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EuPTCVHe0872-01692014000400001

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National varietyEu
Year2014
SourceScielo

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Publish or Perish EDITORIAL

Publish or Perish

Rui Alves Editor-in-Chief

Writing is thinking. To write well is to think clearly. That´s why it´s so hard.

' DAVID MCCULLOUGH

A frase lapidar que intitula este editorial, inúmeras vezes utilizada em reflexões, foi alvo de um curioso comentário publicado em 19961 na revista The Scientist pelo Professor Eugene Garfield ' seu Presidente, Editor-fundador, e também fundador do Institute for Scientific Information (ISI). Eugene Garfield foi pioneiro no campo da análise de citações e responsável por muitos instrumentos inovadores na área da bibliografia, incluindo o CurrentContents, e o ScienceCitation Indexque tornou possível calcular o fator de impacto das revistas, bem como outras bases de citação que hoje constituem a ferramenta de pesquisa online chamada Web of Knowledge.

A frase Publish or Perish embora utilizada num contexto não académico parece ter sido primordialmente citada pela primeira vez em 19322 e depressa se tornou uma reconhecida, e até severa advertência adoptada pelo meio académico. Na sua essência pretende obviamente focar que o trabalho intelectual deve ter sempre por objectivo final a publicação. Esta verdadeira pressão, quase obsessiva, sobre quem estuda e trabalha, desde muito que é difundida nas escolas médicas dos EUA, mas não , e reflete a ideia absolutamente vital de competir publicando. Diríamos que esta competição significa em síntese, trabalhar para conquistar notoriedade, assegurar um bom emprego, e se possível contribuir em alguma coisa para a evolução da ciência, em suma, fazer curriculume progredir na carreira. Os cépticos desta visão, que os e muitos, questionam a bondade deste frenesim e apontam o risco da valorização da quantidade em prejuízo do conteúdo poder conduzir à produção científica de e até subvertida qualidade.

Entre nós o Portuguese Journal of Nephrology and Hypertension nasceu com um propósito fundamental do seu fundador ' o de servir. Servir os autores, sobretudo os mais jovens, ensinando-os a dar os primeiros passos na elaboração de um manuscrito científico e terem a oportunidade de ver publicitado o seu trabalho; servir os leitores e dar-lhes a conhecer as experiências dos seus pares; depois congregar massa crítica e dinamizar o trabalho e a investigação procurando projetar a nefrologia nacional em torno de um ideal e símbolo comuns ' a revista. Mais tarde, a conversão em língua inglesa procurou sonhar mais alto e ultrapassar fronteiras.

Passaram vinte e sete anos e o progresso da investigação e produção científica internacional é surpreendente.

A este facto não é alheio a capacidade financeira dos países que têm um rumo determinado no domínio da investigação onde são alocadas verbas vultuosas, dinamizando assim a produção científica.

Por seu lado o mundo editorial é uma máquina recheada de extraordinária complexidade, e em Nefrologia são várias as revistas científicas que graças ao seu prestígio, condição principal que motiva a submissão de um manuscrito, recebem mensalmente centenas de artigos para publicação, apresentando por consequência taxas de aceitação entre os 5 e os 10%. Este prestígio depende em muito do famoso fator de impacto, que reflete a média das citações de artigos científicos contidos numa revista. Este indicador tornou-se assim numa característica muito importante e extraordinariamente apelativa para os autores, não significando todavia que publicar um artigo numa revista de maior impacto implique, necessariamente, um maior número de citações do artigo.

Como é evidente falamos de revistas indexadas nas grandes plataformas internacionais que exigem critérios apertados no rigor e metodologia da publicação. Para além da incontornável qualidade científica, também nós sabemos que o cumprimento por parte dos autores dos critérios exigidos na construção e submissão de um manuscrito, a avaliação cuidadosa, criteriosa e pedagógica dos revisores, a par do cumprimento dos prazos no processo de publicação, são pedras basilares de uma boa publicação científica. A este propósito e com a devida distância, o trabalho que temos procurado desenvolver no PJNH, com vista a uma maior expressão, tem tido sempre esses objetivos. É certo que gostaríamos que nos fossem remetidos um maior número de manuscritos, mas nem por isso tem sido descuidada a qualidade na grande medida à qualidade dos nossos revisores.

Ao longo destes dois últimos anos, e com o objectivo da indexação, o número de artigos publicados aumentou e criámos novas secções temáticas como a Nephropathology Quiz, Top-article-a comment e no presente número a Focus on. Conseguimos também a importante indexação na ScieloCitation Index (Web of Knowledge), foi criada uma plataforma eletrónica para submissão dos manuscritos, e continuaremos a trabalhar até final do nosso mandato com o mesmo empenho e entusiasmo na senda dos desafios a que nos propusemos quando assumimos estas funções. Todavia, neste virar de ano a comunidade nefrológica portuguesa tem de se questionar sobre o que pretende da nossa revista no futuro próximo. Atentos às dificuldades financeiras do nosso País, com impacto direto e indirecto muito negativo na investigação e produção científicas; a desmotivação e falta de perspectivas para um grande número de profissionais, confinados à procura de um emprego e sem alento para a escrita científica; num mundo de grandes e complexas exigências na edição de uma revista que pertence a uma comunidade médica de pequena dimensão, com limitações financeiras, e que luta por obter uma maior expressão internacional que funcione como motivador à publicação. Precisa-se com urgência que reflictamos e nos questionemos.

À semelhança do ano anterior não posso terminar estas palavras sem dirigir o meu muito obrigado por toda a colaboração, empenho e disponibilidade que me tem sido prestada pelas Publicações Ciência e Vida na pessoa da sua Diretora, Drª Sofia Carrondo e à Drª Lila Rebelo, revisora linguística, cujo trabalho e dedicação têm sido inexcedíveis. A todo o corpo editorial da revista, aos nossos revisores cuja função altamente meritória tem tornado a revista uma realidade, e em particular a todos os autores que nos escolhem para publicar o seu trabalho, estendo também as minhas saudações e agradecimentos.

Votos de Bom trabalho e um Bom Ano 2015!


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