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EuPTCVHe0872-07542011000300025

EuPTCVHe0872-07542011000300025

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0872-0754
Year2011
Issue0003
Article number00025

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Diabetes Mellitus tipo 1 que passos para a cura? Diabetes Mellitus tipo 1 que passos para a cura?

Catarina Limbert1 1Unid. Endocrinologia e Diabetes Infantil, Hospital Dona Estefânia

A Diabetes Mellitus é uma doença de elevada e crescente incidência com um grande impacto socioeconómico (1). As terapêuticas actualmente disponíveis, destinadas à normalização da glicémia, se bem que razoavelmente eficazes e largamente utilizadas, são exclusivamente sintomáticas. Surge pois a necessidade de actuar no primum movens da doença, com uma finalidade curativa.

Tudo indica, pelas experiências dos últimos 10 anos que será possível, num futuro não muito longínquo alcançar a cura da diabetes tipo 1 (DT1). Esta irá depender de estratégias ba­seadas em terapias celulares seja de transplante de células ou regeneração celular do pâncreas bem como de tratamentos imunomoduladores,fundamentais para o controlo da autoimunidade.

O transplante de ilhéus pancreáticos humanosdemonstrou que a insulino- independência prolongada com normalização da glicémia pode ser alcançada em doentes com DT1.No entanto, esta forma de terapêutica celular apresenta grandes limitações devidas à escassez de órgãos de dadores, à necessidade de imunosupressão crónica nestes doentes, para além de que o tempo de sobrevivência do enxerto é apenas de 3 anos (2).

Assim, fontes alternativas de células produtoras de insulina têm sido intensamente investigadas nos últimos anos. Estudos de diferenciação decélulas estaminais embrionárias e células estaminais adultasde origem pancreática ou extra-pancreática, em tipos celulares semelhantes às células beta do ilhéu de Langerhans mostraram-se bastante encorajadores (3). Técnicas recentes de reprogramação celular in vitro permitiram gerar, a partir de células somáticas, células pluritipotentes (iPS)(4). Estas podem ser induzidas em células diferenciadas de múltiplos tecidos, incluindo células insulínicas (5).

Contudo, as células geradas até à data, carecem ainda de características importantes das células β maduras, nomeadamente a secreção adequada de insulina em resposta ao estímulo da glicose. Além do mais, muitas destas células reprogramadas podem conduzir ao aparecimento de tumores quando transplan­tadas em ratinhos diabéticos (3).

A regeneração de células do pâncreas endócrino na DT1, tornou-se num desafio. A descoberta de inúmeros factores e bio­moléculas com efeito trófico na massa de células beta constitui um grande avanço científico. São exemplos a nicotinamida, betacelulina, a gastrina, a exendina e outros agonistas dos recep­tores da glucacon-like-peptide 1 (GLP-1) podendo, alguns deles, vir a ser associado ao tratamento da diabetes tipo1(6).

Não devemos no entanto esquecer que a Diabetes tipo 1 é, acima de tudo, uma doença imunológica. As mais recentes correntes de investigação, defendem que a causa primária da destruição da célula beta, está na perda da tolerância imunológica. Esta traduz-se num desequilíbrio entre populações de células T reguladoras e células T citotóxicas, associado à libertação inapropriada de citoquinas pro-inflamatórias e anti-inflamatórias cujo papel na manutenção do balanço imunológico é fundamental (7).

Inúmeros estudos em modelos animais de DT1, bem como ensaios clínicos utilizando terapêuticas com Ac anti CD20, anti CD3, anti IL1, em doentes diabéticos estão actualmente em curso (8).

Não restam dúvidas, de que a implementação real e eficaz de novas terapias para o tratamento da Diabetes, bem como de outras doenças degenerativas, dependerá dos esforços conjuntos da investigação básica e de uma nova área médica, translac­cional, a Medicina Regenerativa.


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