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EuPTCVAg0871-018X2015000300004

EuPTCVAg0871-018X2015000300004

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0871-018X
Year2015
Issue0003
Article number00004

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Preparação do solo e da adubação azotada nos componentes produtivos do milheto

Introdução O milheto (Pennisetum glaucum L.) é uma gramínea anual que vem apresentando nas últimas décadas um aumento da área plantada, sobretudo nas regiões de Cerrado, tanto pelo enorme potencial de cobertura do solo oferecido para a prática do sementeira direta, como pelo seu uso forrageiro na pecuária de corte ou de leite (Teodoro et al., 2015). É uma planta anual, forrageira de verão, de clima tropical, hábito ereto, porte alto, e pode atingir até 5 m de altura. Entre as principais características do milheto ressaltam-se: tolerância à seca, capacidade em adaptar-se a diferentes solos, facilidade de produzir sementes e boa adaptação à mecanização. Para Scaléa (1998), este crescimento da cultura no Cerrado brasileiro deve-se à sua alta adaptabilidade ao déficit hídrico prolongado e a solos menos férteis, condições típicas desta região.

De acordo com Marcante et al. (2011), a diminuição do potencial produtivo dos solos das regiões tropicais e subtropicais está ligada, principalmente, à erosão e ao esgotamento da matéria orgânica do solo. O uso de técnicas culturais que não utilizam o revolvimento do solo e que empregam a adição de carbono orgânico por recurso ao cultivo de espécies para cobertura verde do solo, pode ser recomendável. De fato, os sistemas conservacionistas, como o mobilização mínima e o sementeira direta, são fundamentais na manutenção, ou mesmo aumento da matéria orgânica, a qual é importante na estruturação química, física e biológica do solo, e principal responsável pela capacidade de troca catiónica em solos altamente intemperizados.

O azoto (N) é absorvido em grandes quantidades pelas gramíneas, principalmente pelas anuais, sendo grande parte utilizada na formação das sementes. Powel e Fussel (1993) relataram que, do total de N absorvido pela cultura do milheto (33,4 kg ha-1), 32% encontravam-se nas cariopses.

O N exerce marcada influência na produção de sementes de gramíneas forrageiras, no entanto, dificuldade em estimar o teor ótimo e o sistema de preparação do solo adequado à sua aplicação (Humphreys e Riveros, 1986). Estes fatores irão determinar, juntamente com a cultivar, quais os componentes do rendimento favorecidos.

Perante o exposto, o objetivo deste trabalho consistiu em identificar qual o sistema de preparação do solo e qual dose de N em cobertura que proporciona ao milheto acréscimo nos seus componentes produtivos.

Material e Métodos O estudo foi desenvolvido na área experimental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade Universitária de Aquidauana (UEMS/UUA), setor Fitotecnia, localizado no bioma Cerrado, situado no município de Aquidauana, MS, compreendendo as coordenadas geográficas 20º 27' S e 55º 40' W, e com uma altitude média de 170 m.

O solo da área foi classificado por Schiavo et al. (2010) como Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico de textura arenosa, segundo os critérios da Embrapa (2006), possuindo as seguintes características na camada de 0 - 0,20 m: pH (H2O) 6,2; Al trocável (cmolc dm-3) 0,0; Ca+Mg (cmolc dm-3) 4,31; P (mg dm-3) 41,3; K (cmolc dm-3) 0,2; Matéria orgânica (g dm-3) 19,74; V (%) 45; m (%) 0,0; Soma de bases (cmolc dm-3) 2,3; CTC (cmolc dm-3) 5,1. O clima da região, segundo a classificação descrita por Köppen-Geiger é do tipo Aw (Tropical de Savana) com precipitação média anual de 1200 mm e temperaturas máximas e mínimas de 33 e 19 ºC, respectivamente.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas. Nas parcelas, foram avaliados dois sistemas de preparação do solo: mobilização mínima (CM: subsolagem + nivelamento) e sementeira direta (PD). Cada parcela foi dividida em cinco subparcelas, com 18,0 (1,8 x 10,0 m) cada, com a aplicação de cinco doses de N em cobertura (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1).

Nas operações de dessecação das plantas daninhas, realizadas apenas no tratamento PD, foi utilizado o a substância ativa glyphosate, na dose de 1,5 kg ha-1. A sementeira do milheto ocorreu em setembro de 2013, com um espaçamento de 0,45 m entre linhas e uma densidade de 15 plantas m-1. A adubação em cobertura foi realizada aos 25 dias após a emergência (DAE) das plantas, sob a forma de uréia (45% de N). Tendo em vista minimizar as perdas deste nutriente por lixiviação, as doses de 100, 150 e 200 kg ha-1 de N foram parceladas, consistindo na aplicação de 50% aos 25 DAE e o restante aos 35 DAE.

Em cada sub-parcela, quando os grãos apresentavam aspecto pastoso, foram escolhidas aleatoriamente cinco plantas, sendo medidos os seguintes caracteres: altura de plantas (AP) com auxílio de uma trena e comprimento da panícula (CP).

Por metro quadrado foram contados o número de perfilhos (NP) e realizada a colheita das plantas para determinação da massa seca (MS) e da produtividade (PROD), corrigindo-se para 13% de base úmida e extrapolando os valores para um hectare.

Através do software estatístico Sisvar (Ferreira, 2011) os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA). O fator qualitativo (métodos de preparação do solo) foi submetido à comparação de médias pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade, enquanto o fator quantitativo (doses de N) foi submetido a estudos de regressão polinomial, sendo as equações definidas de acordo com o coeficiente de determinação.

Resultados e Discussão O tipo de preparação do solo influenciou significativamente (p<0,01) todas as variáveis analisadas, com exceção da PROD (Quadro_1); enquanto a adubação zotada interferiu apenas na altura de plantas (AP) e comprimento da panícula (CP) (p<0,01). Houve interação significativa (p<0,01) entre preparação do solo e adubação azotada apenas para o número de perfilhos por .

Verifica-se, no Quadro_2, que o mobilização mínima proporcionou incremento nas variáveis AP e CP do milheto, enquanto a sementeira direta influenciou a emissão de maior número de perfilhos por e maior produtividade de MS.

Entretanto, para a PROD não houve diferença significativa entre o solo descompactado comparativamente ao compactado. Este fato, provavelmente, ocorreu porque a utilização de sistemas de preparação com mínimo ou nenhum revolvimento do solo é suscetível de contribuir para mlhorar a estrutura, porosidade, retenção e infiltração de água (Silva, 1980), a atividade biológica (Cattelan e Vidor, 1990), o conteúdo de carbono orgânico e de azoto total do solo, a capacidade de troca catiónica e conteúdo de nutrientes (Bayer e Mielniczuk, 1997).

Resultados semelhantes foram obtidos por Freitas et al. (1996) e Bayer et al.

(1998), que ao avaliarem a influência de diferentes manejos do solo na cultura do milho, concluíram que o grau de revolvimento do solo e incorporação de resíduos vegetais não afetaram quantitativamente o fornecimento de nutrientes ao milho, podendo-se obter os benefícios adicionais de conservação do solo com a adoção da sementeira direta ou preparação reduzida.

Em relação às doses de azoto aplicadas em cobertura, verificou-se comportamento quadrático para as variáveis AP e CE (Figuras_1 e 2), sendo os pontos de máximo obtidos com 150 e 200 kg ha-1 de N, respectivamente. Estes resultados corroboram os obtidos por Mesquita et al. (1998), que verificaram, para o CE, resposta quadrática do milheto à aplicação de doses de azoto.

Segundo Mengel e Kirkby (1987), o N é o nutriente mineral mais exigido pelas plantas, uma vez que o elemento participa na composição de vários compostos de interesse vital para as plantas, tais como proteínas, enzimas, pigmentos e vitaminas. Entretanto, de acordo com Mesquita et al. (1998), o comportamento quadrático de uma cultura em relação ao azoto poderá estar relacionado com o fato de, quando são feitas aplicações elevadas deste macronutriente, ser possível a ocorrência de fatores desfavoráveis, em particular no que se refere ao incomptibilidade com outros nutrientes, aumento da salinidade e/ou da reação do solo, etc. Por outro lado, elevadas quantidades de azoto podem também afetar negativamente a economia da exploração e a qualidade do ambiente.

Em relação ao número de perfilhos por (Figura_3), os maiores valores no sistema de sementeira direta foram obtidos com a dose de 50 kg ha-1 de N, enquanto para  a mobilização mínima foram alcançados com 200 kg ha-1 de N. Este resultado mostra que a dose de N a ser aplicado depende do sistema de preparação do solo utilizado. Isto, possivelmente, terá ocorrido porque o sistema de sementeira direta tende a proporcionar maiores teores de matéria orgânica no solo, pelo que, em igualdade de outros fatores, deverá exigir menores doses de N para estimular o perfilhamento no milheto.

Conclusões A quantidade de azoto aplicado em cobertura no milheto influenciou apenas a altura de plantas e comprimento da panícula, sendo recomendada, com base nestas variáveis, a dose de 150 kg ha-1 de N.

O sistema de sementeira direta proporcionou maior produtividade de massa seca no milheto.

Com base no número de perfilhos por , a dose de N a ser aplicada depende do sistema de preparação do solo utilizado.


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