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National varietyEu
Year2015
SourceScielo

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Como publicar em revistas médicas: regras básicas para autores I EDITORIAL Como publicar em revistas médicas regras básicas para autores I How to publish in medical publications basic rules for authors I

Jorge Penedo Editor Chefe da Revista Portuguesa de Cirurgia Correspondência

PUBLISH OR PERISH O desafio e o interesse pela publicação científica têm vindo a crescer exponencialmente nos últimos anos. Este é um movimento internacional que se tem vindo a consolidar nas últimas décadas, sendo bem visível pelo número crescente de artigos que as principais revistas médicas internacionais têm vindo a receber.

Os números da publicação cirúrgica portuguesa ainda são razoavelmente baixos quer nas publicações nacionais quer internacionais. Tem contribuído para tal uma preocupação dos serviços essencialmente focada na atividade assistencial e não tanto na atividade de investigação e de publicação.

Temos assistido no entanto, nos últimos anos, a uma maior dinâmica dos cirurgiões portugueses no domínio da publicação científica por várias ordens de razões:

* Contágio das boas práticas internacionais; * Maior ligação dos serviços hospitalares a instituições universitárias * Aumento do número de cirurgiões motivados para a investigação clinica * Aparecimento da Revista Portuguesa de Cirurgia colmatando um espaço até à data inexistente na publicação nacional.

Importa pois desenvolver o potencial de publicação dos cirurgiões portugueses pela divulgação de um conjunto de regras essenciais para quem queira publicar os seus trabalhos.

A principal regra da publicação é a de que deve ser publicado o artigo cujo conteúdo científico seja relevante e inovador. As maiores revistas internacionais têm taxas de rejeição entre os 90 e os 95%. Cerca de 50% dos manuscritos não chegam sequer à fase de revisão, sendo recusados de imediato pelo corpo editorial.

De seguida importa conhecer as regras básicas da publicação científica. E sobre este tema que começar por conhecer aquele que é atualmente reconhecido como um dos documentos essenciais neste domínio: Recommendations for the Conduct, Reporting, Editing and Publication of Scholarly Work in Medical Journals produzido pelo International Committee of Medical Journal Editors (http:// www.icmje.org/about-icmje/faqs/_icmje-recommendations/). Grande parte das principais revistas médicas seguem estas recomendações pelo que o seu conhecimento é de todo essencial.

Relacionado com este tópico também que conhecer antecipadamente as instruções aos autores da revista onde se pretende publicar. Uma leitura atenta destas instruções possibilita o ganho de tempo no início do ciclo de publicação e evita pedidos desnecessários de documentos, formatações erradas, modelos desajustados e outras incoerências com as instruções existentes que podem redundar no limite numa recusa precoce de publicação.

Outro tema sempre polémico é o que se prende com a autoria do artigo. A autoria inapropriada é hoje reconhecidamente uma prática. Este tema tem tal importância que o COPE (Committee on Publication Ethics) (http:// publicationethics.org/resources/code-conduct) define claramente quais as principais regras a seguir. De uma forma resumida as principais regras a seguir quanto á autoria passam por:

* são autores quem teve um contributo intelectual na conceção do artigo, quem participou na análise dos dados, o redator ou revisor e quem aprova a versão final; * a ordem dos autores não tem nenhuma regra fechada e resulta do acordo entre os autores; * a denominada autoria honorária é considerada prática e de evitar; * com exceção de artigos resultantes de estudos multicêntricos ou de guidelineso número de autores não deve ser excessivo, havendo mesmo várias revistas que limitam o número de autores; * é considerado boa prática referir qual o papel desempenhado por cada autor no trabalho apresentado.

Globalmente os manuscritos cirúrgicos dividem-se em três grandes grupos: casos clínicos, artigos de revisão e artigo de investigação/ original. A sua relevância é claramente diferente tal como a sua estrutura organizativa. As exigências e os modelos de revisão são normalmente diferentes não querendo dizer com isso que haja modelos a quem se aplica maior ou menos exigência. O autor ao iniciar a conceção do artigo deve decidir o que quer comunicar e decidir qual o tipo de artigo que melhor se adapta à sua pretensão. As instruções aos autores tipificam as diferentes regras (dimensão, número de tabelas, numero de imagens, referências bibliográficas, etc.) para cada tipo de artigo que devem ser conhecidas e seguidas pelos autores A escrita e o estilo utilizado é igualmente relevante. Afirmava o Conde de Buffon em 1753: Os que escrevem como falam, mesmo que falem bem, escrevem mal.

O título é essencial, devendo ser claro e referir a natureza do estudo. Não deve conter referências à instituição ou instituições onde ocorreu o estudo nem utilizar sublinhados ou realces.

O resumo deve ser curto, objetivo e resumir de forma clara o manuscrito. Não devem utilizar-se abreviaturas nem referências. As palavras-chave são essenciais para uma boa pesquisa pelo que devem traduzir claramente os principais tópicos do artigo. O sistema MeSH (Medical Subject Headings) da U.S.

National Library of Medicine (https://www.nlm.nih.gov/mesh/authors.html) é muito divulgado e facilita muito uma pesquisa mais eficaz dos artigos. A sua utilização pode ajudar a uma maior projeção do artigo.

O plágio é uma prática infelizmente ainda presente na publicação científica.

E atente-se que quando nos referimos a plágio não nos estamos somente a referir a cópias integrais de artigos. A utilização não referenciada de trechos de outras publicações é considerada plágio e constitui motivo de recusa de publicação. Atentem os mais incautos que, atualmente, a maioria das revistas indexadas utilizam poderosos motores de revisão de texto que detetam com enorme facilidade textos plagiados.

A língua utilizada é outro dos tópicos essenciais na publicação científica.

Numa primeira opinião a utilização, no nosso caso, da língua portuguesa constitui uma premissa aparentemente indiscutível. No entanto, se considerarmos que uma das principais motivações para publicar, é o de aumentar o Conhecimento e divulgar descobertas, facilmente se entende que, quanto mais universal for a língua utilizada, maior divulgação se obterá do manuscrito produzido. É esse o motivo pelo qual a Revista Portuguesa de Cirurgia estimula todos os autores a publicar em inglês, como forma essencial para aumentar quer o Fator de Impacto da revista quer o Fator H de cada autor (http://researchguides.uic.edu/ c.php?g=252299&p=1683205).

Independentemente da língua utilizada a correção ortográfica e gramatical é essencial pelo que deve assumir a redação final com especial cuidado.

Estas são algumas regras básicas que devem ser conhecidas por quem pretende publicar em revistas científicas. A Sociedade Portuguesa de Cirurgia tem vindo ao longo dos últimos anos a empenhar-se neste tema pretendendo-se que a Revista Portuguesa de Cirurgia constitua um contributo para a divulgação da Cirurgia portuguesa e o reconhecimento do seu trabalho e da sua pujança. Publicar é hoje uma obrigação de todos os serviços e dos cirurgiões portugueses. Contamos convosco e com os vossos trabalhos.

Correspondência: JORGE PENEDO e-mail: jrgpenedo@gmail.com


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