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EuPTCVAg0870-63522010000100003

EuPTCVAg0870-63522010000100003

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0870-6352
Year2010
Issue0001
Article number00003

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Simulação do Carbono Retido no Pinhal Bravo e da sua Acreção

Introdução Com o assumido aquecimento do planeta, causado pelo aumento de gases com efeito de estufa, a estimativa da remoção de carbono da atmosfera pela vegetação, nomeadamente pelas florestas, ganhou uma relevância antes insuspeita.

O meu propósito é fornecer estimativas, e instrumentos para as obter, do C retido no pinhal bravo (PBr), e sua acreção, agora que se passou a dispor de aferições mais precisas do teor em C, da biomassa do pinheiro bravo (Lopes e Aranha, 2006).

 Método Para estimar o teor de C no PBr, e a sua acreção, preciso de estimar a biomassa total do arvoredo em (BT; Mg ha-1) ' parte aérea e raízes ' e da associada produtividade primária líquida (PPL; Mg ha-1 ano-1). Estes valores são obtidos por simulação, recorrendo para este efeito a contribuições minhas ao estudo dos PBr, constantes de Barreto (2000, 2002a, 2002b, 2005). Estabeleci assim um simulador em linguagem Scilab, que me proporcionou os resultados exibidos na secção seguinte.

Assumi como teor médio percentual de C, na biomassa do pinheiro bravo 45,7%, de acordo com os dois autores acima citados (Lopes e Aranha, 2006:154). Este relativamente baixo teor não surpreende num estratega r, particularmente no pinheiro bravo, e corrobora o que verifiquei em Barreto (2005). A frugalidade do pinheiro bravo tem implícita uma elevada eficiência no uso dos nutrientes (Barreto, 2005:121, 123).

A simbologia utilizada é a seguinte: t expressa a idade em anos; f representa o factor de Wilson; h corresponde à altura dominante, em metros, aos 40 anos, assumida como índice da classe de qualidade. Os valores de C presentes na biomassa são expressos nas mesmas unidades que a BT e a PPL. Assumo três classes de qualidade: pobre (h=16), média (h=20) e boa (h=24).

Todos os valores de PPL e BT, aqui apresentados, referem-se a matéria seca.

Em Apêndice final, explano os conceitos de altura dominante e factor de Wilson, para o leitor a quem sejam estranhos.

Resultados O meu simulador proporcionou as estimativas de BT, e PPL, e os seus teores de C, para as três classes de qualidade, e idades dos 10 aos 60 anos (a partir desta idade a variação passa a ser residual), assumindo f=0,14; 0,16;...;0,34, que se exibem nas matrizes de gráficos copiadas da saída do Scilab, para as figuras 1 a 3.

Figura_1 - Simulação da BT, PPL, e seus conteúdos de C, no PBr crescendo numa estação de qualidade pobre, para valores de f=0,14; 0,16; ; 0,34

Figura_2 - Simulação da BT, PPL, e seus conteúdos de C, no PBr crescendo numa estação de qualidade média, para valores de f=0,14; 0,16; ; 0,34

Figura_3 - Simulação da BT, PPL, e seus conteúdos de C, no PBr crescendo numa estação de qualidade boa, para valores de f=0,14; 0,16; ; 0,34

Como seria de esperar: a) a BT aumenta com a idade e o inverso acontece com a PPL; b) para uma dada idade, estes valores são tanto mais elevados quanto forem os de h e tanto mais baixos os de f.

Recorrendo ao procedimento "stepwise" do S-Plus, tanto para os teores de C na BT como na PPL, os valores grafados nas figuras atrás mencionadas permitiram ajustar as duas equações seguintes:

C=β<0+β1< t +β2< f +β3< t2 +β<4f2 +β5< ft                  (1)

C=β<0+β1< t +β2< f +β3< t2 +β<4f2 +β5< ft +β6< h +β7< th +β8< fh +β9< tfh          (2)

Os ajustamentos efectuados exibem-se nos quadros 1 e 2.

Quadro 1 - Ajustamentos das eqs. (1) e (2) para a PPL. Epr=erro padrão residual

Quadro 2 -Ajustamentos das eqs. (1) e (2) para a BT. Epr=erro padrão residual

Com propósitos ilustrativos, para a classe de qualidade pobre, grafei as eqs.

(3) e (7), nas figuras 4 e 5, utilizando o Scilab.

Figura 4- Simulação do conteúdo de C na PPL, proporcionado pela eq. (3), na classe de qualidade pobre

Figura 5 - Simulação do conteúdo de C na BT, proporcionado pela eq. (7), na classe de qualidade pobre

Obviamente, os valores obtidos com a aplicação das eqs. (1) e (2), divididos por 0,457, permitem obter estimativas da BT e da PPL.

Simulador sbCnoPb Recorrendo às eqs. (6) e (10), proponho o simulador sbCnoPb para obter expeditamente, no Scilab, estimativas de BT, PPL, e respectivos conteúdos em C.

A listagem do simulador insere-se na Caixa 1.

Caixa 1 -Listagem em linguagem Scilab do simulador sbCnoPb

Depois de dar a ordem para a execução do programa, deve-se entrar com os seus valores de h e f, teclando, por exemplo, g(20,0.21).

Na figura 6, exibo um exemplo da saída do simulador sbCnoPb.

Figura_6 - Saída do simulador sbCnoPb, com a entrada g(20,0.21)

Simulador sbCnoPbT Se o leitor prefere números a gráficos, tem ao dispor a versão do simulador anterior que fornece os resultados tabelados, em vez de grafados: o sbCnoPbT.

A listagem do simulador insere-se na Caixa 2, e um exemplo da sua saída na Caixa 3.

Caixa 2 -Listagem em linguagem Scilab do simulador sbCnoPbT

Caixa_3 -Saída do simulador sbCnoPbT. g(24,0.19)

Um Ensaio mais Abrangente Recorrendo a Barreto (2005:110-115), apresento uma estimativa do C retido nas biomassas do arvoredo em , folhada+detritos radiculares e total, no PBr analisado na Caixa 3, nos termos da figura 7.

Figura_7 - Variação do C retido na BT (curva do meio), na folhada+detritos radiculares e total, no PBr caracterizado na Caixa 3 (h=24; f=0,19)

O Ciclo de C num PBr O PBr caracterizado por h=24 e f=0.19 é abordado sob várias perspectivas em Barreto (2005).

Recorrendo à informação do quadro 1 de Lopes e Aranha (2006) e à dos quadros 7.1 e 7.2 de Barreto (2005), proponho uma estimativa do ciclo intra-sistema do C no PBr descrito por h=24 e f=0.19 nos termos do quadro 3. Estimei o teor de C nas raízes em 49,0%.

Quadro 3 - Ciclo intra-sistema do C no PBr exibindo h=24 e f=0.19. U=absorção de C; A=acreção de C; R=restituição de C; E= eficiência do uso do C expresso em PPL U-1. Todos os valores expressos em Mg ha-1 ano-1

Os balanços anuais de C insertos no quadro 3 estão ligados à PPL e à dinâmica da biomassa Na realidade os valores do C sequestrado (U) são maiores tendo em consideração a fotossíntese bruta e a respiração.

Em benefício da completude da informação relativa ao PBr abordado na Caixa_3 e na figura_7, na figura 8, exibo os seus ciclos de N, P e K, utilizando um simulador que usa o mesmo algoritmo para calcular a BT, que o que gerou a das figuras_1_a_3.

Figura_8 - Simulação dos ciclos de N (linha preta), K (linha vermelha) e P (linha azul), no PBr abordado na Caixa_3 e figura_7. Informação sobre os nutrientes em Kg ha- 1 e Kg ha-1 ano-1

O Comportamento dos PBr Jardinados Preocupações ambientais, nomeadamente de protecção do solo, têm vindo a valorizar a silvicultura jardinada, pelo que interessa deixar informação sobre os PBr irregulares.

Um PBr auto-desbastado irregular, com árvores de todas as idades, estrutura etária estável, em equilíbrio dinâmico, tem um comportamento próximo de um PBr auto-desbastado regular simétrico (Barreto, 1995, 2004) com 40 anos de idade (Barreto, 2005:123).

Assim, o comportamento do PBr jardinado simétrico do PBr regular com h=24 e f=0,19, pode ser lido na Caixa 3, estimando-se em valores de cerca de: PPL: 21.235146 Mg ha-1 ano-1; C na PPL: 9.7044615 Mg ha-1 ano-1; BT: 239.19156 Mg ha-1; C na BT: 109.31055 Mg ha-1.

Comentários conclusivos Na perspectiva do efeito de estufa, o que interessa estimar é a denominada produção líquida do ecossistema, que mede o ganho ou perda de C que nele se verificou num dado intervalo de tempo, geralmente um ano.

Neste balanço de uma floresta, onde entram outras componentes (e.g., Chapin III, Matson, Mooney, 2002:142-144), o C da BT e PPL do arvoredo é um termo de proeminente importância e de cálculo indispensável, pelo que contribuições para o avaliar são sempre de interesse.

Dada a variabilidade das condições em que os PBr crescem, mesmo em cada classe de qualidade, podemos almejar obter valores que se possam admitir como "médios", pelo menos não infirmados pelas tabelas de produção e outra informação atinente, disponíveis. Foi o que tentei alcançar.

É meu entendimento que o presente texto reforça o interesse e valia do estudo de Lopes e Aranha (2006).


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