Contributo da Revista Portuguesa de Imunoalergologia no Curriculum Vitae dos
Internos
EDITORIAL
Contributo da Revista Portuguesa de Imunoalergologia no Curriculum Vitae dos
Internos
Amélia Spínola Santos
A formação pós‑graduada de Imunoalergologia dispõe de formação específica
através do Internato Complementar de Imunoalergologia, que data de 1987 e está
regulamentada pelo Ministério da Saúde. A formação pre‑graduada de
imunoalergologia tem sido mais heterogénea nas diversas faculdades de medicina
do nosso país e depende do Ministério da Educação. Por exemplo, na Faculdade de
Medicina de Lisboa durante muitos anos, o ensino da imunoalergologia foi
lecionado nas cadeiras de Imunologia e Medicina. Na última década foi
introduzido o ensino mais autónomo da Imunoalergologia no bloco de Mecanismos
de Doença e, neste ano letivo de 2014/2015, foi criada uma regência para a
Imunoalergologia, tendo sido nomeado o Professor Doutor Manuel Pereira Barbosa.
Com este facto, inicia‑se uma nova estratégia de ensino que vai permitir um
melhor conhecimento da patologia imunoalergológica a todos os futuros médicos
desta faculdade esperando‑se que este exemplo se estenda às restantes
faculdades do nosso país.
Um programa pre‑graduado em Imunoalergologia, bem estruturado do ponto de vista
cientifico‑pedagogico, irá contribuir para um melhor conhecimento da patologia
na comunidade médica, condicionando uma motivação mais esclarecida para os
internos que optem por estágios na Imunoalergologia na sua formação
pos‑graduada e, sobretudo, uma motivação mais fundamentada para a escolha da
especialidade de imunoalergologia.
Os serviços com idoneidade formativa de Imunoalergologia recebem anualmente,
para além dos internos da especialidade de Imunoalergologia, internos que optam
pela especialidade para fazer estágio, quer na qualidade de Internos do Ano
Comum quer como Internos das diversas Especialidades (Medicina Geral e
Familiar, Pneumologia, Pediatria, Patologia Clínica e outras). Estes estágios
têm objetivos variáveis de acordo com a área de formação. No cumprimento desses
objetivos têm um papel fundamental os tutores que orientam a formação e que
necessariamente devem evitar que o produto da atividade teorico‑pratica se
restrinja às sessões clínicas ou à apresentação nos congressos mas que seja
escrito por extenso e publicado. Acresce que, de acordo com o programa de
formação do internato médico da área profissional de especialização de
Imunoalergologia (DR, 1.ª série ' N.º 6 ' 10 janeiro de 2011), um dos objetivos
é a publicação de quatro artigos originais por extenso em revistas nacionais ou
internacionais.
Sendo a Revista Portuguesa de Imunoalergologia (RPIA) o órgão oficial da
Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica de publicação em
língua portuguesa, é importante aumentar a expressão de publicação dos internos
da especialidade de Imunoalergologia na RPIA estende‑la a internos que fazem
estágios de Imunoalergologia ou mesmo a estudantes de Medicina. Assim,
convidamos os tutores dos futuros especialistas de imunoalergologia ou dos
internos de outras especialidades que estagiam nos serviços de
Imunoalergologia, bem como os docentes nesta área científica, para delinear
estratégias de planeamento de publicação, de forma a enriquecerem o Curriculum
Vitaedos internos e assim contribuir para divulgação da clínica e investigação
imunoalergológica efetuada em Portugal.
Neste terceiro número da revista, no alinhamento de publicação para além dos
quatro artigos originais e um caso clínico, destaco o novo item publicado como
GuidelinesConsenso Internacional em (ICON) Asma Pediátrica, que é a tradução
integral e autorizada do documento International Consensus on (ICON) Pediatric
Asthma produzido pela International Collaboration in Asthma, Allergy and
Immunology (iCAALL), que é uma entidade internacional recentemente formada
pela EAACI, AAAAI, ACAAI e WAO, publicado no Allergy 2012 (Papadopoulos NG et
al. Allergy 2012). Este documento tem o objetivo destacar as mensagens chave
que são comuns a muitas das orientações existentes, com uma revisão crítica e
comentários sobre algumas diferenças, proporcionando assim uma referência
concisa na asma pediátrica. A tradução foi efectuada pela Dra. Mariana Couto e
pela Dra. Alexandra Santos, a quem desde já agradecemos a colaboração e
iniciativa.
A opção por quatro artigos originais neste número deve‑se a um maior afluxo de
artigos originais quando comparada com os artigos de revisão.
O artigo Desenvolvimento do questionário CARAT Kids foi atribuído o 2.º
prémio SPAIC‑Astra Zeneca 2013.
Neste trabalho os autores desenvolvem um questionário CARAT kids para crianças
entre os 4 e os 12 anos, que avalia o controlo da asma e rinite alérgica, algo
que até à data apenas se encontrava validado para adultos. A publicação
intitulada Avaliação da expressão de CD63 e/ou CD203c em basófilos de doentes
com hipersensibilidade a anti‑inflamatorios não esteróides avalia a eficácia
diagnóstica do testes de ativação dos basófilos (TAB) em doentes com história
de hipersensibilidade imediata ao diclofenac, tendo os autores verificado uma
maior sensibilidade com a expressão de CD203 em relação à obtida com a
expressão CD63. O artigo Sensibilização ao Tetranychusurticaeno Norte de
Portugal é um trabalho que avalia pela primeira vez em Portugal a
sensibilização ao ácaro Tetranychusurticae.
Este é um ácaro fitófago, presente nas folhas de numerosas plantas e é uma
importante praga na agricultura. Neste estudo, os autores verificaram
sensibilização em 38,3% dos doentes (4% dos doentes monosensibilizados) e
apontam a eventualidade da não reatividade cruzada com os outros ácaros do pó
doméstico. O trabalho Sibilância em crianças de idade pre‑escolar em Portugal
' prevalência, caracterização e associação com rinite também é um trabalho
original premiado com o 2.º Prémio SPAIC ' Bial‑Aristegui.
Neste estudo, os autores verificaram sibilância atual em 25% da população
estudada e que a prevalência foi francamente mais elevada (65%) nas crianças
com rinite persistente moderada a grave.
No caso clínico Tatuagens temporárias ' inofensivas? os autores chamam a
atenção para o facto de na preparação da hennapoderem ser usados produtos de
origem natural ou química como parafenilenodiamina (PPDA), que é um potente
sensibilizante.