Obras duradouras
Obras duradouras
António Faria-Vaz*
*Director da Revista Portuguesa de Clínica Geral
Sobre a Construção de Obras Duradouras
Quanto tempo
Duram as obras? Tanto
Quanto o preciso pra ficarem prontas.
Pois enquanto dão que fazer
Não ruem.
Convidando ao esforço
Compensando a participação
A sua essência é duradoura enquanto
Convidam e compensam.
As úteis
Pedem homens
As artísticas
Têm lugar pra a arte
As sábias
Pedem sabedoria
As destinadas à perfeição
Mostram lacunas
As que duram muito
Estão sempre pra cair
As planeadas verdadeiramente em grande
Estão por acabar.
Bertold Brecht, in Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'1
Produzir uma revista científica é uma obra que necessita de inúmeros artífices.
Dos inventores da matéria prima, verdadeiros arquitectos da ciência, aos
artífices que a apreciam e lhe sugerem aperfeiçoamentos, dos revisores, até
aos que procuram um lugar e um momento para as expor aos nossos olhos, os
editores. Uma obra, como esta, é portanto, a resultante de um trabalho de
equipa, de um esforço comum e conjugado.
Quanto tempo dura uma obra escrita, quantos a lêem e durante quanto tempo é
expectável que um artigo científico seja lido e citado após a sua publicação?
Quanto tempo dura a memória de um corpo editorial que produziu um determinado
número desta ou de qualquer outra revista?
Embora não procuremos respostas para todas as questões, algumas delas são
abordadas em estudos bibliométricos que temos em gestão e cuja publicação se
deseja para breve.
No entanto, o que procuramos com aquelas questões é apenas dar o mote para um
novo ciclo, que ora se inicia, com uma nova equipa editorial.
Este será, portanto o último número produzido por esta equipa.
Foram três anos de intenso trabalho, de emoção e de compromisso com os
objectivos traçados – «contribuir para o desenvolvimento da especialidade de
Medicina Geral e Familiar e para a melhoria dos cuidados de saúde primários».
Como equipa, sentimo-nos gratificados, pois a Revista deu-nos, antes de mais, a
oportunidade de prestarmos um serviço público. Sentimo-la como a possibilidade
de cumprir um dever ético: divulgar o conhecimento científico e dignificar a
nossa especialidade, a Medicina Geral e Familiar.
Palavras de circunstância, dirá o leitor.
Mesmo que fossem, não deixariam de exprimir o sentimento de uma equipa
editorial que soube construir esta revista sem partir de experiência própria,
antes aprendendo ao fazer, sem nunca esmorecer, sempre com vontade de superar o
que acabara de realizar.
Os leitores puderam ajuizar-nos.
Resta-nos a satisfação pelo trabalho realizado mas que não conclui esta obra
grande e, por isso mesmo, passamos hoje o testemunho ao novo corpo editorial,
dirigido pela Dra. Raquel Braga, cujas qualidades científicas, clínicas e um
profundo conhecimento da actividade de produção editorial dispensam elogios e
são o garante de um futuro ainda melhor.
Boas leituras!...
Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral
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