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EuPTCEEx1647-581X2009000100009

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National varietyEu
Year2009
SourceScielo

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Os olhos da Geologia, o discurso dos engenheiros e o saber dos geólogos: o início da utilização de métodos geofísicos na prospecção de recursos minerais em Portugal

INTRODUÇÃO A história da constituição de uma comunidade geológica em Portugal encontra-se, em grande medida, por fazer. Pouco se sabe, ainda, sobre a forma como ocorreram as etapas do processo que, em História da Ciência, é normal associar à institucionalização de uma área científica, neste caso a Geologia, e a concomitante formação da comunidade científica e profissional que a pratica.

Entre essas etapas encontram-se a criação de departamentos universitários dedicados ao ensino e à investigação, o surgimento de periódicos especializados, a formação de sociedades científicas, a profissionalização e o reconhecimento profissional (MORRELL, 1988). No caso da Geologia, é particularmente relevante a criação de um serviço geológico nacional.

É a este último factor que boa parte dos trabalhos mais recentes da História da Geologia nacional têm sido dedicados. Tal como noutros países ocidentais, também em Portugal um dos primeiros contextos da profissionalização em Geologia se encontra associado à criação e evolução de serviços geológicos nacionais durante o século XIX.1.

No entanto, e ao contrário do que sucedeu em muitos desses países, a criação de um serviço geológico em Portugal não surgiu no seguimento da existência de uma 'cultura geológica' (KNELL, 2000) assente, por exemplo, numa prática amadora da Geologia, na criação de escolas de minas, na constituição de sociedades científicas regionais, no desenvolvimento de estudos geológicos parcelares do território nacional. Dada a impossibilidade da implementação e prática da Geologia em Portugal se fazer via sociedade civil, ela acabou por se concretizar através da iniciativa estatal, com a criação do primeiro serviço geológico nacional em 1857, então designado Comissão Geológica do Reino. Pode dizer-se que, durante o século XIX e até ao início do século XX, não existiu Geologia em Portugal fora da esfera do Estado (CARNEIRO, 2005).

Entre 1857 e 1908, o serviço geológico português2 realizou o reconhecimento geológico do território nacional e a elaboração de cartografia geológica de forma cuidadosamente definida e planeada, com base num trabalho de campo sistemático e a adopção de estratégias e metodologias idênticas àquelas utilizadas nos serviços geológicos de outros países, em especial da França (LEITÃO, 2004). Durante o período citado, o serviço geológico nacional foi dirigido, primeiro, pelo engenheiro militar CARLOS RIBEIRO (1813-1882)3 e, em seguida, pelo seu discípulo, também engenheiro militar, NERY DELGADO (1835- 1908). Apesar das diversas reorganizações por que passou e dos interesses contraditórios, dificuldades financeiras e preconceitos que teve de defrontar, a instituição conseguiu alcançar uma produtividade científica significativa em termos quantitativos e qualitativos até à primeira década do século XX. Foram publicados diversos estudos geológicos, paleontológicos e arqueológicos; várias folhas do mapa geológico de Portugal na escala 1:100000; duas edições do mapa geológico de Portugal na escala 1:500000, respectivamente em 1876 e 1899, entre outros trabalhos e estudos (CARNEIRO e MOTA, 2005).

Em grande parte, tal circunstância deveu-se ao facto de tanto Ribeiro como Delgado possuírem amplos conhecimentos geológicos e de terem sabido rodear-se de outros praticantes da Geologia, de entre os quais se destacam o geólogo suíço PAUL CHOFFAT (1849-1919), WENCESLAU DE LIMA (1858-1920), BERKELEY COTTER (1845-1919), e ALFREDO BENSAÚDE (1856-1941). Além disso, na época, os engenheiros militares parecem ter sido os únicos a possuir os conhecimentos e as competências necessárias à prática geológica requerida nuns serviços geológicos (LEITÃO, 2004; CARNEIRO, 2005).

Uma das consequências desta situação foi a ocupação pelos engenheiros portugueses dos postos mais elevados do quadro de pessoal técnico dos Serviços Geológicos. A ocupação de lugares públicos pelos engenheiros encontra-se ligada ao processo de profissionalização e afirmação desta classe durante o século XIX, com destaque para o período da Regeneração. Este processo propiciou a ocupação de lugares em diversas instituições e organismos estatais e mesmo a ascensão a posições de poder por parte dos engenheiros portugueses, conferindo- lhes um protagonismo ao nível do Estado português que, com alguns altos e baixos, se manteve ao longo do século XX (DIOGO, 1994; RODRIGUES, 1999; MATOS E DIOGO, 2002).

Quando, a partir da década de 1930, se iniciou a constituição de uma verdadeira comunidade geológica em Portugal, os seus elementos depararam-se com uns serviços geológicos 'colonizados' pelos engenheiros de minas. A necessidade de inverter este tipo de situação levou a uma certa confrontação entre a comunidade geológica e os engenheiros de minas, ao mesmo tempo que circunstâncias mais ou menos fortuitas e conjunturais acabaram por favorecer os geólogos da instituição (MOTA, 2007). O presente trabalho é dedicado à explicitação de uma delas.

Durante a década de 1940, o único geólogo que trabalhava nos então designados Serviços Geológicos de Portugal (SGP), GEORGES ZBYSZEWSKI (1909-1999), foi encarregado de acompanhar a utilização de métodos geofísicos na prospecção de depósitos minerais na região do vale diapírico de Caldas da Rainha. Neste trabalho, defende-se que a actividade desenvolvida por Zbyszewski lhe valeu o reconhecimento dos engenheiros de minas que dirigiam os SGP, circunstância que acarretou, a médio prazo, o reconhecimento mais lato da Geologia e dos geólogos no seio da instituição. Defende-se, igualmente, que esse reconhecimento teve lugar porque a utilização dos métodos de prospecção geofísica permitiu ao geólogo dos SGP a partilha de um ethoscientífico que era caro aos engenheiros portugueses.

OS SERVIÇOS GEOLÓGICOS DE PORTUGAL (SGP) NAS VÉSPERAS DA II GUERRA MUNDIAL Durante as três primeiras décadas do século XX, Portugal viveu um dos períodos mais complexos da sua história, assistindo-se à implantação e queda de sucessivos regimes: Monarquia Constitucional, I República, Ditadura Militar e Estado Novo. O país passou por graves dificuldades económicas e financeiras, enfrentando, ao mesmo tempo, sérios problemas de instabilidade política e social (MEDEIROS, 1978; CABRAL, 1979; ROSAS, 1986; MIRANDA, 1987; SERRÃO, 1991; FRANÇA, 1992).

Foi neste contexto económico e social que, em 1918, os SGP ficaram oficialmente ligados à Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos (DGMSG) (DECRETO, 1918), circunstância que contribuiu para agravar as dificuldades que vinham sendo sentidas pela instituição desde a segunda metade do século XIX.4 A partir de 1918, a DGMSG passou a atribuir de forma discricionária as verbas destinadas aos SGP, não lhes conferindo, simultaneamente, liberdade para contratar o pessoal necessário ou para gerir as suas próprias actividades. A actuação dos SGP resumia-se a pouco mais do que a execução de tarefas pontuais, sempre que, para isso, eram solicitados. Essas tarefas dependiam muito dos interesses das diversas tutelas a que os SGP estiveram sujeitos e iam desde a prestação de apoio a obras de carácter agrícola até à ajuda em situações de emergência, como, por exemplo, desmoronamento de edifícios e deslizamentos de terras.

Nestas circunstâncias, os SGP não conseguiram cumprir aquele que deveria ser o seu principal objectivo: o reconhecimento geológico do território português e a consequente produção e publicação de cartografia geológica (MOTA, 2007).

Na verdade, a cartografia geológica não era considerada relevante nem por parte dos engenheiros de minas que estavam à frente da DGMSG, nem pelo poder político, apesar de estes serem dois dos principais agentes responsáveis pela sua realização (MOTA, 2007). Ao contrário do que sucedeu durante o século XIX (LEITÃO, 2004),o poder político ' e, em especial, o poder republicano ' não parece ter tido uma orientação clara no que respeita ao conhecimento geológico do território nacional e a cartografia geológica parece não ter tido um significado particular na cultura dos dirigentes republicanos portugueses. Estes parecem ter entendido os SGP essencialmente como um organismo público de aconselhamento técnico, não atribuindo à Geologia e aos SGP o mesmo significado e importância que estes detinham noutros países, em que eram associados à industrialização e ao desenvolvimento económico (MOTA, 2007).

Quanto aos engenheiros de minas, o quadro de pessoal dos SGP pertencia-lhes quase em exclusivo, uma vez que todas as posições técnicas superiores apenas podiam ser ocupadas por engenheiros, provenientes, preferencialmente do Corpo de Engenharia de Minas e Serviços Geológicos (MOTA, 2007). O quadro de pessoal dos SGP não previa a categoria de geólogo e estes apenas podiam ingressar na instituição mediante contrato, o que os impedia de progredir na carreira. Além disso, a partir de 1918 e até à década de 1950,os poucos geólogos contratados pelos SGP viram as suas remunerações diminuir mais e mais, sendo a sua equiparação, em termos financeiros, um reflexo do estatuto que possuíam no seio da instituição.

Entre 1936 e 1952, os geólogos auferiam do mesmo vencimento que os engenheiros de minas de 3.ª classe, a categoria mais baixa para este grupo profissional, e o mesmo que os auxiliares técnicos mais graduados (Figura 1) (MOTA, 2007).

Fig. 1 ' Vencimentos do pessoal técnico dos SGP entre 1918 e 1952 [retirado de Mota, T. S., Os Serviços Geológicos entre 1918 e 1974: da Quase Morte a uma Nova Vida, Tese de doutoramento não publicada, (Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, 2007), p. 200].

A verdade é que até à década de 1930, não existiu, em Portugal, uma verdadeira comunidade científica/profissional de geólogos. Desta forma, a ‘colonização' dos SGP por parte dos engenheiros desde o dia da sua criação, foi, não possível, como inevitável. No século XIX, os engenheiros militares eram os únicos a possuir as competências necessárias à consecução de alguns objectivos dos SGP, nomeadamente a realização de cartografia geológica, uma vez que tinham uma boa experiência na organização de equipas em trabalho de campo e dominavam a leitura e a feitura de mapas (CARNEIRO, 2005). Por outro lado, alguns engenheiros militares, como foi o caso de Ribeiro e Delgado, tornaram-se competentes em termos de realização de trabalho e estudos geológicos porque complementaram e aprofundaram por sua própria iniciativa a reduzida formação científica que possuíam ao nível da Geologia. Todavia, com o passar do tempo, o quadro do pessoal técnico da instituição passou a ser ocupado não por engenheiros militares mas também, e maioritariamente, por engenheiros civis e de minas, a quem faltava, na maior parte das vezes, não apenas a preparação científica em Geologia, como a familiaridade com o trabalho de campo (CARNEIRO, 2005).

9 Se, dada a inexistência de uma comunidade geológica em Portugal, o recrutamento de engenheiros por parte dos SGP, se revelou, inicialmente, a única solução possível, com o passar dos anos esta situação acabou por ter consequências nefastas. Muitos dos engenheiros de minas e seus técnicos auxiliares (condutores de minas, mais tarde agentes técnicos de engenharia de minas) que trabalhavam nos SGP no início do século XX, parecem não ter tido nem uma predilecção especial pela Geologia, nem competências científicas nesta área, fazendo parte do quadro de pessoal da instituição devido a contingências da sua carreira profissional (CARNEIRO, 2005; MOTA, 2007). Além disso, não consideravam a Geologia relevante para aquela que era a sua principal actividade: proceder à extracção de minérios através das mais diversas técnicas. Tal situação levou a que os engenheiros de minas da DGMSG, oficialmente responsáveis pela elaboração e publicação das cartas geológicas em Portugal, nunca tenham levado a cabo essa tarefa. Convertidos em burocratas, a maior parte foi incapaz de compreender as funções dos SGP a que pertenciam, o que acabou por levar à estagnação científica da instituição durante as primeiras décadas do século XX (MOTA, 2007).

A CRIAÇÃO DO SERVIÇO DE FOMENTO MINEIRO (SFM) NO CONTEXTO DO INDUSTRIALISMO PORTUGUÊS No início da década de 1930, quando o Estado Novose instaurou em Portugal, a indústria mineira apresentava sérios problemas originados pela congregação de vários factores, entre os quais a falta de capital, o elevado grau de risco económico do sector e o desconhecimento das possibilidades mineiras do país (GUIMARÃES, 1995 e NOGUEIRA, 1941; DIRECÇÃO GERAL DE GEOLOGIA E MINAS, 1990).

Apesar de, durante a I Guerra Mundial e a década de 1920, ter tido lugar uma conjuntura favorável a um certo desenvolvimento industrial do país, que levou ao incremento do sector mineiro, terminado o conflito ocorreu uma crise que se revelou difícil de ultrapassar, com a actividade mineira a registar novo decréscimo (MEDEIROS, 1978; ROSAS, 1986).

O desconhecimento das reservas minerais existentes em solo nacional resultava, em grande parte, do reconhecimento geológico do país se basear, ainda, nos levantamentos do século anterior, com a consequente inexistência de uma cartografia geológica a uma escala adequada. Foi esse desconhecimento que serviu de justificação para que o Estado Novocriasse, em 1939, o Serviço de Fomento Mineiro (SFM), com o objectivo de proceder ao reconhecimento, prospecção e pesquisa dos recursos minerais de Portugal continental (DECRETO, 1939). A prioridade foi dada a matérias como o ferro, ouro, pirites, antimónio, estanho, carvão, hidrocarbonetos e sais de potássio. Todas as jazidas minerais reveladas pelos trabalhos de prospecção e pesquisa realizados pelo SFM deveriam ser propostas para concessão, permitindo a sua exploração à iniciativa privada (DECRETO, 1939).

10 O SFM pode ser entendido como a concretização, ao nível do sector mineiro, da afirmação, no seio do Estado Novo, de uma corrente pró-industrialista protagonizada, entre outros, pelos engenheiros portugueses. Surgida durante a década de 1930, atingiu a sua expressão máxima, enquanto movimento de teorização e intervenção política, aquando da realização do 1.º e 2.º Congressos Nacionais de Engenharia, respectivamente em 1931 e 1948, e do 1.º Congresso da Indústria Portuguesa, em 1933 (ROSAS, 1986; ROLLO, 2006). A corrente industrialista era caracterizada por uma particular ideologia de nacionalismo industrializante, um discurso de progresso industrialista habilmente incorporado na retórica patriótico-passadista oficial ( ) a formulação de um novo modelo de desenvolvimento assente na hegemonia da indústria (ROSAS, 1986; MIRANDA, 1987; BRITO, 1989; ROLLO, 2006). Entre os seus principais teorizadores, encontravam-se os engenheiros, que auto- reivindicavam um novo papel económico, social e mesmo político na sociedade portuguesa, argumentando que seria a racionalidade técnica e organizacional ' simbolizada na imagem do engenheiro ' a única forma de ultrapassar o subdesenvolvimento do país (ROSAS, 1986; MIRANDA, 1987; BRITO, 1989; DIOGO, 1994; RODRIGUES, 1999; ROLLO, 2002; ROLLO, 2006).

O SFM foi integrado na DGMSG e, a fim de levar a bom porto as tarefas atribuídas ao SFM, esta última deveria proceder ao reconhecimento geológico do país, devendo, para isso, ser acelerados os trabalhos de levantamento e publicação da carta geológica (DECRETO, 1939). Depois da criação do SFM, a orgânica da DGMSG passou a ser a evidenciada pelo esquema da figura 2 (MOTA, 2007).

Fig.2 ' Orgânica da DGMSG depois da criação do SFM.

A necessidade de levar a cabo o reconhecimento geológico do país, de forma a que o SFM pudesse atingir os objectivos a que se propunha, poderia ter sido a ocasião ideal para o Estado português dotar os SGP de meios humanos e materiais que permitissem torná-los mais eficientes e produtivos. Afinal, a própria legislação de 1918, que esteve na base da criação da DGMSG, declarava que os serviços geológicos e de minas têm uma relação íntima, como é reconhecido nos países onde a ciência geológica e a indústria mineira estão mais adiantadas (DECRETO, 1939).

Alguma legislação que foi publicada ao longo das décadas de 1920 e 1930, evidencia preocupação por parte do Estado português com a situação da indústria mineira nacional, mostrando interesse em tentar resolver alguns dos seus problemas e reconhecendo o papel dos SGP nessa resolução. Todo o contexto se afigurava, pois, propício ao incentivo e desenvolvimento de estudos e pesquisas geológicas, sendo de esperar que o Estado português, à semelhança do que aconteceu noutros países, atribuísse aos SGP os meios humanos e materiais necessários à realização do seu trabalho.

No entanto, tal acabou por não se verificar; a consciência estatal sobre o papel fundamental que os serviços geológicos de um país podem ter no desenvolvimento da actividade mineira parece ter sido apenas uma figura de retórica. O Estado português acabou por optar pela criação de um novo organismo no seio da DGMSG, o SFM, cujas atribuições e competências acabaram por se sobrepor, em grande parte, às dos SGP, enquanto esta instituição continuou a viver tempos difíceis.

A UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS GEOFÍSICOS: OS OLHOS DA GEOLOGIA E A SUA DEFESA PELOS ENGENHEIROS DE MINAS DO SFM Uma vez criado o SFM, uma das suas principais tarefas consistiu no reconhecimento das jazidas de ferro de Portugal continental, com vista ao posterior uso desse minério na indústria siderúrgica. Para proceder a esse reconhecimento, o SFM decidiu utilizar a prospecção geofísica.11 Não era a primeira vez que métodos geofísicos eram utilizados em Portugal; durante a década de 1930, o Instituto Geográfico e Cadastral tinha realizado algumas determinações gravimétricas em vários locais do país (COSTA, 1942). Por sua vez, em 1943, o Instituto Geologico y Minero de Espanha (IGME) procedeu à prospecção de sais alcalinos através de técnicas sísmicas na zona centro de Portugal (CARDOSO, 1947; DIRECÇÃO GERAL DE GEOLOGIA E MINAS, 1990). No entanto, foi o SFM que utilizou pela primeira vez, de forma sistemática e continuada, a prospecção geofísica no reconhecimento de recursos minerais. Como não possuía nem a aparelhagem necessária, nem o conhecimento técnico necessário, contactou uma empresa sueca: a Aktiebolaget Elektrisk Malmletning (ABEM), 12 de Estocolmo. Em Maio de 1942, estabeleceu-se um acordo de prestação de serviços entre esta empresa e o SFM e, durante cerca de dois anos, o pessoal técnico do SFM acompanhou um engenheiro sueco nos trabalhos de reconhecimento de jazidas de ferro através da utilização de uma das técnicas possíveis de prospecção geofísica: a magnética. A utilização de métodos geofísicos acabou por se estender ao reconhecimento de outros depósitos minerais, nomeadamente, sais alcalinos e pirites, tendo sido utilizadas, nestes casos, técnicas sísmicas e eléctricas, respectivamente (SFM, 1943/1945; FERREIRA, 1945; DIRECÇÃO GERAL DE GEOLOGIA E MINAS, 1990).

A reconhecida utilidade dos métodos geofísicos, levou o SFM a considerar a possibilidade de passar a ser o próprio a aplicá-los. Deste modo, o SFM iniciou a compra do seu próprio equipamento geofísico, adquirindo à ABEM, em 1945, um equipamento de prospecção sísmica e, em 1947, um aparelho de prospecção eléctrica, desta feita a uma empresa americana, a Sullivan Machinery Company (FERREIRA, 1945; CARDOSO, 1947; FERREIRA, 1947). A partir de 1951, o SFM foi beneficiário do Plano Marshall, o que lhe permitiu um maior volume de compras em termos de aparelhagem de ensaio e investigação, nomeadamente a continuação da aquisição de equipamento de prospecção geofísica (SANTOS, 1952; ROLLO, 1994).

O método sísmico de prospecção possibilita a identificação das formações geológicas que existem no interior da crusta terrestre mediante a determinação da velocidade de propagação de ondas sísmicas, uma vez que a formações com características diferentes correspondem velocidades diferentes. A aparelhagem sísmica utilizada na implementação deste método permite a determinação dos tempos de percurso das ondas sísmicas desde os pontos onde foram originadas ' normalmente através da detonação de cargas explosivas ' até outros pontos onde são captadas por sismómetros. A determinação dos tempos é feita a partir da leitura e interpretação do registo que a aparelhagem fornece, o sismograma, onde é possível identificar os momentos dos abalos provocados e os de chegada das ondas aos diversos sismómetros. Conhecendo-se os tempos de percurso das ondas, traçam-se gráficos espaço/tempo ou dromocrónicas que, mediante a aplicação de fórmulas matemáticas, permitem calcular as velocidades características e identificar as diferentes formações geológicas atravessadas, assim como a profundidade a que as mesmas se encontram (COUTO, 1947 e CARDOSO, 1947).

No final da década de 1940, diversos engenheiros, entre os quais os engenheiros de minas do SFM, publicaram trabalhos defendendo a utilização dos métodos geofísicos (CARDOSO, 1947; QUEIRÓS, 1947; COUTO, 1947 e GONÇALVES, 1948). Esses trabalhos revelam, em parte, a retórica típica da corrente industrialista, apresentando os métodos geofísicos como um exemplo de racionalidade e objectividade técnica e científica, valores indispensáveis ao progresso económico e social na nação portuguesa, e que os engenheiros consideravam encontrar-se materializados no seu estatuto e profissão. No entanto, os autores dos trabalhos, cujos destinatários eram, fundamentalmente, outros engenheiros e cientistas, não escamoteiam as complexidades inerentes à constituição, instalação e funcionamento da aparelhagem de prospecção geofísica, assim como as dificuldades existentes e a perícia necessária na interpretação dos resultados obtidos a partir da sua utilização.

Por exemplo, um dos trabalhos (COUTO, 1947), dedicado à descrição e funcionamento da aparelhagem sísmica do SFM, encontra-se repleto de terminologia técnica e científica de difícil entendimento para alguém pouco familiarizado com o tema. Apesar dessa terminologia se tornar mais compreensível à medida que o autor descreve e explica, de forma cuidada e minuciosamente, o modo de funcionamento da aparelhagem, desmontando o conceito de black-boxing (LATOUR, 1987) que poderia surgir associado à sua manipulação, a verdade é que as características do trabalho revelam que este se destina a um público de especialistas.

noutro trabalho (QUEIRÓS, 1947), os métodos geofísicos são apresentados como os olhos da Geologia, 13 instrumentos quase infalíveis na sua capacidade de perscrutar e revelar o interior da Terra. Todavia, o autor não deixa de fazer referência a uma série de condicionantes existentes no contexto da sua utilização. Assim, refere, por exemplo, a necessidade de conhecer do modo mais completo e exaustivo possível a geologia da região alvo da utilização dos métodos geofísicos ou os diversos factores condicionantes da escolha do método mais conveniente. Refere ainda as dificuldades existentes na leitura dos sismogramas obtidos a partir da utilização da técnica sísmica, nomeadamente a distinção dos resultados correspondentes à refracção e reflexão das ondas sísmicas.

Considerações idênticas são tecidas num terceiro artigo (CARDOSO, 1947), com destaque para as ambiguidades da leitura e interpretação dos sismogramas, onde o sujeito desempenha um papel particularmente activo.

Contrariamente ao discurso público dos engenheiros portugueses e à retórica típica da corrente industrialista, os trabalhos analisados evidenciam os problemas associados à utilização dos métodos de prospecção geofísica. Neles não se escamoteia a incerteza dos resultados, nem as complexidades da sua leitura e interpretação, salientando-se o papel determinante do sujeito responsável pelas mesmas (QUEIRÓS, 1947): (...) o geofísico precisa de obter o maior número possível de elementos físicos sobre o terreno (...) Uma vez efectuadas as medidas das grandezas físicas julgadas necessárias todas as afirmações serão questões de probabilidades. Será possível, no geral, estabelecer mais do que uma hipótese que permita explicar as anomalias encontradas. O grande problema a resolver pelo indivíduo encarregado da interpretação será escolher a solução mais de acordo com a realidade e para isso terá que relacionar os vários elementos geofísicos e geológicos, o que poderá ser feito por pessoas muito especializadas.

O modo como os engenheiros de minas encaram a utilização dos métodos geofísicos e a interpretação dos resultados obtidos por seu intermédio, inscreve-se num ethoscaracterístico da prática científica que surgiu no início do século XX (GALISON, 1992)14 e no qual a interpretação e o julgamento praticados pelo cientista têm um papel preponderante. O cientista é entendido como um especialista, um perito que é treinado e aprende a ler e a interpretar a informação que lhe chega, muitas vezes14de forma encriptada, através de instrumentos e aparelhagens. No caso dos métodos de prospecção geofísica, a sua utilização permite fazer falar uma Terra que é muda mas como a linguagem em que esta responde é complexa e contingente, precisa de ser interpretada. O papel do geofísico é desvendar essa linguagem e descodificar a informação associada às representações visuais da Terra que são fornecidas pelo equipamento geofísico.

O SABER DO GEÓLOGO: O PAPEL DE GEORGES ZBYSZEWSKI NAS CAMPANHAS DE PROSPECÇÃO GEOFÍSICA Em 1943 e 1946, foram realizadas, a pedido da Sociedade Portuguesa de Sais de Potássio, Lda., duas campanhas de prospecção sísmica nas imediações das Caldas da Rainha e Leiria, numa região conhecida por vale diapírico das Caldas da Rainha, 15 respectivamente pelo IGME e pela companhia sueca ABEM. Essas campanhas destinavam-se a verificar a existência, ou não, de sais alcalinos e, em caso afirmativo, se estes recursos existiam em quantidade suficiente para serem explorados economicamente. A partir de 1946, o SFM passou a ser a entidade responsável pela prospecção sísmica e pela realização das sondagens na região.

Desde 1943 que Georges Zbyszewski, na altura o único geólogo dos SGP, se encontrava oficialmente encarregado pela DGMSG de realizar a cartografia geológica da região, assim como de acompanhar os resultados das sondagens e da prospecção sísmica, realizados, primeiro pelo IGME, depois pela ABEM e, a partir de Maio de 1946, pelo SFM. O trabalho de Zbyszewski consistiu na realização de uma carta geológica na escala 1:25000 de toda a região, na interpretação dos testemunhos das sondagens e, a partir de 1946, na decisão sobre em que locais implantar o equipamento de prospecção sísmica (FERREIRA, 1945; CARDOSO, 1947).

Em 1945, depois de realizadas as primeiras campanhas de prospecção sísmica e interpretados os resultados das primeiras sondagens, Zbyszweski foi da opinião de que se deveria realizar novo estudo geológico da região, nova campanha de prospecção sísmica e, eventualmente, novas sondagens (FERREIRA, 1946). As condições de trabalho no campo não tinham sido as melhores: o geólogo queixava- se das folhas utilizadas nos levantamentos cartográficos serem na escala 1: 50000 ' quando as indicadas seriam as 1:10000 ' o que impediu a correcta representação de alguns afloramentos de extensão muito reduzida e a indicação de todas as inclinações.

Além disso, devido à urgência que tinha sido posta no trabalho, nem todos os terrenos tinham sido estudados de forma adequada. Apesar destas circunstâncias, Zbyszweski tinha concluído que a quantidade de sais de potássio eventualmente existente não era rentável para exploração. Avançava, no entanto, como provável a ocorrência de reservas de sal-gema que poderiam apresentar interesse económico mas, uma vez que a complexidade tectónica da região levantava demasiadas dúvidas relativamente à profundidade a que estas reservas se poderiam encontrar, considerava absolutamente necessário realizar novos estudos geológicos e trabalhos de prospecção e pesquisa (ZBYSZWESKI, Óbidos... 1945; ZBYSZWESKI, d'Obidos/Caldas da Rainha/São Martinho do Porto... 1945; ZBYSZWESKI, Campo... 1946; ZBYSZWESKI, Leiria... 1946; ZBYSZWESKI, Caldas da Rainha... 1946).

Assim, em Junho de 1946, a Brigada de Prospecção Sísmica do SFM iniciou a sua primeira campanha de prospecção sísmica na região daquele vale diapírico, utilizando uma aparelhagem portátil que adquiriu à ABEM (figura 3) e que era considerada como uma das mais modernas da época (FERREIRA, 1946; COUTO, 1947).

O conhecimento derivado da larga experiência com esse tipo de aparelhagem, tinha permitido à empresa sueca a introdução de algumas inovações que a tornavam mais eficiente: alta velocidade do papel fotográfico em que era registado o sismograma e disparo de tiro automatizado e controlado à distância (COUTO, 1947 e CARDOSO, 1947).

16

Fig. 3 ' Aparelhagem de prospecção sísmica do SFM [retirado de Couto, M. S. G.

C., A aparelhagem sísmica de refracção do Serviço de Fomento Mineiro, ENT, 3 (1947), estampa I].

A aparelhagem do SFM era constituída por seis sismómetros, seis amplificadores, um aparelho registador, uma caixa de tiro (registava o momento da explosão) e uma bateria acumuladora (alimentava toda a aparelhagem). Todos estes elementos operavam em conjunto, ligados através de cabos eléctricos especiais.

Os trabalhos de prospecção sísmica iniciaram-se com a marcação no terreno dos perfis (alinhamento dos pontos de colocação das cargas explosivas e dos sismómetros) de acordo com os locais indicados por Zbyszweski (FERREIRA, 1946; ZBYSZWESKI, 1946; CARDOSO, 1947).

17 Depois de marcados os diversos perfis e colocadas as cargas explosivas, teve lugar o trabalho sísmico de campo propriamente dito, realizado por um engenheiro e um agente técnico de engenharia de minas do SFM. Os sismogramas obtidos eram revelados no final do dia de trabalho, quando era elaborado, igualmente, um pequeno relatório (CARDOSO, 1947).

Seguia-se uma fase de trabalho de gabinete, quando os sismogramas eram lidos e interpretados, permitindo o cálculo dos valores das velocidades das diversas formações geológicas atravessadas pelas ondas sísmicas, assim como das profundidades a que se situavam. Diversos factores podiam influenciar a leitura e interpretação dos sismogramas: explosões fracas, fundo microssísmico elevado devido a ventos fortes ou chuva, velocidade de deslocamento do papel fotográfico, erros na identificação das ondas reflectidas e refractadas, erros cometidos no cálculo dos tempos nos sismogramas, entre outros (CARDOSO, 1947).

As incertezas nas interpretações dos resultados obtidos, levaram a que os elementos da Brigada de Prospecção Sísmica considerassem absolutamente indispensável a realização de sondagens que os clarificassem. Não se pode pedir à Geofísica mais do que aquilo que ela pode dar, diziam, para evidenciar a complexidade e as dúvidas ligadas à interpretação dos resultados. Estes, não eram mais do que uma mera imagem, tanto em sentido literal como figurado, que necessitava de ser verificada através da utilização de outros meios. Além disso, consideravam como absolutamente essencial que, para além dos estudos geológicos prévios aos trabalhos de prospecção sísmica, também os resultados fossem interpretados geologicamente. Uma das razões apontadas pela Brigada para as dificuldades na interpretação dos resultados da prospecção sísmica era exactamente a complexidade da estrutura geológica da região do vale diapírico, algo para que Zbyszweski tinha chamado a atenção (BRIGADA DE PROSPECÇÃO SÍSMICA DO SFM, 1949).

Zbyszweski acompanhou a campanha de prospecção sísmica na região do vale diapírico até à sua conclusão, em 1949. Seguiu-se a realização de mais sondagens que foram, novamente, interpretadas pelo geólogo. No final, as conclusões acerca da viabilidade económica da exploração de sais alcalinos na região não foram diferentes daquelas que Zbyszweski tinha avançado anteriormente: as reservas de sais alcalinos não eram economicamente rentáveis mas as de sal-gema eram em quantidade suficiente para apresentar interesse económico (CONSELHO SUPERIOR DE MINAS E SERVIÇOS GEOLÓGICOS, 1952).

Zbyszweski continuou a colaborar com o SFM nas décadas que se seguiram, praticamente até à altura em que se reformou.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de este ser um tema que carece, ainda, de um estudo consistente e aprofundado, é possível identificar nos últimos anos da década de 1940 algumas circunstâncias que evidenciam uma alteração na situação da Geologia e dos geólogos em Portugal e, em particular, nos SGP.

Durante a década de 1930, teve lugar o início da constituição de uma verdadeira comunidade geológica em Portugal, consubstanciada, no ano de 1940, pela criação da Sociedade Geológica de Portugal.18 Alguns elementos desta comunidade eram professores universitários e/ou detinham postos noutras instituições públicas nacionais, pelo que é de admitir uma proximidade e possível influência junto do poder político. É de admitir que a comunidade geológica portuguesa tenha conseguido dar a conhecer os seus objectivos a responsáveis políticos e, deste modo, ver atendidas algumas das suas pretensões. A verdade é que, a partir de meados da década de 1940, elementos da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa começaram a alertar para o desconhecimento geológico do país e para a falta de uma cartografia geológica adequada, chamando, simultaneamente, a atenção para a difícil situação em que se encontravam os SGP.19Considerava-se que a realização e publicação da carta geológica de Portugal eram fundamentais para o progresso da vida económica do país, nomeadamente do desenvolvimento da indústria mineira, da agricultura e das obras públicas (MOTA, 2007). Com a implementação pelo Estado Novo, a partir de 1953, dos sucessivos Planos de Fomento, os SGP passaram a dispor de condições materiais e humanas para realizar a cartográfica geológica do país (MOTA, 2007).

Por outro lado, no início da década de 1950, a atitude dos engenheiros de minas da DGMSG relativamente aos geólogos e ao seu trabalho era diferente. A partir de 1951, passou a ser prática do SFM mencionar explicitamente na sua principal publicação, a revista Estudos, Notas e Trabalhos, a proveitosa e inteligente assistência prestada por Georges Zbyszweski (SANTOS, 1952). E logo no ano seguinte, em 1952, no quadro de pessoal do SFM, os geólogos passaram a pertencer ao pessoal técnico; até , eram considerados pessoal auxiliar (SANTOS, 1952). No entanto, a sua categoria continuava a ser mais baixa que a de qualquer categoria ocupada pelos engenheiros de minas e, nos SGP, os geólogos continuaram a manter-se numa posição de subalternidade (S/A, 1952).

Apenas em 1957, a categoria profissional de geólogo passou a constar do quadro do pessoal técnico dos SGP (DESPACHOS, 1957). Durante a década de 1950, o número de geólogos, tanto no SFM, como nos SGP, aumentou consideravelmente (figura 4) e, cada vez mais, os engenheiros reconheciam a necessidade de proceder a estudos geológicos, com destaque para a cartografia (MOTA, 2007).

Fig. 4 ' Evolução do número de geólogos nos SGP e no SFM entre 1918 e 1974 [dados obtidos a partir de DIRECÇÃO GERAL DE GEOLOGIA E MINAS (1990), Estudos Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro: Tomo comemorativo do 50.º aniversário do Serviço de Fomento Mineiro, 1939-1989. Porto. Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos; dos volumes de Estudos, Notas e Trabalhospublicados entre 1946 e 1966 e de um sem número de fontes primárias encontradas no Arquivo Histórico do LNEG].

Em parte, é possível atribuir esta mudança de atitude dos engenheiros de minas da DGMSG às consequências da construção de uma comunidade geológica em Portugal. Internamente, é igualmente plausível admitir que essa mudança esteve ligada ao trabalho desenvolvido por Georges Zbyszewski para o SFM durante as campanhas de prospecção sísmica, que demonstrou de pouco servirem os aparelhos geofísicos se, simultaneamente, não existir um acompanhamento de cariz geológico.

Como se verificou, os engenheiros de minas eram grandes defensores da utilização dos métodos de prospecção geofísica, pois associavam-nos a alguns dos valores da prática científica que lhe eram mais caros, como a objectividade dos procedimentos e a quantificação de resultados. No entanto, estavam também cientes da complexidade inerente e perícia necessária ao uso desses métodos, assim como do grau de subjectividade aliado à interpretação dos resultados fornecidos pelos instrumentos, numa atitude característica de um ethoscientífico que se tornou comum durante o século XX. Ao constatarem que Zbyszweski foi capaz não apenas de lidar com complexidade associada à utilização dos métodos geofísicos, como de demonstrar a absoluta necessidade de associar o conhecimento geológico a esses métodos, criou-se uma plataforma de entendimento com os engenheiros, pois estes consideraram que os valores associados à prática científica que defendiam, eram, de algum modo, partilhados pelo geólogo dos SGP.

Com o tempo, acabaram por reconhecer a importância da Geologia e de quem a praticava. Os estudos de carácter geológico e, em particular, as cartas geológicas tornaram-se uma ferramenta indispensável ao trabalho de reconhecimento e pesquisa dos recursos minerais em que os engenheiros de minas estavam empenhados e, neste processo, acabaram, inevitavelmente, por reconhecer aos geólogos o estatuto que lhes era devido no interior das instituições que dirigiam, com destaque para os SGP. Os métodos de prospecção geofísica foram um veículo desse reconhecimento.


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