Ilusão do amor tardio e desencanto agressivo: A história de um idoso em
contexto hospitalar
Introdução
O presente estudo de caso tem por base a dificuldade de relação com os doentes
agressivos. A agressão é entendida como defesa que tem na génese a motilidade
(Winnicott, 2000), sendo, por isso, expressa através da agressividade (inibida
ou expressa).
"Se examinarmos as raízes da agressividade, temos que levar em conta: 1.
a raiz instintual da destrutividade, que é inerente ao impulso amoroso
primitivo; 2. a motilidade (erotismo muscular) como manifestação do estar-vivo;
3. a reação à falha ambiental, que interrompe a linha do ser e traumatiza; 4.
num momento posterior, dentro ainda dos chamados estágios iniciais, a
destrutividade no anger [raiva], que leva à criação da externalidade e ao uso
do objeto [no caso presente os profissionais de saúde] como uma entidade por
seu próprio direito" (Dias, 2000, p. 14).
A agressividade remete, então, para uma área de funcionamento muito primitiva
da pessoa. Este retorno funcional desvela uma resposta à frustração (Dias,
2000; Winnicott, 2000) e a sua compreensão permite orientar a intervenção
sempre que o doente manifeste este tipo de comportamento.
Quando por um motivo ou outro, como é a doença, o doente sente a sua
integridade pessoal ameaçada (Pinto, 2013; Pinto e Queirós, 2013), pode
apresentar-se narcisicamente comprometido e como nos refere Uji, Nagata, &
Kitamura, (2012, p.228) sempre que tal acontece o narcisismo assume-se como
"externalização e desligamento. Esse estilo cognitivo pode proteger o
individuo de ter o seu ou a sua autoestima abalada".
A externalização tem como fonte a projeção dos aspetos mais angustiantes e
ameaçadores para o individuo e o seu uso pode ser entendido como o descartar da
angústia que o invade através da descarga dos acúmulos de energia (Freud, 1911/
1980a), embora para o recetor possa apresentar-se como uma dificuldade
relacional acrescida.
O desligamento envia-nos, por seu lado, para um evitamento da comunicação ou
mesmo para um ataque ao vínculo relacional onde o indivíduo mostra
agressividade mas pretende proteger verdadeiramente proteger o seu eu em risco.
Este processo emparelha indelevelmente com os padrões de vinculação uma vez que
a instalação do trauma parece relacionar-se com a personalidade e esta com o
processo de vinculação estabelecido previamente (Bowlby, 1990). Neste sentido,
Schore (2000, 2002) considera que o padrão de vinculação inseguro
desorganizado-desorientado é o mais vulnerável e atreito a vividos traumáticos
decorrentes de situações de stress relacional ao longo do curso da vida.
Pérez, Abrams, López-Martínez, & Asmundson (2012) relacionam a exposição ao
trauma e o aparecimento de sintomas físicos com a hiperexcitação e os sintomas
depressivos. Hovens, et al. (2010) referem que os traumas da infância se
relacionam fortemente com perturbações de ansiedade e sintomas depressivos nos
adultos
Assim o propósito do presente estudo é partir da análise de uma vinheta clínica
de um doente agressivo e tentar perceber a comunicação complexa analógica e
digital (Watzlawick et al. 1993; Alarcão, 2006) no seu comportamento, fazendo
uma leitura teórico conceptual que embora lacunar possa ajudar os profissionais
de saúde a lerem o comportamento agressivo a partir da história pessoal do
doente (Pinto e Queirós, 2013).
O presente artigo enquadra-se na metodologia de estudo de caso, que Yin (2010,
p.39) preconiza "quando desejasse entender um fenómeno da vida real em
profundidade, mas esse entendimento englobasse importantes condições
contextuais...". No caso presente, propormo-nos partir do vivido
analógico e digital expresso pelo doente, de modo a possibilitar a compreensão
e a posterior conceptualização da situação e dos padrões de relação a
estabelecer com a pessoa.
Apresentação do Caso
"Sr. António" era um idoso de 92 anos que cuspia e chamava impropérios a todos
os profissionais cuidadores que dele se aproximassem, colocando-se
habitualmente de costas em posição fetal. Na enfermaria todos o achavam um
doente difícil e agressivo. Uma conversa com a família revelou que este homem
era afável e cuidadoso com os seus familiares até ao momento em que se envolveu
amorosamente com uma mulher de meia-idade. A família mostrou-se contra o enlace
e o idoso acabou por se afastar desta, investindo na relação amorosa. Passado
tempo e findas as poupanças do idoso a relação terminou, deixando-o perdido,
confuso, agressivo e doente. Na ânsia de não perder o enlace amoroso o idoso
instala-se em frente da casa da companheira, passando a noite ao relento, tendo
adoecido em consequência deste seu ato desesperado. Só lhe resta a raiva como
elemento comunicacional que lhe resguarda a honra e o protege da perda total da
sua integridade pessoal e social tão ferozmente atacada.
...
Um dos grandes propósitos do ser humano, ao longo de todo o curso da sua
existência, parece ser o enlace amoroso com o outro significativo. Pensar o
humano desde o berço (ou mesmo desde a génese) é contextuá-lo na relação com o
outro num enlace confirmatório de si e das suas qualidades. A construção duma
área de encontro entre o bebé e a figura cuidadora apresenta-se como um
elemento central do desenvolvimento humano saudável (Mahler, 1981; Mahler,
Pine, & Bergman (1993; Spitz, 1979; Houzel, 1995, 1998). O propósito é a
construção de um Eu autónomo e capaz de lidar, por um lado, com a adversidade
e, por outro, com a intimidade relacional. Um aspeto e outro só na aparência
dos percursos virtuosos se apresentam singelos e conseguidos. Qualquer
perturbação sentida como demasiada pode questionar os alicerces e colocar o
indivíduo num registo onde a sua integridade pessoal fica ameaçada (Pinto e
Queirós, 2013).
Esta construção é lenta e difícil, questionando e testando o sujeito a par e
passo. Bion (1987) diz-nos que a individualidade incrementa a identidade mas
esfria a pessoa, tendendo esta a procurar de novo o grupo para sentir o calor
dos iguais em troca da perda de alguma identidade. Esta dialética indivíduo-
grupo está presente na caminhada da vida e questiona cada ser a par e passo,
deixando-o num desassossego inquietante acerca dos limites de si e das regras
que a vida impõe
A individualidade humana está inscrita na sua biologia única mas também se
substancia num vivido que tem na origem a identificação (Freud, 1921/1980b,
p.133), isto é "a mais remota expressão de um laço emocional com outra
pessoa", processo primeiro pelo qual o indivíduo se liga ao outro e dá
significado à vida e a si mesmo. Sabemos que os vividos de identificação se
alicerçam na semelhança e possibilitam a construção da identidade única e
também ela irrepetível (Pinto, 2006).
Por isso, quando alguém se vincula emocionalmente ao outro restabelece este
paradigma de forma incessante num jogo em que a semelhança e a diferença
individual se vai alicerçando e construindo como processo criativo do Eu.
As experiências amorosas são então novos começos onde se ensaiam semelhança e
diferença que confirme cada um dos amantes, introduzindo um sentido de
imortalidade que a condição humana mais realista nega. Esta ilusão amorosa tem
raiz, em nosso entender, na área de ilusão (Winnicott, 2000) com que a mãe
sossega o bebé acerca das suas vulnerabilidades com um "eu estou aqui, nada de
mal te acontecerá". Cada começo instala uma outra vez este sentimento de
eternidade e, na ilusão, o individuo dá sentido emocional à sua existência
humana, sabendo, no entanto, no mais intimo de si, que constrói no enlace tão
somente uma ilusão, pois se nascemos para morrer torna-se urgente a
consciencialização da finitude que nos abre o caminho para um percurso
vivencial em felicidade (Scheler, 2003) onde realidade e fantasia amorosa se
podem enlaçar numa edificação dos seus envolvidos.
A finitude é uma certeza humana dolorosa que leva, muitas vezes à construção de
uma área de ilusão ' verdadeira defesa por omnipotência - como forma de
proteção face à crueza da realidade: Neste contexto, é comum observarmos, no
dia-a-dia pessoas a fazerem movimentos ' verdadeiros acting-outs ' face a
situações que coloquem em risco a sua integridade pessoal, por exemplo
aquisições de bens cujo tempo útil restante já não permite o usufruto. Estes
movimentos pretendem em si negar o óbvio, a vulnerabilidade humana e a sua
finitude.
Neste contexto, o Sr. António parece ter feito um movimento semelhante neste
seu vivido amoroso. A sua entrega acrítica à relação devolve-lhe um sentido
autonómico que lhe permite afrontar a família e a sua dinâmica, em prol de um
"eu desejante" que se afirma no enlace amoroso. O que distingue este idoso dos
adolescentes é o tempo da reparação do potencial dano narcísico (Uji, Nagata,
& Kitamura, (2012) decorrente de uma qualquer falha relacional no enlace.
Enquanto os adolescentes podem, após um processo de luto mais ou menos rápido,
envolver-se de novo, este idoso assume aqui um último assomo de intimidade que
o deixa refém dos outros e de si mesmo.
Ao deixar-se embarcar numa relação acrítica o idoso torna-se refém do par e do
seu capricho e, ao romper com a família, fica ainda mais refém deste,
desequilibrando e perdendo a capacidade negocial que qualquer relação, mesmo
amorosa, deve conter.
A simbiose amorosa depressa resvala para uma comensalidade onde o idoso passa a
ser o elo mais fraco. O assomo da sua individualidade escondia uma dependência
que o tornava vulnerável junto da companheira que pôde fazer uma escalada de
exigências que o levaram a perder até a compostura.
A restrição da rede social do idoso torna-se mais um problema com que tem que
se debater. Perder a companheira vai-se tornando sinónimo de se perder a si
mesmo como ser íntegro. Esta perda, por seu lado, parece ter um sentido
múltiplo, a saber, o idoso:
· Expõe a si e aos outros o logro da relação;
· Fica entregue a si mesmo, frágil, doente e desamparado;
· Instala uma zanga expressa na agressividade que lhe impede qualquer
reparação com os outros e consigo mesmo;
· Comporta-se agressivamente como forma de se defender do sentimento de
humilhação e de aceitação da perda da última oportunidade.
Pensando o idoso e o seu comportamento percebemos a aflição e o comprometimento
do seu Eu nesta aventura amorosa. Falhada a relação só parece restar ao idoso
um de dois caminhos: 1) Assumir a falha e o logro a que se sujeitou; 2) Lutar
consigo e com os outros contra a evidência da falha da relação, do logro, da
humilhação e da perda da última oportunidade.
Assumir a falha e o logro a que se sujeitou parece ser um caminho tortuoso onde
o idoso se expõe uma vez mais sem garantia de não ser humilhado e apontado
pelos demais de forma jocosa e/ou acusadora. Este movimento podia acrescentar
mais vulnerabilidade e humilhação à que já sentira.
Lutar consigo e com os outros contra a evidência da falha expõe o idoso mas,
paradoxalmente, protege-o de um afundamento irremediável do Eu. Enquanto luta e
esperneia vai devolvendo a si mesmo a imagem de quem não cede e de quem ainda
tem força para lutar por si na adversidade. Não o fazer é sucumbir à
passividade que encerra a raiva em si mesmo, instalando autoagressividade e a
autopunição, que mais não é que agressividade revertida contra o próprio.
A agressividade, enquanto elemento expressivo, parece reinstalar um processo
primário de pensamento (Freud, 1911/1980a) onde predomina a descarga dos
acúmulos de tensão e onde o processo de atenção, notação, indagação (Bion,
1991a, 1991b) e decisão (Dias, 1997; 2010) não antecipam a ação. O pensamento
tem como único mediador o desejo de retorno a um estado de acalmia perdida. O
"comportamento automático" parece então dominar as ações empreendidas pelo
idoso.
Freud defendia que este processo de pensamento estava presente no início da
vida e que se mantinha presente no devaneio, no sonho e na sexualidade. O caso
presente tem, pois, contexto próprio para este tipo de pensamento.
Por outro lado, o desenlace amoroso expõe o idoso ao desprazer da falha e do
abandono, deixando-o vulnerável e à mercê do poder do outro, instalando-se uma
relação crescentemente sadomasoquista. Quanto mais o idoso temia perder mais a
companheira podia ganhar. Este processo tem um crescendo que termina com o
abandono do idoso. Este vê-se sozinho, sem posses e sem família. O desespero
parece ter tomado conta de si e num assomo de heroísmo ' qual Romeu ' tenta
recuperar o objeto de amor perdido e perde-se ele próprio no enredo da sua
solidão que se mostra crua e intolerável para si mesmo.
Responde com raiva (descarga dos acúmulos de energia desprazerosa) e alterna
estes assomos com uma posição fetal que desnuda a vulnerabilidade regressiva do
seu comportamento e o corte que se prepara para fazer da sua relação com o
mundo . Apela, por isso, a uma intervenção competente que permita alterar este
curso perturbado de relação, isto é, uma terceira via comunicacional.
A terceira via comunicacional para o doente tem como intermediário os
profissionais cuidadores e a sua capacidade para construir com este uma relação
verdadeiramente terapêutica. Esta tem como elementos preponderantes a família e
o próprio idoso. Sem uma mediação eficaz, a aproximação idoso-família pode
estar comprometida.
Tendo por base a comunicação da família acerca do ocorrido poderíamos acentuar
a diferença dos propósitos e a genuinidade dos afetos da família com o doente,
em contraponto dos que norteavam a mulher com quem o idoso se relacionou, por
exemplo: "Ainda bem que o Sr. António tem uma família generosa ao contrário da
companheira que arranjou. Convosco ele pode contar nesta hora difícil e isso é
fundamental para ele neste momento". O reconhecimento e a vinculação da família
ao idoso possibilita, em nosso entender, uma primeira etapa de aproximação ao
mesmo. Acossado como revela estar, o idoso necessita dum movimento em que se
possa sentir contido pelos seus, mas precisa também de ser tranquilizado na sua
vulnerabilidade histórica recente. O seu temor mostra receio de exposição e de
humilhação e, por isso, importa um trabalho prévio com a família contendo e
transformando as angustias, deceções e raivas desta em relação ao seu familiar.
A família foi abandonada e pode ressentir-se disso. A escuta dos sentimentos da
família ajudarão a integrar o vivido do idoso como um assomo de autonomia, com
todos os custos que ele já suporta. Salientar o sofrimento do idoso, escondido
no comportamento agressivo e na posição fetal que recusa a relação, pode ajudar
a família a condoer-se com o seu idoso e facilitar o reenlace com ele. Uma vez
conseguida esta etapa, importa aproximar idoso e família numa supervisão atenta
que aponte sobretudo aos movimentos de vinculação, por um lado, e aos
movimentos hostis por outro lado.
A capacidade de olhar nos olhos, o tom de voz e o contacto envolvente, bem como
o conteúdo da comunicação serão os elementos definidores do reenlace, tendo por
fundo a variação do tónus corporal que idoso e família vão expressando nas suas
conversas.
O sucesso integrativo deste idoso passa pelo retorno ao seio da sua família
(efetivo ou simbólico), sentida como acolhedora e capaz de ultrapassar o
diferendo prévio.
O reencontro evoca também todo um mundo representacional em cada um dos
interlocutores que ajudarão ao enlace, se os sentimentos hostis tiverem sido
amenizados.
Discussão
O caso presente coloca em questão as duas facetas das relações familiares, a
saber: a vinculação e a exploração (Bowlby, 1990; Soares, 2007).
A vinculação é, em nosso entender, uma relação forte, estável e durável no
tempo que comporta em si mesmo a capacidade de mobilizar comportamentos de
vinculação sempre que a situação o exija. Por isso, ao sentirmos aflição logo
chamamos por alguém que nos é querido e sentido como protetor.
Na situação presente, o corte que o senhor António fez com a família,
privilegiando a exploração, revelou-se desenfreado e, por isso, permite-nos
pensar que o padrão de vinculação deste homem era do tipo inseguro, tendo na
situação crítica mostrado ser de tipo desorganizado-desorientado.
A exploração é uma dimensão importante no ser humano que se alia, quando
equilibrada, à curiosidade. No entanto, sempre que a exploração se revela
desenfreada, não tendo em conta a preservação dos vínculos e da história prévia
assume características próximas do acting-out, isto é, do comportamento mais
primitivo de descarga dos acúmulos de tensão como acima referimos. Neste
sentido, o seu comportamento agressivo tem que ser lido a partir do seu padrão
de vinculação inseguro (Bowlby, 1990) que o revela mais capaz de falar pelo
movimento e pelo corpo e menos capaz de se pensar e antecipar em ação.
A função terapêutica dos profissionais de saúde é, em nosso entender, baseada
no suporte e na transformação destes conteúdos primários, no sentido de
diminuir a paranoia presente que o leva a defender-se dos outros agressivamente
como se de um ataque a si se tratasse.
Quando a ameaça à integridade pessoal está presente o indivíduo defende-se
dela, podendo tornar-se agressivo como resposta ao sentimento de estranheza que
o meio envolvente lhe devolve (real ou projetivamente) e que o faz assumir uma
forma hostil e agressiva de comunicação. A contenção emocional do doente
possibilita introduzir uma crescente capacidade de pensar e aceitar os vividos
mais dolorosos e intoleráveis do idoso, diminuindo a agressão expressa no
movimento (Winnicott, 2000). A dispersão mental (Bion, 1991a; Dias, 2010) do
idoso, caraterizada pelos comportamentos agressivos, domina-o e só a nomeação e
integração desses conteúdos dispersivos e dos factos correspondentes o poderá
sossegar e trazer de volta ao vínculo social e familiar.
Conclusão
Do estudo de caso presente podemos concluir que qualquer comportamento
agressivo encerra dentro de si uma história que apela à decifração. O idoso em
estudo mostrava como a agressividade mais do que exibir poder, escondia
vulnerabilidade e ameaça à integridade pessoal. A solidão a que o idoso se
remetera tornara-o mais frágil e vulnerável e a agressividade era uma defesa
contra a invasão que temia poder acontecer e que o exporia e humilharia ainda
mais.
Concluímos também que só um trabalho articulado com a família e com o idoso
permitiria ajudá-lo a sentir-se reintegrado e menos entregue a si mesmo,
facilitando a substituição das defesas utilizadas por outras menos insinuantes
do ponto de vista relacional. A transformação da angústia interna existente,
através da nomeação e da confirmação do sofrimento do idoso permitiria a sua
acalmia relacional a par do trabalho com as figuras familiares.
Esta conquista teria como ganho o reassegurar do idoso enquanto elemento de
pertença do seu grupo familiar e por outro permitiria aos profissionais de
saúde o ganho de terem ajudado o idoso e a família a fazerem esta aproximação.