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EuPTCVHe0872-81782007000500002

EuPTCVHe0872-81782007000500002

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0872-8178
Year2007
Issue0005
Article number00002

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COLONOSCOPIA VIRTUAL: A PROPÓSITO DE UM CASO DE TUMORES SÍNCRONOS DO CÓLON

INTRODUÇÃO A Colonoscopia Virtual é uma técnica imagiológica com potencialidades para a detecção de diversa patologia do cólon. Esta técnica foi descrita inicialmente por Vining et al. (1) em 1994, em que mediante uma Tomografia Computorizada se obtêm cortes finos do cólon, distendido por ar. Posteriormente realizam-se reconstruções bi e tridimensionais, que permitem estudar a superfície da mucosa cólica em toda a sua extensão (2). Devido aos constantes progressos tecnológicos conseguidos na Tomografia Computorizada e no processamento/reconstrução de imagens, a Colonoscopia Virtual tornou-se uma promissora técnica para o estudo de patologia colorectal.

Os autores apresentam o caso de uma doente de 73 anos, com duas neoplasias síncronas do cólon. Uma neoplasia ao nível da sigmóide era estenosante, não permitiu o diagnóstico endoscópico da segunda neoplasia, ao nível do ângulo hepático, que foi detectada por Colonoscopia Virtual.

CASO CLÍNICO Doente do sexo feminino, 73 anos, recorreu ao Serviço de Urgência por quadro clínico caracterizado por astenia, anorexia e emagrecimento de 9 Kg, nos últimos 3 meses.

No exame objectivo salientava-se palidez mucocutânea e no estudo analítico, realizado à entrada no Serviço de Urgência, tinha hemoglobina de 8,3gr/dl com volume globular médio de 68,3 fL. No internamento foi submetida a Endoscopia Digestiva Alta que foi normal e colonoscopia onde se observou aos 28 cm da margem anal, lesão estenosante, de consistência sólida e friável (Figura 1). A refe- rida lesão não era franqueável pelo colonoscópio, tendo-se tentado franquear com colonoscópio pediátrico, o que também não foi possível. Para estudo da restante mucosa cólica realizou-se Colonoscopia Virtual, observando-se marcado espessamento parietal na sigmóide com acentuada irregularidade da mucosa e com diminuição do lúmen do cólon em aparente relação com neoplasia extensa (Figuras 2 e 3). No ângulo hepático observa-se, em ambas as aquisições (decúbito ventral e decúbito dorsal) formação com densidade de tecidos moles, irregular e heterogenea em provável relação com lesão neoplásica a este nível.

A histologia das biopsias da lesão da sigmóide estabeleceram o diagnóstico de adenocarcinoma mucinoso com células em anel de sinete.

A doente foi submetida a uma colectomia total. A análise anatomo-patológica da peça de colectomia total permitiu o diagnóstico final de dois adenocarcinomas síncronos do cólon, um com 4 cm de extensão, localizado a 15 cm da válvula ileo-cecal, pouco diferenciado, infiltrando em profundidade a túnica muscular própria; o segundo localizado a 21 cm da linha de resecção distal, com 6 cm de extansão, apresentando características mucinosas (adenocarcinoma mucinosa com células em anel de sinete) infiltrando todas as túnicas parietais. Ausência de metastização ganglionar nos gânglios isolados. TNM: pT2N0 + pT3N0.

A doente foi orientada para Oncologia, onde realizou quimioterapia com boa tolerância, mantendo-se assintomática 3 meses após a cirurgia.

DISCUSSÃO A incidência relatada de tumores colerectais síncronos varia entre 1,5% e 2,3% (3). A identificação de uma neoplasia colorectal síncrona é importante porque a sua localização poderá influenciar a extensão da ressecção primária. A colonoscopia óptica representa hoje o método de escolha na identificação pré-operatória de lesões síncronas. Contudo, se a neoplasia mais distal for estenosante, que impeça a progressão do colonoscópio, como sucedeu no nosso caso, a colonoscopia virtual pode ter um papel importante no diagnóstico de lesões síncronas (4).

A falta de identificação de lesões síncronas pode determinar um tratamento cirúrgico inadequado, resultando na necessidade de uma segunda intervenção em que ocasionalmente o tumor esteja mais disseminado.

Relativamente à colonoscopia virtual, particularmente interessante é o trabalho de Fenlon (5), que relatou o uso desta técnica na avaliação do cólon proximal em 29 doentes com neoplasias oclusivas, no período pré-operatório. A colonoscopia virtual identificou todos os 29 tumores, demonstrando duas outras massas tumorais não observadas endoscopicamente e confirmadas intra-operatoriamente.

A indicação mais discutida na actualidade, relativamente à colonoscopia virtual, é o rastreio do cancro colorectal.

A sua potencial utilidade baseia-se no bom rendimento desta técnica na detecção de pólipos do cólon, os quais podem ser percursores de cancro. O cancro colorectal é uma das maiores causas de morte nos países ocidentais; o amplo conhecimento da sua história natural (progressão adenoma-carcinoma) (6), converte esta neoplasia, numa das mais susceptíveis de rastreio. A implementação das técnicas endoscópicas é inferior ao desejável, em grande parte devido à baixa aceitação por parte da população.

Perante este facto é compreensível o interesse que gerou a colonoscopia virtual nos últimos anos, contudo, na actualidade não existem estudos que demonstrem a eficácia desta técnica no rastreio do cancro colorectal.

Apesar da utilidade da colonoscopia virtual, como foi evidente no caso clínico apresentado, não podemos esquecer que esta técnica é um procedimento única e exclusivamente diagnóstico, ao contrário da colonoscopia óptica, que além de detectar as lesões possibilita a sua remoção.

CONCLUSÃO Apesar de não possuir papel terapêutico, a colonoscopia virtual, poderá no futuro ter um papel no rastreio do can- cro colorectal e na actualidade pode ser utilizada no rastreio de patologia tumoral do cólon direito, quando existir estenose infranqueável endoscopicamente no cólon distal.


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