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EuPTCVHe1646-107X2014000100006

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National varietyEu
Year2014
SourceScielo

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Associação entre níveis de atividade física e transtorno mental comum em estudantes universitários

INTRODUÇÃO A prática regular de atividade física (AF) ajuda na promoção da saúde e na qualidade de vida, proporcionando benefícios significativos à saúde física e mental da população (Cid, Silva, & Alves, 2007; Nahas & Fonseca, 2004).

O baixo nível de sua prática está associado ao desenvolvimento de doenças que afetam a saúde física e mental, resultando em maiores gastos para a saúde pública (Fontes & Vianna, 2009).

A população tem acesso a informações sobre os prejuízos que o baixo nível de atividade física (NAF) causam à saúde, no entanto estudos recentes ainda mostram uma redução do NAF de diferentes populações, uma dessas populações é a de universitários (Fontes & Vianna, 2009; Tondo, Silva, & Roth, 2011).

Um estudo realizado com 281 estudantes da área de saúde de Brasília, identificou alto índice de sedentarismo (65.5%) (Marcodelli, Costa, & Schmitz, 2008). Outro estudo utilizando o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ-longo), realizado com discentes de uma universidade da Paraíba-Brasil, relatou a prevalência de baixo NAF entre os estudantes (31.2%) (Fontes & Vianna, 2009). Outra pesquisa utilizando o Questionário de Atividade Física Habitual (QAFH) para medir o NAF e as barreiras percebidas para a prática de AF entre estudantes de uma universidade federal do Rio Grande do Sul-Brasil, relatou a prevalência de pouca AF entre os estudantes (Tondo et al., 2011).

Os estudos citados mostram que a referente população tem reduzido a prática de AF, o que poderá causar futuras perdas nas atividades académicas e na saúde em geral. Exigências da sociedade faz aumentar a concorrência entre os universitários antes mesmo de chegarem ao mercado profissional (Calais et al., 2007), podendo deixar os estudantes, mais ocupados e estressados com suas atividades, com as exigências do curso, com a aquisição de experiência e aprendizado.

O ingresso na universidade pode expor os estudantes a estressores específicos (ansiedade, problemas de moradia, distância da família) (Calais et al., 2007).

E os últimos períodos na universidade podem sobrecarregá-los, devido à ansiedade da conclusão do curso, a dedicação e pressão psicológica durante a preparação do trabalho de conclusão de curso (TCC) (Calais et al., 2007), à incerteza do futuro profissional, que podem oferecer riscos à saúde mental (SM) dos estudantes podendo deixá-la debilitada (Polydoro, Primi, Serpa, Zaroni, & Pombal, 2001).

A SM seria um equilíbrio mental entre sentimentos internos e experiências externas (Lino, 1997). Algumas doenças, agressões exógenas, excesso de trabalho, fadiga física e psíquica, e outros problemas devastam o equilíbrio mental, tornando-o angustiado, deprimido, nervoso e neurótico. Esses fatores ligados à predisposição genética são desencadeadores de transtornos mentais, que vão de um extremo psicótico (apresenta delírio) ou não-psicótico (não apresenta delírios). Logo, a reunião de alguns sintomas característicos de ansiedade, depressão e somatoformes compõem o que se pode denominar de transtornos mentais comuns (TMC) (Roeder, 1999), que são alterações do funcionamento da mente que podem prejudicar o indivíduo na vida familiar, social, pessoal, profissional, nos estudos, e na compreensão de si e dos outros (Ballone, 2008; Ludemir & Filho, 2002).

O termo TMC é usado para indicar agrupamentos de sinais e sintomas associados a alterações de funcionamento da mente sem origem conhecida (Ludemir & Filho, 2002), que são relacionados com problemas na SM. Para combater e/ou minimizar esses fatores de risco das afeções mentais, a AF é usada na prevenção e manutenção da SM, buscando desenvolver um estilo de vida ativo (Roeder, 1999).

A relação entre a SM e a prática de AF são processos particulares de expressão das condições e estilo de vida de uma população, logo, a prática de AF busca contribuir para a melhoria da SM das pessoas que possuem algum transtorno mental, melhorando a sua condição de vida, contribuindo para a melhoria do sono, do humor, da memória, da irritabilidade e na dificuldade de concentração (Araújo, Pinho, & Almeida, 2005), que são fatores que caracterizam problemas de SM, e influenciam na saúde em geral. Universitários justificam que os hábitos estão mais sedentários após o ingresso na universidade, devido ao aumento nas horas de estudo. E que podem desenvolver algum tipo de TMC, devido à sobrecarga psicológica e a falta de AF (Fontes & Vianna, 2009).

Na literatura, muitos estudos são referentes aos universitários (Silva, Silva, Silova, Souza, & Tomazi, 2010; Souza, Santos, & José, 2010), alguns avaliam o NAF, e outros buscam identificar problemas na SM dessa população (Calais et al., 2007; Fiorotti, Rossini, Borges, & Miranda, 2010; Lima, Domingues, & Cerqueira, 2006), mas, ainda é escasso o número de estudos que busquem associar esses fatores nesta população.

Assim, esse estudo procurou verificar a associação entre o NAF e a SM de estudantes universitários da área de saúde da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), além de identificar e comparar os NAF, a presença de um provável TMC e os aspetos sociodemográficos entre os diferentes cursos.

MÉTODO Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo, de corte transversal. O estudo foi desenvolvido numa universidade federal (UFAL), em diferentes cursos ministrados num campus dessa instituição.

Participantes A população alvo do estudo foi formada por estudantes dos cursos da área de saúde da UFAL (Educação Física, Odontologia, Farmácia, Nutrição, Medicina, Enfermagem e Ciências Biológicas), existindo cerca de 1930 estudantes de Bacharelado matriculados nos primeiros e últimos períodos.

A população de estudantes dos cursos da área de saúde da UFAL (Educação Física, Nutrição, Enfermagem, Odontologia, Medicina, Farmácia e Ciências Biológicas) era formada por 2523 universitários (de acordo com dados de matricula de 2011, coletados nas coordenações dos cursos), sendo 593 estudantes de Licenciatura e 1930 estudantes de Bacharelado. O presente estudo trabalhou apenas com a população de estudantes universitários de Bacharelado, por ser mais direcionado à área de saúde e ter um número significativo de pessoas.

O tamanho da amostra foi calculado a partir da estimativa de prevalência de transtornos mentais comuns em indivíduos jovens (Fiorotti et al., 2010). Tomou- se como base para o cálculo a presença de TMC como fator de risco. Dessa forma, tendo um risco alfa de 5% e um risco beta de 20%, sendo necessários 10% do total de estudantes matriculados em cada curso, ou seja, Educação Física tinha 247 estudantes matriculados (10%= 25), Nutrição tinha 210 estudantes (10%= 21), Enfermagem tinha 237 estudantes (10%= 24), Odontologia tinha 305 estudantes (10%= 30), Farmácia tinha 265 estudantes (10%= 26) e Biologia tinha 186 estudantes (10%= 19).

O curso de Medicina terminou por não fazer parte da coleta de dados devido algumas restrições da coordenação do curso e do pequeno tempo disponível para cumpri-las. A percentagem da amostra de estudantes de medicina que seria coletada foi redistribuída com os outros cursos, com o intuito de se manter o número inicial da amostra.

Após a percentagem de estudantes de cada curso necessária para compor a amostra ser encontrada, ela foi dividida em 50% que cursem um dos períodos iniciais do curso (1º/2º período) e 50% que cursem um dos períodos finais (7º/8º ou / 10º), A coleta nos períodos finais se deu dessa forma devido a alguns cursos que fazem parte do estudo, ou seja, Odontologia, Farmácia, Enfermagem e Nutrição terem como últimos períodos o e o 10º, enquanto os cursos de Educação Física e Biologia têm como períodos finais o e .

Foi utilizado como critério de inclusão no estudo: alunos com idade 18 anos, que estivessem cursando um dos dois primeiros períodos de um dos cursos de saúde ou um dos dois últimos períodos, devidamente matriculados num dos períodos citados no segundo semestre letivo de 2011.

O aluno graduado, ou que estivesse participando de alguma intervenção do tipo psicológico ou psiquiátrico, foi excluído do estudo.

Instrumentos e Procedimentos Para verificar o NAF foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), com a validade testada no Brasil (Matsudo et al., 2001), composto por 19 perguntas relacionadas às atividades realizadas uma semana antes de sua aplicação. A pontuação é obtida pela soma de dias, minutos ou horas das atividades, considerando a frequência, a intensidade e a duração.

Os dados foram tabulados, avaliados e classificados segundo o IPAQ (Matsudo et al., 2001; Silva et al., 2007), que divide e conceitua as categorias em: Sedentário; Insuficientemente Ativo, essa categoria divide-se em dois grupos, Insuficientemente Ativo A e Insuficientemente Ativo B; Ativo; Muito Ativo.

Contudo para a facilitação das análises os grupos foram categorizados (Alves, Borges, Ribeiro, Gadelha, & Santos, 2010; Guedes, Santos, & Lopes, 2006; Rodrigues, Cheik, & Mayer, 2008). Os universitários que foram classificados pelo IPAQ como muito ativo e ativo, foram categorizados como ativos, os classificados como insuficientemente ativo A/B e sedentários, passaram a ser classificados como Inativos.

O SRQ-20 é a versão de 20 itens do SRQ-30 para rastreamento de transtornos mentais não-psicóticos (Mari & Williams, 1986). As respostas são do tipo sim/não. Cada resposta afirmativa pontua com o valor 1 para compor o escore final por meio do somatório destes valores. O ponto de corte utilizado foi 7 (Mari & Williams, 1986).

O questionário sociodemográfico utilizado foi elaborado tendo como base aspetos do domicílio e sociais, dicotomizados para análise. A idade foi dividida em 18- 20 anos e 21-35 anos. A situação laboral foi dividida em trabalha (quando possui atividade laboral remunerada) e não trabalha (quando não possui atividade laboral remunerada). O número de residentes no domicílio foi categorizado como apropriado (até 4 pessoas) ou inapropriado (mais de 4 pessoas). Quanto à situação socioeconómica, a amostra foi dividida inicialmente em quatro classes (A, B, C e D), dicotomizadas em seguida para a análise, em duas classes (A+B) e (C+D). Tal classificação resultou de uma pontuação construída segundo o poder económico das famílias e o grau de escolaridade do chefe da casa, através do que preconiza a Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas (ABEP, 2003).

A pesquisa seguiu todas as prerrogativas da Declaração de Helsinque e da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 196/96) para pesquisas com seres humanos, sendo submetida e aprovada pelo Comité de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (CEP/UFAL), recebendo a aprovação sob protocolo 013810/2011-38. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi entregue aos sujeitos da pesquisa para assinatura e consentimentos.

Análise Estatística Para análise dos dados, foi utilizada a estatística descritiva, com a distribuição de frequência, média e desvio-padrão. Para a comparação dos grupos foi utilizado o teste qui-quadrado. Para medida da associação foi utilizado o odds ratio(OR) com intervalo de confiança de 95% para verificar a associação entre os níveis de atividade física e o transtorno mental comum dos universitários investigados. O nível de significância utilizado foi p< 0.05.

RESULTADOS A amostra final foi composta por 220 estudantes universitários dos cursos da área de saúde da UFAL, Campus Maceió, sendo 65.9% do sexo feminino e 34.1% do masculino. a média de idade do grupo foi de 22 anos. Enquanto 43.2% da amostra total apresentou classificação positiva para o TMC.

A tabela_1 descreve as prevalências de TMC entre os cursos da área de saúde investigados no estudo. O curso de farmácia apresentou a maior prevalência (24.2%). o curso de Nutri­ção apresentou a menor prevalência (9.5%), dentre os seis cursos considerados.

A tabela_2 descreve as frequências de estu­dantes ativos e inativos entre os cursos da área de saúde investigados no estudo. O curso de Farmácia apresentou a maior prevalência de estudantes considerados ativos (68.4%). o curso de Enfermagem apresentou a maior pre­valência de estudantes considerados inativos (58.3%).

A tabela_3 descreve os resultados dos possíveis fatores de risco para o TMC.

Dentre os fatores considerados nenhum apresentou associação significativa. Vale ressaltar a tendência encontrada nas variáveis de sexo e escolaridade do chefe da casa.

A tabela_4 evidencia os fatores associados aos níveis de atividade física categorizados a partir do IPAQ. Observa-se um percentual maior de inativos com TMC (67.4%) em relação aos ativos (32.6%), com risco significativo (OR= 3.202, IC95%: 1.83−5.60). Os estudantes com perfil académico inicial ( e períodos) apresentaram mais ativos (55.3%) em relação aos alunos concluintes (7º/8º/9º/10º períodos) com 41.5%, indicando um fator de proteção significativo (OR= 0.575, IC95%: 0.337−0.980). Cabe destacar a variável de situação laboral, que apresentou uma tendência, quando considerada na associação aos níveis de atividade física.

DISCUSSÃO Apesar de existirem diversos estudos (Almeida et al., 2007; Amaral et al., 2008; Facundes & Ludemir, 2005; Fontes & Vianna, 2009; Guedes et al., 2006; Sakae, Padão, & Jordana, 2010; Silva et al., 2007; Souza et al., 2010) referentes ao NAF e à SM de diferentes populações, ainda são escassas as pesquisas que verifiquem sua associação na população de universitários. Esses fatores terminam por difi­cultar a comparação dos resultados em estudos com tais objetivos.

Através de pesquisas utilizando o SRQ e outros questionários, que verificam a presença de TMC, alguns estudiosos (Baldisserotto, Filho, Nedel, & Sakae, 2005; Cavestro & Rocha, 2006) estimam que mais de 15% dos estudantes universitários apresentem ou possam vir a apresentar algum tipo de TMC durante a formação académica.

outros estudos (Lawlor & Hopker, 2001; Sakae et al., 2010) têm demonstrado que a reunião de sintomas ansiosos, depressivos e somatoformes acometem diferentes populações, inclusive a de universitários, prejudicando a qualidade de vida. Entretanto, a prática de atividades físicas pode surtir efeito protetor aos sintomas do TMC (Faulkner & Taylor, 2005), ou seja, se sua prática for regular poderá influenciar em uma melhor qualidade do sono, em melhorias nas funções cognitivas, no humor, na autoestima e no condicionamento físico, produzindo efeitos que protegem o organismo contra um desequilíbrio na saúde mental e física, que poderiam levar um indivíduo a desenvolver um TMC (Calfas & Taylor, 1994).

Os resultados encontrados quanto à associação do NAF e TMC mostram que dos estudantes ativos apenas 32.6% apresentavam predisposição a desenvolver algum tipo de TMC, os inativos apresentaram 67.4% de predisposição a desenvolver algum tipo de TMC. Como não foi encontrado trabalho similar nas fontes consultadas, optou-se por descrever estudos de base populacional que contemplem em seus resultados essa associação. Num estudo de base populacional, realizado no Colorado, também foi encontrada associação entre a atividade física e a saúde mental da população estudada demonstrando que a população universitária se encontra em situação de risco (Demont-Heinrich, 2009).

Foi encontrada maior prevalência de TMC em estudantes de Farmácia (24.2%), seguido de Enfermagem com 22.1%, Biologia com 16.8%, Odontologia com 14.7%, Educação Física com 12.6% e Nutrição com 9.5%. Um estudo realizado na Universidade Federal de Pernambuco, com alunos dos cursos da área de saúde, sobre prevalência de TMC e utilizando-se do SRQ-20 obteve como resultado uma taxa de TMC de 34.1% entre os participantes, sem, contudo, considerar os cursos separadamente, como no presente estudo (Facundes & Ludemir, 2005).

O presente estudo também mostra que quando verificada a frequência de estudantes ativos e inativos dos cursos da área da saúde, o curso de Farmácia obteve os melhores resultados, sendo 68.4% estudantes ativos e 31.6% estudantes inativos. O curso de Educação Física teve como resultado 65.8% ativos e 34.2% inativos; Nutrição teve 55.9% ativos e 44.1% inativos; Biologia teve 53.1% ativos e 46.9% inativos; Odontologia teve 45.2% ativos e 54.8% inativos; Enfermagem teve 41.7% ativos e 58.3% inativos.

Os resultados encontrados no curso de Farmácia mostraram que os universitários apresentaram um maior nível de atividade física; no entanto, também apresentou a maior prevalência de TMC. Uma possível explicação para esses achados é que alguns desses estudantes podem estar realizando AF em excesso, em locais e horários inadequados, e isso pode estar contribuindo negativamente com a alta predisposição desses universitários ao desenvolvimento de TMC, visto que a atividade física é benéfica desde que seja realizada na frequência, na intensidade e na quantidade necessária ao bom funcionamento do organismo (Scully, Kremer, Meade, Grahan, & Dudgeon, 1998), refletindo em pontos positivos para a boa saúde mental.

Dentre os resultados de prevalência de TMC o menor encontrado foi no curso de Nutrição, sendo que possível hipótese para o resultado encontrado é que os universitários do curso estão conseguindo um equilíbrio fundamental entre suas atividades do quotidiano, que inclui os estudos e outras tarefas diárias, e a prática adequada e regular de atividade física.

Os estudantes concluintes (2 últimos períodos) dos cursos apresentaram maior inatividade (58.5%), os iniciantes apresentaram 44.7%, com associação significativa (OR= 0.575, IC95%: 0.337−0.980). Resultados parecidos foram encontrados em outros estudos (Bray & Born, 2004; Silva et al., 2007) respetivamente no Canadá e no Brasil, que identificaram a presença de estudantes mais ativos no início do curso que no término. Uma possível explicação seria que no início da vida académica os estudantes tentam equilibrar a vida de estudante com a vida pessoal e ao se aproximar do término do curso eles tendem a reduzir seu NAF devido à redução de horas e/ou dias disponíveis (devido a estágio, entrega de trabalho de conclusão de curso e ofertas de emprego), que pode influenciar inicialmente na frequência e na intensidade da prática de atividade físi­ca e posteriormente na ausência dela (Silva et al., 2007). Logo estar no período inicial é um fator de proteção para ser considerado ativo.

Neste estudo a prevalência de TMC foi maior no sexo feminino (47.6%) comparativamente com o masculino (34.7%), no entanto sem uma diferença estatisticamente significativa (p= 0.085). Resultados parecidos foram encontrados no estudo de Lima et al. (2006), realizado na cidade de Botucatu ' São Paulo, onde verificaram a prevalência de TMC em estudantes de Medicina, obtendo como resultado uma prevalência de 47.6% entre as mulheres e 39.7% entre os homens. Outros estudos realizados em Pernambuco com cursos da área de saúde (Facundes & Ludemir, 2005) e realizado em uma universidade da Bahia (Almeida et al., 2007) comprovam o resultado encontrado na população de universitários.

As características sociodemográficas foram apresentadas para caracterizar a amostra, além de terem sido utilizadas na realização das associações com o objetivo da pesquisa. Não houve associação estatisticamente significativa entre as condições sociodemográficas, o NAF e a SM dos universitários. A possível explicação é que devido o grupo de estudantes serem homogéneos em suas características sociodemográficas e económicas, as pequenas diferenças perderam sua importância; isso também aconteceu no estudo de Fiorotti et al. (2010) que verificavam TMC em estudantes de Medicina e no estudo de Lima et al. (2006) que verificaram a prevalência de fatores de risco para a saúde mental de estudantes de Medicina.

No entanto a variável de situação laboral apresentou uma tendência, quando considerada na associação aos níveis de atividade física, os estudantes que trabalham foram identificados como mais ativos (59.7%), os universitários que não trabalhavam (44.9%) foram indicados como ativos. Isso pode ter acontecido devido à prática de atividade física realizada muitas vezes na própria função laboral que acaba por favorecer a prática regular de atividade física de universitários que trabalham. O resultado encontrado indicou uma tendência, talvez se o número da amostra fosse maior ou se abrangesse uma quantidade de indivíduos mais velhos o resultado encontrado pudesse ser significativo.

A categorização dos níveis de AF pode ter sido uma limitação dos instrumentos do estudo, talvez por não deixar explicito os dados encontrados com a aplicação do IPAQ e sua classificação antes da categorização, o que impede o conhecimento dos dados agrupados e da distribuição exata em cada uma delas (Guedes et al., 2006; Rodrigues et al., 2008). Deve ser considerado ainda que a equivalência das variáveis investigadas possa variar em função da percentagem da amostra (Hallal et al., 2005).

CONCLUSÕES No presente estudo foi encontrada associação significativa entre os níveis de atividade física e saúde mental dos estudantes universitários dos cursos de saúde da UFAL, onde os estudantes classificados como inativos apresentaram três vezes mais possibilidades de desenvolver transtorno mental comum que os estudantes universitários ativos. Esse resultado contribui como evidência que o período de graduação pode ser uma fase de risco para os universitários, seja devido aos diversos estressores, à ausência de hábitos saudáveis, e à pouca e/ ou inadequada prática de AF durante esse período.

Logo é de fundamental importância para a saúde dessa população que sejam elaboradas estratégias de prevenção e intervenção voltadas para esse grupo populacional, sobretudo considerando programas de atividade física como propostas para esse grupo na universidade.

Futuras pesquisas podem contribuir para uma melhor compreensão dos fatores de risco e seus efeitos no desenvolvimento de TMC e sua relação com o nível de atividade física em diferentes cursos universitários, visto que cada curso apresenta características próprias e, no entanto, compartilham de condições comuns que podem comprometer a saúde e prática de hábitos saudáveis dos estudantes durante a sua formação académica.


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