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EuPTCVHe0872-81782011000200012

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National varietyEu
Year2011
SourceScielo

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Da Classificação de Viena para a Nova Classificação de Montreal Da Classificação de Viena para a Nova Classificação de Montreal From the Classification of Vienna to the New Classification of Montreal

Fernando Magro Serviço de Gastrenterologia Hospital de São João e Instituto de Farmacologia e Terapêutica, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto. E-mail: fm@med.up.pt.

A estruturação das doenças em geral, e da doença de Crohn(DC) em particular, é fulcral ao permitir a classificação apropriada dos doentes em grupos bem definidos, possibilitando a inclusão homogénea de doentes em ensaios clínicos e estudos comparativos.

Em 1998, em Viena, um grupo internacional classificou a DC de acordo com a idade à data de diagnóstico (A), localização da doença no trato digestivo (L) e comportamento clínico (B)2. Posteriormente, em 2005, esta classificação foi revista, permitindo uma classificação fenotípica mais precisa3,4. O que trouxe de novo a classificação de Montreal: 1) Individualização dum grupo pediátrico (idade de 16 anos), 2) Envolvimento não restritivo do tracto digestivo superior (TDS - L4), 3) individualização da doença penetrante anal da doença penetrante abdominal e 4) definição temporal para classificação apropriada do comportamento (5 anos).

Esta estratificação revelou-se mais adequada uma vez que o grupo pediátrico caracteriza-se por serótipos e genótipos próprios4, são mais dependentes dos corticosteróides, necessitam de mais imunossupressores5,6 e têm uma maior prevalência de manifestações extra-intestinais5. Em oposição, os doentes com um diagnóstico com idade superior a 40 anos são menos corticodependentes e consequentemente necessitam de menos imunossupressores e terapêutica biológica7. Com o reconhecimento da importância da idade no diagnóstico e sabendo que a localização da DC varia minimamente no decurso da doença esta classificação criou grupos mais apropriados, com possíveis implicações prognósticas.

O grupo de trabalho da classificação de Viena classificou como L4 7% dos doentes, contudo no estudo efectuado em Portugal5só 1% tinham envolvimento exclusivo do TDS, estando em concordância com o estudo de Freeman et al8 (0,8%). A implicação desta alteração é de relevo uma vez que os doentes mantêm a classificação prévia de localização ileal (L1), cólica (L2) e ileocólica (L3), com os pressupostos inerentes, e a esta é acrescida a extensão ao TDS (ex: L1 + L4). Esta nova estruturação vai de encontro com as recomendações da European Crohn's and Colitis Organization(ECCO)9 que individualiza o envolvimento do TDS como uma entidade associada a pior prognóstico, beneficiando duma intervenção terapêutica precoce com imunomodulares.

O comportamento clínico da DC, ao contrário da localização, sofre flutuações temporais em que cerca de 90% dos doentes com vinte ou mais anos de evolução progridem para formas mais graves (estenoses e acontecimentos penetrantes)11,12, necessitando, por conseguinte, dum tempo mínimo para classificação ' 5 anos. Acresce o facto, de a doença penetrante anal (fistulas e abcessos) ter sido incluída no grupo penetrante (B3), na classificação de Viena, e existir evidência que esta doença (penetrante anal) não está necessariamente associada com doença penetrante abdominal11. No estudo Português5 4% dos doentes tinham atingimento anal isolado, sem nenhum evento penetrante abdominal.

Fruto desta estruturação e planificação, reconhecemos, hoje, grupos de pior prognóstico como: 1) Diagnóstico anterior a 40 anos, 2) necessidade de corticosteróides aquando do diagnóstico, 3) existência de doença anal e 4) doença estenosante com emagrecimento associado.

O artigo Da classificação de Viena para a nova classificação de Montreal: caracterização fenotípica e evolução clínica da Doença de Crohn de Ana Rebelo e colaboradores, publicado no GE1, contem alguns dos mais relevantes aspectos da classificação de Montreal: 1) A localização da doença permaneceu estável, 2) O comportamento clínico teve oscilações temporais (3 e 5 anos), 3) A reclassificação maior foi constatada no grupo penetrante (14,8% dos doentes), 4) divergência clara entre as classificações no respeitante à cirurgia abdominal (85% em Montreal para B3 e 64% para a Classificação de Viena). Em resumo, maior valor preditivo da classificação de Montreal em relação a um endpointcada vez mais valorizado ' cirurgia abdominal.


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