Fracturas atípicas do fémur associadas com toma prolongada de bifosfonatos
INTRODUÇÃO
A osteoporose está associada a uma morbi-mortalidade significativa.
Aproximadamente metade das mulheres com mais 50 anos vão ter uma fractura
osteoporótica e uma em cada 5 morre aos 12 meses apos fractura[1]. Recentemente
foi descrita uma associação entre a toma prolongada de bifosfonatos e as
fracturas atípicas fémur - fracturas subtrocantéricas ou diáfise femoral,
transversas ou traço obliquo curto, sem história trauma ou trauma minor, sem
cominução. A FDA adverte para a interrupção da terapêutica com bifosfonatos ou
outra medicação anti-reabsortiva em doentes com episódio de fractura[2].
CASO CLÍNICO
Mulher, 70 anos, medicada há mais de 5 anos com Bifosfonato oral para
tratamento de osteoporose documentada. Episódio de queda em junho de 2008, com
trauma minor, de que resultou fractura diafisária fémur direito (fractura
completa traço transverso) - submetida a osteossíntese com encavilhamento
endomedular - manutenção terapêutica habitual (Figura_1). Novo episódio de
queda em fevereiro 2011 associado a trauma minor de que resultou fractura
diafisária fémur esquerdo - fractura completa traço transverso - submetida
também a encavilhamento endomedular. Optou-se então pela suspensão da
terapêutica habitual com bifosfonatos, início de terapêutica alternativa para a
osteoporose (Figuras_2 e 3).
DISCUSSÃO
Os bifosfonatos têm sido largamente usados e recomendados no tratamento de
osteoporose e prevenção de fracturas associadas[3].
Desde 2005, começou a ser descrita uma associação entre a toma prolongada de
bifosfonatos e susceptibilidade para fracturas[4]. Foram descritos padrões
específicos deste tipo de fracturas, especialmente - fracturas subtrocantéricas
ou diáfise femoral, transversas ou traço obliquo curto, sem história trauma ou
trauma minor, sem cominução[5]. Existe assim, evidência que a terapia
prolongada com bifosfonatos está associada a um aumento do risco de fracturas
subtrocantéricas ou diáfise femoral, sendo no entanto o risco absoluto deste
tipo de fracturas baixo. Deve haver uma avaliação individual do risco de
fractura quando se considera um tratamento continuado com bifosfonatos. Pode
mesmo ser apropriado uma pausa na toma destes fármacos quando a duração
cumulativa ultrapasse os 5 anos[1]. Em doentes com terapia prolongada que
apresentem um episódio de fractura atípica femoral, recomenda-se estudo
radiológico do fémur contralateral, suspensão da terapia com bifosfonatos e
considerar mesmo fixação profiláctica contra-lateral[6].