crer que as empresas, apesar de possuírem website, não têm
qualquer informação quanto à sua utilidade por parte dos clientes.
4.11. Técnicas de E-marketing Utilizadas Segundo o Número de Colaboradores e o
Concelho de Localização da Empresa
Número de colaboradores
Após o resultado do teste de Independência do Qui-Quadrado, ficou provado que o
número de colaboradores influencia significativamente a utilização de algumas
técnicas de e-marketing: e-mail marketing, marketing viral e sistemas de e-CRM.
Quando testada a hipótese de independência entre a utilização destas três
técnicas de e-marketing e o número de colaboradores da empresa, o sig. obtido
foi inferior a 0,05, rejeitando assim a hipótese referida. Sob estas condições
é que podemos afirmar que a frequência com que são utilizadas estas três
técnicas de e-marketing, depende significativamente do número de colaboradores
que a empresa tem. Desta forma recorreu-se à Análise de Correspondência
Múltipla (MCA) para encontrar os grupos de empresas que provocam a associação
significativa.
Como resultado da Análise de Correspondência Múltipla, surge o gráfico (Figura
3) com as duas dimensões que englobam a frequência com que são utilizadas as
acções de e-mail marketing, marketing viral e as que recorrem a sistemas de e-
CRM e o número de colaboradores que estas empresas têm. Os Alphas de
Cronbachobtidos em cada uma das dimensões 1 e 2 foram de 0,676 e 0,738,
respectivamente, o que sendo superiores a 0,6 torna a consistência interna de
cada uma das dimensões admissível.
Verifica-se então que nas empresas com mais de 250 colaboradores existe um
grupo homogéneo de empresas que recorre algumas vezes às acções que têm recurso
a sistemas de e-CRM assim como às acções de marketing viral. Já nas empresas
com 50 a 250 colaboradores, existe uma tendência para nunca fazerem acções de
e-mail marketing e de marketing viral. Quanto às empresas que têm entre 10 a 49
colaboradores, a tendência é para fazerem sempre acções com recurso a sistemas
de e-CRM e, também, acções de e-mail marketing e de marketing viral. Por fim,
as empresas de dimensão mais pequena, ou seja, as que têm menos de 10
colaboradores, podem ser identificadas com as que nunca fazem acções com
recurso a sistemas de e-CRM.
Concelho de Localização da Empresa
Perante o resultado do teste de Independência do Qui-Quadrado, não podemos
afirmar que existe associação significativa entre o tipo de técnicas de e-
marketing utilizadas por estas empresas e o Concelho onde exercem a sua
actividade. Esta afirmação tem por base os sig.´s, que, sendo todos superiores
a 0,05, não permitem rejeitar a hipótese de independência entre a frequência
com que são utilizadas as técnicas de e-marketinge o Concelho onde está situada
a empresa.
Actividade da Empresa
Uma vez que existem muitas actividades, apenas foram incluídas nesta fase do
estudo as que obtiveram percentagem superior a 10%, que foram duas: as que
exercem a sua actividade no comércio por grosso e a retalho ou na reparação de
veículos automóveis e motociclos (38,7%) e as que têm a sua actividade
principal relacionada com a consultoria, áreas científicas, técnicas e
similares (10,8%).
De acordo com os resultados do teste de Independência do Qui-Quadrado,
verificou-se que existia uma relação significativa entre a frequência com que
as acções de marketing em redes sociais são utilizadas e a actividade que a
empresa exerce. Desta forma, recorreu-se novamente à Análise de Correspondência
Múltipla de forma a encontrar os grupos de empresas responsáveis pela relação
significativa (Figura_4).
Na figura anterior, os níveis da designação da actividade exercida pela empresa
encontram-se sobre o eixo do zero ao longo da dimensão 1, pelo que apenas vamos
falar de uma tendência para a existência dos grupos homogéneos criados. Outro
motivo para se falar apenas de uma tendência é que os Alphas de Cronbach
obtidos em cada uma das dimensões foram inferiores a 0,6, o que torna a
consistência interna inadmissível.
Assim, existe uma tendência para que sejam as empresas de consultoria, das
áreas científicas, técnicas e similares as que fazem sempre acções de marketing
em redes sociais, enquanto as de comércio por grosso e a retalho ou de
reparação de veículos automóveis e motociclos são, tendencialmente, as que
nunca fazem acções deste tipo.
4.12. Avaliação Média feita às Acções de e-marketing e a sua Frequência Média
de Utilização
Quando testada a hipótese da variável que mede a frequência média da utilização
das acções de e-marketing destas empresas seguir uma distribuição normal, o
sig. obtido foi inferior a 0,05, pelo que temos de rejeitar a hipótese de
distribuição normal. Embora na variável que mede a avaliação média feita às
acções de e-marketing exista distribuição normal (pois o sig. obtido foi
superior a 0,05, não rejeitando a hipótese da normalidade), temos de recorrer
ao Coeficiente de Correlação não paramétrico de Spearman, porque não está
reunido o pressuposto da normalidade em ambas as variáveis.
Segundo os resultados do coeficiente de Correlação de Spearman (Figura_5),
podemos verificar que existe uma correlação significativa entre a frequência
média de utilização das acções de e-marketing e a avaliação feita às mesmas.
Assim, verificou-se que a utilização moderada das várias acções de e-marketing
terá um efeito positivo nos objectivos que a empresa pretende alcançar.
Verificou-se ainda que as empresas que recorrem sempre ao e-marketing são as
que avaliam mais positivamente o efeito das acções utilizadas, nos objectivos
da empresa.
5. Conclusões
A ausência do planeamento das estratégias de e-marketing é um dos problemas
mais frequentes nas empresas, pois através desse planeamento é possível definir
e perceber a estratégia da empresa, permitindo uma correcta aplicação das
técnicas de e-marketing.
O estudo revelou que a maioria das empresas da amostra tem o website apenas
como uma plataforma de divulgação da empresa e produtos/serviços associados.
Neste ponto seria uma mais-valia a inclusão de serviços de atendimento online e
secções de feedback, de forma a fortificar a relação com o cliente.
No geral, a utilização do e-marketing está a ser bem efectuada, mas futuramente
deverá ser mais incentivada, de modo a que as empresas possam aproveitar todas
as oportunidades de mercado possíveis para esta região.
Uma das grandes limitações do estudo prende-se com o tamanho reduzido da
amostra. Com uma amostra de uma dimensão superior, os resultados obtidos
poderiam ser um pouco diferentes.
A maioria das empresas existentes na Região Autónoma da Madeira não cumpria os
requisitos mínimos exigidos para a inclusão neste estudo. O factor tempo foi
também uma condicionante, pois algumas empresas demoraram mais tempo do que
seria previsto, atrasando um pouco o processo de recolha de dados.
O estudo permitiu verificar o estado da arte do e-marketing nesta região,
tendo-se obtido resultados interessantes que nos permitem alertar para a
necessidade de melhoria dos processos de promoção das empresas com a utilização
destas técnicas. Conseguiram-se ainda verificar relações entre a utilização de
determinadas técnicas de e-marketinge a tipologia de empresas, em termos da sua
dimensão e actividade.
No futuro seria interessante verificar se as práticas de e-marketing se
manterão semelhantes, ou se as actuais dificuldades financeiras obrigarão as
empresas a apostarem em força nesta área para diversificarem mercados sem
incorrerem em grandes custos.