Micobiota associada a adultos do escaravelho das palmeiras (hynchophorus
ferrugineus) provenientes de Cascais, Portugal
Introdução
As palmeiras são plantas pertencentes à família Arecaceae que é representada
por mais de 2400 espécies enquadradas em 189 géneros (Govaerts e Dransfield,
2005). Distribuem-se principalmente por regiões tropicais e subtropicais e
muitas espécies são importantes nos ecossistemas onde se inserem pela elevada
adaptabilidade e utilidade dos seus produtos. Por outro lado, são elementos
marcantes na composição da paisagem onde se inserem e sendo das plantas mais
características da flora tropical transmitem aos locais onde estão instaladas o
aspeto luxuriante e o fascínio dos trópicos. Assim, não é de estranhar que
sejam valorizadas como plantas ornamentais, sendo amiúde utilizadas em
alinhamentos de espaços públicos em países tropicais e subtropicais e em países
onde o clima ameno permite a sobrevivência das plantas durante os meses mais
frios. Nesses países aparece em arranjos paisagísticos, na composição de
jardins e de jardins históricos e botânicos e, ainda, como plantas de interior.
No sul da Europa as palmeiras estão de há longa data ligadas ao paisagismo
urbano e o desenvolvimento do turismo fez crescer a utilização destas plantas.
A enorme procura de plantas de grande porte levou a que fossem importadas
palmeiras sobretudo do Egipto, país onde desde 1992 estava referenciado o
escaravelho das palmeiras, Rhynchophorus ferrugineus(Coleoptera:
Dryophthoridae) (Cox, 1993). As evidências sugerem que o escaravelho das
palmeiras foi introduzido na Europa com essas palmeiras, tendo o mesmo sido
assinalado em 1994 na Andaluzia, no Sul de Espanha, em Phoenix dactylifera
(Barranco et al., 1996). As tentativas de erradicação da praga não foram bem-
sucedidas e progressivamente alastrou-se pela bacia mediterrânica, estando
atualmente assinalada em praticamente todos os países da região onde existem
palmeiras (http://www.cabi.org/isc/datasheet/47472 ). O escaravelho das
palmeiras é originário do sudeste da Ásia e é hoje considerado o mais
importante inimigo de palmeiras, ameaçando seriamente a produção mundial de
coqueiro (Coccus nucifera), tamareira (P. dactylifera) e palmeira dendém
(Elaeis guineensis) (Hussain et al., 2013). Contudo, ao chegar ao continente
europeu mostrou preferência pela palmeira das canárias (P. canariensis), o que
não impede que sejam igualmente observados ataques e destruição de outras
espécies, nomeadamente P. dactylifera(Dembilio et al., 2008; Ramos et al.,
2013).
A elevada nocividade de R. ferrugineus(Faleiro, 2006; Justin et al., 2008), a
dificuldade de deteção precoce dos seus ataques (Nakash et al., 2000) e o
elevado valor cultural e patrimonial das palmeiras fizeram com que na Europa,
desde cedo, a limitação da expansão do escaravelho da palmeira fosse tentada
por imposição de medidas legislativas (decisão 2007/365/CE, alterada pela
decisão 2010/467/UE). Mais tarde, a gestão das zonas de risco e das palmeiras
atacadas passou a ser feita numa perspetiva de proteção integrada, englobando,
para além de medidas legislativas, meios de luta como captura em massa de
adultos em armadilhas (uso de feromonas de agregação e de outros produtos
atrativos), deteção e eliminação precoce de palmeiras infestadas, tratamento
preventivo de palmeiras com valor patrimonial em zona de risco e tratamento
curativo de palmeiras infestadas após realização de limpeza sanitária (El-
Mergawy e Al-Ajlan, 2011; Dembilio e Jacas, 2012; Hussain et al., 2013). Nos
tratamentos realizados preventiva e curativamente alguns inseticidas de síntese
estão autorizados nos países da EU assim como o nemátode entomopatogénico
Steinernema carpocapsae (Ferry e Gómez, 2002; Llácer et al., 2009; Tapia et
al., 2011). Porém, dada a biologia do inseto e as crescentes restrições à
utilização de produtos fitofarmacêuticos em espaço urbano, outras abordagens
têm sido adoptadas no estudo de meios de luta contra R. ferrugineus,merecendo
destaque os trabalhos desenvolvidos sobre os seus inimigos naturais. Numa
revisão exaustiva sobre os inimigos dos insetos do género Rhynchophorus, Mazza
et al. (2014) registaram a interação de insetos deste género com vírus,
bactérias, fungos e nemátodes entomopatogénicos, ácaros, insetos, aves e ratos
e referiram, no entanto, que não conseguiram até à data controlar a dispersão
de espécies do género Rhynchophorus. Contudo, os fungos Beauveria bassiana e
Metarhizium anisopliaetêm sido identificados em insetos cadáveres de R.
ferrugineus (Guerri-Agulló et al. 2010; Francardi et al. 2014).Em ensaios
laboratoriais e de campo B. bassiana(Ghazavi e Avand-Faghih, 2002; El-Sufty et
al., 2009; Guerri-Agulló et al. 2010, 2011; Jacas et al., 2011; Francardi et
al. 2014) e M. anisopliae(Gindin et al., 2006) têm mostrado elevada
potencialidade para serem usados como agentes de luta biológica contra esta
praga.
A deteção do escaravelho das palmeiras em Portugal foi feita em finais de
Agosto de 2007 numa planta de P. canariensis instalada no Vale de Parra,
freguesia da Guia, concelho de Albufeira, Algarve. Nesse mesmo ano apareceram
focos de infestação da praga em vários concelhos do Algarve (Soares et al.,
2008), o que permite pensar que a praga poderá ter chegado ao país antes dessa
data ou que a introdução se deu a partir de vários lotes de palmeiras
infestadas. A hipótese de introdução de palmeiras infestadas em vários locais é
confirmada após deteção no ano seguinte de focos no concelho de Coimbra
(Boavida e Franca, 2008) e na ilha da Madeira (FVO Mission, 2010).
Posteriormente, a dispersão de R. ferrugineusno território português estendeu-
se gradualmente de Sul para Norte, sendo sucessivamente encontrada no Alentejo,
Lisboa, Região Centro e Região Norte (DGAV, 2013; DRAP Norte, 2013). Estando as
palmeiras representadas em Portugal por espécies dos géneros Archontophoenix,
Arenga, Brahea, Butia, Chamaedorea, Chamaerops, Howea, Jubaea, Livistona,
Phoenix, Rhapis, Rhopalostylis, Sabal, Serenoa, Syagrus, Trachycarpus,
Trithrinaxe Washingtonia(Correia e Costa, 2009) e sabido que R. ferrugineus é
uma espécie polífaga que pode atacar palmeiras pertencentes a diversas
subfamílias e géneros (Fiaboe et al., 2012), mas não se conhecendo ao certo
todos os seus hospedeiros, o património natural e cultural que as palmeiras
monumentais em jardins históricos traduzem de forma ímpar encontra-se
seriamente ameaçado e em risco de desaparecer. Tanto é que, um pouco por todo o
país, foram abatidos espécimes deJ. chilensis, P. canariensis P. dactylifera,
P. sylvestris, S. bermudana, S. palmetto, T. fortunei, W. filiferae W.
robustaatacados pelo escaravelho das palmeiras.
Os conhecimentos existentes sobre a elevada nocividade de R. ferrugineus e a
ineficácia das medidas de luta que foram adoptadas em Espanha para impedir a
rápida dispersão da praga naquele país, levaram a prever, a partir dos registos
dos ataques no Algarve e em Coimbra, que eram inevitáveis os ataques às
palmeiras da Região de Lisboa. No concelho de Cascais a edilidade, através da
Empresa Municipal de Ambiente de Cascais (EMAC), iniciou em 2010 um programa de
deteção precoce da praga no concelho de Cascais com recurso a armadilhas do
tipo PICUSAN® e uso de uma feromona de agregação com base em ferruginol.
Pretendia-se delimitar as áreas afetadas para posterior implementação de
medidas de luta que impedissem ou retardassem a dispersão da praga.
Os insetos podem estabelecer associações de diferentes tipos com bactérias,
arqueobactérias e eucariontes (Douglas, 2015). Nestas interações destacam-se as
relações mutualistas com fungos, incluindo fungos que servem de alimento
(fungos ambrósia), interações com fungos que podem ser patogénios primários,
patogénios oportunistas ou colonizadores secundários e, ainda, interações
ocasionais com fungos que podem ser por eles transportados, sendo ou não
potenciais fitopatogénios (Beaver, 1989; Harrington, 2005). Nos insetos do
género Rhynchophorusa alimentação faz-se em tecidos do espique e/ou das folhas
de palmeiras que contêm principalmente materiais lenhocelulósicos e seiva, e a
digestão e absorção de nutrientes são auxiliadas principalmente por bactérias
aeróbias e anaeróbias facultativas presentes no seu sistema digestivo. Assim,
os fungos frequentemente estudados nestes insetos são os entomopatogénicos e
raramente os que são passivamente transportados. Nas palmeiras atacadas por R.
ferrugineus em Portugal frequentemente surgem sintomas de podridão rosa e de
podridão do tronco, importantes micoses de palmeiras causadas por Nalanthamala
vermoesenii e Thielaviopsis paradoxa. Tendo em vista o conhecimento dos fungos
associados aos adultos de R. ferrugineus em Portugal e a hipótese de
transportarem estruturas de espécies que originam doenças das palmeiras
estudou-se a micobiota dos insetos capturados nas armadilhas instaladas pela
EMAC.
Material e métodos
Os insetos estudados provieram de 17 armadilhas instaladas no concelho de
Cascais. Semanalmente, durante os meses de julho a novembro de 2011, receberam-
se no laboratório os insetos capturados em cada uma das armadilhas para a
determinação da micobiota a eles associados. Quando eram recebidos em grande
número, aleatoriamente retinham-se apenas dois insetos, de preferência um macho
e uma fêmea. Sem proceder à lavagem ou desinfeção, os insetos foram dissecados
separando-se rostro e antenas, élitros, patas e amostras de órgãos internos que
foram colocados à superfície de um meio de PDA+cloranfenicol (0,25 g.L-1)
contido em placas de poliestireno. As placas foram incubadas no laboratório à
temperatura ambiente. Depois de uma semana de crescimento e a cada três dias,
durante 12 dias, as estruturas de reprodução dos fungos que surgiram à
superfície dos órgãos dos insetos ou que cresceram no meio de cultura foram
isoladas, sob lupa binocular, com auxílio de agulhas e transferidas para meio
de montagem (lactofenol ou lactofenol + azul de algodão). A identificação dos
fungos foi realizada comparando as estruturas reprodutivas encontradas com as
descrições apresentadas em bibliografia especializada (Barron, 1968; Ellis,
1971; Domsch et al., 1980; Sutton, 1980; Pitt e Hocking, 1985; Hanlin, 1990;
Barnett e Hunter, 1998).
Usou-se o teste de χ2para avaliar a diferença do número de machos e fêmeas
capturados nas armadilhas. Para cada órgão ou conjunto de órgãos dos insetos
amostrados determinou-se o número total de espécies de fungos identificadas e a
similaridade entre os fungos encontrados em pares de órgãos estudados foi
obtida através do Índice de Similaridade de Sorensen: ISS = 2c/(a+b), onde a e
b representam o número de espécies nos órgãos A e B e c o número de espécies
comuns nos dois órgãos (Krebs, 1989). De igual modo determinou-se a
similaridade entre o conjunto dos fungos encontrados nas fêmeas e nos machos
estudados.
Resultados e discussão
Durante o período do estudo foram recebidos 113 insetos adultos, dos quais 77
eram fêmeas e 36 machos. Como em outros estudos realizados com feromonas de
agregação em R. ferrugineus (El Garhy, 1996; Al-Saoud e Ajlan, 2013), a
proporção de fêmeas atraídas foi superior à dos machos (χ2(1) = 14,9, p<0,01).
Foram estudados 36 insetos, 26 fêmeas e 10 machos. Em todos os órgãos desses
insetos detetou-se um número variável de espécies de fungos filamentosos e
durante o período do estudo foram registadas 59 espécies pertencentes a 48
géneros que surgiram associadas ao rostro/antenas, élitros, patas e amostras de
órgãos internos (Quadro_1).
Considerando a diversidade de espécies de fungos em função dos órgãos dos
insetos, foram identificadas 43 espécies nas amostras de rostro e de antenas e
nas amostras de élitros, 40 espécies nas amostras de patas e 29 espécies nas
amostras dos órgãos internos, das quais 22 espécies foram constantes em todos
os órgãos. Na análise da diversidade das espécies em função dos órgãos
amostrados verificou-se que a semelhança entre os fungos encontrados em pares
de órgãos estudados variou entre 61 e 84 % (Quadro_2). Os valores mais elevados
de semelhança foram observados entre as amostras de rostro e antenas e amostras
de patas e entre as amostras de élitros e amostras de patas. Nas fêmeas foram
identificadas 53 espécies de fungos e nos machos 35, dos quais 33 foram comuns
a ambos os géneros. O Índice de Similaridade de Sorensen é uma importante
ferramenta de análise da diversidade ecológica, que permite quantificar a
diversidade de espécies numa dada comunidade e descrever a sua estrutura.
A maioria das espécies detetadas no presente estudo é referida na bibliografia
como saprófita ou como agente de doenças de plantas e apresenta grande
ubiquidade nos ecossistemas, ocorrendo em diversos substratos e nichos
ecológicos (Barron, 1968; Ellis, 1971). Enquadram-se sobretudo no filo
Ascomycota (43 géneros) e nas ordens Hypocreales (13 géneros), Eurotiales (9
géneros) e Pleosporales (10 géneros). Como referido, poucos são os estudos
conhecidos sobre os fungos associados aos insetos do género Rhynchophorus. Para
além de referências a B. bassiana e a M. anisopliae(Ghazavi e Avand-Faghih,
2002; Gindin et al., 2006, El-Sufty et al., 2009; Güerri-Agulló et al. 2010;
Jacas et al., 2011), Torta et al.(2009) registaram espécies dos géneros
Aspergillus, Fusarium, Penicillium e Trichotheciumem espécimes de R.
ferrugineus, em várias fases de desenvolvimento e com alterações morfológicas.
Na Tailândia, Wahizatul et al. (2013) identificaram sete espécies de fungos do
género Aspergillus,incluindoA. flavuse A. niger, e espécies dos géneros
Cladosporium, Geotrichum, Penicillium e Trichodermaem adultos de R.
ferrugineusrecolhidos em armadilhas alimentares. As espécies referidas por
esses autores são da ordem Hypocreales, a qual inclui os fungos mais
frequentemente usados na luta biológica (Humber, 1998). De referir, por outro
lado, que Penicilliumspp., Cladosporium cladosporioides, Fusarium oxysporum,
Alternaria alternata, Lecanicilliumcf. psalliotae e Phomasp. foram encontrados
num estudo da micobiota associado ao filoplano de P. dactyliferaem Espanha
(Asensio et al., 2007).
Muitos dos estudos sobre a interação entre insetos e fungos referem-se a
insetos que estabelecem interações mutualistas com fungos e que possuem
estruturas especializadas, micângios, para o transporte de estruturas de fungos
(Paine et al., 1997; Harrington, 2005). Verifica-se que algumas das espécies
frequentemente transportadas por esses insetos são dos géneros Ophiostoma
(Ophiostomatales) e Ceratocystis (Microascales) e, apesar de não completamente
esclarecido, reconhece-se que esses fungos desempenham papel relevante na
interação com os insetos e no aparecimento de doenças das espécies botânicas
colonizadas pelos insetos (Harrington, 2005). No entanto, espécies de outros
géneros que não Ophiostomae Ceratocystissão igualmente transportados. Num
trabalho sobre fungos associados ao inseto Platypus cylindrusem Portugal,
Henriques et al. (2009) referem a presença de fungos dos géneros Acremonium,
Aspergillus, Beauveria, Botrytis, Chaetomium, Fusarium, Geotrichum,
Gliocladium, Nodulisporium, Paecilomyces, Penicillium, Raffaelea, Scytalidium,
Trichoderma e, ainda, espécies da ordem Mucorales. Por sua vez, Bueno et al.
(2010), no estudo de fungos associados a Ips sexdentatus,em Espanha, destacam,
para além de espécies dos géneros Ophiostoma e Ceratocystiopsis, fungos
saprófitas dos géneros Aspergillus, Penicillium, Trichoderma, Verticillium e
Mucor.No presente estudo não se identificaram fungos Ophiostomatales, tendo, no
entanto, surgido com grande frequência uma espécie do género Graphium
(Microascales) cuja patogenicidade para as palmeiras é desconhecida.
No elenco dos fungos identificados surgiram em diferentes órgãos dos adultos do
escaravelho da palmeira N. vermoeseniie T. paradoxa(Quadro_1), dois importantes
patogénios de palmeiras em Portugal (Ramos et al., 2013). Constata-se assim,
que na definição de meios de luta contra o escaravelho da palmeira se deverá
tomar em conta o transporte de fungos fitopatogénicos por esses insetos. Foram
ainda identificados fungos dos géneros Metarhizium e Paecilomyces, nos quais se
incluem frequentemente espécies entomopatogénicas (Humber, 1998; Inglis et al.,
2001). Gindin et al. (2006) avaliaram a ação de M. anisopliae sobre diversos
estádios de R. ferrugineus e registaram mortalidade de 80 a 100% de larvas e
adultos em condições laboratoriais. Resultados semelhantes foram obtidos por
Sabbour e Abdel-Raheem (2014) que observaram mortalidade de 100% em ovos e de
mais de 80% em larvas e pupas de R. ferrugineus inoculados com Isaria
fumosorosea (=Paecilomyces fumosoroseus). Porém, nada se pode concluir sobre o
estatuto das espécies dos géneros Metarhizium e Paecilomycesencontradas
associadas a adultos de R. ferrugineus no presente estudo.
Apesar dos diversos trabalhos onde se descrevem numerosos inimigos naturais de
R. ferrugineus, continua a ser necessário investigar o elenco de antagonistas
naturais e agentes de epizootias deste coleóptero altamente nocivo e com um
enorme potencial de dispersão. Deste modo, é fundamental assegurar a
continuidade dos estudos que visem a utilização de isolados selecionados de
fungos entomopatogénicos, nomeadamente B. bassiana e Metarhiziumsp. obtidos a
partir de larvas e adultos de R. ferrugineusnaturalmente infetados, em conjunto
com outras medidas de proteção contra esta praga. Da mesma forma, deve
procurar-se continuar o estudo do microbioma associado a este inseto,
esclarecendo o papel dos diversos fungos encontrados como potenciais
reguladores das populações de R. ferrugineus em condições naturais.