A fotografia como retrato da sociedade
Introdução
Nunca houve uma forma de sociedade na história em que se desse uma tal
concentração de imagens, uma tal densidade de mensagens visuais (Berger, 2005:
139). Atualmente, mais do que em qualquer outra época, a imagem, e
particularmente a fotografia, tem uma grande importância no quotidiano da nossa
sociedade. Isso deve-se, essencialmente, ao facto de termos acesso a uma grande
diversidade de imagens no nosso dia a dia e à quantidade de fins para que estas
são utilizadas. Considerando os diferentes média que temos à disposição
diariamente, a comunicação e o desempenho das mais variadas áreas profissionais
e a documentação pessoal de cada indivíduo, percebemos que a fotografia tem um
lugar central e fundamental na sociedade.
Assim sendo, fizemos uma abordagem histórica da imagem fotográfica, desde a sua
origem/invenção até à atualidade, realçando os momentos-chave que contribuíram
para a evolução da fotografia e para a relevância que a mesma adquiriu na
sociedade.
Além disto, tentou-se mostrar que é possível fazer uma leitura sociológica de
vários factos e acontecimentos a partir da imagem, nomeadamente quando
consideramos o retrato, a fotografia documental e o fotojornalismo.
1. O retrato
O retrato foi registando momentos específicos da evolução social, nomeadamente
a elevação progressiva de algumas camadas sociais em direção a um maior
destaque político e social. O aumento do poder económico destas camadas sociais
significou um aumento do consumo e da produção de bens. Assim, ao longo do
tempo foi necessário industrializar a produção do retrato: desde o final do
renascimento (meados do século XVII) era feito com câmaras ' máquinas de
desenho, que correspondem a uma produção artesanal ', evoluindo para uma
produção mecanizada.
A ascensão da classe média começa a verificar-se por volta de 1750, no interior
de um aparelho social que até então pertencia aos aristocratas. Com o
crescimento da camada burguesa e do seu poder material, aumenta a necessidade
desta se afirmar e mostrar o lugar que alcançou (Freund, 2010). Com isso, o
retrato, que desde havia muitos séculos correspondia a um ato simbólico que
permitia aos indivíduos das classes sociais mais elevadas tornarem-se visíveis,
sofre uma democratização. Já antes da Revolução Francesa, o retrato se tinha
tornado uma prática comum entre os burgueses. No entanto, à medida que a
necessidade de afirmação destes aumentava, esta prática criava novas formas e
técnicas para os satisfazer.
Antes (do nascimento) da fotografia, que apenas se tornou domínio público em
1839, em França, era o pintor retratista que satisfazia duplamente a classe
burguesa: por um lado, procurava reproduzir nos seus retratos a técnica em voga
entre os pintores da corte; por outro, produzia retratos a preços ajustados aos
recursos económicos da burguesia. A procura da semelhança no retrato, pelo
cliente francês nos tempos de Luís XV e Luís XVI pode definir-se pela tendência
geral em falsificar, e mesmo para idealizar cada rosto, mesmo o do pequeno
burguês, para o fazer assemelhar-se ao tipo humano dominante: ao Príncipe
(Wilhelm Waerzold, citado por Gisèle Freund, 2010: 26).
A nobreza era a classe com maior poder e, por isso, mais exigente: impunha uma
mestria absolutamente perfeita. Para agradar a esta classe hierárquica e,
simultaneamente, ao gosto da época, o pintor procurava utilizar cores suaves e
tentava reproduzir da melhor forma possível os materiais e tecidos luxuosos,
como veludo e seda. As exigências da nobreza eram tidas especialmente em conta
numa das formas de retrato: o retrato miniatura (Freund, 2010). Este, muito
em voga em meios aristocráticos, foi uma das primeiras formas de retrato a ser
adotada pela burguesia, uma vez que esta encontrou nele um meio de dar
expressão ao culto do indivíduo, inclusive dos ausentes. Ao ser adotado pela
burguesia, o retrato miniatura vulgariza-se e torna-se uma arte menor. Impõe-
se, assim, a necessidade de inventar novas formas de produzir retratos, uma vez
que a procura e o interesse se mantiveram.
Neste seguimento, nasce um novo processo para fazer retratos: o retrato
silhouette2. Este processo consistia em recortar perfis de pessoas em papel de
lustro, criando silhuetas. Esta técnica ' na moda até ao século XIX ',
enriquecida com pormenores de vestuário e traços característicos da personagem,
tinha a vantagem de poder ser reproduzida em série. Era usada por indivíduos
hábeis, principalmente em bailes, festas e feiras populares. A silhueta é uma
forma abstrata de representação. O retrato-silhueta não requer qualquer estudo
especial do desenho. O público apreciou-o muito pela rapidez da sua execução e
pelos seus preços módicos (Freund, 2010: 28).
Entre 1786 e 1830, baseada nos perfis de silhueta, surge uma nova técnica de
retrato em França: o fisionotraço3. O seu inventor, Gilles-Louis Chrétien
(1754-1811), aperfeiçoou a técnica dos perfis de silhueta, combinando-a com o
pantógrafo ' aparelho utilizado para fazer transferir e redimensionar imagens,
que pode ser regulado de modo a executar também ampliações e reduções nas
proporções desejadas ' para poder alterar o tamanho da silhueta (Amar, 2010).
Esta invenção combinava os perfis de silhueta, a gravura e o uso do pantógrafo,
criando assim uma nova arte, que deu nome à técnica e, simultaneamente, ao
aparelho utilizado: o fisionotraço. Este (aparelho) deslocava-se na vertical (e
não na horizontal, como o pantógrafo) e, como tinha um visor, permitia
reproduzir as linhas de um objeto a partir do espaço. A distância entre o
aparelho e o modelo determinava a escala, que podia ser real ou não. Para
utilizar o fisionotraço era suficiente desenhar os contornos da sombra, que se
transferia para uma placa de metal onde ficavam gravados.
Os fisionotracistas aperfeiçoaram a técnica, instalaram-se em Paris e
rapidamente tornaram esta forma de retrato numa grande indústria: ao ser
possível produzir fisionotraços a baixo custo e, por isso, em série, todas as
classes sociais tinham acesso a esta técnica. Assim, desde personalidades
célebres a um elevado número de desconhecidos, todos posaram para obter o seu
fisionotraço.
Se no retrato miniatura o valor artístico e a personalidade do pintor eram
fatores extremamente importantes que se refletiam na obra/retrato, estas
qualidades foram-se perdendo e o retratista tornou-se num técnico hábil, um
manufator de retratos. No caso do fisionotracista, nem sequer era necessária
muita habilidade e o único valor do retrato residia no seu caráter documental.
Quando se percorre a extensa obra da fisionotracia, constata-se que todos os
retratos têm a mesma expressão: esquemática, fixa e vulgar. Para Gisèle Freund
(2010: 31), o fisionotraço pode ser considerado o símbolo de um período de
transição. Para aquela autora, é o precursor imediato da máquina fotográfica.
Importa ainda referir que esta técnica evoluiu para a photomatone que
atualmente corresponde à indústria automatizada de produção de imagens. Com o
fisionotraço, uma grande parte da burguesia pôde aceder ao retrato; no entanto,
o processo não satisfazia as classes mais baixas da burguesia, muito menos o
povo. O trabalho manual e individual ainda dominava demasiado na execução do
retrato e só com a invenção da fotografia é que este se democratiza.
O fisionotraço não está diretamente relacionado com a evolução da fotografia '
uma vez que não é uma imagem fotográfica ', mas pode ser considerado como o seu
precursor ideológico, tendo em conta que provocou um grande interesse na
exploração de técnicas de retrato (Freund, 2010). Quando surgiu a fotografia,
rapidamente desapareceram os pintores e os retratistas e surgiram os primeiros
fotógrafos. O retrato, que já era prática comum, tornou-se numa prática
fotográfica e, ao longo do tempo, foi ganhando cada vez mais adeptos e
importância.
Na sua origem e evolução, todas as formas de arte mostram um processo idêntico
ao desenvolvimento interno das formas sociais. De uma forma geral, a fotografia
veio substituir a pintura-retrato. Libertou-a da figuração e permitiu que os
pintores dessem atenção às questões da forma e matéria e à sua possível
abstração. A produção de retratos no século XIX não era equivalente à de hoje.
O ato de retrato era precioso e as condições fotográficas inicialmente
assemelhavam-se muito à pintura. O sujeito permanecia em pose, imóvel e exposto
à luz natural (no início, nem sequer existia iluminação artificial), durante
muito tempo. A duração longa da pose obrigava o sujeito, de alguma forma, a
descontrair-se e a procurar uma atitude o mais natural possível.
O retrato evoluiu a par dos progressos do registo fotográfico. A primeira
máquina oficial para produzir imagens foi o daguerreótipo. Divulgado na mesma
data em que a fotografia se deu a conhecer e se tornou domínio público (1939),
o daguerreótipo provocou um enorme sucesso, uma vez que deu a um grande número
de fotógrafos a possibilidade de produzir retratos (Bauret, 2011). As classes
sociais mais baixas que, até à data, não tinham acesso ao retrato privado,
devido ao seu preço, aderiram rapidamente.
Com este novo advento, muitos pintores, receosos do seu futuro, converteram-
se em fotógrafos. Mais ainda, abriram-se estúdios de fotografia por toda a
parte e a sociedade imunda avança como um único Narciso para contemplar a sua
imagem trivial sobre o metal, conforme disse Baudelaire, citado por Jean-
Pierre Amar (2010: 45). De entre os muitos retratistas que ficaram célebres em
Paris, podemos referir Lerebours (1807-1873), que, só em 1841, fez 1500
retratos. Crê-se que, em Paris, em 1849, cerca de 100 000 pessoas foram
retratadas. Havia fotógrafos por toda a França e, por este motivo, muitos
fotógrafos desta época, ainda que talentosos, permaneceram anónimos. Depois de
França, seguem-se os Estados Unidos da América e o resto do mundo. Em 1850,
recensearam-se mais de 2000 fotógrafos, quer ambulantes quer exercendo em
estúdios luxuosos. Estes últimos produziam mais de três milhões de
daguerreótipos por ano. Por esta altura, o retrato tratava-se de um objeto
essencial e era obrigatório ter um. Esta ideia era transversal a todas as
classes sociais (Amar, 2010). Josiah Johnson Hawes (1809-1901) e Albert Sands
Southworth (1811-1904) estão também entre os fotógrafos mais conhecidos da
época. Os seus retratos de personalidades, ainda que formalmente muito
convencionais e usando uma pose demasiado majestosa, revelam uma evidente
capacidade de compreensão interior.
Ter uma coleção de fotografias de celebridades era o desejo de todos estes
fotógrafos. Uma das mais importantes coleções é a de Mathew Brady (1823-1896),
que nesta época realizava em média 3000 retratos por ano. Instalado em Nova
Iorque e em Washington, este fotógrafo inicia em 1944 a construção da sua
Gallery of Illustrous Americans. John Plumbe (1809-1857), instalado em Boston,
assina todas as suas fotografias, para as valorizar (ainda que, muitas vezes,
tenham sido realizadas pelos seus assistentes).
Jean-Baptiste Isenring (1796-1860), instalado na Suíça, pinta os seus
daguerreótipos, para lhes dar maior realismo e mais vida. Os daguerreótipos
desta época, com origem na pintura, são caracterizados por poses convencionais:
as personagens têm sempre uma expressão muito séria e interiorizada, devido à
quantidade excessiva de tempo de exposição. Muitas vezes em pose frontal, como
busto, os retratados olham para o fotógrafo e, portanto, para o espectador.
Esta frontalidade implica, quase sempre, um grande envolvimento psicológico,
mesmo quando estes retratos não têm uma intenção artística.
Apesar do uso imenso que fizeram do daguerreótipo, este tem alguns
inconvenientes, entre eles o peso do equipamento e a quantidade de material
necessário, que complicavam muito o processo. Além disso, era necessário fazer
a inversão esquerda/direita da imagem ' os militares tinham de inverter as suas
medalhas e o seu sabre para que na fotografia ficassem na posição correta. O
daguerreótipo tinha ainda o problema do tempo de exposição, que era demasiado
longo, implicando que o modelo permanecesse muito tempo imóvel à luz do sol
(durante, pelo menos, dez minutos), preso numa trave que lhe sustentava a
cabeça e os braços.
Para colmatar as falhas do daguerreótipo surge, alguns anos mais tarde, o
calótipo. Inventado por William Henry Fox Talbot (1800-1877), este novo método
exige apenas um a dois minutos de exposição solar e tem a vantagem de poder ser
reproduzido e multiplicado, o que vai reduzir ainda mais os custos, em relação
ao daguerreótipo. Em 1853, Adolphe Disdéri (1819-1890) regista a patente, para
proteger a sua invenção, de um mecanismo que permite realizar fotografias
concomitantes na mesma chapa, sem mudar de caixilho, com um aparelho de quatro
objetivas. Com isto, obtinha pequenas imagens, de 6 cm × 9 cm, que eram coladas
num cartão brasonado no verso e vendidas a um preço simbólico. Esta nova forma
de produzir quatro retratos em simultâneo foi chamada de cartão de visita e
expandiu-se rapidamente por todo o mundo, desde os grandes estúdios até aos
mais pequenos. Estes retratos são caracterizados por poses simples, mas muito
estereotipadas, de pessoas de pé, muitas vezes apoiadas numa coluna, ou, mais
raramente, de meio-corpo. Estas fotografias informam sobre determinados aspetos
da sociedade, em determinada época, especialmente sobre a indumentária (que
difere de acordo com as classes sociais e profissões), o penteado e a
maquilhagem. Mas também auxilia na definição da forma de celebrar os
acontecimentos familiares. Por esta altura, no essencial, os fotógrafos
pretendiam retratar e documentar os momentos, e nada mais do que isso.
Colecionados em álbuns pomposos, os cartões de visita não eram apenas um museu
familiar fácil de transportar, mas também a história de uma família. Estes
cartões são, de alguma forma, os antepassados dos nossos postais ilustrados. O
baixo custo permitia produzi-los em grandes quantidades, iniciando-se assim um
verdadeiro comércio de venda de retratos de celebridades e de membros das
famílias reais. O êxito comercial evoluiu para o mercado de objetos associados:
joias para encastrar um pequeno retrato; pratos decorados com uma fotografia;
fotoesculturas que tentavam reproduzir com uma técnica complexa o volume do
rosto; cartões-mosaico, onde se reproduzia, numa superfície diminuta, os
rostos dos soldados de um regimento, as personalidades do mundo político, entre
outros.
A produção dos cartões de visita durou até à Segunda Guerra Mundial, uma vez
que, apesar do êxito destes, as classes sociais com maior poder reclamavam
formatos maiores (Edwards, 2006). A década de 50 do século XIX fica marcada
pela exploração de outros processos baratos, usados principalmente pelos
fotógrafos ambulantes, com destaque para a ambrotipia e a ferrotipia que
tiveram um grande êxito. Muitos soldados na Guerra de Secessão4 foram
retratados por fotógrafos ambulantes que visitaram os campos sulistas e
nortistas. A década de 60 do século XIX vê proliferar os estúdios fotográficos,
principalmente retratistas, em todos os países, tanto nas grandes cidades como
na província. Este fenómeno tem causas muito variadas.
A vontade de construir uma galeria dos antepassados, como a nobreza tinha por
hábito fazer, é uma grande tentação da burguesia. Além disso, colecionam
fotografias de cientistas, atrizes de renome, políticos, mulheres mundanas e
todo tipo de pessoas que tivessem algum prestígio ou fama. Os fotógrafos que
fazem este tipo de retratos trabalham em salões luxuosos de tapeçarias
pesadas, tapetes macios e mármores valiosos. Palácios da ilusão e da evasão,
decorados quase sempre com animais exóticos e pinturas que representam regiões
longínquas. No fundo, estes estúdios são lugares onde é de bom-tom mostrar-se
(Amar, 2010: 21), funcionando o fotógrafo como uma espécie de intermediário
social.
Conhecido até hoje como um dos melhores retratistas de sempre, Gaspard-Félix
Tournachon (1820-1910), mais conhecido por Nadar, foi nesta época um dos
melhores, mais requisitados e mais famosos retratistas. Estabelecido no
Boulevard des Capucines, em Paris, retrata as mais importantes personagens da
época. Nadar destaca-se dos outros fotógrafos porque deixa os seus modelos
livres e nunca retoca uma imagem, procurando aquele instante de compreensão
que o põe em contacto com o modelo, que o ajuda a resumi-lo e o guia na direção
das suas ideias e do seu caráter, para dele realizar um retrato mínimo.
Reconhecido como um dos maiores fotógrafos de retrato de sempre destaca-se o
facto de ter conseguido captar a verdadeira identidade do sujeito. A respeito
de Nadar, Jean-Paul Sartre, citado por Jean-Pierre Amar (2010: 52), dizia na
revista Visages: Estas cabeças que Nadar fotografou, cerca de 1860, há muito
que estão mortas. Mas o seu olhar permanece, tal como o mundo do II Império,
eternamente presente na mira do seu olhar.
A forte personalidade e o estilo de Nadar esconderam, de alguma forma, outros
bons retratistas da época. De entre muitos, é importante citar o francês
Étienne Carjat (1828-1906), do qual conservamos principalmente os poderosos
retratos de Baudelaire e Rossini, a par de Julia Margaret Cameron (1815-1879),
que tem como objetivo derrubar o muro das aparências para atingir a alma dos
seus modelos (Amar, 2010:67). No entanto, os seus retratos mais célebres são
os de Herschel, Darwin e Virginia Woolf.
No fim do século XIX, o retrato fotográfico desenvolveu-se em todas as
direções. Bertillon, que trabalhava na polícia de Paris, serviu-se da
fotografia de uma forma científica para tentar determinar, através do
inventário dos retratos das pessoas que tinham cometido crimes, o arquétipo da
fisionomia dos reincidentes. Sendo um dos principais usos da fotografia, o
retrato tornou-se um fenómeno e um tema de criação artística. Aliás, a
fotografia foi, graças a ele, integrada na sociedade. O retrato ora se
inscrevia no contexto de uma encomenda, ora respondia a uma iniciativa
completamente individual e, por isso, livre. Os retratistas do século XIX '
Nadar, Carjat, Disdéri, entre outros ' desde logo abriram as portas dos seus
estúdios a toda a espécie de clientes, colocando assim o seu saber e a sua
experiência ao serviço de um projeto de caráter comercial. Outros, contudo,
usavam as sessões fotográficas numa perspetiva puramente pessoal e artística.
Neste seguimento, desde logo se desenham na história da fotografia dois mundos
paralelos: o mundo da arte e da expressão pessoal; e o da arte aplicada e da
encomenda. Estes dois mundos atribuem à fotografia funções diferentes. No
entanto, importa esclarecer que fazer arte aplicada não exclui a forma
criativa e ser artista (fotógrafo) não implica necessariamente ser criador.
No início, os retratistas são guiados no seu trabalho apenas pela preocupação
de dar resposta a um determinado pedido, indo até ao ponto de realizar, em
pequena escala, uma espécie de inventário de uma determinada população. No
decurso da primeira metade do século XX, o fotógrafo August Sander (1876-1964)
concretizou o projeto ambicioso de inventariar uma população à escala nacional
(Bauret, 2011). Homens doséculo XX foi o título dado ao projeto, que consistiu
em representar as diferentes categorias de indivíduos, os diferentes meios
sociais e étnicos. Este projeto, que pretendia mostrar a diversidade de
indivíduos, colidiu, obviamente, com a ideologia nazi, que defendia a
unificação da raça. No entanto, importa referir que Sander representava os
atores das classes sociais mais altas nos seus contextos físicos de vivência,
em oposição aos mais pobres, que eram descontextualizados, fotografados sem
cenário.
A evolução das técnicas de registo fotográfico, como já referido, permitiu a
evolução da prática do retrato. A possibilidade de o fotógrafo poder, ao longo
do tempo, deslocar o seu equipamento com maior facilidade, acabou com muitos
incómodos e abriu possibilidades interessantes. A situação evoluiu de tal forma
que o fotógrafo começou a retratar situações praticamente sem intervir nelas:
aconteceu, portanto, uma evolução na forma de fazer reportagem. Nesta parte, há
a destacar o fotógrafo Henri Cartier-Bresson (1908-2004), cujo espírito e
convicções o levaram a mostrar as coisas como elas são e acontecem, ou seja, a
trabalhar no ambiente dos retratados sem perturbar a intimidade dos mesmos.
Outros retratistas seguem uma ideologia completamente oposta: obrigam as
personagens que escolheram fotografar a submeterem-se às suas regras estéticas
e, de alguma forma, psicológicas, procurando também encontrar uma verdade, mas
com um discurso diferente.
Richard Avedon (1923-2004) foi um dos fotógrafos que foi mais longe. Conhecido
pelos seus retratos de caráter, Avedon renunciava à encenação, fotografava
sempre sobre fundo branco, de forma a realçar quem fotografava. Explorou a
frontalidade, o olhar e a atitude, procurando um confronto com quem
fotografava. Como disse Gabriel Bauret (2011: 61), Avedon não procurou ser
cruel, mas cru, embora afirme que estas palavras têm a mesma etimologia.
Avedon misturava acaso e liberdade e gostava de gente anónima.
2. Fotografia documental e o fotojornalismo
A fotografia está frequentemente associada à noção de documento. Isto
significa que, antes de tudo, a fotografia serve para testemunhar uma realidade
e, posteriormente, para recordar a existência dessa mesma realidade. O tempo
desempenha, neste caso, um papel primordial, em particular do ponto de vista
emocional, uma vez que a fotografia é associada à tomada de consciência da
mudança, do desaparecimento ou até da morte. Na palavra documento está ainda
implícita a ideia de exclusividade: o seu valor é maior quando ela é única.
A função documental da fotografia evoluiu muito desde a sua origem até aos
nossos dias. Associada inicialmente às grandes expedições, a fotografia
constituiu um novo instrumento na descoberta do mundo; posteriormente, devido
ao avanço da tecnologia, a máquina fotográfica tornou-se num instrumento de
informação visual e atualmente contribui para a compreensão de muitos
acontecimentos. Substituiu, em muitos casos, a ilustração.
Até ao século XIX, a informação circulava, principalmente, através da escrita.
O desenho, mais ou menos fiel à realidade, é, frequentemente, fantasista. A
pintura é, quase sempre, feita por encomenda pelos poderes estabelecidos e, por
isso, a sua objetividade é escassa. A chegada da fotografia vai arrasar com
todos os modos de registo conhecidos e utilizados até à data, uma vez que a
fotografia é imediatamente considerada objetiva e autêntica. Começam por ser
registados acontecimentos de dimensão nacional e acontecimentos de caráter
trágico ou teatral. São ainda fotografadas catástrofes naturais, como o
incêndio dos moinhos de Oswego, no estado de Nova Iorque, em 1853, fotografado
por George N. Banard (1819-1902) ou as grandes cheias do Ródano de 1856,
fotografadas por Denis Baldus (1813-1882). Philip Henry Delamotte (1820-1889)
acompanha, em 1854, a construção do Crystal Royal Palace de Londres, até à sua
inauguração. Além das fotografias da evolução da construção do edifício,
Delamotte mostra-nos ainda a vida quotidiana dos operários deste enorme
estaleiro.
A tarefa destes primeiros repórteres fotográficos consistia na captação de
fotografias (isoladas), com o objetivo de ilustrar uma história ou de
acompanhar um texto. No entanto, isso não é, de certo modo, considerado
fotojornalismo. Para Gisèle Freund, o fotojornalismo nasce apenas quando uma
imagem consegue, por si só, contar uma história: é apenas a partir do momento
em que a imagem se torna, ela mesma, história de um acontecimento que se conta
numa série de fotografias acompanhadas por um texto frequentemente reduzido
apenas a legendas, que começa o fotojornalismo propriamente dito (Freund,
2010: 112). O fotojornalismo teve origem na Alemanha, já que foi lá que
operaram os primeiros fotojornalistas (Ruhrberg et al., 2010).
Após a derrota na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha atravessou uma grave
crise económica e política: a monarquia do Kaiser foi substituída pela Primeira
República, proclamada em Weimar, em novembro de 1918. A maioria das pessoas não
compreendeu este novo sistema, que foi visto como sinal de fraqueza. Por este
motivo, a República de Weimar apenas se conseguiu manter durante 15 anos. No
entanto, o espírito liberal que se instalou na Alemanha durante esse período
permitiu um grande desenvolvimento das artes e das letras: Franz Kafka, o mais
importante escritor alemão da época, morreu em 1924 e, um ano mais tarde,
publicou-se a sua obra póstuma, o romance inacabado O Processo, livro que
descreve profeticamente o terror dos anos 30; Einstein ganha o Prémio Nobel
(1921); e as investigações psicanalíticas de Freud tornam-se célebres. Nascem
também grandes atores, maestros, músicos, pintores, que dominam as novas
tendências da arte. Em 1919, Walter Gropius funda a Bauhaus, na qual Lazsló
Moholy-Nagy se tornará professor e virá a ter uma influência decisiva na
fotografia. A imprensa, que tinha sido censurada durante os anos da guerra,
adquire um novo impulso sob a república liberal e em todas as cidades alemãs
aparecem jornais ilustrados. Ao longo do tempo, desaparecem os desenhos para
dar lugar à fotografia, que retrata a atualidade. Os fotógrafos que trabalham
para esta imprensa nada têm a ver com os da geração que os precedeu. Deixaram
de pertencer à classe dos empregados subalternos e passaram a pertencer à
sociedade burguesa ou da aristocracia que perdeu fortuna e posição política,
mas que preserva ainda o seu estatuto social.
É esta Alemanha do pós-guerra, cuja indústria ótica cresce a grande velocidade,
que vai introduzir no mercado duas máquinas fotográficas que vão permitir a
evolução da fotografia e, em particular, do fotojornalismo: a Ermanox e a
Leica. A primeira, muito pequena e luminosa, vai permitir fotografar com pouca
luz; a segunda, com o seu tamanho reduzido e ótima qualidade ótica, vai
modificar completamente a forma de os fotógrafos trabalharem. Em 1928, Dr.
Erich Salomon (1866-1944) começou a usar uma Ermanox, o que lhe permitiu
fotografar em locais onde tal não era permitido, uma vez que conseguia
disfarçar facilmente a máquina no chapéu ou no fraque.
Na década de 30 do século XX, a Alemanha é o país europeu com maior número de
jornais ilustrados, com inúmeros fotógrafos de renome a colaborar com eles. A
primeira agência de imprensa fotográfica ' Dephot ' nasce em 1928 e vai
solidificar o fotojornalismo moderno. Esta agência vai impulsionar a criação de
inúmeras outras agências e publicações sobre fotografia no mundo. Criada em
1936, a revista Life' uma das mais prestigiadas da época ' vai, em 1940,
ultrapassar os três milhões de assinantes. Em 1960, emprega mais de cinquenta
fotógrafos.
Completamente instalado na sociedade, o fotojornalismo é também entendido como
uma ferramenta útil de análise social. Foi nos Estados Unidos da América que
mais fotógrafos se dedicaram ao documentário social. Nas décadas de 30 e de 40
foram contratados vários fotógrafos para retratarem os problemas sociais da
população norte- americana: Arthur Rothstein (1915-1985), Walker Evans (1903-
1975), Carl Mydans (1907-2004), Ben Shahn (1898-1969), Dorothea Lange (1895-
1965), Russel Lee (1903-1986), Jack Delano (1914-1997), Marion Post Wolcott
(1910-1990) e John Vachon (1914-1975) foram alguns dos fotógrafos
colaboradores. Este projeto foi proposto pela Farm Security Administration
(FSA) ' uma organização criada em 1937 que tinha responsabilidades que incluíam
o apoio a pequenos agricultores e a reorganização das comunidades arruinadas
pela Grande Depressão, motivada pelo crashde Wall Street, em 1929. A influência
dos fotógrafos da FSA foi, na altura, considerável, mas mereceu maior relevo
durante os anos 70, altura em que foram publicadas muitas obras sobre a sua
história.
Dos fotojornalistas independentes (não envolvidos diretamente em projetos
específicos), importa destacar Arthur Fellig (1899-1968), mais conhecido por
Weegee. Este vai tornar-se conhecido com as suas fotografias do quotidiano. O
seu carro, que é simultaneamente o seu laboratório, tem um rádio sintonizado na
frequência da polícia de Nova Iorque, o que lhe vai permitir estar sempre onde
as coisas acontecem. Outro nome importante é André Kertész. Este, apesar de
muito diferente de Weegee, adota rapidamente o formato de 35 mm da Leica e
destaca-se pelo seu estilo muito moderno e mais poético. Importa ainda destacar
os nomes de Brassai e Cartier-Bresson. Brassai participa ativamente na vida
noturna de Paris, fotografando-a em todos os seus aspetos: gente anónima,
bordéis, prostitutas, ruas sombrias, entre outros; Henri Cartier-Bresson
destaca-se como um dos maiores fotógrafos sociais de sempre, tendo como
objetivo congelar o instante decisivo, o momento que considerava único e
mágico para retratar um determinado acontecimento. Em Inglaterra, Bill Brandt
(1905-1983), influenciado pelas fotografias de Atget, fotografa a vida da
sociedade inglesa. No projeto English At Home, de 1936, mostra-nos a oposição
entre diferentes camadas sociais.
Os fotojornalistas citados, cujo trabalho mais importante é produzido depois da
guerra, são produtores de imagens pluridisciplinares: fotojornalistas,
ilustradores, fotógrafos de moda, fotógrafos industriais e também artistas. As
imagens que os tornaram célebres dizem respeito a imagens produzidas fora do
contexto de trabalho.
Como vimos, por esta altura, o fotojornalismo tinha como principal objetivo
retratar a sociedade da época e registar o quotidiano dessa mesma sociedade. No
entanto, por oposição a este fotojornalismo e à corrente Visão Nova, criada
por Laszló Moholy-Nagy (1895-1946), surgiu a Neue Sachlichkeit (Nova
Objetividade). Esta nova corrente tinha como principal objetivo explorar as
características da fotografia e as suas verdadeiras possibilidades, tendo como
referência o ponto em que a fotografia tinha ficado no século XIX. Karl
Blossfeldt (1865-1932), August Sander (1876-1964), Albert Renger-Patzsch (1897-
1966) e Werner Mantz (1902-1983), alguns dos pioneiros nesta área, estavam
interessados numa representação despretensiosa, sóbria e factual da imagem
fotográfica.
De notar é, também, o trabalho de August Sander, que levou a termo o projeto
megalómano de dar a conhecer a sociedade alemã através de retratos ( Citizens
of the twentieth century). Sander condensava nas fotografias os artefactos,
poses e cenários mais característicos das diversas profissões e classes
sociais (Ferro, 2005: 375).
3. Fotografia de guerra
Os pequenos conflitos começam a ser registados por fotógrafos anónimos. É com a
Guerra da Crimeia5(1853-1856) que começa a reportagem de guerra. Roger Fenton
foi o fotógrafo oficial da Guerra da Crimeia e, mais tarde, Mathew Brady e
Alexander Gardner percorreram os campos de batalha americanos na Guerra da
Secessão (1861-1865). No entanto, as técnicas da fotografia não lhes permitiam
mostrar os próprios combates, mas apenas o que restava dos mesmos ' sobretudo
cadáveres de soldados ' ou um regimento, em sentido, antes de uma batalha.
Nadar, que tinha uma paixão pela aerostação, regista em 1858 a patente da sua
ideia de fotografar a terra vista do céu. Realiza as suas primeiras imagens
panorâmicas a 80 metros do solo, com a ajuda de um balão. Este instrumento,
aparentemente um capricho de Nadar, transformou-se numa verdadeira arma de
guerra. Se, nesta data, a fotografia já estava a servir propósitos tão úteis
como a publicidade, isto permitiu mostrar a necessidade e a utilidade da
fotografia, assim como a emergência de se evoluir mais e mais a cada dia. Nadar
abriu uma dimensão completamente nova à fotografia e o resultado foi uma
mudança drástica na forma de ver, já que nunca antes alguém tinha fotografado a
terra desta forma. Com isto, é justo que se diga que as imagens de Nadar
salvaram a capital francesa da ocupação prussiana, em 1871. A análise dessas
fotografias aéreas revelou aos militares que defendiam a cidade aquilo que os
soldados não conseguiam ver: não só as posições exatas das tropas que cercavam
a capital, mas também os pontos prováveis de ataque e os ângulos táticos, de
entre tantas outras coisas. As imagens de Nadar permitiram que os franceses
ficassem em condições de reagir instantaneamente, poupando-lhes surpresas
desagradáveis. Porém, os chefes militares da época foram incapazes de
reconhecer a importância do trabalho de Nadar. Foi necessário outro fotógrafo
para demonstrar a importância da fotografia na condução da guerra.
Assim, como coronel das Forças Expedicionárias dos Estados Unidos da América em
França Steichen (1879-1973) ficou encarregue do reconhecimento aéreo. Steichen
dirigia os serviços de informação como uma fábrica: era a primeira vez que as
fotografias eram produzidas numa linha de produção. Estas perdiam a sua
qualidade episódica, em vez de fotografias individuais, havia um caudal de
imagens, mostrando uma tendência para as estatísticas de todos os géneros nesta
guerra militar/industrial ( ), nas palavras de Paul Virilio (1986), citado por
Ruhrberg et al. (2010: 659). Steichen estava a trabalhar no sentido de um novo
conceito de imagem, que tinha uma ligação direta com a técnica de fotografia de
reconhecimento e com o processo de produção organizado que lhe estava
associado.
A experiência de Steichen na guerra alterou por completo a sua atitude perante
a fotografia. Renunciou e abandonou por completo a fotografia artística ' na
qual tinha trabalhado até àquela data ' e dedicou-se, a partir daí, a fazer
fotografias que tivessem uma utilidade e/ou função prática. Assim sendo,
dedicou-se à fotografia de moda e publicidade e tornou-se um dos fotógrafos de
revistas com maior sucesso na época. A relação persistente entre guerra e
fotografia foi explorada por Margaret Bourke-White (1904-1971) com o seu
projeto ambicioso para a revista Life' uma série de fotografias dos efeitos dos
bombardeamentos dos Aliados às vilas e cidades do Império Alemão: As
fotografias que ela fez para este fim estão entre os documentos mais
impressionantes da época. Elas mostram com uma monotonia opressiva como os
ataques aéreos aliados transformaram as cidades da Alemanha em desertos sem
fim (Klaus Schrolder, citado por Ruhrberg et al., 2010: 660).
A fotografia deu a conhecer imagens de sociedades longínquas, imagens que
despertav6, foi um dos primeiros a fotografar a guerra e, portanto, foi através
das suas fotografias que algumas sociedades viram as imagens da guerra
(distância). Capa percebeu que a guerra é muito mais do que as batalhas; grande
parte das suas melhores fotografias retrata as periferias dos eventos
históricos: as relações e as sociabilidades que se tecem em volta dos cenários
de guerra (Ferro, 2005: 374). A reputação e a fama alcançadas por Robert Capa
devem-se à proximidade que tinha em relação ao que fotografava. Capa
considerava que se as tuas fotografias não são suficientemente boas, é porque
não estás suficientemente perto (Ruhrberg et al., 2010: 658). Morreu a
fotografar, em 1954.
As fotografias de guerra são portadoras de uma autenticidade e de uma
objetividade que denunciam todo o horror e sofrimento. É devido à fotografia
que, atualmente, se conseguem satisfazer as necessidades da informação e fazer
chegar tudo a todos, em tempo real.
Conclusão
Como vimos, a fotografia está frequentemente associada à noção de documento,
servindo para testemunhar uma realidade e para, posteriormente, recordar a
existência dessa mesma realidade. Esta função documental evoluiu muito, ao
longo do tempo: inicialmente estava associada às grandes expedições;
posteriormente, com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia, a máquina
fotográfica tornou-se um instrumento de informação e documentação visual; e,
atualmente, contribui para a compreensão de muitos acontecimentos.
Concebida como um meio privilegiado de controlo e de expressão, a fotografia,
que nasceu no interior da Revolução Industrial e do Estado Liberal, teve (e
tem) o poder de mostrar: a relação simbólica entre as pessoas; os objetos e os
lugares; a distância entre o social e o político; e os conflitos e relações de
força no interior de uma sociedade. A partir dela, conseguimos localizar uma
época, espacial e temporalmente, assim como compreender e analisar a sociedade
retratada ' função de extrema utilidade histórica.
Atualmente, a fotografia é parte do nosso quotidiano, sendo um dos seus traços
mais característicos o facto de estar presente em todos os estratos sociais.
Notas
1 Designer-fotógrafa. Máster en Diseño y Producción Gráfica/Intermedia da
Universitat de Barcelona (2011') (Barcelona, Espanha). Certificado de
Competências Pedagógicas (2013). Licenciada em Designde Comunicação da
Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (2012) (Porto, Portugal).
Endereço de correspondência: Alquimia da Cor, Rua Manuel Pinto de Azevedo, 65H,
4100-321 Porto, Portugal. E-mail : rita@ritabastos.com
2 Importa esclarecer que, apesar de o nome Silhouetteser o segundo nome do
Ministro das Finanças da época, este nada teve a ver com a evolução desta
técnica; desconhece-se, aliás, o inventor da mesma. Sabe-se apenas que Louis
Carrogis (1717-1806) a aperfeiçoou e tirou partido dela nesta época.
3 Na época, atribuíram a esta técnica o nome de silhouetteà inglesa.
4 A Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana desenrolou-se nos Estados
Unidos entre 1861 e 1865.
5 A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na
península da Crimeia (no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia
e nos Balcãs. Envolveu, de um lado, o Império Russo e, de outro, uma coligação
integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha formando a Aliança
Anglo-Franco-Sarda e o Império Otomano (atual Turquia).
6 A Magnum é uma agência fotográfica francesa, que surgiu em 1947, liderada
pelo fotógrafo húngaro Robert Capa (1913-1954), que já fotografava em cenários
de guerra desde os anos 30. Participaram também na Agência Magnum o fotógrafo
polonês David Seymour, o francês Henri Cartier-Bresson, o inglês George Rodger,
entre outros. Esta agência ainda existe e continua a ser uma das principais na
sua área.