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EuPTCVHe0873-21592010000500004

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National varietyEu
Year2010
SourceScielo

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Impacto do exercício físico combinado na percepção do estado de saúde da pessoa com doença pulmonar obstrutiva crónica

Introdução A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma patologia de evolução lenta e progressiva, caracterizada por uma limitação ao fluxo aéreo não totalmente reversível, que pode afectar negativamente a qualidade de vida dos indivíduos, com limitações graves, muitas vezes, no desempenho das actividades diárias1.

Estas limitações relacionam-se directamente com a percepção da dispneia por parte dos doentes1,2.

A percepção da dispneia durante o esforço leva-os a diminuírem progressivamente a sua actividade física, criando um ciclo vicioso que pode levar à percepção de dispneia durante a realização de actividades da vida diária1,2, com alteração do estado funcional e descondicionamento físico3,4. Este descondicionamento leva a uma diminuição da força e massa muscular, a sensação de fadiga e dor5.

A deficiência orgânica do músculo periférico é actualmente reconhecida como um dos principais efeitos sistémicos da DPOC, que contribui extraordinariamente para a intolerância ao exercício e para uma redução da qualidade de vida destes indivíduos6-8, a qual tem sido reconhecida como um indicador de gravidade da DPOC9,10.

O interesse na qualidade vida relacionada com a saúde (QVRS), isto é, estado de saúde, aumentou substancialmente nos últimos anos, devido ao reconhecimento de factores, como: (a) os doentes estão mais preocupados com os seus sintomas (ex, dispneia) e com a sua funcionalidade (capacidade para realizar tarefas físicas), em vez de medidas objectivas, como fluxo aéreo expiratório; (b) a QVRS é um indicador único, diferente das medidas fisiológicas ou de sobrevivência; (c) os objectivos da terapêutica foram expandidos para incluir alívio dos sintomas e melhoria na QVRS como complemento dos habituais resultados fisiológicos11. Para Jones12, a medição do estado de saúde tornou-se uma característica central nos estudos de DPOC, devido ao reconhecimento de que as terapêuticas para esta patologia, para além da suspensão de hábitos tabágicos, são baseadas na sintomatologia. Este facto levou a que todos os estudos clínicos controlados sobre novas terapêuticas incluíssem instrumentos de avaliação da QVRS12-16.

A integração do exercício físico nos programas de reabilitação pulmonar permite prevenir a evolução da doença e diminuir o número de agudizações. Na maioria das vezes, verifica-se um sucesso na melhoria da função física e qualidade de vida relacionada com a saúde4,17,18.

A duração do programa de treino tem sido muito discutida, mas ainda sem suporte científico consensual. Pelos dados disponíveis, a comunidade científica pressupõe que os programas de treino mais longos produzem mais benefícios ao nível das adaptações fisiológicas4,19-21. No entanto, foram registadas melhorias ao nível do desempenho físico na resistência à fadiga com aumento da distância percorrida na prova dos 6 minutos de marcha e no estado de saúde em programas de 6 a 12 semanas22-27. Corroborando a tendência que os programas de treino devem ter uma duração mais longa do que 6 a 12 semanas, Ries17 e Troosters21 demonstraram que um programa de reabilitação pulmonar com 6 meses de duração, constituído por treino aeróbio (60-80% do trabalho máximo) e por treino de força (60% 1RM), aplicado a doentes em regime ambulatório, resulta em melhorias significativas ao nível do desempenho físico, aumento da distância percorrida nos 6 minutos de marcha, da força muscular e no estado de saúde.

O objectivo do presente estudo foi o de comparar a eficácia de três programas de intervenção, ao nível do estado de saúde de indivíduos com DPOC, nomeadamente um programa de treino combinado (EC), constituído por exercícios aeróbios e exercícios de força muscular dinâmica, um programa de treino aeróbio (EA) e ainda um programa de fisioterapia respiratória (FR), constituído por exercícios de reeducação respiratória e técnicas de desobstrução brônquica, tratamento convencional instituído em Portugal nos centros integrados no Serviço Nacional de Saúde.

Métodos A recolha da amostra processou-se entre 2003 e 2008 e foi constituída por 100 indivíduos do sexo masculino com DPOC moderada e grave, VEMS/CVF <70%, 50% VEMS <80% e 30% VEMS <50% do valor teórico28, que nunca estiveram integrados em programas de reabilitação, com suspensão de hábitos tabágicos pelo menos 6 meses, sem agudizações e internamentos 6 meses antes do início do estudo, ausência de patologia cardíaca ou musculo esquelética relevante e não estavam submetidos a oxigenoterapia. A espirometria foi efectuada de acordo com as orientações da American Thoracic Society29. Todos os indivíduos apresentavam um índice de massa corporal (IMC) superior a 25 kg/m2 e a terapêutica individual instituída foi mantida durante o período do estudo. Todos os indivíduos assinaram consentimento informado. As características demográficas e clínicas dos indivíduos no início da intervenção encontram-se descritas no Quadro I.

Quadro I Características demográficas, clínicas e socioculturais, basais

Foram constituídos três grupos (CG, AG, FR), em que os participantes nos grupos CG e AG foram incluídos de forma aleatória. No grupo FR, foram incluídos 50 indivíduos que preenchiam os critérios de inclusão (65% estádio II) e que durante este período realizaram de forma consecutiva 30 sessões de fisioterapia respiratória, durante 10 semanas. O grupo CG foi constituído por 25 indivíduos (66% estádio II) que integraram um programa de exercícios combinado, e o grupo AG, constituído por 25 indivíduos (64% estádio II) que integraram um programa de exercício aeróbio; ambos os grupos realizaram exercício três vezes por semana, durante 10 semanas.

Protocolo de exercício O grupo CG executou exercício aeróbio, 30 minutos por sessão a 60-70% da frequência cardíaca de reserva e exercício de força muscular dinâmica a uma intensidade de 50-70% de 1 RM, realizado em cinco máquinas que envolviam os extensores da perna, extensores da coxa e perna, adutores do braço e flexores do antebraço; e exercícios de controlo respiratório. Realizaram 1-2 séries, seguidas por 2 minutos de repouso activo, com 6-12 repetições cada série. O grupo AG realizou exercício aeróbio, com uma intensidade de 60-70% da frequência cardíaca de reserva, ajustada pela percepção sugestiva de esforço, durante 40 -60 minutos por sessão; e exercícios de controlo respiratório4,17. A frequência cardíaca máxima foi avaliada na prova de esforço cardiopulmonar ao nível do VO2peak. O grupo FR realizou fisioterapia respiratória, em particular técnicas de desobstrução brônquica e de controlo respiratório. Neste grupo, 100 % dos indivíduos referem ter realizado técnicas de desobstrução brônquica e de controlo respiratório, 12% diz ter realizado também exercício num cicloergómetro durante 30 dias nas últimas 10 semanas, com uma duração média de 46±17,1 minutos por sessão.

Avaliação do estado de saúde O estado de saúde foi avaliado através do Questionário do Hospital St.George na Doença Respiratória (SGRQ)30,31, em que a pontuação para cada uma das dimensões varia entre 0 e 100, indicando as pontuações mais altas um pior estado de saúde. Como instrumento genérico foi seleccionado o SF-3632-34, em que os resultados obtidos são transformados numa escala de 0 a 100, na qual quanto mais elevado for o valor obtido melhor é a percepção do estado de saúde. Os instrumentos foram aplicados a todos os indivíduos antes da intervenção e no final das 10 semanas. A recolha de dados nos dois momentos de avaliação respeitou as mesmas condições e procedimentos. A terapêutica farmacológica habitual não sofreu alterações.

Análise estatística Os dados foram descritos através da média e desvio-padrão. Nas variáveis nominais foi utilizada a percentagem. Na comparação dos grupos, para a maioria das dimensões consideradas, verifica-se violação do pressuposto de esfericidade para a ANOVA de medições repetidas (teste de Mauchly), assim como da homogeneidade da matriz de variâncias-covariâncias (teste M de Box); nestes casos, procedeu-se à correcção da estatística F usando o factor épsilon lower boundpara determinar o nível de significância do teste multivariado. Outro pressuposto de análise frequentemente violado é a homogeneidade de variâncias entre grupos de sujeitos; neste caso, e dado que um dos grupos tem uma dimensão bastante maior que a dos outros dois, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis.

As taxas de modificação foram obtidas através da equação ((valor após ' valor antes)/ valor antes)* 100, analisadas também pelo teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Mann-Whitney com a correcção de Bonferroni. As diferencas clinicamente significativas foram definidas ' 4% para cada scoreSGRQ (12), e + 10 pontos nos perfis do SF-3635-37. O nível de significância foi estabelecido para á=0,05 e para a análise estatística foi utilizado o programa SPSS for Windows v. 13.0.

Resultados No Quadro II apresentam-se os resultados obtidos na comparação múltipla através da aplicação da ANOVA não paramétrica (Kruskal-Wallis) para as oito dimensões do SF-36 e para os três domínios do SGRQ, para os grupos FR, AG e CG. Pela análise dos resultados, os indivíduos do grupo FR apresentam diferenças (p<0,05) ao nível da percepção do estado de saúde relativamente aos grupo AG, com valores medianos iniciais mais baixos nas dimensões função física, desempenho físico, saúde mental e função social, avaliado pelo SF-36, e nos domínios sintomas, impacto e total, avaliado pelo SGRQ, com valores medianos mais elevados; relativamente ao grupo CG, que apresentou diferenças ao nível dos valores iniciais na dimensão vitalidade, avaliado pelo questionário SF-36, e nos domínios sintomas, impacto e total, avaliado pelo SGRQ. Entre os grupos AG e CG, observaram-se diferenças ao nível dos valores medianos iniciais nas dimensões função física, desempenho físico, saúde mental, função social e vitalidade, avaliados pelo SF-36, e no domínio actividade, avaliado pelo SGRQ.

Quadro II Valores médios para avaliação da percepção do estado de saúde través do Questionário SF -36 e do Questionário Hospital St. George na Doença Respiratória (SGRQ)

Quando se procedeu à análise da eficácia da prática de exercício físico ao nível da percepção do estado de saúde, foi possível observar que a prática de exercício físico promove uma melhoria significativa da percepção da qualidade de vida dos participantes no estudo para todas as dimensões do SF-36 e para todos os domínios do SGRQ. Através do instrumento genérico SF-36, para a dimensão função física, verifica -se que a prática de exercício físico determinou um aumento de 17,383 (p<0,001) no valor médio desta dimensão, independentemente do tipo de exercício praticado, assim como de 8,581 (p<0,001) para desempenho físico; 8,209 (p<0,001) para a dor corporal; saúde geral 7,170 (p<0,001); 13,162 (p<0,001) para a saúde mental; 10,302 (p<0,001) para o desempenho emocional; 10,599 (p<0,001) para a função social; e 10,602 (p<0,001) na dimensão vitalidade. Através do instrumento de condição especifica SGRQ, para o domínio sintomas, verifica-se que a prática de exercício físico determinou uma diminuição de -11,284 (p<0,001) no valor médio, independentemente do tipo de exercício praticado, assim como, para o domínio actividade, -19,701 (p<0,001); o domínio impacto -10,811 (p<0,001); o domínio total -19,690 (p <0,001). Pela análise dos resultados verificou-se que existe interacção entre os factores considerados, programa de treino e tempo para todos os domínios e dimensões avaliados. Assim, podemos considerar que para cada uma das dimensões e domínios considerados o efeito da prática de exercício físico sobre a percepção da qualidade de vida dos sujeitos depende do tipo de treino que efectuaram. Pelos valores médios estimados, o exercício físico apresenta resultados benéficos ao nível da qualidade de vida relacionada com a saúde. Foram encontradas diferenças (p<0,01) para os valores médios ponderados, nas dimensões função física, desempenho físico, saúde mental e função social, avaliado pelo SF-36; e nos domínios sintomas, actividade, impacto e total, avaliados pelo SGRQ. O que reflecte claramente que o programa parece ter tido um impacto muito mais significativo na alteração da percepção do estado de saúde dos sujeitos que fizeram treino combinado do que naqueles que fizeram fisioterapia respiratória. Foi ainda possível verificar que, no grupo FR, os 6 indivíduos (12%) que referiram ter realizado exercício em cicloergómetro não apresentaram diferenças ao nível da percepção do estado de saúde (p<0,05) relativamente aos restantes 88%. Pela análise dos resultados, nos indivíduos dos grupos CG, AG e de FR, submetidos a diferentes intervenções observaram-se percepções diferentes de estado de saúde para as dimensões do instrumento genérico (SF-36), excepto no que respeita às dimensões dor corporal, saúde geral e vitalidade. Para a dimensão função física, verificou-se que o valor médio no grupo FR é significativamente mais baixo do que no grupo de exercício combinado (-23,9) e no grupo de exercício aeróbio (-16,5) (p<0,001); assim como para a dimensão saúde mental, no grupo CG (-14,7) e no grupo AG (-23,0) (p<0,001); desempenho emocional no grupo CG (-4,4) e no grupo AG (-13,) (p<0,001); e função social no grupo CG (-12,9) e no grupo AG (-15,9) (p<0,001).

Pela análise dos domínios do instrumento de condição específica (SGRQ) para os domínios sintomas, actividade, impacto e total, verificou-se que o valor médio no grupo FR é significativamente mais alto do que no grupo de exercício combinado (24,3), (18,7), (20,4) e (19,0) (p<0,001), respectivamente; e no grupo de exercício aeróbio (23,5), (13,8), (15,2) e (14,0) (p<0,001), respectivamente.

Após 10 semanas de intervenção, calculou-se a taxa de variação individual e procedeu-se à comparação múltipla dos três grupos relativamente aos valores medianos das taxas de modificação, calculadas pelo teste de Kruskal-Wallis com a correcção de Bonferroni. Quando comparamos os valores medianos das taxas de modificação no final do programa de treino entre o grupo de exercício combinado, o grupo de exercício aeróbio e o grupo que apenas realizou fisioterapia respiratória, foi possível observar diferenças significativas (p<0,016) nos domínios avaliados pelo SGRQ e para as diferentes dimensões, avaliadas pelo Questionário de Estado de Saúde FS-36, excepto ao nível do domínio sintomas, entre o grupo de exercício combinado e o grupo de exercício aeróbio, observando -se valores medianos das taxas de modificação mais elevados no grupo do exercício combinado. O grupo GC apresentou uma diminuição de 48% no domínio dos sintomas, da actividade de 64%, no impacto de 35% e no scoretotal de 41%, relativamente ao grupo AG, que apresentou uma diminuição de 26%, 19%, 20% e 26%, respectivamente; e ao grupo FR de 1%, 0,2%, 0,1%, 0,2%, respectivamente, avaliados pelo SGRQ. Uma variação de 4% neste instrumento representa uma diferença clinicamente significativa12 e um aumento de 10 pontos (10%) nos perfis do SF-3635-37 reflecte uma diferença clinicamente significativa. O grupo CG apresentou um aumento nos domínios do SF-36, função física de 109%, desempenho físico de 52%, dor corporal de 47%, saúde geral de 38%, saúde mental de 75%, desempenho emocional de 44%, função social de 45% e na vitalidade 83%; relativamente ao grupo AG, que também apresentou um aumento de 22%, 11%, 15%, 21%, 37%, 20%,18% e 15%, respectivamente; e ao grupo FR, onde se observaram ligeiros aumentos de 0,1%, 1%, 7%, 8%, 2%, 1%, 1%, e 9%, respectivamente.

Discussão No final do período de intervenção, os indivíduos que realizaram exercício combinado e exercício aeróbio apresentaram uma melhoria na percepção do estado de saúde comparativamente com os indivíduos do grupo FR que não apresentaram alteração na percepção do estado de saúde. Estes resultados podem ser explicados pelo facto das técnicas aplicadas àqueles indivíduos não terem efeitos ao nível do estado de saúde, pois de acordo com alguns autores38,39 estes programas facilitam a higiene brônquica, aumentam a eliminação de muco, minimizando exacerbações, o que leva a uma diminuição do recurso a instituições de saúde, mas parece terem pouca influência no estado de saúde40. No entanto, a fisioterapia respiratória deve fazer parte integrante dos programas de RP18.

Estes benefícios reflectem-se no estado de saúde, observando-se uma pequena variação ao nível dos valores medianos em todas as dimensões do SF-36 e em quase todos os domínios do SGRQ, o que está de acordo com os resultados de Kongsgaard et al.41 Pela análise dos resultados obtidos após 10 semanas de intervenção com um programa de exercício (grupos AG e CG), todos os indivíduos com DPOC apresentaram uma alteração da percepção do estado de saúde, o que reflecte que o exercício tem um impacto benéfico no estado de saúde destes indivíduos23,24,42-47.

As alterações intragrupo observadas demonstram que os grupos apresentaram diferenças em todos os domínios do SGRQ. O grupo CG apresentou diferenças em todas as dimensões do SF-36 e o grupo AG apresentou diferenças na maioria das dimensões. Estes factos sugerem que se verificou uma modificação na percepção do estado de saúde, o que está de acordo com a maioria dos estudos que utilizaram este questionário32,42,48,49.

Na avaliação das diferenças entre grupos foi possível observar que os indivíduos que realizaram um programa de exercício combinado percepcionaram uma modificação do estado de saúde mais acentuada, ao nível da capacidade física, observada por uma diferença dos scoresno domínio da limitação da actividade, através do SGRQ, e de uma diferença nos perfis das dimensões da função física, desempenho físico e desempenho emocional, percepcionados através do SF-36.

Estes resultados estão de acordo com outros estudos32,42,48, na medida em que é provável que após um programa de treino que melhore a função muscular periférica estes indivíduos possam vir a observar melhorias quanto à percepção de tolerância ao exercício50, pois segundo Mador et al.7, o treino de força melhora a resistência e a força em idosos saudáveis e permite obter idênticos resultados em indivíduos com DPOC16. No estudo desenvolvido por Puhan et al.51, o treino de força parece ter maior efeito ao nível do estado de saúde do que o treino aeróbio, sugerindo uma associação entre força e QVRS.

As modificações observadas pelo SGRQ demonstram uma mudança mínima clinicamente significativa30, reflectindo um tratamento clinicamente efectivo12. O scoretotal teve uma modificação de 41% no grupo CG, de 26% no grupo AG e de 0,1% no grupo FR, no final do período de intervenção. no domínio da limitação da actividade apresentou uma taxa de modificação que reflecte uma diminuição de 65% no grupo CG, de 29% no grupo AG e de 0,1% no grupo FR, mostrou melhorias em todos os scores; tendo resultado idêntico sido observa do por Skumlien et al.52 após quatro semanas com sessões diárias de exercício combinado. A relevância atribuída à limitação da actividade prende-se com o facto de ter sido avaliado por um instrumento específico, para a doença pulmonar crónica, logo mais sensível para captar as mudanças de saúde53.

Comparados com os instrumentos genéricos, os específicos podem ser mais sensíveis devido ao facto das suas questões serem directamente relacionadas com uma doença específica, o que os torna capazes de detectar pequenas alterações no estado de saúde, mas clinicamente significativas54.

Em relação aos perfis obtidos no instrumento genérico SF-36, o grupo CG apresentou diferenças nas taxas de modificação relativamente ao grupo AG ao nível das dimensões, função física, desempenho físico e desempenho emocional após programas de treino, apesar dos perfis obtidos em indivíduos com DPOC serem inferiores aos da população saudável55. Estes resultados sugerem que os indivíduos percepcionam uma melhoria no seu estado de saúde clinicamente significativas segundo Wyrwich et al.35-37, traduzidas pelo aumento dos perfis da função física, desempenho físico, dor corporal, saúde geral, saúde mental, desempenho emocional, função social e vitalidade. Os aumentos nos perfis variaram de 13-41 no CG e de 3-15 no AG. Após programas de treino, Bernard et al.24 também observaram aumentos no estado de saúde em ambos os grupos. Através da subescala do SF-36 mudança de saúde, avaliada por uma questão onde se avalia o estado de saúde actual comparativamente a um ano antes, os indivíduos do GC apresentaram uma variação de 29% (3,7±0,7 para 2,7 ±0,1) e de 18% (3,7±0,9 para 3,1±0,5) no AG. Esta subescala permite de terminar as alterações do estado geral de saúde, com base na experiência previamente vivida, correspondendo à quantidade de mudança em geral na saúde33,34. O que pode reflectir que o programa de exercício combinado apresenta maiores benefícios nestes indivíduos.

Durante a realização do estudo ocorreram algumas dificuldades que podem constituir limitações ao estudo.

O longo período de recolha da amostra deveu-se essencialmente a dificuldades logísticas na avaliação e tratamento dos grupos que realizaram exercício. Por um lado, uma avaria prolongada do ergómetro impossibilitou a realização de provas de esforço cardiorrespiratórias, essenciais para programar o treino. Por outro, a reestruturação levada a cabo no equipamento de treino impossibilitou igualmente a implementação dos programas de exercício. Ainda a equipa multidisciplinar que contribuiu para a realização deste estudo foi constituída por fisioterapeutas, pneumologistas, fisiatras, cardiopneumologistas e especialistas em exercício, que devido aos constrangimentos logísticos explicados sofreu alterações pontuais.

Em conclusão, podemos verificar que um programa constituído por exercício aeróbio e exercício de força muscular dinâmica parece ser eficaz em indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crónica moderada. Quando comparamos os resultados obtidos no final do período de intervenção, foi possível observar que o exercício físico, na pessoa com doença pulmonar obstrutiva crónica, como parte integrante do programa de reabilitação pulmonar, apresenta modificação do estado de saúde, quer ao nível físico, quer emocional. Este facto apoia as teorias que sugerem a integração do exercício físico como componente dos programas de reabilitação pulmonar, uma vez que a modificação na percepção do estado de saúde é acompanhada por melhorias reais a nível fisiológico, com ganhos para o doente e, consequentemente, menos consumo de recursos de saúde.

Os programas de fisioterapia respiratória são uma componente integrante dos programas de RP, mas de acordo com os resultados obtidos não devem ser realizados de forma isolada, mas em combinação com outras intervenções, como o exercício aeróbio e de força muscular dinâmica.

Um aspecto importante prende-se com o facto de não sabermos se estes benefícios obtidos, ao nível da tolerância ao exercício e do estado de saúde, se mantêm após a suspensão do exercício. Uma vez iniciados os programas de exercício combinado, será que estes devem ser mantidos de forma contínua, para que se mantenham os benefícios atingidos?


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