Editorial
Editorial
por Luís Antero Reto* e Bianor Scelza Cavalcanti**
*Diretor em Portugal. E-mail: luis.reto@iscte.pt
**Diretor no Brasil. E-mail: bianor@fgv.br
Os diferentes temas que os leitores poderão encontrar em mais um número da
Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão são todos eles de grande atualidade,
tanto para a gestão de empresas privadas como para a administração pública.
Gostaríamos, no entanto, de salientar dois dos temas abordados não só pela
importância de que hoje se revestem para as empresas e instituições, mas,
sobretudo, pelo pouco conhecimento acumulado que estas têm para lidar com eles.
Referimo-nos ao intraempreendedorismo e à gestão das alianças.
A necessidade permanente de inovação de produtos, processos e negócios colocou
o conceito de empreendedorismo na ordem do dia, relegando para segundo plano o
mesmo processo no interior das organizações já existentes.
Acontece, porém, que em países com pouco capital de risco ou pouca experiência
e cultura de gestão da inovação e do risco, o intraempreendedorismo pode ser
mais frutífero do que o constante lançamento de novas empresas. De fato, a
existência de capital e conhecimento no interior dos grupos empresariais
diminuiu o risco dos intraempreendedores e a taxa de mortalidade dos novos
negócios.
Constitui, por isso, um novo desafio para as administrações das empresas o
fomento e a gestão de culturas empreendedoras dentro dos seus grupos
empresariais, de forma a tirar partido da capacidade de inovação e de
iniciativa dos seus quadros.
Quanto à gestão de alianças, esta é hoje uma dimensão com que a maioria das
empresas se tem de confrontar dada a escassez de recursos, a crescente
complexidade dos problemas e a mundialização dos negócios. Também aqui se
constata uma falta de experiência notória nos atuais gestores, dado que este
fenómeno é de generalização relativamente recente e de difícil standardização.
A realização de estudos nestes dois domínios é por isso de grande importância
para que seja possível acumular conhecimento, transferindo-o para as práticas
empresariais e para a formação académica dos gestores.
Finalmente, para além dos dois temas citados, poderá o leitor encontrar neste
número artigos e estudos sobre a divida pública municipal, os investimentos em
qualidade e os determinantes da estrutura de capital de empresas cotadas.