Nota de Abertura
O primeiro texto do presente número de COeG abre com um tema actual: a reforma
da administração pública. Numa altura em que abundam as opiniões divergentes
sobre os rumos a seguir e as opções a tomar, César Madureira e Miguel
Rodrigues, ambos do Instituto Nacional de Administração, Portugal, avançam com
a integração de alguns conceitos das ciências organizacionais como elementos
norteadores da mudança. Particular destaque é dado ao conceito de aprendizagem
organizacional, como alavanca de mudança e de enquadramento dos novos
comportamentos a adoptar.
No manuscrito seguinte, José da Cunha Tavares, do Centro Universitário da FEI,
Brasil, analisa o trabalho realmente exibido por uma população hospitalar, por
contraste ao trabalho prescrito. Usando como técnica a entrevista por
explicitação, a pesquisa permitiu identificar um conjunto de tácticas
comportamentais assim como determinar a distância entre essas técnicas
realmente exibidas e formalmente prescritas. O autor tece ainda algumas
implicações destas divergências para o desenho do trabalho da referida
população.
O terceiro artigo retoma um tema tão popular quão complexo em comportamento
organizacional: a medição da motivação. Aristides Ferreira e colaboradoras, da
Universidade Lusíada, Portugal, reportam os resultados de uma investigação
destinada a validar um novo instrumento de medição da motivação. Os autores
agregam um conjunto de alguns modelos de motivação, para elaborar uma escala
posteriormente aplicada a 444 trabalhadores de empresas de novas tecnologias.
Os resultados preliminares, assim como a escala, são apresentados no artigo.
Claudia Simone Antonello, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil,
propõe no trabalho seguinte um modelo que unifica a aprendizagem experiencial e
o desenvolvimento de competências em ambiente organizacional. A autora revê um
vasto corpo da literatura, concluindo que alguns factores importantes, como
sejam o contexto em que os indivíduos estão inseridos e seu efeito na
construção de significados para o processo de aprendizagem; e a forma como as
situações que surgem no quotidiano podem tornar-se veículo neste processo.
Josè Vargas Hernández, do Instituto Tecnològico de Cd. Guzmàn, México, analisa
o ambiente actual de globalização e os impactos e efeitos dessa tendência sobre
o desenho organizacional. O argumento desenvolve-se em volta das novas
assimetrias de poder nos processos económicos globais, e respectivos impactos
sobre os processos organizacionais e institucionais.
No artigo liderado por Manuela Pardo-del-Val, da Universidade de Valência,
Espanha, é descrito o desenvolvimento de uma auditoria cultural como forma de
aumentar o grau de envolvimento dos empregados. O contexto onde o estudo se
desenvolveu foi uma oportunidade de mudança aproveitada pelas autores numa
pequena empresa familiar no sector da horticultura. A pesquisa permite
identificar algumas dimensões importantes para o modelo em causa, como sejam a
falta de confiança e uma visão partilhada.
O trabalho de Zélia Kilimnik, da Universidade FUMEC, Isolda Castilho, e
Anderson de Souza Sant'Anna, da Fundação Dom Cabral e Universidade
Católica de Minas Gerais, Brasil, reporta um conjunto de novas imagens e
metáforas associadas às carreiras profissionais. Num mundo muito diferente
daquele em que E. Schein realizou os seus trabalhos nos anos 70 e 80, as
carreiras são, de entre todas as áreas na gestão de pessoas, a que
provavelmente sofreu uma maior transformação, sendo este o objectivo do
presente artigo.
O último texto é da autoria de Reginaldo Sitoe, do ISPA, e constitui o Artigo
de Opinião COeG. O tema de reflexão é um dos pilares da União Europeia, e um
dos eixos centrais dos novos quadros de formação e desenvolvimento humano e
profissional: a aprendizagem ao longo da vida. Constatando que o tema não é
novo, o autor enquadra a emergência do tópico no seio da actual conjuntura
económica e política europeia. Em seguida aprofunda a discussão, para tal
recorrendo a considerações de natureza educativa e formativa.
JORGE F. S. GOMES (Instituto Superior de Psicologia Aplicada)
ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada
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