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EuPTCVHe1647-21602014000200004

EuPTCVHe1647-21602014000200004

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN1647-2160
Year2014
Issue0002
Article number00004

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Burnout e interação trabalho-família em enfermeiros: Estudo exploratório com o Survey Work-Home Interaction Nijmegen (SWING) Burnout e interação trabalho-família em enfermeiros: Estudo exploratório com o Survey Work-Home Interaction Nijmegen (SWING)

Introdução Dados recentes da European Agency for Safety and Health at Work (2013) revelaram que 51% dos profissionais da União Europeia referem a existência de stress no seu trabalho, valor que antes de 2010 se situava nos cerca de 20%, sendo também notória a existência de sobrecarga horária, referida por 66% dos inquiridos.

Uma das consequências do stress crónico no trabalho é o burnout, fenómeno que pode ser considerado um problema de saúde mental para o trabalhador e que tem sido alvo de extensa investigação desde a década de 70 até à atualidade (Braunstein-Bercovitz, 2013; Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001). Definido como o síndrome da exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional (Maslach et al., 2001), o burnout afeta não os profissionais, mas também as instituições, pela diminuição da produtividade e consequências na saúde do trabalhador, mas também pela influência negativa na qualidade dos serviços prestados. Os enfermeiros constituem um grupo suscetível de risco para o desenvolvimento de stress e de burnout, pois na sua atividade laboral sobrepõe-se fatores pessoais, profissionais e organizacionais que conduzem ao burnout (Borges & Ferreira, 2013; Queirós, Carlotto, Kaiseler, Dias & Pereira, 2013; Westermann, Kozak, Harling & Nienhaus, 2014). Alguns estudos revelam que na enfermagem o burnout está relacionado com uma pior saúde física e psicológica, maior número de baixas médicas, insatisfação profissional, intenção de abandonar a profissão e conflito trabalho-família (Anagnostopoulos & Niakas, 2010; Westermann et al., 2014).

A sobrecarga do horário laboral é também um fator que pode desencadear burnout, mas, sobretudo, pode interferir com o equilíbrio entre o trabalho e a família.

Ora, na sociedade atual o trabalho e a família constituem os principais papéis da maioria dos adultos e, inicialmente, as investigações sobre o tema centraram-se na perspetiva negativa da relação entre o trabalho e a família, nomeadamente, no conflito trabalho-família. Este foi definido na década de 80 como um conflito inter-papéis ocorrido quando as exigências do trabalho e da família são mutuamente incompatíveis, dificultando o desempenho de ambos os papéis (Greenhaus & Powell, 2006). O interesse crescente da investigação na conciliação entre a vida profissional e familiar deve-se às consequências negativas da dificuldade em conciliar estes dois domínios, mas também devido aos benefícios associados ao desempenho de ambos os papéis (Greenhaus & Powell, 2006; Mcnall, Nicklin & Masuda, 2010). De facto, o conflito trabalho-família reduz a satisfação com a vida, a satisfação conjugal e o bem- estar psicológico, aumentando problemas de saúde mental como depressão, burnout e abuso de substâncias ou álcool (Amstad, Meier, Fasel, Elfering & Semmer, 2011; Braunstein-Bercovitz, 2013; Liu, Zhan & Shi, 2010). a interação positiva entre o trabalho e a família está associada à eficácia profissional, satisfação profissional e familiar e um maior bem-estar (Mcnall et al., 2010; Rantanen, Kinnunen, Mauno & Tement, 2013).

Com o desenvolvimento da Psicologia Positiva e o enfoque nas forças individuais, a investigação privilegiou a perspetiva positiva da relação entre o trabalho e a família, designada por facilitação/enriquecimento trabalho- família, onde "(...) as experiências de um papel melhoram a qualidade do domínio do outro papel" (Greenhaus & Powell, 2006, p.73). Para ambas as perspetivas, a relação trabalho-família tem uma natureza bidirecional, isto é, o trabalho tem influência na família, assim como a família tem influência no trabalho (Greenhaus & Powell, 2006). Relativamente à prevalência da interação trabalho-família, estudos revelam que a interação trabalho-família negativa é superior à interação família-trabalho negativa, e a interação família-trabalho positiva é superior à interação trabalho-família positiva (Geurts et al., 2005; Marais, Mostert, Geurts & Taris, 2009).

Os instrumentos que avaliam a relação entre o trabalho e a família geralmente privilegiam apenas a influência do trabalho na família ou a dimensão negativa desta interação e raramente a dimensão positiva. Para superar estas limitações, Geurts e colaboradores (2005) desenvolveram o Survey Work-Home Interaction- Nijmegen (SWING), que permite avaliar de forma integrada ambas as dimensões da interação trabalho-família (positiva e negativa), considerando igualmente a sua bidirecionalidade. Neste modelo teórico a interação trabalho-família é definida (Geurts, et al., 2005, p.322) como "(...) um processo em que o funcionamento (comportamento) do profissional num domínio (e.g. casa) é influenciado pelas reações (positivas ou negativas) que foram desenvolvidas no outro domínio (e.g.

trabalho)".

Inicialmente, o SWING era composto por 27 itens, distribuídos por quatro sub- escalas, que após análise fatorial exploratória e confirmatória foram reduzidos para 22 itens organizados em quatro subescalas de interação: trabalho-família negativa (oito itens), família-trabalho negativa (quatro itens), trabalho- família positiva (cinco itens) e família-trabalho positiva (cinco itens).

Verificou-se (Geurts et al., 2005) que as quatro subescalas apresentam uma boa consistência interna, com valores de alfa de Cronbach acima de 0.75, e que o modelo de quatro fatores que distingue quer a direção (trabalho-família ou família-trabalho), quer a qualidade (positiva ou negativa) da interação, é o que apresenta um melhor ajustamento. A validade convergente do SWING foi confirmada pela sua relação com variáveis externas, teoricamente relevantes, como as características do trabalho e da família, e indicadores de saúde e bem- estar. Este instrumento foi adaptado e validado para outros países como França (Lourel, Gana & Wawrzyniak, 2005), Espanha (Jiménez, Vergel, Muñoz & Geurts, 2009) e África do Sul (Marais et al., 2009) todos com propriedades psicométricas satisfatórias, confirmando o modelo de quatro fatores, apresentando uma boa consistência interna (valores de alpha entre 0.73 e 0.90 e apresentando correlações com variáveis do trabalho e da família e indicadores de bem-estar (Jiménez et al., 2009; Marais et al., 2009). Assim, o SWING parece ser até este momento o melhor instrumento de avaliação da relação entre o trabalho e a família, pois distingue quer a direção quer a qualidade da influência.

Em Portugal encontram-se ainda poucos estudos sobre a interação trabalho- família, analisando apenas uma das interações ou num contexto pouco relacionado com o burnout (Tavares, Caetano & Silva, 2007; Vieira, Lopez & Matos, 2013).. Este trabalho tem como objetivo explorar as propriedades psicométricas do SWING numa amostra de enfermeiros, e conhecer a prevalência da interação trabalho-família e sua relação com o burnout. Espera-se que o instrumento apresente boas qualidades psicométricas no modelo de quatro fatores e que se correlacione significativamente com o burnout, de acordo com a especificidade das dimensões de cada instrumento.

Metodologia Participantes Foram inquiridos 307 enfermeiros de hospitais públicos e centros de saúde do litoral norte de Portugal, maioritariamente do sexo feminino (83%), casado ou em união de facto (70%), com filhos (67%) e com idades compreendidas entre os 25 e os 58 anos (M= 38,1 e DP = 8,1). Relativamente à formação académica, a maioria detinha o grau de Licenciatura (78%), seguindo-se a Pós-Graduação ou Mestrado (14%) e por último o Bacharelato (7%), desempenhando funções em hospitais (72%) ou centros de saúde (28%), maioritariamente a trabalhar por turnos (57%) e durante 35 horas por semana (91%). Foram distribuídos 476 questionários, dos quais foram devolvidos 307 (taxa de devolução de 65%).

Instrumentos Foi aplicado um questionário demográfico e profissional construído para este estudo, recolhendo dados sobre o sexo, idade, estado civil, existência de filhos, habilitações literárias, local de trabalho, tipo de horário de trabalho e número horas de trabalho semanal. Foi ainda utilizado o Maslach Burnout Inventory (Maslach & Jackson, 1997), constituído por 22 itens que avaliam as três dimensões do burnout (exaustão emocional, despersonalização e realização profissional), numa escala de Likert de sete pontos que varia entre zero ("Nunca") e seis ("Todos os dias"). Por fim, foi usado o questionário de Interação Trabalho-Família Survey Work-Home Interaction Nijmen (SWING, Geurts et al., 2005). Após autorização da autora do SWING procedeu-se à tradução para português dos 22 itens e realizou-se o processo de retroversão para inglês e comparação das duas versões. A versão final em português foi submetida a um teste piloto com 30 enfermeiros, com características sociodemográficas semelhantes às da população em estudo (Pereira, Queirós & Geurts, 2010).

Foram questionados quanto à compreensão dos itens mas não foi necessário realizar alterações. O SWING avalia a direção e qualidade da interação entre o trabalho e a família numa escala de Likert de quatro pontos que varia entre zero ("Nunca") e três ("Sempre").

Procedimento Após autorização formal das instituições foram contactados os Enfermeiros-Chefe dos diferentes serviços, nos hospitais e centros de saúde, para explicar os objetivos do estudo e identificar o número de enfermeiros por cada instituição.

Em seguida, foram entregues a cada Enfermeiro-Chefe os questionários, a declaração de consentimento informado e uma cópia do ofício de autorização do estudo. Cada Enfermeiro-Chefe ficou responsável pela distribuição e recolha dos questionários pelos respetivos colegas, num envelope comum colocado num local específico, de forma a garantir a confidencialidade dos dados. Os participantes foram voluntários, sendo sugerido preencher o questionário no local de trabalho, num espaço privado e em tempo livre, unicamente para evitar que ao levarem os questionários para fora do local de trabalho se esquecessem de os devolver. Aos participantes que pediram para preencher fora do local de trabalho, tal foi permitido, lembrando a sua entrega posterior, de forma a não baixar a taxa de devolução. A recolha foi efetuada dois meses após a entrega dos questionários. O tratamento e análise dos dados foram realizados no programa SPSS (versão 20.0 para Windows) para as estatísticas descritivas e verificação do alfa de Cronbach e no programa AMOS (versão 18.0 para Windows) para a realização da análise fatorial confirmatória.

Resultados No que se refere à prevalência do burnout e da interação trabalho-família, bem como sua correlação, verifica-se (Tabela_1) que os enfermeiros reportam maior interação trabalho-família negativa do que interação família-trabalho negativa, e maior interação família-trabalho positiva do que interação trabalho-família positiva. No que se refere ao burnout, apresentam níveis de realização profissional elevados e baixos níveis de exaustão emocional e despersonalização. Existem correlações positivas entre as interações trabalho- família de cada qualidade (e.g. negativa com negativa) e a interação trabalho- família negativa correlaciona-se, como esperado, com o burnout. Apenas a interação família-trabalho negativa está negativamente correlacionada com a realização profissional, e quer a interação trabalho-família positiva, quer a interação família-trabalho positiva estão positivamente correlacionadas com a realização profissional.

Relativamente às características psicométricas do SWING, a análise dos itens apresenta um adequado grau de assimetria, sendo no geral assimétricas positivas, e os indicadores de achatamento indicam que não existe uma distribuição normal nos itens. Para a validação da estrutura fatorial do SWING foram testados quatro modelos recorrendo a análises fatoriais confirmatórias.

Em todas as análises os parâmetros foram estimados com base na matriz de variância-covariâncias dos itens da escala e usou-se o método da máxima verosimilhança para a estimativa desses parâmetros. Os fatores foram especificados como variáveis latentes, representando as componentes hipotetizadas por Geurts e colaboradores (2005) e as correlações entre os fatores foram especificadas para serem estimadas livremente. Para se assegurar a identificação estatística do modelo de medida, as variâncias dos fatores foram fixadas em 1,00.

Os quatro modelos fatoriais alternativos foram testados com base na conceptualização de Geurts e colaboradores (2005) e nos estudos de validação fatorial do SWING dos outros países referidos. O Modelo 1 (M1) especifica uma estrutura fatorial constituída apenas por um fator de primeira ordem. Neste modelo, a hipótese é que todos os itens da escala medem apenas uma variável latente. O Modelo 2 (M2) especifica uma estrutura fatorial formada por dois fatores correlacionados relativos à direção da interação (interação trabalho- família vs. interação família-trabalho). O Modelo 3 (M3)especifica uma estrutura fatorial formada por dois fatores correlacionados relativos à qualidade da interação (negativa ou positiva). Finalmente, no Modelo 4 (M4) especificou-se um modelo de quatro fatores correlacionados (interação trabalho- família negativa, interação família-trabalho negativa, interação trabalho- família positiva, interação família-trabalho positiva).

A qualidade de ajustamento global dos modelos foi avaliada através dos seguintes índices: Qui-quadrado (X2), Comparative Fit Index (CFI), Parcimony Comparative Fit Index (PCFI), Tucker-Lewis Index (TLI), Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) e Akaike Information Criterion (AIC). Para a razão / g.l. (qui-quadrado/graus de liberdade), considera-se um valor igual ou menor que cinco, como indicador de um ajustamento adequado (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005). Para o CFI e TLI, valores mais próximos de um indicam melhor ajuste, com 0,90 como o valor de referência para aceitação do modelo (Hair et al., 2005). Valores de PCFI a partir de 0,6 indicam um adequado ajustamento (Marôco, 2010). Quanto ao RMSEA, considera-se que quanto mais próximo este índice for de zero, melhor o ajuste do modelo hipotético aos dados; admitem-se valores até 0.10, mas, geralmente, o ponto de corte é de 0,08 (Hair et al., 2005). Por fim, quanto ao AIC, para comparar modelos, o que apresenta o valor mais baixo é escolhido como o modelo que melhor se ajusta aos dados.

Os resultados (Tabela_2) mostram que o Modelo 4 apresenta índices de ajustamento razoáveis, ajustando-se significativamente melhor aos dados do que os restantes três modelos, cujos valores dos índices de ajustamento estão muito aquém de serem aceitáveis. Todavia, apresenta valores de CFI e de TLI reveladores de um ajustamento razoável. Assim, realizou-se uma análise suplementar a este modelo, com o objetivo de verificar possíveis relações entre as variáveis do modelo que uma vez estimadas, melhorassem o seu ajustamento. A análise dos índices de modificação mostrou a existência de correlações entre os erros de medida de duas variáveis (M4: e18 vs. e22). Quando se especifica no modelo as correlações entre estes erros de medida a serem estimadas livremente (Modelo 4a), o ajustamento aos dados do modelo hipotetizado melhora, com um aumento significativo relativamente ao modelo nos quais os erros de medida não estavam correlacionados (X2 = 452.96, sendo o menor valor df = 202, CFI = 0,90, PCFI = 0,79, TLI = 0,89, RMSEA = 0,06 e AIC = 598.98). Globalmente, os indicadores de ajustamento revelam um ajustamento bom para o Modelo 4a revelando que a estrutura fatorial com quatro fatores correlacionados é a melhor para traduzir a estrutura fatorial do SWING.

Como era expectável, os itens apresentam valores fatoriais (loadings) elevados e significativos no fator para o qual foram especificados, e existem correlações significativas entre os fatores que seguem o sentido esperado. A Figura_1 apresenta os parâmetros padronizados (coeficientes estandardizados) estimados para o modelo fatorial em hipótese e que revelou melhor ajustamento.

Também se examinou a fiabilidade das quatro dimensões do SWING calculando a sua consistência interna através do alpha de Cronbach, bem como o valor de correlação inter-item. Os valores de alpha obtidos (Tabela_3) são adequados pois variam entre 0,72 e 0,86, sendo moderados e estando acima dos 0,70 habitualmente recomendados na análise estatística. Estes valores são semelhantes aos valores obtidos na versão original do questionário, bem como nas versões francesa, espanhola e sul-africana.

Foram também verificados os valores e média das correlações inter-item, bem como os valores das correlações item-total. Os valores máximos das correlações inter-item cumprem na generalidade os critérios de Hair e colaboradores (2005), que referem o valor ideal como superior a 0,30. Este resultado é reforçado pelos valores da média das correlações inter-item que se aproximam dos valores habitualmente referenciados e que variam entre 0,20 e 0,40. Por fim, os valores das correlações item-total seguem o critério de Hair e colaboradores (2005), que referem um valor ideal como superior a 0,50.

Discussão Neste estudo apresenta-se a adaptação e validação do questionário SWING numa amostra de enfermeiros portugueses, sendo também analisada a prevalência da interação trabalho-família e sua relação com o burnout. Encontraram-se resultados de prevalência baixos mas semelhantes aos de estudos anteriores (Geurts et al., 2005; Marais et al., 2009) e correlações entre burnout e interação trabalho-família também obtidos noutros estudos (Braunstein- Bercovitz, 2013; Marais et al., 2009). Os baixos valores de prevalência de burnout e de interação encontrados podem ser explicados pelo facto de os participantes terem sido voluntários, não se tendo uma amostra representativa.

A versão portuguesa apresenta características psicométricas satisfatórias no que se refere à fiabilidade e validade, sendo os resultados concordantes com os da versão original holandesa (Geurts et al., 2005) e das versões francesa (Lourel et al., 2005), espanhola (Jiménez et al., 2009) e sul-africana (Marais et al., 2009). Neste estudo, o modelo de quatro fatores correlacionados, que distingue quer a direção, quer a qualidade da interação trabalho-família revelou ser, de todos os modelos analisados, o que melhor se adequa aos dados, tal como os resultados obtidos na versão de Geurts e colaboradores (2005).

Quanto à fiabilidade, as quatro subescalas da adaptação portuguesa apresentam valores moderados e adequados a uma boa consistência interna, sendo semelhantes aos valores da versão original e das demais adaptações anteriormente mencionadas. Assim, o SWING demonstra ser um bom instrumento de medida da interação trabalho-família em toda a sua extensão, permitindo conhecer e intervir na interação trabalho-família.

Conclusões A psicologia da saúde ocupacional foca-se na melhoria da qualidade de vida no trabalho, identificando fontes de stress e de risco na proteção e promoção da segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores, pelo que o burnout e a interação trabalho-família constituem domínios indispensáveis na abordagem de questões relacionadas com a saúde ocupacional. Apesar da amostra inquirido apresentar baixos valores de burnout e de interação negativa reduzida, as qualidades psicométricas do SWING são satisfatórias, sugerindo que o questionário pode ser utilizado no contexto da enfermagem. De facto, as condições nas quais esta atividade é exercida podem potenciar uma influência negativa do trabalho na família, dificultando o repouso, e a longo prazo desencadeando burnout e diminuição da qualidade dos cuidados prestados, o que pode ter implicações na prática clínica dos enfermeiros.

Este estudo tem algumas limitações, nomeadamente associadas à utilização das medidas de auto-relato, nas quais o SWING se enquadra. Deste modo, em futuras investigações sugere-se a utilização de outras fontes de informação (e.g.

conjugue, colegas, chefe) e posterior comparação de resultados. Sugere-se igualmente a realização de estudos que incluam amostras de outras categorias profissionais de forma a confirmar a estrutura fatorial do SWING. Uma última limitação consiste na tipologia transversal do estudo que não permite estabelecer relações causais. Assim, sugere-se a realização de estudos longitudinais que analisem a relação entre as subescalas do SWING e os seus antecedentes e consequências. Pode-se concluir que a versão portuguesa do questionário SWING apresenta os requisitos necessários em termos de consistência interna e validade fatorial, estimulando o seu uso na avaliação da interação trabalho-família em enfermeiros, pois pode ser útil para conhecer a realidade profissional dos enfermeiros.


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