Racionalidade e escolha
INTRODUÇÃO
A discussão em torno do conceito de comportamento racional tem sido um tema
de discussão importante para o conjunto de ciências que tomam o comportamento
do homem em sociedade como o seu objecto central. Se a Psicologia faz um esforço
para a compreensão dos desvios face ao comportamento e à escolha racional, a ciência económica faz destes os parâmetros fundamentais que servem como referência
para o entendimento da forma de agir dos indivíduos e grupos de indivíduos.
A designação «Homem de Chicago», utilizada em McFadden (1998) e Gomes
(2004a), remete para o ser humano como portador de uma capacidade cognitiva isenta de erros, deficiências e imperfeições, que lhe permite uma avaliação racional das
opções que se colocam ao conjunto das suas escolhas. Na verdade, o processo de
escolha é complexo e dependente de um vasto conjunto de variáveis; este processo
está dependente do contexto, é adaptativo ou evolucionário (está sujeito a aprendizagem), sobrepõe frequentemente emoções à avaliação cognitiva e permite com regularidade uma distinção evidente entre as decisões individuais e aquelas que envolvem
a acção colectiva.
Neste texto debate-se o modo como o conceito de escolha racional tem sido
abordado pela literatura económica em trabalhos recentes. Um consenso em torno
da ideia de que o comportamento humano é local e adaptativo, e não sustentado
num conceito universal de racionalidade, está aparentemente a impôr-se, mesmo
entre algumas das figuras maiores de ciência económica, como é o caso de Romer
(2000).
Duas importantes linhas de pensamento têm sido desenvolvidas.
Por um lado, no que concerne à decisão individual, está cada vez mais presente, na
análise dos economistas, a ideia de que as emoções contam - sentimentos como a
raiva, o desejo, a inveja ou a ganância podem colocar a decisão no pólo oposto daquilo que seria a decisão que, do ponto de vista da avaliação calculista e racional (de ponderação de custos e benefícios), seria tomada. Ainda no que concerne à decisão individual, é importante notar que o conceito tradicional de racionalidade é desprovido
de qualquer contextualização temporal e de esforço necessário à decisão - o importante trabalho de Gabaix e Laibson (2004) vem formalizar as ideias, inicialmente
expressas por Simon (1955), de que o indivíduo não continuará a avaliar a escolha
até chegar à solução ideal. Em alternativa, em cada momento de tempo, ele avaliará
custos e benefícios de continuar a pensar e a reunir informação sobre a decisão a
tomar. Isto é, se do ponto de vista da racionalidade estrita aparentemente apenas os
benefícios de continuar a pensar sobre a decisão são admitidos, não podemos esquecer que o esforço cognitivo adicional tem claramente custos.
Por outro lado, a questão da racionalidade também se coloca ao nível da interacção
social. As escolhas podem ser moldadas por processos de interacção social, como o
enfatiza Smith (2003), e, portanto, aquilo que é racional em termos de acção individual pode ser grandemente enviesado perante determinadas formas de interacção.
Da mesma forma, acções racionais individuais podem produzir comportamentos
agregados de difícil compreensão e previsão - a teoria da escolha discreta, desenvolvida por McFadden (1973), Manski e McFadden (1981), Anderson, de Palma e Thisse
(1993) e utilizada por Brock e Hommes (1998, 2002), Brock, Hommes e Wagener
(2001), Hommes (2002), Hommes, Sonnemans, Tuinstra e van de Velden (2002),
Gaunersdorfer, Hommes e Wagener (2003) e Chiarella e He (2001, 2002), entre outros, para estudo da evolução do preço dos activos nos mercados financeiros, toma
uma noção de racionalidade limitada e com base nesta procura caracterizar séries temporais onde períodos de maior e menor volatilidade alternam, sem que, no entanto,
exista um padrão que permita a previsão de valores futuros da série.
Para ilustrar a problemática da escolha racional, considera-se o comportamento do
consumidor e o modo como este pode ser perturbado em função de eventos de diversa natureza. O papel das emoções, a ponderação sobre o tempo e o esforço associados
à escolha, a interacção social e o impacto de factores externos, como a publicidade,
serão tidos em conta. Para compreender o modo como a publicidade influencia as
escolhas de consumo aconselha-se a leitura de Costa Pereira e Veríssimo (2004),
Benhabib e Bisin (2002) e Gomes (2004b).
O artigo encontra-se organizado do seguinte modo. A próxima secção debruça-se
sobre o comportamento individual da decisão humana, pondo em confronto a
capacidade cognitiva e determinados impulsos emotivos. Depois, caracteriza-se o
processo de escolha social e apresenta os elementos fundamentais da teoria da escolha discreta. Nas duas últimas secções simula-se, através de exemplificação numérica,
processos de decisão sob o enquadramento de racionalidade limitada que é desenvolvido no texto. Por fim, a secção 6 conclui.
RAZÃO E EMOÇÃO
Nesta secção, o processo de decisão individual é abordado. Em particular, três
questões estão no centro do debate:
• Como a obra de Simon (1959, 1982) enfatiza, a ideia de racionalidade não tem que
ter correspondência no conceito de optimização/maximização do resultado.
Havendo um processo mental que consome recursos, a escolha óptima é aquela que
produz uma combinação eficiente entre a utilidade produzida pelo resultado e o
consumo de recursos necessário para atingir esse resultado. Poder-se-á tomar uma
noção de racionalidade limitada ou «bounded rationality», que não significa uma
incapacidade para chegar à melhor solução por via de um esforço meramente cognitivo, mas acima de tudo significa o reconhecimento de que nem sempre faz sentido o aprofundamento desse esforço.
• A vida de todos nós é comandada por um misto de razão e emoção. Os sentimentos
ou emoções são relevantes em muitos processos de decisão - a inveja, o medo, o prazer, entre muitas outras, são reacções que, em diversas circunstâncias, conduzem a
comportamentos que se desviam do óptimo racional. Confrontar cognição e emoção
é muitas vezes um choque entre o resultado óptimo de longo-prazo e o benefício que
advém da acção do momento; quando temos uma qualquer manifestação de raiva,
por exemplo, sabemos que ela nos vai fazer sentir melhor no imediato, mas que em
muitos casos não resulta na decisão que maximiza a utilidade futura.
• A cognição tem falhas. Mesmo que cada um de nós quisesse pautar a sua acção por
um comportamento estritamente racional, pondo de lado as emoções, estaríamos
sujeitos a falhas de percepção da verdadeira amplitude e dificuldade dos problemas
que enfrentamos. O raciocínio humano encontra-se preparado para responder
essencialmente a questões que são de alguma forma familiares - os processos mentais associam sempre um novo problema a uma situação já conhecida, mas o novo
problema pode exigir um tipo de resposta completamente diferente. O reconhecimento de que existem limites à capacidade cognitiva é importante para entender
que, mesmo sob o pressuposto de comportamento racional, não há resultados absolutos e inequívocos que sejam gerados por decisões humanas. A acrescentar aos
limites da capacidade de raciocínio é importante perceber que, frequentemente, as
decisões estão dependentes do contexto; um mesmo processo de decisão, enquadrado de forma diferente, traduz-se com regularidade em diferentes escolhas.
No que concerne à primeira questão, a da escolha satisfatória, Gabaix e Laibson
(2004) apontam a importância da consideração dos recursos cognitivos como recursos escassos. Gerir estes recursos com eficiência significa procurar poupar no esforço
de decisão quando se percebe que tal não vai afectar grandemente a qualidade da
decisão. Os recursos cognitivos devem ser afectados como quaisquer outros recursos
escassos e, como tal, procurar a melhor solução possível a qualquer custo não é em si
uma decisão racional. De certa forma, este argumento é irónico, porque nos diz que
a solução racional pode advir de um processo não racional. Como Smith (2003) afirma, o cérebro sabe que determinados processos de avaliação exigem um custo de
oportunidade elevado e implicitamente não se incorrerá num custo que não justifica
o benefício.
Gabaix e Laibson (2004) argumentam que, no esforço de afectação cognitiva que
cada indivíduo desenvolve, este deverá à partida pôr de lado as opções menos capazes
de eventualmente produzirem um bom resultado, isto é, é intrínseco ao ser humano
orientar o seu raciocínio para as alternativas que à partida têm uma maior probabilidade de serem bem sucedidas. Por exemplo, quando, em determinado momento de
um jogo de futebol, um jogador tem de decidir que jogada vai desenvolver tem um
conjunto muito grande de opções. No entanto, como ele se encontra constrangido
por outros factores, nomeadamente a rapidez, que será crucial para a sua acção, ele
vai simplificar o seu raciocínio, eliminando desde logo eventuais alternativas que,
apesar de menos plausíveis, poderiam incluir a solução óptima.
A mensagem é, pois, clara: qualquer que seja o processo de decisão em causa, o
decisor não deve, na generalidade dos casos, insistir em identificar a melhor solução
possível; a capacidade cognitiva e o tempo necessário à tomada de decisão são recursos escassos, logo a sua afectação eficiente exige um compromisso, que não é diferente
de outros tipos de compromisso na afectação de recursos, por exemplo, no que respeita ao modo de afectar factores produtivos ao processo de produção.
Na tarefa de decisão não interessará, então, simplesmente pensar sobre a decisão. A
racionalidade envolve, também, a componente de «pensar sobre como pensar» e
«pensar acerca de quando deixar de pensar».
Uma segunda problemática, a que se fez menção no início da secção, relaciona-se
com o papel das emoções no processo de decisão. É clara a separação que pode ser
feita entre razão e emoção nas escolhas de carácter económico, como o salienta
Romer (2000). É evidente que, na generalidade dos casos, os sistemas de decisão são
híbridos - muitas decisões racionais são despoletadas por emoções; o frio ou o medo
são emoções, mas são emoções que ajudam o indivíduo a escolher uma linha de acção
racional, uma vez que fornecem sinais sobre eventuais perigos para o indivíduo.
Noutros casos, as emoções e a razão são conflituantes; imagine-se alguém que sofre
um acidente e deve procurar auxílio. A razão diz-lhe que deve ir em busca de ajuda,
pois só assim poderá sobreviver, mas o sentimento de dor impele-o a permanecer
onde está. Regra geral, a conflitualidade entre cognição e emoção é fruto da avaliação
entre benefícios de curto e de longo prazos. No curto-prazo, as emoções imperam,
mas a satisfação de curto-prazo colide com frequência com aquilo que o conceito de
racionalidade representa - uma avaliação intertemporal de todos os prós e contras
envolvidos na decisão.
No sentido de esclarecer a diferença entre erros de avaliação induzidos por falhas
cognitivas e erros de avaliação resultantes de determinados tipos de sentimentos,
Romer (2000) recorre ao conhecido «jogo do ultimato». Neste processo de interacção
imagina-se um indivíduo que propõe dividir 10 euros em duas partes: o proponente
ficaria com 7 euros e oferece a um segundo jogador 3 euros. Se o segundo indivíduo
rejeitar a proposta, nenhum dos intervenientes recebe qualquer quantia.
Uma primeira possibilidade de rejeição remete para uma falha cognitiva, ou seja, de
percepção da verdadeira natureza do jogo. Se o segundo jogador não entende a proposta
como sendo verdadeiramente um ultimato e acredita que o jogo se pode repetir um
determinado número (incerto) de vezes, então a sua rejeição justifica-se pelo desejo de
influenciar estrategicamente o comportamento futuro do proponente. Em contraste,
mesmo que o segundo jogador perceba de forma inequívoca que o jogo não se repetirá,
ele poderá recusar a oferta com base num sentimento de inveja, por o proponente
decidir guardar para si a fatia mais significativa dos 10 euros. Ou seja, para gozar o sentimento de penalização do proponente, o segundo indivíduo renuncia aos 3 euros.
Em ambos os casos apresentados, a visão ortodoxa do comportamento racional é
posta em causa. Numa situação inicial os indivíduos não têm quaisquer recursos, logo
qualquer situação que permita aumentar a dotação de recursos deve ser concretizada;
afinal este é um dos axiomas fundamentais da teoria da utilidade: ‘mais’ é sempre
preferível a ‘menos’. Se os erros de avaliação cognitiva podem acontecer, uma vez que
o homem não é infalível na sua capacidade lógica e de raciocínio, as emoções vêm
colocar um problema mais profundo que é o de saber o que verdadeiramente produz
utilidade e, em particular, saber se a satisfação de determinadas emoções e desejos
pode e deve ser incorporada nas funções de utilidade. No exemplo desenvolvido é
aparentemente claro que o indivíduo faz uma avaliação dos benefícios envolvidos e
que conclui que o facto de outrem não poder usufruir de 7 euros produz para ele um
benefício superior a 3 euros. Não se trata, pois, de uma escolha racional, porque as
emoções vão sobrepôr-se à análise fria e ponderada dos resultados, mas não deixa de
ser uma escolha baseada em critérios de avaliação de benefícios.
A inveja é um conceito curioso, que a análise económica convencional não trabalha, mas que pode auxiliar numa percepção mais clara de muitos dos fenómenos sociais de menor ou maior escala. A inveja pode funcionar num sentido destrutivo,
como no exemplo que se salientou, mas também num sentido construtivo - a competitividade nos mercados é em parte resultado da comparação que se faz com os
resultados já conseguidos por terceiros e, portanto, de um sentimento de inveja que
ajuda cada um a superar-se para alcançar melhores performances que os outros.
Um terceiro aspecto a abordar nesta secção relaciona-se com o conceito de falha
cognitiva. É evidente que este conceito está associado às problemáticas referidas atrás
- uma escolha incorrecta do ponto de vista cognitivo pode ser resultado de uma
decisão não suficientemente ponderada e, portanto, de certa forma influenciada por
impulsos ou emoções. Kahneman (2003) utiliza o conceito de intuição para explicar
porque razão com alguma frequência são cometidos erros de avaliação. Este autor separa dois sistemas cognitivos. O sistema 1 é baseado na intuição, aqui, as decisões são
rápidas, automáticas e economizadoras de esforço. No sistema 2 prevalece o raciocínio, sendo que neste caso as decisões são lentas, ponderadas e exigem esforço. Na
realidade, grande parte das decisões humanas são rotineiras e, como tal, não exigem
um esforço de construção de um novo processo mental. O homem limita-se, regra
geral, a utilizar mecanismos de raciocínio já utilizados no passado e a tomar decisões
que são em muitos casos espontâneas ou intuitivas. O uso da intuição permite a
economia de esforço imprescindível ao uso eficiente dos recursos mentais escassos.
O problema é que o uso da intuição muitas vezes produz falhas. Somos levados a
escolher o resultado óbvio, quando, com alguma frequência, o óbvio não corresponde
ao correcto. Kahneman (2003) apresenta um pequeno exemplo a este nível, em que
regra geral a intuição, ou seja, a resposta pouco reflectida, falha. O exemplo é o
seguinte: dois objectos custam 1 euro e 10 cêntimos; se o objecto 1 custa mais 1 euro
que o objecto 2, quanto custa o objecto 2? A resposta intuitiva é 10 cêntimos, mas a
resposta correcta não será esta, pois não?
A forma como desenvolvemos a nossa intuição varia de indivíduo para indivíduo.
Cada um de nós desenvolve na nossa mente maior flexibilidade de raciocínio em
relação a determinados tipos de decisão do que em relação a outros. Um condutor
experiente, por exemplo, utiliza em grande parte raciocínios intuitivos na sua condução diária; o condutor menos experiente terá de reflectir e ponderar com mais pormenor as suas acções. Poder-se-á utilizar o termo acessibilidade - as decisões intuitivas relacionam-se com aquilo que já nos é familiar ou acessível. À medida que as
decisões que enfrentamos são menos familiares, o processo de raciocínio tem de ser
aprofundado. A questão é que a maior acessibilidade não tem de ser forçosamente
sinónimo de maior eficiência na decisão; o condutor experiente pode ter um acidente
que um novato nunca teria, pura e simplesmente porque confia na intuição sem se
aperceber que pode estar perante uma situação relativamente diferente face àquela
que lhe é comum.
A acessibilidade, isto é, a maior ou menor espontaneidade com a qual as decisões
podem ser tomadas, relaciona-se com o processo de aquisição de conhecimento. Uma
das falhas do paradigma da escolha racional consiste em ser omisso face ao conhecimento que cada indivíduo já acumulou. Certamente, um consumidor experiente
pode tomar as suas decisões de modo rotineiro e sem esforço, economizando em ter-
mos de tempo e raciocínio; o indivíduo que pela primeira vez pensa em adquirir um
determinado bem terá que fazer um esforço cognitivo manifestamente superior.
A própria eficiência produtiva está associada à ideia de acessibilidade. Qualquer
profissional experiente, em qualquer área, vai ser mais eficiente porque as situações
são-lhe familiares, porque anteriormente já procedeu exactamente do mesmo modo
em situações similares, o que lhe permite à partida eliminar opções menos capazes de
obter o resultado pretendido. A dúvida só surge quando ponderamos em pormenor
as questões. Uma decisão intuitiva é, por definição, uma decisão que não deixa lugar
à dúvida. Novamente se adverte para o facto de a intuição permitir reduzir os custos
de ponderação de problemas, mas, ao restringir a dúvida, restringe também a possibilidade de se encontrar novas soluções, eventualmente preferíveis à solução intuitiva. Os comportamentos intuitivos são numa percentagem significativa bem sucedidos, mas aqueles que não o são podem configurar erros que se afastam em muito da
solução óptima.
As falhas cognitivas são também um fenómeno ligado à problemática do contexto.
Tversky e Kahneman (1986) referem que a escolha racional é uma escolha invariante,
isto é, a forma como o processo de decisão é apresentado não deve influenciar a escolha realmente efectuada. No entanto, a experiência empírica não nos confirma, também aqui, que a escolha é tendencialmente racional. Por exemplo, quando nos dizem
que «há uma probabilidade de 99% de fazermos uma viagem tranquila» reagimos de
forma diferente a quando se afirma que «há uma probabilidade de 1% de termos um
acidente». O modo como se contextualizam os factos tende a afectar as decisões.
INTERACÇÃO SOCIAL E A TEORIA DA ESCOLHA DISCRETA
Na secção anterior esteve em causa o processo de decisão individual, ou seja, o
modo como cada um procede às suas escolhas no sentido de satisfazer determinado
tipo de necessidades. Todavia, o processo de decisão é algo que não é independente
da existência social. Como Smith (2003) salienta, podemos pensar numa «racionalidade ecológica» que coloca as decisões de cada um na dependência de processos
evolucionários de natureza cultural e biológica.
Um pouco na linha do conceito de intuição, o indivíduo poupa recursos no processo de decisão porque aceita regras e tradições que se desenvolveram e consolidaram
com a interacção humana em sociedade. Se determinado procedimento corresponde
a uma norma social observada e aceite, ela tem subentendida uma acumulação de
reflexões racionais sobre a sua razão de ser. Deste modo, o comportamento racional
seria um comportamento cumulativo e cada indivíduo pouco pode fazer para lhe
acrescentar alguma inovação. Tal interpretação sugere que a interacção social é uma
peça fundamental para a construção do conceito de racionalidade.
Como Granovetter (1985), Hammond (1997) e Zafirovski (2003) sugerem, a
partir do momento em que entendemos o processo de decisão num sentido mais
amplo que o de mero comportamento racional de maximização, a interacção
social vai inevitavelmente surgir. A escolha não reflecte apenas a utilidade individual mas a relação com terceiros; noções como poder, prestígio, sociabilidade,
estatuto, identidade religiosa ou étnica, apesar de difíceis de exprimir numa
função de utilidade ou noutro qualquer mecanismo simples de avaliação de preferências, não devem ser negligenciadas, quando em causa está a percepção do comportamento humano.
Devetag e Louçã (2004) sublinham, igualmente, que os indivíduos não se desenvolvem num vácuo social e, como tal, adoptam e adaptam normas que, apesar de não
resultarem de um processo cognitivo intrínseco, são aceites como racionais porque a
sociedade assim as considera.
Para procurar analisar como o comportamento em sociedade pode influenciar os
processos de decisão, os economistas têm procurado desenvolver estruturas de modelização que, mantendo a simplicidade analítica, reflictam a interacção social. Uma
das mais populares interpretações a este nível é a teoria da escolha discreta de
McFadden (1973), Manski e McFadden (1981) e Anderson, de Palma e Thisse
(1993). Nesta interpretação considera-se que os agentes são heterogéneos, isto é, que
perante um mesmo cenário poderão eventualmente ter comportamentos distintos.
Isto , só por si, já é uma inovação face à ideia de racionalidade estrita, uma vez que
se os indivíduos são completamente racionais, então perante um mesmo enquadramento deveriam tomar uma mesma decisão.
A existência de agentes heterogéneos pressupõe a existência de um mecanismo de
racionalidade limitada ou de crenças adaptativas, ou seja, os indivíduos enquanto
seres racionais estão dispostos obviamente a mudar o seu comportamento de forma
gradual no sentido da melhor opção, mas não o fazem de modo automático ou
definitivo. Um campo de análise onde a teoria da escolha discreta tem sido aplicado
é o dos mercados financeiros (ver referências a este propósito na Introdução). Aqui,
consegue-se explicar, através dos conceitos de heterogeneidade e crenças adaptativas,
a razão pela qual um conjunto de indivíduos que segue determinadas regras racionais
pode produzir acções colectivas que evidenciam alguns traços de irracionalidade (por
exemplo, a ideia de «comportamento em rebanho» é facilmente associável à evidência dos mercados financeiros).
Como Kirman (1995) salienta, a interacção entre agentes significa que os fenómenos agregados são intrinsecamente distintos do comportamento individual. Se se
admite interacção entre agentes, a noção de um agente representativo médio deverá
ser dissociada do comportamento macroeconómico.
Em seguida, ilustra-se a teoria da escolha discreta com recurso a um pequeno exemplo onde escolhas de consumo estão em causa. Este exemplo é baseado em Gomes
(2004c).
Admita-se um número não especificado de consumidores. Estes consumidores
podem agir no sentido de seguirem uma de múltiplas trajectórias de consumo. Considere-se H>0 trajectórias de consumo e que nh representa a fracção de indivíduos
associados à trajectória h, h=1,2, ..., H. Logo,
. As taxas de crescimento das
trajectórias de consumo serão, para cada h, h=1,2, ..., H, dadas por:
(1)
Em (1), θ>1 é um parâmetro de concavidade da função de utilidade U(cht), ∀h,
0<λ<1 é um parâmetro, r>0 corresponde à taxa de rentabilidade dos activos detidos
pelos indivíduos, p>0 é uma taxa de desconto da utilidade futura e εht é uma perturbação de distribuição normal de média zero e desvio-padrão σh. Note-se que qualquer que seja o tipo h de trajectória de crescimento do consumo, o respectivo valor
esperado de longo-prazo é o mesmo:
.
Se os agentes fossem perfeitamente racionais, eles escolheriam em cada momento
de tempo a opção de entre as H possíveis que maximizasse o valor da função de utilidade. Na realidade, existirá sempre relutância em abandonar determinada linha de
conduta; só quando de modo sistemático outra alternativa se configura verdadeiramente superior em termos de resultados obtidos é que essa alteração de comportamento se manifesta. Cada indivíduo vai ponderando ao longo do tempo os seus resultados em termos de utilidade, utilizando uma regra como a seguinte:
Onde τ representa um parâmetro de memória, isto é, a utilidade passada é relevante para a avaliação da melhor estratégia de consumo, mas quanto mais longe
do momento presente estiverem os resultados de utilidade, menos valorizados eles
são.
A variável Uht funciona, então, como uma medida de performance para cada possibilidade de comportamento. Os indivíduos modificam o seu comportamento de
acordo com a seguinte regra:
(3)
Na expressão (3) é claro que o número de indivíduos associados a um determinado padrão de consumo vai estar directamente dependente do desempenho relativo da
opção de consumo em termos de resultados de utilidade, mas o valor da fracção nht
também dependerá do parâmetro não negativo β, frequentemente designado por
intensidade de escolha. O parâmetro β é um parâmetro que reflecte a sensibilidade
dos indivíduos face às diferenças de resultados das várias regras de comportamento.
Quanto maior o valor de β mais rapidamente os indivíduos modificam o seu comportamento e, neste sentido, β é uma medida de racionalidade (β=0 significa que os
indivíduos não vão mudar o seu comportamento independentemente das circunstâncias; β→∞ indica uma situação de completa racionalidade em que o consumidor
é capaz de identificar, em cada momento de tempo, o melhor resultado e agir em consonância). Na realidade, podemos admitir que os indivíduos são limitadamente
racionais, isto é, enfrentam um parâmetro β positivo mas finito.
O elemento fundamental resultante de um mecanismo de escolha discreta é que o comportamento agregado se torna impossível de prever; haverá, ao nível agregado, períodos de
maior e menor volatilidade no crescimento do consumo (de acordo com a formalização
apresentada, a única distinção entre trajectórias de consumo respeita à volatilidade do
processo de Markov admitido), mas será impossível prever um padrão de evolução. Perante
esta perspectiva, a racionalidade individual não tem de se traduzir num comportamento
conjunto que seja reflexo de qualquer comportamento típico de um consumidor representativo. A taxa de crescimento do consumo agregado, que pode ser apresentada como
(4)
produzirá um resultado imprevisível. Na secção 5, um pequeno exemplo numérico
ilustrará o mecanismo de escolha discreta.
UTILIDADE E O MOMENTO DA DECISÃO
Fez-se referência, na secção 2, a um conjunto de questões ligadas ao processo de
decisão e ao modo como cada indivíduo procede, de modo mais ou menos racional,
para concretizar um conjunto de escolhas. Na presente secção retoma-se uma dessas
problemáticas, a do momento de tomada de decisão, e formaliza-se com o auxílio de
um exemplo numérico um pequeno modelo a este nível.
Interessa-nos retomar a problemática da afectação de recursos cognitivos à decisão.
Imagine-se que o seguinte processo de Markov descreve a evolução temporal da utilidade trazida pelo consumo de determinado bem:
(5)
Supõe-se que o bem só pode ser consumido uma única vez e o problema do
consumidor consiste em escolher o momento de tempo em que o acto de consumo é concretizado. Para a concretização desta escolha, o indivíduo terá de ponderar a utilidade do acto de consumo de acordo com a regra de movimento (5) e
os custos em termos de esforço cognitivo associado. O valor de ut em (5) tenderá
para um valor esperado igual a , mas, ao adicionar uma parcela estocástica, está a
admitir-se que a utilidade do consumo tem uma componente volátil associada ao
contexto em que o cosumo é realizado em cada momento de tempo. Supõe-se
igualmente que, de início, o indivíduo tem pouca informação sobre as características do bem e por esta razão ele não lhe atribui muita utilidade, ou seja, u0
< u, havendo então um processo de convergência da utilidade para o valor de
longo-prazo, à medida que se ganha consciência das verdadeiras características do
bem.
O processo de análise das características do bem é um processo consumidor de
recursos e, em particular, consumidor de tempo. Por esta razão, pensar mais sobre
quando consumir o bem permite ganhar em termos de percepção das verdadeiras
qualidades do bem. Todavia, há uma perda resultante do tempo dispendido na avaliação dessas características. Sendo q o custo por unidade de tempo do esforço cognitivo feito na avaliação da escolha, o momento de consumo a ser escolhido vai ser um
qualquer momento t que maximize ut – q.t ou, de forma mais rigorosa, dado que o
consumo presente tende a ser mais valorizado que o consumo futuro, tomando a taxa
de desconto intertemporal p>0 para a utilidade futura, interessa o momento de
tempo t para o qual
é máximo.
Perante este problema, identifica-se uma série de valores de utilidade no tempo, que
graficamente corresponderá a um U invertido. O máximo é alcançado ao fim de
alguns períodos de tempo e a partir desse ponto torna-se ineficiente despender mais
recursos cognitivos para obter um nível de utilidade que é tendencialmente constante.
Este pequeno exemplo procura ilustrar a tensão ou trade-off que se estabelece entre
o ganhar de consciência da verdadeira utilidade do bem, que, por sua vez, exige
tempo e consumo de recursos cognitivos, e o custo associado ao dispêndio de tempo
e de intelecto.
A Figura 1 ilustra o raciocínio anterior, tendo em conta o seguinte vector de
parâmetros: {µ, σ, q, p, u0, }={0,95; 0,01; 0,005; 0,02; 0,1; 2}. No gráfico representado é clara a existência de um máximo que corresponde ao momento de tempo em
que o indivíduo deixa de pensar no problema e concretiza a sua escolha.
FIGURA 1
Trajectória temporal de utilidade quando o processo cognitivo envolve custos
(o momento da decisão de consumo deve ser aquele em que a função representada,
atinge o seu valor máximo)
Como é óbvio, esta situação tem algo de irreal, no sentido em que pressupõe que,
no momento da decisão, o indivíduo já conhece com alguma certeza que o dispêndio de mais recursos cognitivos não produzirá um acréscimo de utilidade significativo, ou seja, o indivíduo tem à partida uma visão geral sobre ganhos e perdas da
decisão ao longo do tempo, o que, na realidade, ele apenas pode prever com um elevado risco de falhar. Por outro lado, grande parte das nossas escolhas baseia-se num
mecanismo deste género: não tomamos uma decisão imediata porque sabemos que
alguma ponderação pode aumentar a eficiência ou utilidade retirada da escolha concretizada, mas após algum tempo concluímos já ter pensado o suficiente para que
uma reflexão acrescida possa trazer ganhos líquidos marginais.
TRAJECTÓRIAS DE CONSUMO, INTERACÇÃO E PUBLICIDADE
Retome-se o modelo de escolha discreta da secção 3. Assuma-se que diferentes trajectórias de consumo correspondem ao consumo de diferentes bens, de modo que na
economia estão disponíveis H bens; os consumidores optam por consumir um de
entre estes. Considera-se também que todos os bens produzem à partida a mesma
utilidade esperada e têm idêntico nível de volatilidade. Apenas a componente estocástica vai permitir distinguir os bens, uma vez que tal componente evita que a utilidade
do consumo seja coincidente entre bens ao longo do tempo. Por conseguinte, a taxa
de crescimento do nível agregado de consumo na economia vai ter um comportamento imprevisível, de acordo com o mecanismo de escolha discreta implícito na
definição das fracções (3).
Acrescente-se a este modelo de escolha discreta a possibilidade de as empresas
publicitarem os seus bens. A publicidade produz essencialmente dois tipos de efeitos
(Espinosa e Mariel, 2001) - o estímulo do consumo em geral, isto é, a publicitação
de uma marca (de uma variedade de bem) faz aumentar a procura não só desse bem
mas de todos os bens de algum modo associados nas escolhas de consumo, e um
efeito de roubo de negócio, em que um bem tende a ganhar quota de mercado face
a outros. Para modelizar o impacto da publicidade sobre as escolhas dos consumidores consideramos um efeito sobre a utilidade. Assim, para determinado bem h, a
publicidade significa um associar de valor à utilidade retirada do consumo:
(6)
Na expressão (6), a utilidade do consumo vem perturbada por um efeito informacional da publicidade, bi, que será sempre positivo, quer a publicidade incida sobre
o bem em causa ou sobre outros bens, e por um efeito de persuasão que, no que
respeita à publicidade dirigida ao bem, acrescenta valor à utilidade, ah>0, e quando
dirigida aos outros bens retira utilidade ao bem em causa, o que está traduzido na
inclusão dos parâmetros aj>0, j=1, ..., H, j≠h.
A utilidade dos consumidores associados a um ou outro plano de consumo (à
aquisição de um ou outro bem) pode ser avaliada através da atribuição de valores em
concreto aos parâmetros da publicidade e às restantes constantes do modelo de escolha discreta da secção 3. Como resultado, obtêm-se trajectórias de utilidade que serão,
grosso modo, coincidentes, no caso em que a publicidade não é capaz de introduzir
uma diferenciação significativa entre bens, sendo que, no caso em que a publicidade
exerce um efeito de diferenciação relevante, os consumidores acabam por se deslocar
do consumo de uns bens para o consumo de outros e, portanto, prevalecerá no mercado exclusivamente o bem que produz um maior nível de utilidade. O efeito da
publicidade consistirá, então, na possibilidade de distinguir bens que, numa primeira
fase, em que estão ausentes os efeitos de informação e persuasão, não apresentam
diferenças significativas no que respeita à utilidade produzida pelo consumo.
Recupere-se o modelo da secção 3 e tome-se o seguinte vector de parâmetros: {H,
θ, r-p, λ, σ1, σ2, τ, β, a1, a2, b1, b2}={2; 0,5; 0,05; 0,75; 0,01; 0,01; 0,02; 10; 0,15;
0,1; 0,1; 0,1}. Com este vector de parâmetros apresentamos as Figuras 2 e 3 que
respeitam à trajectória temporal da fracção de indivíduos associados ao consumo do
bem 1 e às trajectórias de utilidade respeitantes ao consumo dos dois bens sob consideração.
A distinção entre os bens encontra-se somente no facto de a publicidade ao bem de
tipo 1 ser mais persuasiva que a publicidade ao bem de tipo 2, donde os consumidores
acabarão por encontrar no consumo do bem de tipo 1 a melhor opção quando avaliam
os resultados de utilidade; se sistematicamente os resultados de consumo do bem de
tipo 1 permitem concretizar um maior nível de utilidade, então a fracção n1 tende para
a unidade e aí permanecerá - todos os consumidores vão aderir ao consumo deste bem.
Alternativamente, podemos supôr que a publicidade consegue precisamente um mesmo
efeito sobre o consumo dos dois bens, ou seja, admita-se a2=0,15; neste caso, a taxa de
crescimento da variável consumo agregado é errática e impossível de prever, pois, não
havendo uma opção de consumo claramente vantajosa no que concerne à utilidade ao
longo do tempo, os indivíduos não vão escolher de forma definitiva uma das possibilidades
de consumo em alternativa à outra. Neste caso, as funções de utilidade respeitantes ao consumo dos dois bens serão, grosso modo, coincidentes ao longo do tempo e a fracção n1
poderá evidenciar trajectórias de diverso tipo, uma vez que o único critério para que uma
trajectória de crescimento do consumo se sobreponha a outra é o que respeita à existência
de uma perturbação aleatória; uma possível concretização é a apresentada na Figura 4.
Este pequeno exercício procurou ilustrar o mecanismo de escolha discreta, onde as
escolhas de consumo se concretizam através de um processo de decisão limitadamente
racional. Este processo indica-nos que nem todos os consumidores tomam exactamente a mesma decisão no mesmo momento de tempo (o que configura um desvio
face ao paradigma da escolha racional); assim sendo, as escolhas dos consumidores
apenas são modificadas perante um acumular de resultados de utilidade manifestamente inferiores aos resultados de opções alternativas. A este nível, a publicidade
pode funcionar como um elemento importante para a definição de escolhas; a publicidade pode fazer destacar um bem face a outros bens ou outras variedades do bem
e, assim, possibilitar uma concentração de consumo no bem que produz maior nível
de utilidade, sendo que este maior nível de utilidade pode ser induzido não pelas
qualidades reais do bem, mas pelas qualidades salientadas pela publicidade.
NOTAS FINAIS
O comportamento humano não é completamente previsível, isento de erros e independente de contextos. Neste sentido, é importante ponderar os desvios face àquilo
que, em Economia, se considera ser o comportamento racional. Se, de facto, a
Economia é a ciência que estuda a decisão humana, não faz sentido operacionalizar
todo um sistema de análise com base numa premissa que, com frequência, se afasta
da realidade. A compreensão do comportamento e das escolhas é, pois, basilar para o
entendimento do modo como o sistema económico se organiza e desenvolve.
Neste texto, procurou-se caracterizar alguns dos desvios mais comuns à ideia de
escolha racional. Numa primeira fase, debateu-se a escolha individual. Esta afasta-se
da escolha racional por diversos tipos de razões. Primeiro, porque a escolha racional
pode não significar um processo de escolha que ele próprio seja racional, no sentido
em que o esforço cognitivo consome recursos e procurar o resultado óptimo pode não
justificar tal consumo de recursos. Segundo, porque as emoções têm certamente um
lugar na decisão. Em concreto, os sentimentos tendem a produzir resultados de curto-prazo enquanto a decisão racional é aquela que pondera todas as consequências da
acção numa perspectiva intertemporal. Terceiro, porque o esforço mental nos leva
muitas vezes por atalhos, isto é, a escolha intuitiva substitui frequentemente a escolha ponderada, com os inerentes riscos de se cometer falhas de avaliação graves.
A decisão está, igualmente, dependente do contexto social. As escolhas de cada um
estão dependentes das escolhas de terceiros e a própria estrutura social tende a dar
importantes linhas orientadoras sobre as decisões a tomar; os costumes e as instituições que existem são fruto de decisões racionais no passado e, portanto, segui-los significa adoptar comportamentos que comprovadamente já demonstraram ser racionais
e, regra geral, eficientes. Por outro lado, é também importante averiguar como a
decisão individual tem impacto sobre os comportamentos agregados. Uma perspectiva de racionalidade estrita apontaria o comportamento social como o comportamento médio dos indivíduos; explicações alternativas, que tomam uma noção de racionalidade limitada, dizem-nos que o processo de escolha individual pode culminar
em comportamentos colectivos de difícil previsão.
As questões da racionalidade podem ser modelizadas de diversas formas. No presente texto, procurou-se, com o auxílio de trajectórias temporais ligadas às opções de
consumo e à utilidade correspondente, averiguar, em primeiro lugar, qual o momento óptimo de tomada de decisão e, em segundo lugar, que critérios os indivíduos
tomam em consideração para a escolha de diferentes opções de consumo. Estes
critérios estão associados à utilidade acumulada e esta dependerá não apenas das características intrínsecas dos bens, mas também de estímulos externos, como a publicidade.